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PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPÍTULO 2 FUNDAMENTOS DA AÇÃO EDUCATIVA COM CRIANÇAS

2.3. Opções Metodológicas no Trabalho Curricular com Crianças

2.3.1. O Trabalho por Projetos como promotor de aprendizagens

cooperadas

O Trabalho por projetos foi uma das opções metodológicas no que diz respeito ao trabalho curricular com crianças uma vez que este tem por base partir de um interesse e de uma curiosidade das crianças e o trabalho cooperativo. Neste sentido, a abordagem de projeto refere-se a uma forma de ensino e aprendizagem, tendo como preocupação o que é ensinado e aprendido. Esta abordagem dá ênfase ao papel do professor para incentivar as crianças na interação com pessoas, objetos e com o ambiente para que as aprendizagens das crianças tenham significado pessoal para as mesmas. Relativamente ao papel da criança, esta abordagem do trabalho por projetos, dá grande relevância à participação ativa das crianças na sua própria aprendizagem, tornando assim as crianças “competentes, isto é, “capazes de saber fazer em acção”. (Vasconcelos, T., Rocha, C., Loureiro, C., et al., s.d).

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realmente ser promotora de desenvolvimento, esta deve ser caracterizada por diversas particularidades. Neste sentido Gouveia, J., Oliveira, A., Machado, C. & et.al (2007) afirmam que para “promover aprendizagens significativas, um projeto deve caracterizar- se essencialmente pela: intencionalidade, responsabilidade e autonomia, autenticidade, complexidade, criatividade, processo e produto”. (p.54). De forma mais completa:

- Intencionalidade, pois deve depender do contexto e do envolvimento dos agentes, ou seja, depende do interesse das crianças pelo projeto. Tem de ter uma intencionalidade e um significado para a criança;

- Responsabilidade e autonomia, uma vez que, as crianças são agentes do seu

próprio desenvolvimento assim como do seu processo de aprendizagem. Sendo que a autonomia é a característica que aponta para que a criança seja capaz de utilizar os seus recursos internos, em interação com os externos ao serviço do desenvolvimento e da aprendizagem. E a responsabilidade aponta ainda para uma responsabilidade que a criança toma, uma vez que é esta que assume o caminho que vai seguir para desenvolver o seu projeto.

- Autenticidade, aguça para todo o projeto, uma vez que é dirigido pela própria ou pelas próprias crianças, a partir da identificação das suas próprias necessidades.

- Complexidade, sendo que, ao longo do processo de trabalhar por projetos, este vai integrar múltiplas tarefas, como: associar aprendizagens anteriores às novas, utilizar o erro e a tentativa para melhorar, organizar e reorganizar todo o processo. É neste sentido que o projeto é caracterizado por ser complexo, no sentido de envolver múltiplas ações. - Criatividade, esta característica emerge no sentido de, através das aprendizagens anteriores, novas podem surgir. Sendo que, através da realização de um projeto pode surgir outro projeto através deste processo. A realização de um projeto implica a recriação – utilizando a criatividade- de informação e a divergência para evitar a instalação de uma rotina.

- Processo e produto, uma vez que um projeto é considerado uma construção progressiva, pois tem um início, meio e fim que se interligam (fases de um projeto). Neste sentido, as crianças ao desenvolverem um projeto este vai ser elaborado pouco a pouco como resultado das ações e que podem ser modificadas em função dessas mesmas ações e dos seus efeitos. No final desse processo, existe sempre a fase em que a criança vai avaliar, em conjunto com o professor/educador, dando origem ao produto final do projeto,

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respondendo assim, às questões iniciais que a levaram a produzir o mesmo. Por fim, no momento da avaliação, as crianças devem de dar origem a novas interrogações, com ou sem a ajuda do docente, e consequentemente dar origem a novos projetos.

A essência da aprendizagem baseada na metodologia de trabalho por projetos envolve a apresentação de situações reais e significativas que sirvam de base para a investigação e pesquisa das crianças. O trabalho de projeto com crianças e jovens tem-se revelado uma metodologia comprovadamente eficaz no sentido de encontrar respostas pedagogicamente adequadas à criança tomada como investigadora nata (Katz, 2004). Neste sentido, a criança assume um papel ativo e crucial, sendo que, segundo Gouveia, J., Oliveira, A., Machado, C. & et al. (2007) existem inúmeras tarefas destinadas à criança neste processo, tais como: escolher o tema, identificando critérios, argumentos e elaborando um índice de trabalho; Planificar o desenvolvimento do tema definindo (individualmente, em pequeno ou em grande grupo) objetivos, caminhos, recursos e avaliação; Participar na pesquisa de informação utilizando com diversas fontes; Fazer o tratamento da informação interpretando a realidade, ordenando e apresentando os dados e colocando novas perguntas; Elaborar um dossier de sínteses ordenando a informação em função da recolha e do índice; Fazer a avaliação do processo (refletindo sobre a qualidade das opções assumidas e da eventual necessidade de as rever-ver Projeto- autoavaliação) e do produto (aplicando em situações simuladas ou reais os conteúdos estudados e as aprendizagens efetuadas); Definir novas perspetivas propondo novas perguntas/necessidades para futuros trabalhos. Sendo que, é através de todo este processo que as crianças vão aprendendo a autorregular a sua aprendizagem, a saber como e onde procurar informação, a reconhecer como aprendem melhor, quais as suas potencialidades e dificuldades como aprendentes. Para além disso, as crianças nesta metodologia tornam- se especialistas da sua própria aprendizagem, uma vez que a criança é assim encarada como um ser competente e capaz, um/a pequeno/a investigador/a que quer descobrir o mundo, que sabe que pode e deve resolver problemas. Sendo que, tal como já evidenciado, a aprendizagem realizada através da metodologia do trabalho por projetos tem como principal objetivo ajudar as crianças a tornarem-se aprendentes autorreguladores e independentes. Para que tal aconteça, é necessário e, fundamental, as crianças serem guiadas e encorajadas pelos seus educadores/professores.

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PARTE

II-

INTERVENÇÃO

E