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Micrografias de lâmina do centro do volume IV da seção SS1 (lâmina A1-figura 65) a) organização geral dos materiais na lâmina A1 setas vermelhas indicam ripas de feldspato, aumento

1,25x, nicóis paralelos (NP). b) poro, aumento 1,25x, NP. c) minerais silicatos – setas vermelhas, aumento 1,25x, NP. d) ripas de feldspatos – setas vermelhas, aumento 4x, NP. e) minerais silicatos – setas vermelhas, aumento 4x, NP. f) seta vermelha: opaco semelhante a piroxênio acicular do riolito descrito no anexo III; seta verde: ripa de feldspato; seta azul: opaco com facies retilíneas que pode ser magnetita; seta alaranjada estrutura branca que corresponde as descritas macroscopicamente no volume IV, aumento 10x, NP. g) opaco semelhante a piroxênio acicular do riolito descrito no anexo III – seta vermelha, aumento 40x, NP. h) material verde em contato com as paredes de uma fissura – seta vermelha, aumento 10x, NP.

5.2.2. Seção SS2

A seção SS2 corresponde à corte de estrada rural no Planalto de Palmas (PR) e Água Doce Santa (SC), localizando-se na base do Morro Chato (figura 54-A).

Figura 54. Seção SS2. (A) Vista geral da área. (B) Foto da seção em corte de estrada. (C) Desenho esquemático da seção. (1) Rocha sã cinza clara fraturada vertical e horizontalmente. (2) Rocha Sã de coloração roxa fraturada diagonalmente. (3) Colúvio com presença de clastos arredondados. (4) Solo atual. (5) Rocha alterada. (6) Linha que delimita o contato entre a rocha alterada e as demais litologias.

Tal seção situa-se entre as coordenadas S 26º 34’ 38” / W 51º 36’ 55”, topograficamente acima de 1300 m, superfície I de Paisani et al. (2008a). Essa seção está inscrita em corte de barranco com mais de 50 m de extensão lateral e 10 m de altura

(figura 54-B). Nesse barranco delimitou-se janela com aproximadamente 7 m de profundidade e 1 m de largura, constituindo a seção SS2 (figura 54-C).

Na seção SS2, assim como na seção SS1, busca-se entender a relação da rocha riolítica sã com derrame alterado sob riolito, por isso a janela que constitui a seção SS2 abrange somente o contato rocha sã/rocha alterada, desconsiderando o colúvio e o solo atual individualizado na figura 54-C. Nessa janela foram identificados sete volumes (figura 55).

Figura 55. Janela da seção SS2. I...VII volumes individualizados. (1) Veios e lentes de zeólita caulinizada. (2) Fragmento de rocha ácida sã. A2...A7a, A7b: local de coleta para granulometria e DRX.

O volume I tem espessura média de 1 m, sendo constituído de rocha ácida riolítica halohialina, afanítica e equigranular, fraturada vertical e horizontalmente, formando blocos de tamanho pequeno com dimensões médias entre 10x15x10 cm.

Esses blocos de rocha apresentam textura amigdaloidal. Tais amigdalas são preenchidas por zeólita. A cor predominante na rocha é vermelho roxo acinzentado (5RP4/2), podendo apresentar manchas de cor vermelho roxo pálido (5RP6/2).

A partir de 5,4 m a rocha fraturada vertical e horizontalmente da lugar a material totalmente alterado levemente ácido (com pH 5,4) e textura siltosa (quadro 6), de cor bruno muito claro (10YR7/4). No perfil esse material apresenta estrutura maciça (figura 55). Quando coletada a amostra quebra-se em blocos de estrutura fraca, que variam de angulares a prismáticos. O material desagregado quando friccionado entre os dedos apresenta textura sedosa. A consistência do material do volume II quando seco é macio, com umidade torna-se solto, e se molhado é friável e pouco pegajoso.

Quadro 6. Dados granulométricos (%) da seção SS2.

Volume Argila total Silte total Areia Total Classificação

EMBRAPA (1997)

II 2% 80% 18% Textura siltosa

III 20% 75% 5% Textura siltosa

IV 8% 89% 3% Textura siltosa

V 9% 78% 13% Textura siltosa

VI 5% 85% 10% Textura Siltosa

VII 2% 91% 7% Textura siltosa

Em 5,8 m inicia-se o volume III, que macroscopicamente se parece muito com volume IV da seção SS1 (figura 44). O pH do material neste volume é de 5,1, valor bem próximo do registrado no volume II. Caracteriza-se por apresentar dois materiais distintos. Uma massa de cor vermelha (2.5YR5/8) e textura siltosa (quadro 6), que se comporta como massa vítrea. Em meio a essa massa aparecem distribuídos aleatoriamente estruturas menores de 2mm, que variam de alongadas à arredondadas, de material siltoso branco (5Y 8/1). No momento da coleta o material desagrega-se em pequenos blocos sub-angulares de resistência moderada a forte. Quando seco esse material é macio e sedoso, molhado é pouco plástico e pouco pegajoso.

Com pH 5 a principal mudança nas características físicas do volume IV em relação ao volume III é a resistência dos blocos sub-angulares, que nesse volume é fraca. As demais características de cor, plasticidade, pegajosidade e textura não mudam em relação ao volume III.

A partir 6,7 m individualiza-se o volume V, também levemente ácido com pH 5, de cor bruno avermelhado fraco (2.5YR6/4) e textura siltosa (quadro 6). Como descrito

no volume III e IV o volume V também apresenta dois materiais distintos. No perfil o material desse volume apresenta estrutura maciça. Na coleta quebra-se em blocos sub- angulares de resistência moderada a forte. Quando seco o material é macio e sedoso, molhado é pouco plástico e pegajoso.

O volume VI inicia-se em 8,1 m diferindo do volume V principalmente em relação a cor bruno fraco (2.5YR6/8), o pH de 5,2 varia pouco em relação aos volumes anteriores. As demais características de textura, estrutura, pegajosidade e plasticidade se assemelham muito ao volume anteriormente descrito.

A partir de 9,9 m individualizou-se o volume VII, com pH variando entre 5,2 e 5,3. O material desse volume tem textura siltosa (quadro 6), e cor variando entre bruno avermelhado (2.5YR4/4) e bruno avermelhado fraco (2.5YR7/4). A estrutura do material quando coletado se desagrega em blocos sub-angulares de resistência forte. Quando seco o material é macio e sedoso, molhado é pouco plástico e pouco pegajoso. Em relação aos demais volumes da seção SS2, neste volume notou-se concentração maior das estruturas alongadas menores que 2 mm de cor branca (5Y8/1), envoltas em material de coloração avermelhada. Essas estruturas no volume VII correspondem mais ou menos a 40% do material. Em alguns lugares esse material branco se deposita na forma de veios e lentes maiores de zeólita caulinizada (figura 55-1).

5.2.2.1. Atributos da mineralogia da fração argila (seção SS2)

Na Seção SS2 sete amostras foram submetidas ao tratamento por DRX, sendo uma amostra de cada um dos volumes de material alterado II-A2, III-A3, IV-A4, V-A5, VI-A6 e 2 amostras do VII-A7a-A7b (figura 56). Tais amostras foram tratadas pelos métodos do pó-Mg, pó-K, natural, calcinadas a 550ºC, calcinada, a 350ºC e glicoladas.

O material do volume II-A2 foi coletado na profundidade de 5,5 m na seção SS2 (figura 55). O material desse volume submetido à difratograma de raios-X de argila apresentou argilominerais (2:1): esmectita e ilita; mineral do grupo dos sulfatos hidratados: aluminita (sulfato de alumínio) e hexahidrita (sulfato de Mg); do grupo das serpentinas: amesita; do grupo das micas: muscovita e do grupo dos sulfatos: gipsita (figura 56).

Picos de esmectita foram registrados na amostra submetida ao DRX nos métodos do pó-Mg, pó-K , calcinada a 350ºC e natural, tendo respectivamente nos três primeiros apresentado picos agudos bem desenvolvidos, já ao natural a esmectita apresentou

reflexos bem menos expressivos. A ilita apareceu somente na amostra no método calcinado a 350ºC e 550ºC, com reflexos bem baixos. Esmectita e Ilita são argilominerais (2:1) que tem ampla ocorrência, já identificadas em alteração supérgena de riolito (MENEGOTTO; GASPARETTO, 1987; CLEMENTE, 1988, 2001), e também em perfis de alteração de rochas básicas (OLIVEIRA et al., 1998). Como já referido quando se discutia a mineralogia da seção SS1, a ilita é um argilomineral comumente encontrado em estágios iniciais da alteração supérgena de feldspatos potássicos, enquanto a esmectita aparece em estágios de intemperismo um pouco mais intenso (MEUNIER, 2005). Em relação à alteração hidrotermal, ilita é um argilomineral comum em sistemas epitermais de sulfetação baixa sendo estável em temperaturas > 220º C, já a esmectita é um mineral estável em temperaturas < 160º C (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Como já discutido anteriormente esse minerais são comuns onde predomina a alteração propilítica (BURNHAM, 1962).

Figura 56. DRX da amostra A2 da seção SS2. E: esmectita. I: ilita. Al: aluminita. H: hexahidrita. A: amesita. Gp: gipsita.

Aluminita é um mineral do grupo dos sulfatos hidratados, que tem como principal elemento de sua composição o alumínio. Apresenta picos pouco expressivos registrados na amostra glicolada e calcinada. Conforme consulta nos bancos de dados de mineralogia inicialmente apresentados, este é um mineral monoclínico de cor branco terrosa a branco acinzentado, tipicamente encontrado na forma argilácea, raramente

encontrado na sua forma cristalina, ocorre associado à basaluminita e a hidrobasaluminita. Aluminita aparece tipicamente em veios de depósitos minerais hidrotermais, como identificado em depósitos de ouro e mercúrio na Ucrânia (ARTEMENKO, 2004). Do mesmo grupo da aluminita, a hexahidrita tem como principal elemento de sua composição o Mg, sua presença foi registrada pelo DRX com amostra glicolada. Este mineral é derivado da alteração de rochas magnesianas e também pode ser encontrado em depósitos hidrotermais (Banco de Dados Mineralienatlas).

Amesita é um mineral do grupo das serpentinas, foi registrado na amostra pelo método do pó-K, calcinada a 350ºC e 550ºC e do etileno-glicol (glicolada). Está relacionada a metamorfismo de baixo grau em rochas ricas em Al e Mg (Banco de Dados do mindat. org). Serpentina é um grupo de mineral comum em depósitos hidrotermais propilíticos (BURNHAM, 1962).

A muscovita é um mineral do grupo das micas comum em muitos tipos de rochas, tais como filitos, xistos, gnaisses, arenitos e granitos (Banco de dados de minerais da UNESP). Tal mineral do grupo das micas possui estrutura 2:1 e tem como principais elementos de sua composição química K, Al e Si (COELHO; SANTOS, 2007). É formado a partir de outros minerais em condições hidrotermais e pode ser detrítico em arenitos (Banco de Dados Mineralienatlas).

Gipsita é um mineral do grupo dos sulfatos rico em Ca que foi registrado no DRX da amostra A2 apenas com o método do etileno-glicol (glicolada), tendo sido registrado apenas um pico pouco expressivo. Este mineral pode ser produto da alteração dos feldspatos sódico-cálcicos presentes no riolito que está sobre o derrame alterado no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC).

Em 5,8 m foi coletado o material do volume III-A3 submetido à DRX (figura 61). Neste volume o material analisado apresentou em comum à amostra do volume II- A2 a esmectita, aluminita e a muscovita (figura 57). Contudo foram registrados outros minerais, do grupo da clorita: clorita; do grupo do talco-pirofilita: pirofilita e talco; do grupo dos sulfatos: barita; do grupo dos feldspatos sódico-cálcicos: albita.

Com o método do pó-Mg, pó-K e a amostra ao natural, o DRX apesentou picos correspondentes à clorita (figura 57). Este é um mineral de estrutura (2:1) composto quimicamente por Mg, Al, Fe, Si e O2 (COELHO; SANTOS, 2007). A clorita pode ser gerada por processos supérgenos, hidrotermais e metamórficos (Banco de Dados de

Minerais da UNESP). Tal mineral é comum em alterações hidrotermais do tipo propilítica (BATEMAN, 1956; BURNHAM, 1962).

Figura 57. DRX da amostra A3 da seção SS2. CL: clorita. E: esmectita. P:pirofilita. Al: aluminita. T: talco. Ba: barita. M: muscovita. Ca-F: albita.

Quando hidrotermal a clorita é estável acima de 200º C, em faixas de temperaturas maiores que as de estabilidade da esmectita e ilita (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Silva (2007) estudando o Depósito Pilar na região de Santa Bárbara e Barão dos Cocais (MG) identificou três halos de alteração hidrotermal, distal intermediário e proximal. Conforme o mesmo autor no halo distal, aquele mais afastado da fonte de fluidos quentes, o mineral mais representativo e comum é a clorita, presente em todos os litotipos afetados pela alteração hidrotermal naquela área de estudo (xistos máficos, xistos vulcanoclásticos, xistos pelíticos e na formação ferrífera). Borges et al. (2009) estudando processos hidrotermais associados ao depósito de ouro São Jorge, Província Aurífera de Tapajós no Cráton Amazônico, registrou a presença de quatro (1,2,3 e 4) associações minerais nesse depósito. Na associação mineral 3 os principais marcadores mineralógicos são Clorita + Plagioclásio descalcificado + Biotita. Os autores identificaram o estágio de alteração como propilítico, o principal estágio de formação dos minerais é a cloritização. A temperatura de formação de tal assemblei mineralógica foi estimada entre 280º C e 340º C. Essa temperatura foi estimada usando o geotermômetro proposto por Cathelineau (1988) que indicou temperaturas de 300º C a

340º C para a formação da clorita (BORGES et al., 2009). Este mineral foi encontrado em zonas de alteração hidrotermal localizadas mais ou menos entre 814 e 1020m de profundidade no Sistema Hidrotermal Tusla, no Çanakkale – Turquia (SENER; GEVREK, 2000). Usando DRX Sonntag et al. (2012) descobriram que clorita e ilita são os minerais dominantes em um sistema epitermal de baixa sulfetação localizado no leste de Mindanao, Filipinas.

A presença de pirofilita foi registrada no DRX apenas com a amostra glicolada (figura 57). Este mineral é um silicato de alumínio hidratado, sua ocorrência é pouco comum, podendo ser encontrado tanto em veios como em depósitos hidrotermais e entre camadas de rochas metamórficas xistosas. Quando ocorre está comumente associado a minerais aluminosos (por exemplo: aluminita, basaluminita, hidrobasaluminita), cianita, topázio, mica e quartzo (Banco de Dados de Minerais da UNESP; Banco de Dados Mineralienatlas). Aparece em quantidade variada em depósitos hidrotermais de sulfetação alta e sulfetação baixa (WHITE; HEDENQUIST, 1995).

O talco é um silicato de magnésio hidratado. Foi registrado no DRX com a amostra submetida ao método do pó-Mg (figura 57). Este mineral geralmente está associado à biotita, clorita, serpentina e carbonatos. É gerado em processo de alteração hidrotermal de minerais magnesianos, especialmente de olivinas e ortopiroxênios, bem como em metamorfismo regional ou de contato sobre calcários magnesianos ou rochas ultrabásicas (Banco de Dados de Minerais da UNESP).

Picos pouco representativos de barita foram registrados pelo DRX em todos os métodos aplicados para a amostra do volume III (figura 57). Frequentemente de origem hidrotermal, barita é comumente encontrado como um mineral de ganga em depósitos de minério metálico de origem epitermal ou mesotermal (Banco de Dados do mindat.org). Tal mineral é comum em pequenas quantidades tanto em depósitos epitermais de sulfetação baixa como de sulfetação alta (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Lima et al. (2000) estuando o Batólito Granítico de Teixeira (Província da Borborema, Nordeste do Brasil) inferiram que a formação de barita (BaSO4) ocupando fissuras provavelmente ocorreu na desestabilização do feldspato potássico e mica que liberam Ba+2. A existência desse mineral em áreas que sofreram hidrotermalismo é amplamente registrada na literatura (ALCOVER NETO; TOLEDO, 1993; LIMA et al., 2000; HERNÁNDEZ, 2002, entre outros).

Com a amostra glicolada foi registrado um único pico de albita (figura 57). Este é um mineral primário que aparece na composição do riolito, rocha sã que se sobrepõe

ao material alterado das seções SS1 e SS2 no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC). Albita é também um mineral típico de alterações hidrotermais do tipo propilítica, aparecendo associado à epidoto, clorita, carbonatos, K-feldspato e pirita (BURHAM, 1962; PIRAJNO, 1992; SENER; GEVREK, 2000).

Entre 5,9 m e 6,7 m na seção SS2 está situado o volume IV (figura 58), no qual foi coletada a amostra A4 para DRX (figura 58). Assim como no volume III, nesse volume o DRX apresentou picos agudos de clorita com o método do pó-Mg, pó-K e ao natural. Contudo no volume IV o material submetido ao DRX também apresentou pico agudo de clorita com a amostra glicolada. Além dos minerais já discutidos anteriormente nos difratogramas das amostras A2 e A3, na amostra A4 ocorre também a heulandita, mineral do grupo da zeólita.

Figura 58. DRX da amostra A4 da seção SS2. CL: clorita. Al: aluminita. HUL: heulandita. Ca-F: albita.

A heulandita é um alumino silicato hidratado, ocorrendo em amigdalas, geodos e em fraturas das rochas vulcânicas (Banco de Dados do mindat. org). No derrame alterado sob rocha sã no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC) é grande o número de geodos de zeólita e quartzo, podendo essa ser a origem da heulandita encontrada no material do volume IV.

O volume V se inicia em 6,7 m e se estende até 8,1 m na seção SS2 (figura 59). No centro desse volume foi coletado o material submetido à DRX. Dos minerais identificados na amostra A5, além daquele que ocorrem nas amostras A2, A3 e A4 tem- se apenas o feldspato potássico (K-feldspato) (figura 59).

Figura 59. DRX da amostra A5 da seção SS2. CL: clorita. P: pirofilita. HUL: heulandita. K-F: K- feldspato. M: muscovita. E: esmectita.

O K-feldspato é um mineral primário do riolito (NARDY et al., 2002), rocha sã que se encontra sobre o derrame alterado no Planalto de Palmas (PR)/Água Doce (SC). Contudo esse mineral é um mineral comum em depósitos hidrotermais (Banco de Dados de Minerais da UNESP). Neste tipo de depósito, onde predomina a alteração propilítica o K-feldspato ocorre associado à epidoto, calcita, caulinita, esmectita, clorita, serpentina, quartzo e albita (BURNHAM, 1962). O K-feldspato, juntamente com o quartzo, é estável nas condições de alteração do tipo propilítica (PIRAJNO, 1992). Desse modo o K-feldspato identificado pelo DRX no volume IV da seção SS2 pode ser mineral primário residual derivado da rocha que foi alterada hidrotermalmente.

O mais espesso dos volumes individualizados na seção SS2 inicia-se em 8,1 m e se estende até 9,9 m, intervalos que constitui o volume VI (figura 60). A amostra A6 submetida à DRX foi coletada no centro desse volume (figura 60). Os picos mais

representativos dos difratogramas da amostra A6 correspondem à clorita e esmectita, além do K-feldspato, albita e a aluminita (figura 60).

Figura 60. DRX da amostra A6 da seção SS2. CL; clorita. E; esmectita. Al: aluminita. Ca-F: albita.

Pode-se observar que o DRX da amostra A6 é muito semelhante aos difratogramas das amostras A3 e A4, tanto na forma dos picos representativo dos minerais quanto na assembleia mineralógica, a qual se caracteriza pelo predomínio de minerais de estrutura (2:1), clorita e esmectita (figura 60).

A partir de 9,9 m inicia-se o volume VII da seção SS2, no qual foram coletadas duas amostras. A amostra A7a, coletada em zona descrita macroscopicamente como de concentração de veios de zeólita caulinizada (figura 61-1) e a amostra A7b coletada a direita da primeira representando material mais homogêneo do volume (figura 61).

A amostra A7a (figura 61) apresentou além da pirofilita, K-feldspato e muscovita o quartzo. Este mineral primário está presente no riolito sobreposto ao derrame alterado da seção SS2. Contudo é também comum em sistemas epitermais tanto do tipo baixa sulfetação como alta sulfetação, sendo estável em condições hidrotermais em faixas de temperatura bastante ampla (WHITE; HEDENQUIST, 1995). Como já discutido anteriormente o K-feldspato, juntamente com o quartzo, é estável às condições de alteração do tipo propilítica (PIRAJNO, 1992). Sendo assim o quartzo, assim como o K-feldspato encontrado no volume VII, possivelmente é residual.

Figura 61. DRX da amostra A7a da seção SS2. P: pirofilita. K-F: K-feldspato. M: muscovita. Qz: Quartzo.

A amostra A7b apresentou além da muscovita e talco, minerais anteriormente descritos, a anidrita e a ankerita (figura 62).

A anidrita é mineral do grupo dos sulfatos e a ankerita do grupo da dolomita. A anidrita ocorre em pequenas quantidades ligada a veios metalíferos ou amigdalas em rochas vulcânicas (Banco de Dados de Minerais da UNESP, 2012), bem como em produto de alteração de depósitos hidrotermais (Banco de Dados Mineralienatlas, 2012). Em geral a anidrita aparece associada à K-feldspato, caulinita, calcita, rutilo e apatita em depósitos hidrotermais (PIRAJNO, 1992).

Ankerita é um carbonato em geral associado a rochas como calcário, dolomita e marga, mas também pode ocorrer em rochas metamórficas ricas em ferro e depósitos minerais de origem hidrotermal (Banco de Dados de Minerais da UNESP, 2012). Minerais do grupo dos carbonatos são comuns em depósitos epitermais propilíticos (BURNHAM, 1962, PIRAJNO, 1992).

Figura 62. DRX da amostra A7b da seção SS2. AD: anidrita. M: muscovita. T: talco. AK: ankerita.

De modo geral, percebe-se que os materiais que integram os volumes identificados na seção SS2 apresentam tendências principais de distribuição nos volumes: a clorita foi identificada nos volumes III, IV, IV e VI; a esmectita e a aluminita no volume II, III e VI; muscovita nos volumes II, III e VII nas amostras A7a e A7b; albita nos volumes III, IV e VI; heulandita nos volumes IV e V.

Quadro 7. Minerais identificados na seção SS2.

Volumes SS2 - amostras Minerais identificados

II-A2 E, I, Al, H, M, A, Gp

III-A3 CL, E, P, Al, T, Ba, M, Ca-F

IV-A4 CL, Al, HUL, Ca-F

V-A5 CL, P, K-F, HUL, M, E

VI-A6 CL, E, Al, Ca-F

VII-A7a P, K-F, M, Qz

VII-A7b AD, M, T, AK

Quadro 7. Minerais identificados na seção SS2 e pH. E: esmectita. I: ilita. Al: aluminita. M: muscovita. H: hexahidrita. A: amesita. Gp: Gipsita. CL: clorita. P: pirofilita. T: talco. Ba: barita. Ca-F: albita. HUL: Heulandita. K-F: feldspato potássico. Qz: quartzo. AD: anidrita. AK: ankerita.

5.2.2.2. Geoquímica do material alterado (Seção SS2)

A seção SS2 (figura 55) é constituída por 7 volumes, dos quais o volume I é formado por rocha consolidada fraturada vertical e horizontalmente, formando blocos

de tamanho pequeno com dimensões médias entre 10x15x10cm. Esse volume corresponde a um núcleo de rocha preservada entre o derrame alterado (figura 55). Os demais 6 volumes são formados por material completamente alterado. Para fluorescência de raio-X (FRX) foram coletadas amostras representativas de cada volume da seção, respectivamente SS2-A1, SS2-A2, SS2-A3, SS2-A4, SS2-A5, SS2-A6 e SS2- A7b (tabela 2). Apenas a amostra A7a (figura 55), por apresentar material correlato ao da amostra SS2-A6, não foi submetida a fluorescência de raio-X (FRX).

Tabela 2. Dados geoquímicos dos volumes individualizados na seção SS2.

ATP SS2 A1 SS2 A2 SS2 A3 SS2 A4 SS2 A5 SS2 A6 SS2 A7 SiO2 70,24 66,41 49,71 52,26 53,80 58,01 50,80 58,58 TiO2 0,78 0,940 1,493 1,166 1,031 1,365 1,296 1,218 Al2O3 12,12 16,70 25,03 18,97 21,67 19,52 23,14 20,13 Fe2O3 5,43 6,32 10,13 11,78 7,97 10,18 9,51 9,10 MnO 0,09 0,046 0,062 0,222 0,675 0,345 0,179 0,147 MgO 0,73 0,43 1,16 3,99 3,75 1,01 3,07 0,75 CaO 1,9 0,08 0,10 0,13 0,09 0,07 0,11 0,09 Na2O 2,67 0,11 < 0.02 <0.02 <0.02 < 0.02 < 0.02 <0.02 K2O 4,8 1,47 0,43 0,32 0,22 0,29 0,05 0,13 P2O5 0,21 0,166 0,257 0,109 0,035 0,072 0,031 0,070

SS1-A5...SS1-A1: identificação das amostras na seção SS1. (ATP) Ácida Tipo Palmas – Subgrupo Clevelândia segundo Nardy et al. (2008), química média de 6 amostras.

Assim como para as amostras dos volumes do material alterado da seção SS1, os teores dos elementos químicos dos volumes do material alterado da seção SS2 foram comparados aos dados de Nardy et al. (2008), referentes as rochas ácidas do Membro Palmas – Subgrupo Clevelândia. Como na seção SS1, na seção SS2 houve enriquecimento relativo de TiO2, Al2O3 e Fe2O3 em detrimento da perda de SiO2 (figura 63). Como discutido anteriormente, esse é um comportamento comum de alteração supérgena (RUXTON, 1968; LACERDA et al, 2002), mas que pode ocorrer também na alteração hidrotermal (BURNHAM, 1962; SENER; GEVREK; 200).

O material do volume I da seção SS2, constituído por rocha sã apresentou teores de SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2 muito próximos ao do riolito do Membro Palmas - Subgrupo Clevelândia (tabela 2 e figura 63). No que concerne aos cátions básicos CaO, Na2O, MgO e K2O (figura 64) os teores são bem menores em relação ao riolito, indicando que o material desse volume já apresenta alteração bem desenvolvida. Os teores de P2O5 e MnO no material do volume I, assim como os cátions básicos, são bem