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O presente estudo foi do tipo transversal. Avaliou-se e analisou a relação das

variáveis dependentes (violência física, psicológica, social e auto-estima) da mulher

que sofre violência perpetrada por seu companheiro íntimo com as variáveis

independentes (idade, tempo de tempo de convivência e escolaridade).

Trata-se de um estudo quantitativo no qual se utilizou as estratégias de mensuração para obter as freqüências dos tipos de violência que sofre a mulher por seu parceiro íntimo em relação com sua auto-estima, assim como para obter as freqüências das variáveis independentes.

2. Hipóteses

Há relação entre a freqüência da violência física, violência psicológica e violência social e os níveis de auto-estima.

Há relação entre a violência sofrida pela mulher com sua idade, sua escolaridade assim com o tempo de convivência com seu parceiro.

Variáveis dependentes: violência física, violência psicológica, violência social e a auto-estima

Variáveis independentes: idade, tempo de convivência e escolaridade.

3. Local, População e Amostra

O Sistema Estatal para o Desenvolvimento Integral da Família (DIF) e os Sistemas Municipais DIF contam com Centros para Atenção à Violência Intrafamiliar (CENAVI) em cada um dos 46 municípios do estado de Guanajuato.

Como esta instituição favorece a presença constante de mulheres violentadas, ela foi escolhida para se realizar a coleta dos dados neste local.

Entre os serviços oferecidos estão assistência social, médica, legal, e psicológica, dependendo da necessidade. Funciona diariamente das 8 às 15 horas.

No ano 2002, o CENAVI registrou a ocorrência de 395 mulheres que sofreram algum tipo de maltrato e que procuraram o serviço.

Cabe mencionar que muitas mulheres são maltratadas e não chegam aos serviços de ajuda. Por tal motivo, não existem dados precisos da dimensão da ocorrência da violência contra mulheres no município de Celaya/Guanajuato.

Muitas mulheres escondem este tipo de violência por medo de sofrer mais agressão por parte de seu parceiro, caso estas o denunciem no CENAVI. Há estudos que apontam que muitas mulheres se envergonham e se sentem culpadas pelo que lhe acontece e até acreditam serem merecedoras dos abusos, e, por isso, preferem manter em segredo e não revelar a violência sofrida (SILVA, 2002).

SCHRAIBER et al (2003) mencionam o silêncio das mulheres e a invisibilidade do vivido no plano assistencial, questionando: por que as mulheres não contam? por que os profissionais não perguntam? Acresce-se, desse modo, também à questão da omissão quanto ao vivido, os sub-registros e as recusas à tomada da situação violenta como problema de intervenção, que são atitudes cúmplices, igualmente ocultadoras da violência.

Estes comportamentos podem estar presentes nas atitudes das mulheres que sofrem violência, especialmente entre as que não comparecem ao CENAVI. Pode ser que entre estas estejam as que mais sofrem violência.

Seleção da Amostra

A amostra foi composta pela totalidade das mulheres atendidas no CENAVI, no período de novembro de 2003 a abril de 2004. Neste local, se reunia número significante de pessoas que tinham sofrido violência pelo companheiro intimo e estava demandando por ajuda.

O periodo da coleta dos dados era o tempo do qual a pesquisadora dispunha (6 meses) para a realização desta pesquisa. Desta forma, obteve-se uma amostra de 300 mulheres. ( n =300).

As mulheres que retornavam ao serviço, no período, só foram entrevistadas uma vez.

Critérios de Inclusão dos sujeitos para a pesquisa: Que a mulher:

Tivesse parceiro

Fosse vítima de algum tipo de violência por parte de seu companheiro íntimo

Concordasse em participar

4. Definição de variáveis

A apresentação e definição destas variáveis segue a ordem de sua posição no instrumento de coleta dos dados.

Idade: é a quantidade de anos que constam em seu cartão federal de eleitor. Estado civil: resposta da entrevistada de acordo com as 4 opções: solteira, casada, separada e viúva.

Número de filhos vivos e mortos: quantidade de filhos informada pela mulher.

Parceiros anteriores: número de parceiros que a mulher informou.

Tempo de convivência: tempo de convivência informado pela mulher, independentemente do estado civil e de confirmação oficial. Considerou-se 0 anos o tempo de convivência informado, menor que 1 ano.

Escolaridade: Denominação de cada um dos níveis de estudo que tivessem sido completado. A escolaridade incompleta considerou-se no nível imediatamente abaixo. O nivel profissional, no México, significa nivel universitário.

Ocupação: Considerou-se dona de casa, esposas que não trabalhavam fora; empregadas são as mulheres que trabalhavam em atividades domésticas tais como limpar, cozinhar, lavar e passar; operárias são as mulheres que trabalhavam em empresas, mas têm salários baixos; profissionais são todas as mulheres que têm uma profissão universitária. Na opção outras incluem-se as mulheres que trabalhavam por alguma remuneração porém sua qualificação é informal tipo manicures, cabeleleiras.

Religião: Considerou-se, neste item, a religião que a mulher informou que professa. Não se considerou prática religiosa.

Onde vive: As mulheres informaram (e assim foi registrado) se residiam em casa própria ou alugada. Além disso, foram oferecidas as opções de morar com seus

sogros ou com seus próprios familiares pois esta tem sido uma prática comum, entre os casais jovens, no México.

Violência física: O maltrato, na forma física perpetrado pelo companheiro íntimo contra a mulher entrevistada. Ela informou se estes ocorreram por beliscões, aranhões, cabeçadas, empurrões, bofetadas, chutes, ser arremessada contra o chão ou parede ou contra os móveis, lançamento de objetos, puxões de cabelos, fazendo marcas, queimaduras, fraturas ou torções, com necessidade de hospitalização, além de serem forçadas a realizar atos sexuais ou receberem maltratos durante as relações sexuais.

Obteve-se as informações, através das respostas que as mulheres manifestavam, nas questões sobre a violência física incluídas no QIVM; as respostas foram classificadas com valor 1 (sempre), com valor 2 (freqüentemente), com valor 3 (às vezes), com valor 4 (raramente) e com valor 5 (nunca). Estes dados permitiram conhecer a freqüência da manifestação de violência física, sem medir sua intensidade.

Violência psicológica: O todo maltrato emocional, verbal, psicológico do companheiro íntimo contra a mulher e que ela informou. Suas respostas indicam que considera-se maltratada, merece a violência, sente raiva dele, raiva de si mesma, arrepende-se de algo, sente medo, sente-se encurralada por ameaças, vive assustada, considera-se uma mulher digna e feliz. Também esta violência se manifesta porque seu companheiro ameaça o sustento da casa e não lhe dar dinheiro suficiente para seus gastos pessoais; ameaça o sustento dos filhos e ameaça causar danos a ela e aos filhos; empurra móveis, rasga fotos, quebra objetos, diz-lhe palavras desqüalificadoras, faz críticas destrutivas e faz brincadeiras irônicas; além disso, a humilha verbalmente, critica-lhe os afazares da casa e seus deveres de esposa; acusa- a de ter amantes, ameaça de morte e diz grosserias; ridiculariza seu corpo, diz ironias durante o sexo e a ameaça se não tiver sexo.

Aqui também os dados permitem conhecer a freqüência da violência psicológica, nas questões sobre este tipo de violência incluídas no QIVM; as respostas foram classificadas com valor 1 (sempre) com valor 2 (freqüêntemente), com valor 3 (às vezes), com valor 4 (raramente), com valor 5 (nunca).

Violência social: É toda ação decorrente do meio social que seja prejudicial à mulher, com relação a violência sofrida por seu parceiro. A violência social se manifesta nas atuais vítimas tal como o fato de sua mãe ter sido maltratada, as mulheres de suas famílias serem agredidas e o pai de seu parceiro é ou foi um agressor. Além disso, estas mulheres têm dificuldades com sua liberdade pessoal pois seu companheiro a proíbe de relacionar-se, a proíbe de sair de casa, proíbe de trabalhar ou obriga que trabalhe fora e inclusive a acusa de ter amantes. A mulher aparenta ser maltratada mas tem vergonha que pensem que é maltratada, aceita que seu parceiro a golpeie e até considera-se responsável pela violência.

A violência social também foram classificadas as respostas sobre esta violência que estão incluídas no QIVM, as respostas foram classificadas com valor 1 (sempre), com valor 2 (freqüêntemente), com valor 3 (às vezes), com valor 4 (raramente) e com valor 5 (nunca). Os dados permitiram conhecer a freqüência da manifestação de violência social, sem medir sua intensidade.

Auto-estima: É a percepção de valor, afeto que tem a mulher entrevistada sobre sí mesma e que se manifesta através de se sentir mal em relação a maioria das pessoas que conhece, pensar que é uma pessoa sem valor, estar convencida de que é estimada e/ou respeitada pelas pessoas que conhece, sentir-se punida por seus erros, sentir-se desencorajada a ponto de pensar que nada mais tem importância, ter a impressão de se detestar ou ter confiança em si mesma, ter a impressão de não fazer nada direito, preocupação em saber se tem boas relações com os outros; como é seu humor em relação a críticas sobre seu trabalho ou o constrangimento quando entra sozinha num lugar onde se encontram pessoas conversando, preocupação com a impressão que causa às pessoas, preocupação de falar com um grupo de pessoas de sua idade, ficar nervosa ao tentar ganhar um jogo ou competição esportiva frente a espectadores, preocupação com o fato de que as pessoas de suas relações a considerem vitoriosa ou fracassada, preocupação em saber o que deve dizer quando está em grupo, pensar repetidamente quando faz alguma besteira ou fica em situação ridícula, ter dificuldade em conversar com pessoas que conhece pela primeira vez; além disso, preocupar em saber se as pessoas apreciam sua companhia, se preocupa com a impressão que causa nas pessoas que quer convencer e que não têm as mesmas idéias; preocupação de que certos amigos ou conhecidos seus não têm uma boa

impressão a seu respeito, fica constrangida por sua timidez e fica preocupada pelo que os outros pensam de si.

Aqui também só foi medida a freqüência da auto-estima, com as respostas de valor 1 (sempre) com valor 2 (freqüêntemente), com valor 3 (às vezes), com valor 4 (raramente), com valor 5 (nunca).

5. Instrumentos para a coleta dos dados

A. Questionário de Identificação da Violência entre as Mulheres-QIVM