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A presente Tese tem como objeto de pesquisa a construção de uma matriz teórico-metodológica quanto à relação da EG para com a EA, na Educação Básica, sob a perspectiva socioambiental cidadã. Para o desenvolvimento da pesquisa, optou-se pela inquirição bibliográfica, tendo como base os pressupostos teórico-metodológicos focados na Introdução e desenvolvidos nos capítulos subsequentes.

A escolha por essa metodologia tem a ver com a necessidade de um aporte teórico na área da EG sob o foco da EA, dada a carência de trabalhos nesse sentido, como posto na Introdução.

Nesse sentido, buscaram-se as contribuições de diferentes autores para a construção de um referencial teórico-metodológico da EG-EA, fundamentando a prática escolar em seus vários níveis da Educação Básica. Assim, em termos de pesquisa teórica bibliográfica, foram realizados aprofundamentos reflexivos como suporte ao desenvolvimento da EG-EA, na linha da cidadania socioambiental, tendo como pressuposto as colocações de Eco (2012, p. 11): “Uma tese teórica é aquela que se propõe atacar um problema [...], que pode já ter sido ou não objeto de outras reflexões [...]”.

Nessa perspectiva, entende-se que a pesquisa bibliográfica “[...] implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório” (LIMA; MIOTO, 2007, p. 38). A partir daí, segundo Gil (2002, p. 44): “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, propondo a “[...] análise das diversas posições acerca de um problema [...]”. Em síntese, de acordo com Boccato (2006, p. 266):

A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica.

Trata-se de conduzir uma prática da pesquisa bibliográfica como procedimento metodológico significativo para a “[...] produção do conhecimento científico [e] capaz de gerar, especialmente em temas pouco explorados, a postulação de hipóteses ou interpretações que servirão de ponto de partida para

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outras pesquisas” (LIMA; MIOTO, 2007, p. 44). Nessa linha, tal pesquisa possibilita obter um amplo leque de informações, a partir de fontes diversas, auxiliando a construção e definição do quadro conceitual que envolve o objeto de estudo e seus objetivos (LIMA; MIOTO, 2007).

A metodologia da pesquisa bibliográfica, para Lima e Mioto (2007, p. 39), é considerada “[...] uma forma de discurso que apresenta o método escolhido como lente para o encaminhamento da pesquisa”, para apreender e compreender o objeto de estudo; dessa maneira, os autores supracitados apresentam passos para o desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica, considerados como base para a elaboração da presente pesquisa:

- “O primeiro passo se caracteriza pela escolha de determinada narrativa teórica que veiculará a concepção de mundo e de homem responsável pela forma como o pesquisador irá apreender as condições de interação possíveis entre o homem e a realidade [...]” (p. 39), ou seja, no caso desta pesquisa, interações entre seres humanos e estes com a natureza, entendendo que a construção do conhecimento

“[...] consiste na reflexão crítica que se dá a partir de um conhecimento acumulado e que irá gerar uma síntese, o concreto pensado” (QUIROGA12 apud LIMA; MIOTO, 2007, p. 40);

- o segundo passo é a construção de uma estrutura metodológica e a definição dos procedimentos; como estudo teórico construído a partir da reflexão pessoal e da análise de documentos escritos, fontes primárias, originais, precisa seguir uma sequência organizada, tendo a leitura como principal técnica (leitura de reconhecimento do material bibliográfico, exploratória, seletiva, reflexiva, crítica e interpretativa), para “[...] identificar as informações e os dados contidos no material selecionado, bem como verificar as relações existentes entre eles de modo a analisar a sua consistência” (p. 41), tendo como finalidade “[...] proceder a um exame minucioso das obras selecionadas, ocorrendo sua aplicação separadamente em cada obra [...]” (p. 42);

- o terceiro passo refere-se à apresentação do percurso da pesquisa, trazendo “[...] o caminho percorrido pelo pesquisador na coleta e análise dos dados [...]” (p. 42), conforme as seguintes fases:

12 QUIROGA, Consuelo. Invasão positivista no marxismo: manifestações no ensino de metodologia no Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1991.

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x levantamento e classificação do material bibliográfico e roteiro de leituras do material selecionado;

x análise explicativa dos conteúdos investigados com base nas obras escolhidas, de acordo com a metodologia proposta e o referencial teórico construído na pesquisa – o pesquisador demonstra a validade de suas afirmações a partir dos autores pesquisados;

x e síntese integradora das reflexões sobre os conteúdos investigados, na relação com o objeto de pesquisa (LIMA; MIOTO, 2007).

Referenciada nas fases propostas de Lima e Mioto (2007), a presente pesquisa bibliográfica fundamentou-se em obras que tratam da EG e EA críticas, em correlação com a perspectiva socioambiental cidadã, na linha do bem viver local e planetário. O desenvolvimento da pesquisa bibliográfica, buscando fundamentar teoricamente o objeto de estudo em conexão com os objetivos, permite a “[...]

cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que [se]

poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2002, p. 45).

Nessa perspectiva, a construção desta pesquisa teórico-bibliográfica tornou-se “[...] um movimento [...] de apreensão dos objetivos, de obtornou-servância das etapas, de leitura, de questionamentos e de interlocução crítica com o material bibliográfico [...]” (LIMA; MIOTO, 2007, p. 44), permitindo a compreensão das múltiplas dimensões que envolvem o objeto de estudo; mas, pela sua complexidade – além do que, nenhuma pesquisa dá conta de explicar todos os fenômenos – tal pesquisa é inconclusa, inacabada, em constante processo de transformação, na medida em que pode contribuir a outras pesquisas – de acordo com Minayo (2011), esse conhecimento anterior que lança luz sobre questões de pesquisa, constitui a teoria.

E aqui valem as palavras de Morin (2008a, p. 335), dentro dessa perspectiva de pesquisa aberta, inacabada: “Uma teoria não é o conhecimento; ela permite o conhecimento. Uma teoria não é uma chegada; é a possibilidade de uma partida.

Uma teoria não é uma solução; é a possibilidade de tratar um problema”. Por isso, uma teoria só cumpre seu papel cognitivo quando potencializa o pleno emprego da capacidade mental do sujeito. Dessa maneira, “[...] a teoria não é o fim do conhecimento, mas um meio-fim inscrito em permanente recorrência [...]”, sendo que: “Toda teoria dotada de alguma complexidade só pode conservar sua complexidade à custa de uma recriação intelectual permanente” (MORIN, 2008a, p.

336).

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Minayo (2011, p. 16) ao discutir a questão da teoria, enfoca: “A palavra teoria tem origem no verbo grego theorein cujo significado é ‘ver’ e ‘saber’ [...]”, destacando sua importância “[...] para explicar e compreender um fenômeno, um processo ou um conjunto de fenômenos e processos” (Idem). Nesse sentido, a presente pesquisa bibliográfica foi construída visando a contribuir com um referencial teórico-metodológico para a prática escolar, no que diz respeito à EG-EA, na perspectiva socioambiental cidadã, local e global. Desse modo, ainda segundo Minayo (2011, p.

17): “Teorias, [...], são explicações da realidade”, em outras palavras, “[...] é uma espécie de grade, a partir da qual olhamos e ‘enquadramos’ a interpretação da realidade” (p. 18).

A elaboração de uma matriz teórico-metodológica, como constructo desta Tese, busca fundamentar o caminho percorrido para possibilitar potenciais avanços à escola, no âmbito da EG-EA, assim como ao desenvolvimento de outras investigações, teóricas ou empíricas.

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CAPÍTULO 2 – A DIMENSÃO AMBIENTAL DA GEOGRAFIA: DA CLÁSSICA À