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PARTE II- INTERVENÇÃO E INVESTIGAÇÃO DA AÇÃO NA PRÁTICA DE

CAPÍTULO 4 – A DIMENSÃO INVESTIGATIVA NA PRÁTICA DE ENSINO

4.3. Metodologia de Investigação na PES

4.3.1. Motivação e Definição da Problemática

A dimensão investigativa da Prática de Ensino Supervisionado em Educação Pré- escolar e Ensino do 1º ciclo do Ensino Básico tem um enfoque na promoção de

aprendizagens, organizando ambientes educativos a partir da escuta de crianças acerca do que é trabalhar a pares e em grupo, sendo a minha questão de partida: “como

organizar ambientes educativos e (re)orientar ações, partindo de representações e atitudes de crianças acerca de trabalhar cooperativo?”. Neste sentido, a minha prática durante ambas as PES foram, de grande modo, relacionadas com a minha dimensão investigativa.

A escolha desta temática foi essencialmente porque concordo com Dewey (1963) quando afirma que para vivermos em sociedade, as pessoas precisam de experienciar processos democráticos e para tal, é necessário que estes processos de iniciem precocemente, como por exemplo, na escola. Na escola as crianças podem experienciar em primeira mão esses processos, seja dentro da escola sem si, ou mesmo no seio dos grupos/turmas. Considerei motivante a escolha deste tema uma vez que me propus oferecer às crianças uma educação progressista, cuja a estrutura possibilita que adquirem experiencias de aprendizagens significativas, através de métodos de aprendizagem cooperativa.

Reforço ainda, que a escolha deste tema se deve muito também ao que eu acredito enquanto futura professora e educadora, sendo que, este é um tema que me interessa bastante e que me faz alude para uma educação contrária ao modelo tradicional. Para além disso, este é um tema que está a ganhar força nos últimos anos, uma vez que cada vez mais o trabalho cooperativo entre as crianças é visto como algo benéfico não só a nível relacional, mas também a nível de conhecimento e mestria sobre determinado assunto.

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4.3.2. Objetivos da investigação no âmbito da PES

De acordo com a problemática que acima referi, defini alguns objetivos que me ajudaram a regular e organizar a prática em ambos os contextos escolares, sendo que estes dividem-se em 2 grandes objetivos e em sub-objetivos, sendo esses:

 Conhecer e compreender representações e atitudes de crianças sobre trabalhar a pares e em grupo;

- Escutar as crianças a partir de narrativas escritas/orais sobre trabalhar a pares; - Escutar as crianças a partir de narrativas escritas/orais sobre trabalhar em grupo; -Conduzir e reorientar a minha prática, guiando-me pela conceção de comunidade de aprendizagem na conceptualização de Rogoff, Matusov & White (2000).

- Identificar relações entre crianças a partir da construção de sociogramas em diferentes momentos, como contributo para tomadas de decisão na organização de grupos de trabalho e na compreensão de sucessivos acontecimentos;

- Intervir, tomando como ponto de partida a voz das crianças acerca do trabalho em grupo, escutando outros intervenientes e a mim própria, cooperando para aprendermos.

 Intervir, organizando ambientes de aprendizagem, participativos e ativos, tendo em conta representações e atitudes de crianças face ao trabalho a pares, em pequenos grupos e em grande grupo:

- Promover contextos de aprendizagens participativas e ativas, desafiadores e estimulantes, partindo de narrativas de crianças na integração curricular;

- Fazer escolhas e tomar decisões, propondo atividades curriculares que estimulem o trabalho em cooperação;

- Planear e desenvolver atividades em que as crianças se sintam responsáveis pelas suas aprendizagens e pelas dos colegas, estimulando trabalhos a pares, em pequenos grupos e em grande grupo;

- Dinamizar a exposição oral, o debate e a crítica entre crianças;

- Planear atividades onde seja necessário conversarmos, explicitarmos raciocínios, partilharmos ideias, criticarmos e estarmos expostos à crítica;

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- Dinamizar momentos de reflexão e de partilha sobre o como se organizaram, porquê e para quê, partilhando com os docentes e com os colegas esses processos e resultados;

- Refletir, sistematicamente, sobre representações e atitudes emergentes, face ao trabalho em grupo, conversando com o cooperante e a orientadora, escrevendo, planeando em cooperação e promovendo atividades consequentes.

4.3.3. Identificação e Adequação dos Instrumentos de Recolha de Dados

Para desenvolver a investigação à qual me propus, utilizei diversificados instrumentos de recolha de dados durantes a Prática de Ensino Supervisionado em Educação Pré-Escolar e a Prática de Ensino Supervisionado em 1º Ciclo do Ensino Básico. Sendo esses: a observação participante; o caderno de Formação sendo esse

constituído pelas notas de campo, as reflexões semanais e as planificações; as produções das crianças; as narrativas e registo de conversas (orais e escritos) entre as crianças em sala de aula, com as crianças e com o professor e educadora cooperante; as fotografias, vídeos e gravações. Sendo importante descrever cada um

destes instrumentos:

 A Observação Participante foi o instrumento de recolha de dados que considero mais utilizado, no sentido que me permitiu recolher muitas informações que foram essenciais para conhecer os grupos e adaptar a minha prática aos mesmos e também para a os momentos de planificação. Partindo das observações realizadas, tanto em contexto de sala como em contexto informal, pude também refletir não só face ao planeamento e a toda a investigação, indo de encontro às necessidades e interesses das crianças, mas também em relação ao meu papel enquanto futura educadora/professora.

 O Caderno de formação (notas de campo, reflexões semanais e planificações) foram fundamentais na minha prática como futura professora e educadora de infância. As notas de campo, recolhidas diariamente, permitiram-me planificar de acordo com as

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necessidades e interesses das crianças, ao contexto em si e à investigação-ação a que me propus. Posteriormente, as notas de campo e as planificações permitiam-me fazer uma reflexão semanal que envolviam uma reflexão sobre os aspetos mais importantes e a relação com a teoria, sobre os momentos de concretização, permitindo-me deste modo, refletir não só sobre a atividade em si, mas também sobre o meu papel e a minha ação.

 As produções das crianças foram igualmente importantes para recolher dados, principalmente relativamente ao sucesso do trabalho a pares, não só como produto final, mas principalmente de todo o processo de construção. A produção das crianças permitiu-me assim adaptar a minha prática procurando, muitas vezes, responder as necessidades das crianças.

 As narrativas e registo de conversas (orais e escritos) entre as crianças em sala

de aula, com as crianças e com o professor e educadora cooperante permitiram-

me perceber e aprofundar mais conhecimentos relativos às crianças que, apenas com a observação participante não era possível. Através deste instrumento pude perceber ações, atitudes e comportamentos das crianças pois eles expressavam-se e explicavam-me. A conversa com o professor e educadora cooperante foi sem dúvida crucial para todo o processo de recolha de dados, no sentido em que estes me ajudavam a compreender aspetos dos grupos, por exemplo, que eu ainda não dominava.

 As fotografias, vídeos e gravações foi um instrumento de recolha de dados que me facilitou bastante, principalmente para perceber aspetos relacionados com a minha prática e com o sucesso das atividades, conseguindo tirar algumas observações, opiniões e ideias bastantes importantes para a minha investigação. Através das conversas gravadas e dos vídeos conseguia retirar certas opiniões e ideias que, provavelmente, sem este instrumento não conseguiria.

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