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Diagrama da análise dos indicadores migratórios

MAPA 1 Região econômica e índice de desenvolvimento econômico Bahia

3.3. Um pouco da história migratória da Bahia

3.3.2. Migração intra-estadual

Em relação à migração intra-estadual, 26 municípios baianos foram responsáveis pela metade dos imigrantes, com Salvador sendo responsável pela maior absorção, de 13,7% dos imigrantes intra-estaduais. Essa importância torna-se mais significativa quando se nota que esse percentual é quase 10 pontos acima do percentual de Feira de Santana, segundo município receptor com apenas 4%. As outras cidades que participam com mais de 2% na recepção dos imigrantes são: Porto Seguro, Barreiras, Lauro de Freitas, Camaçari e Vitória da Conquista. No entanto, apesar de Salvador ser o principal receptor da migração intra-estadual, a cidade também é a principal emissora de população, sendo responsável por 14,7% das pessoas que decidem migrar para outros municípios baianos. Quanto à emigração, a diferença entre Salvador e as demais cidades é mais significativa, sendo a diferença de 11,7 pontos entre a capital e Feira de

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Santana, que também é a segunda principal cidade quando se trata de emigração intra-estadual. A outra única cidade que participa com mais de 2% das emigrações é Itabuna. Salvador se configura assim como uma cidade que tanto atrai quanto expulsa, servindo de ponte para outros deslocamentos. Considerando as entradas e saídas dentro da Bahia, apenas sete municípios apresentaram saldo migratório positivo: Barreiras, Camaçari, Feira de Santana, Juazeiro, Porto Seguro, Santo Antônio de Jesus e Teixeira de Freitas, sendo que Porto Seguro apresenta o maior saldo migratório positivo.

De acordo com a SEI (2007) a migração na Bahia é um fenômeno seletivo que se concentra nas idades economicamente ativas. Assim ela costuma se concentrar nas idades adultas entre 15-64 anos, com alguma participação significativa das crianças e adolescentes entre 0-14 anos, já que esse grupo, em geral, é obrigado a seguir as decisões migratórias de seus pais. Em 2000 o grupo em idade economicamente ativa representava 74,4% dos imigrantes com concentração de 37,5% entre as idades de 20-34 anos. Todas as faixas sofreram aumento em termos absolutos, sendo a faixa etária 45-49 anos a que sofreu maior incremento em termos relativos, o que poderia, de acordo com a SEI (2007), significar uma maior influência da migração de retorno. Quanto aos outros grandes grupos etários, houve uma redução na participação das crianças passando de 27,6% para 23%, enquanto os idosos tiveram um pequeno aumento de 0,6 pontos percentuais. A redução no primeiro grupo etário não significa que esteja ocorrendo uma menor imigração de famílias, estando relacionado à queda da fecundidade e ao aumento da longevidade, como ocorre na população em geral. Entre os emigrantes a maior representatividade também está no grupo 15-64 com um aumento entre os períodos de 75,8% para 77,1%, enquanto o grupo das crianças sofreu uma redução de 1,6 pontos percentuais e os idosos um aumento de 0,3 pontos. Entre os adultos, o grupo de maior representatividade se estabeleceu entre os 15 e 29 anos mostrando um perfil mais jovem da emigração se comparado à imigração (Tabela 6 no anexo).

Em relação à distribuição por sexo dos migrantes, observa-se no último período que a razão de sexo31 dos imigrantes foi de 101,4, enquanto no primeiro período era 99,0. Segundo a SEI (2007), a maior participação masculina pode estar relacionada ao aumento da migração de retorno, já que o percentual de homens nesse grupo é maior do que entre os não naturais. Entre os

31 A razão de sexo de determinada população é obtida dividindo-se o número total de homens pelo de mulheres e

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emigrantes a razão de sexo passou de 96,7 para 91,1 entre os dois períodos. Assim, observou-se um aumento na participação feminina entre as pessoas que estão saindo da Bahia. A SEI (2007) ao realizar uma análise da estrutura etária dos emigrantes, imigrantes e não migrantes aponta para o fato de que a cúspide para os não migrantes em 2000 encontrava-se entre 10-14, enquanto a dos emigrantes estava localizada entre 15-19 e dos imigrantes entre 30-39:

Tal distribuição etária demonstra que os fluxos de saída de pessoas do estado da Bahia são compostos predominantemente por pessoas mais jovens, ao passo que nos fluxos de entrada é maior a incidência de pessoas em idade mais maduras. Esta evidência estatística confirma um fenômeno percebido empiricamente no interior do estado, onde a saída de pessoas costuma ocorrer em idades mais jovens devido à falta de oportunidades de emprego e, também, de estudo para estas faixas etárias. A partir dos 40 anos, os maiores percentuais de participação são encontrados entre os não migrantes, confirmando ser esta categoria mais envelhecida do que os migrantes (SEI, 2007, p.75).

Da mesma forma que em relação à migração interestadual, os migrantes intra-estaduais concentram-se no grupo de idade ativa (15-59 anos). Sendo que a maior participação desse grupo se dá na cidade de Salvador, o que indica a maior procura por trabalho na maior cidade do estado. Também nota-se uma importância significativa das crianças, ao redor dos 20%, o que denota a importância da migração familiar. Além do mais, três municípios da Região Sudoeste (Jequié, Itapetininga e Poções) destacam-se na imigração de idosos, com uma população migrante de cerca de 9%. Quanto à razão de sexo, a menor é encontrada em Salvador (69,9%), o que demonstra o papel significativo das mulheres entre os imigrantes desse município, fato que pode estar associado à crescente importância do setor de serviços nessa cidade, setor que atrai muitas mulheres. Por outro lado nota-se um maior percentual de mulheres emigrantes entre municípios próximos da mesma região, indicando que talvez as mulheres realizem mais movimentos de curta distância. Enquanto isso, três cidades da região Extremo Sul (Santa Cruz de Cabrália, Itamaraju e Eunápolis) registraram um maior percentual de homens do que de mulheres entre os imigrantes, fato que pode estar associada à importância da produção de celulose na região, atividade que demanda mão de obra masculina. Em contrapartida há uma maior participação de homens entre a emigração de Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Barreiras. Nos dois primeiros esse fato pode estar associado a uma crescente importância do setor de serviços que demanda mais mão de obra feminina e por outro lado a crescente indústria agrícola tradicional que se desenvolve no sul do estado. Em relação ao município de Barreiras, os homens, principalmente os de baixa

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escolaridade, podem estar procurando emprego nos municípios próximos em decorrência da especialização da agricultura de alta tecnologia neste município.

No que trata da escolaridade, a população concentra-se no grupo de 4 a 7 anos de estudo, o que é natural na medida em que a população brasileira está concentrada no mesmo grupo, no entanto o segundo grupo mais significativo é o de 11 anos ou mais de estudo. Sendo que nos municípios localizados ao sul da Bahia, encontram-se mais de 30% dos imigrantes concentrados no grupo de até 3 anos de estudo, fato que pode estar associado a região estar ligada a zonas de agricultura tradicional como a produção do cacau e da celulose. Por outro lado, Salvador e Lauro de Freitas foram às cidades com o maior percentual de imigrantes intra-estaduais com mais de 11 anos de estudo.