• Nenhum resultado encontrado

7.4 Práticas de Gerenciamento de Pneumáticos Inservíveis Brasileiras

8- Minimização de Resíduos Sólidos

A minimização de resíduos sólidos é uma estratégia que consiste numa abordagem integrada, global e sistêmica da gestão de resíduos sólidos, incorporando nas modalidades do gerenciamento desses resíduos a redução de consumo, a redução da geração de resíduos, e do desperdício. (GÜNTHER, 2000).

Thiesen (2001) expõe a minimização como um procedimento que, de forma simultânea, permite abordar a prevenção dos riscos ambientais gerados pelos resíduos e o controle da poluição ambiental que esses acarretam ao priorizar o enfoque da redução da quantidade e grau de toxidade desse resíduo na fonte geradora, compreendendo de modo integrado e complementar as ações de:

• Redução dos resíduos na fonte geradora, que consiste na diminuição de volume, tanto quanto possível, e do grau de toxidade de resíduos gerados, tratados ou dispostos. As soluções para redução incluem qualquer atividade ou tecnologia desenvolvida para tratamento, reciclagem ou reuso e devem atender os parâmetros técnicos específicos, cabendo aos órgãos competentes a regulamentação dessas atividades;

• Reutilização significa o aproveitamento do resíduo sem submetê-lo a processamento industrial, assegurado o tratamento destinado ao cumprimento dos padrões de saúde pública e meio ambiente;

• Reciclagem é o processo de transformação de materiais descartados, que envolve a alteração das propriedades físicas e físico–químicas dos mesmos tornando-os insumos destinados a processos;

• Tratamento da parcela de resíduos restantes, que poderá se dar por meio de inertização, incineração, ou aterramento provisório desses inservíveis, caso não exista alternativa tecnológica.

A minimização é uma estratégia importante para qualquer sistema de gestão de resíduos, pois conforme mencionado na introdução (item 4.1), o aumento e a modificação qualitativa gradativa dos resíduos sólidos urbanos fez com que o volume desses resíduos sólidos aumentasse, devido ao alto índice de descarte na fonte geradora, bem como em sua composição, além da grande parcela de matéria orgânica putrescível, passasse a ser encontrada uma quantidade de materiais não biodegradáveis, com as características de poderem ser reciclados ou reutilizados. (GÜNTHER, 2000).

Considerando que, uma parcela desses resíduos produzidos pelas diversas atividades humanas, se forem manejados adequadamente possuem valor comercial, há que se assumir esses resíduos como uma matéria-prima em potencial, o que irá requerer a adoção de uma nova postura quanto à reutilização ou reciclagem desse resíduo (GÜNTHER, 2002).

Porém, quando não são segregados da massa de resíduos a ser manejada, esses materiais requerem uma atenção especial, em razão de acarretarem impactos ambientais e problemas à saúde pública.

Nos Estados Unidos, durante o século passado, o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos era sinônimo de coleta e disposição de resíduos. Porém, no final desse século, na política de resíduos sólidos urbanos foi dada ênfase para o gerenciamento sustentável de resíduos, por meio da adoção de:

• Ações tanto administrativas, quanto operacionais e de desenvolvimento e introdução de novas tecnologias, bem como envolvendo novos acordos institucionais;

• Incentivos não só para a reciclagem como já ocorria, mas, principalmente, visando à redução na fonte. (TAYLOR, 2000).

Em termos de disposição final, a reciclagem de produtos existentes nos resíduos sólidos urbanos representa uma economia, ampliando a vida útil dos aterros. Contudo, o mercado só tem condição de absorver até um determinado volume destes materiais reciclados, pois quando em grandes quantidades, determinados produtos são de difícil

recolocação, por questões de preços, que serão fixados em função da oferta e necessidade desse mercado.

Segundo Pardez (2002), a matéria prima transforma-se em produto acabado, por meio de processo produtivo que utiliza a energia e produz emissões atmosféricas, além de resíduos sólidos e efluentes líquidos. Quando esse produto é colocado para o consumo, seu ciclo produtivo tem continuidade, sendo que por ocasião do seu descarte surgem os problemas ambientais e as preocupações com o pós–consumo, cuja co– responsabilidade ambiental é de todos os segmentos que compõem a sociedade.

Taylor (2000), expõe que embora esses segmentos sejam heterogêneos, e não possuam vínculos econômicos entre si, passam a ter responsabilidades, em relação a determinados estágios do ciclo de vida do produto, fazendo com que a adoção de ações que visem à minimização de resíduos sólidos urbanos envolva decisões de fabricantes, instituições governamentais, empresas privadas e consumidores em geral.

Segundo Taylor (2000), o setor público com o objetivo de minimizar a geração de resíduos sólidos urbanos poderá, também, adotar políticas de incentivos, visando promover mudanças de atitudes e comportamento na comunidade, além de estimular geradores, catadores e gerenciadores desses resíduos, por meio de:

• regulamentações coercitivas envolvendo normas de minimização de resíduos explícitas, diretas e auto-executáveis, que deverão ser cumpridas pelos geradores, manuseadores e gerenciadores de resíduos, com estabelecimento de penalidades para aqueles que não as cumprirem;

• incentivos psicossociais que servem como facilitadores no desenvolvimento das motivações próprias e intrínsecas, visando iniciar e manter atitudes e comportamentos de minimização de resíduos, com o objetivo de atingir os padrões almejados a curto prazo;

• incentivos econômicos abrangendo políticas de intervenções de mercado projetadas para modificar o comportamento dos segmentos envolvidos, ou seja, decisões de fabricantes de produtos, instituições governamentais, empresas certificadoras e munícipes sobre a redução na fonte e seletividade

de resíduos. Constituem uma indução direta aos geradores, manuseadores e gerenciadores de resíduos, para atingir uma minimização de resíduos em longo prazo.

Os benefícios da minimização de resíduos, por meio da adoção da reciclagem são inúmeros, embora a avaliação desses benefícios dependa do enfoque do avaliador, em função dos seus interesses. Para a sociedade significará um ganho ambiental, por representar uma redução no impacto das suas atividades sobre o meio ambiente. Por outro lado, para as empresas esses benefícios serão financeiros, por representarem a possibilidade de desenvolvimento de negócios viáveis, por meio da utilização de materiais reciclados em substituição as matérias-primas, devolvendo-as a cadeia de produção, desde que haja competitividade de custos, ou caracterizando-os como novos produtos, visando inseri-los novamente no mercado de acordo com o Site Planet Ark (2003).

Para que a minimização de resíduos sólidos urbanos seja bem sucedida, os editores desse site concluem que se torna de fundamental importância: basear-se numa visão positiva que visualize esses resíduos como recursos a serem recuperados quer pela sua reutilização, reciclagem ou re-processamento; adotar um cenário que encoraje novas abordagens; e, funcionar como um facilitador ao desenvolvimento e implantação de novas tecnologias, em contribuição a uma melhor utilização dos recursos naturais disponíveis, bem como à ampliação da vida útil dos aterros sanitários existentes.

No que concerne aos aterros sanitários, atualmente, a obtenção de áreas apropriadas para a instalação de novos aterros constitui um desafio, tanto no que se refere à disponibilidade de áreas nas cidades, quanto à aceitação pela comunidade, ou ainda, quanto ao atendimento da legislação ambiental em vigor, e à obtenção de recursos financeiros necessários.

Pelo exposto, é imprescindível que haja uma mudança de hábitos, atitudes e comportamentos dos segmentos sociais envolvidos, por meio da implementação de instrumentos legais que especifiquem normas padrões de desempenho para esses segmentos sociais, que contemplem regulamentações coercitivas, e incentivos

psicossociais e econômicos para que se obtenha melhores resultados no que concerne à minimização de resíduos sólidos urbanos.