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3 MÉTODOS

3.1 Modalidade e Estratégia de Pesquisa

No que tange às características metodológicas, este estudo foi desenvolvido no nível organizacional, na modalidade de pesquisa qualitativa, pois se dirige à análise de um caso concreto em suas particularidades locais e temporais, analisado em profundidade. Para sua realização foram seguidas as orientações dos autores utilizados nesta seção.

Segundo Kude (1997), o delineamento do estudo a ser realizado deve ser determinado pela questão que ele se propõe a responder e perguntas iniciadas com “como” prestam-se, sobremaneira, à investigação por meio do método qualitativo.

Em 2001 a área de pesquisa qualitativa em Administração, anteriormente relegada por alegações de falta de rigor acadêmico ganhou espaço nos encontros da ANPAD e nos programas de graduação e pós-graduação, introduzindo novos questionamentos e debates. Antes desse período a produção estava limitada à construção de livros textos e manuais para elaboração de projetos de pesquisa (VIEIRA, 2004). Segundo o autor, as críticas feitas a essa modalidade de pesquisa devia-se à falta de adequação dos métodos utilizados, o que levou a uma falsa dicotomia entre pesquisas qualitativas e quantitativas.

Depreende-se, portanto, que as pesquisas qualitativas são tão rigorosas em termos científicos quanto às quantitativas. Entretanto, a fim de dar sustentação, ou melhor, credibilidade ao método, a pesquisa qualitativa deve conter cientificidade, rigor e confiabilidade como características fundamentais. A esse respeito, Flick (2009) aponta que outros aspectos são essenciais na pesquisa qualitativa: aproprialidade na utilização de métodos e teorias; reconhecimento da diversidade e análise das diferentes perspectivas dos participantes; reflexidade do pesquisador e da pesquisa; utilização de uma variedade de abordagens e métodos para investigar o mesmo problema.

Na busca por maior credibilidade do método, além de obedecer às características citadas acima é importante que a realização da pesquisa qualitativa seja adequadamente planejada. Para isso vale ressaltar a contribuição de Mason (1996) na definição e dissertação de cinco questões difíceis a serem tomadas pelo pesquisador acerca da pesquisa qualitativa: qual é a natureza do fenômeno a ser investigado? O que pode ser considerado como conhecimento ou evidências sobre as entidades ou realidade social que eu quero investigar? Com qual tópico ou área ampla do conhecimento minha pesquisa está mais relacionada? Qual é o quebra-cabeça intelectual que eu quero explicar e quais são minhas questões de pesquisa? Qual é o propósito, da minha pesquisa?

Ainda em relação ao planejamento adequado da pesquisa qualitativa, Creswell (1998) sugere os seguintes procedimentos para sua realização: apresentação das premissas do método qualitativo a ser utilizado; descrição do tipo específico de método a ser utilizado; precisar o papel do pesquisador; planejamento da coleta de dados; desenvolvimento de procedimentos de registros de dados; desenvolvimento de procedimentos de análise de dados; especificação dos passos de verificação; desenvolvimento dos resultados das narrativas da pesquisa.

Após as reflexões feitas a partir de Mason (1996) e Creswell (1998), definiu-se como estratégia de pesquisa qualitativa adotada nesta tese o estudo de caso único em profundidade. O estudo de caso origina-se das ciências políticas e sociais. Seu foco reside na análise em profundidade para um caso único ou para casos múltiplos e pode ser definido como uma exploração de um sistema limitado, caracterizado por coleta de dados profunda, envolvendo múltiplas fontes de informações significativas em um determinado contexto (CRESWELL, 1998).

Como qualquer estratégia de pesquisa utilizada, o estudo de caso possui vantagens e desvantagens. Gil (2009) aponta como vantagens do estudo de caso: possibilidade de estudo em profundidade; ênfase no contexto em que ocorre o fenômeno; garantia da unidade do caso; flexibilidade; estímulo para desenvolvimento de novas pesquisas; favorecimento para construção de hipóteses, possibilidade de aprimoramento, construção e rejeição de teorias; possibilidade de investigação em áreas inacessíveis por outros procedimentos; permissão para investigar o caso pelo “lado de dentro”; favorecimento do entendimento do processo e possibilidade de aplicação sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos.

Para Yin (2005), o estudo de caso em profundidade é adequado na medida em que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida organizacional, ou seja, investiga o fenômeno dentro do contexto da vida real. É adequado para responder questões de pesquisas dos tipos “como” e “por que” e surge do desejo de compreender fenômenos sociais complexos, preservando-se as características significativas dos acontecimentos a serem analisados. O estudo de caso pode ser utilizado para contribuir com o conhecimento que se tem dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados.

O estudo de caso também tem suas limitações e para que apresente legitimidade é necessário coletar, apresentar e analisar os dados de forma imparcial e rigorosa e minimizar ou excluir os vieses, caso contrário, pode ocasionar o descrédito do método. Deve-se realizar uma profunda coleta de dados e fazer uso de múltiplas fontes. Ainda como objeções ao método, Gil (2002) acrescenta a dificuldade de generalização e o tempo destinado à pesquisa.

Optou-se, nesta pesquisa, pelo estudo de caso único, pois a unidade de análise, escolhida pelo critério da intencionalidade, pode ser considerada representativa, na medida em que sua implantação na cidade de Caraguatatuba poderá acarretar impactos, tanto negativos quanto

positivos, e transformações, não só para o Litoral Norte de São Paulo e região, mas para o país como um todo.

O objetivo principal desta pesquisa é analisar a interação dinâmica entre a gestão estratégica de pessoas e o sistema de gestão ambiental na Petrobras – Unidade Processadora de Gás Natural, denominada Monteiro Lobato, em Caraguatatuba e sua tradução em práticas organizacionais. Ressalta-se que a expressão interação dinâmica aqui utilizada, diz respeito à tradução da teoria em prática organizacional. Buscou-se capturar as circunstâncias e condições de uma situação significativa de se estudar um fenômeno que trará grandes transformações para a região e que culminará em uma oportunidade singular de aprendizado. Nesse contexto, é oportuno acrescentar algumas informações a respeito da unidade de análise escolhida.

Todo o histórico do empreendimento e seus impactos foram analisados em profundidade na pesquisa de campo. Foram, ainda, identificadas e analisadas discussões desde a implantação do empreendimento, pois considerando que se trata de um estudo de caso, não se pode separar o fenômeno do seu contexto. Nesta pesquisa, portanto, cabe verificar a prevalência das diretrizes constituintes da política de RH, definidas pela empresa na práxis organizacional.

Devido ao grande número de dados coletados e analisados, o uso de esquemas e tabelas, além de ajudar na busca pela resposta plena da questão de pesquisa, também contribuíram para a ordem e clareza do trabalho final (LIMA, 2005).