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1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

2.1.3.5 Modelagem econômico-financeira de projetos

Em uma perspectiva financeira a seleção de projetos é basicamente um processo que envolve duas partes, sendo elas: o estudo para determinar se o projeto pode ser realizado; e a análise de custo-benefício para ver se a empresa deve realizá-lo. (Kerzner, 2011).

A fase de estudo de viabilidade considera os aspectos técnicos das alternativas conceituais e fornece uma base mais fundamentada sobre a decisão se o projeto será ou não realizado, sendo seu propósito: i) planejar as atividades de desenvolvimento e execução do projeto; ii) realizar as estimativas de tempo, de pessoal, e os requisitos de equipamentos; iii) identificar custos e as consequências prováveis em caso de investimento. O objetivo é decidir continuar ou não com os esforços nas fases seguintes de requisitos, desenvolvimento e implementação, confirmando que o projeto atende às viabilidades de custos, tecnológicas, de segurança, de comercialização, e facilidades para execução dos requisitos. O estudo deve identificar se as soluções são operacionais, técnicas e economicamente viáveis. Sendo importante a participação do usuário principal da solução no estudo, contudo, este deve ser altamente qualificado, ter familiaridade com o nível organizacional da empresa e visão das operações de linhas. (Kerzner, 2011).

Segundo Kerzner (2011, p. 266) “Na fase de estudo de viabilidade é necessário definir abordagens básicas do projeto e seus limites de escopo”. Um estudo de viabilidade típico, envolve: i) avaliar resumidamente: as alternativas; o potenciar de mercado; a relação custo efetividade; a produtividade; e a base técnica; ii) avaliar detalhadamente: uma determinação mais específica do problema; análise da tecnologia de ponta; avaliação das capacidades técnicas internas; testar a validade das alternativas; quantificar as fraquezas e os desconhecidos; e conduzir análise de compensação sobre o tempo, custos e desempenho; iii) elaborar metas e objetivos iniciais do projeto; e iv) elaborar estimativas preliminares de custos e o plano de desenvolvimento.

Para Campos e Gomes (2005, p. 108) o trabalho de avaliação econômico-financeira consiste:

[…] na projeção do comportamento futuro dos parâmetros básicos da empresa. O trabalho é desenvolvido em duas etapas consecutivas: a identificação de parâmetros econômicos que influenciam as operações da empresa e as projeções dos resultados esperados.

investimentos são: i) o valor presente líquido do fluxo de caixa; ii) a taxa interna de retorno; iii) os payback simples e payback ajustado; iv) o índice de lucratividade; e v) a taxa interna de retorno ajustada. Nesta mesma linha, Copeland (1994 como citado em Campos e Gomes, 2005, p. 107) afirma que as abordagens e metodologias utilizadas por profissionais de mercado são resumidas em: i) abordagens financeiras, tais como os métodos do fluxo de caixa descontado e do desconto de dividendos; ii) abordagem de mercado, como as análises de transações comparáveis, e de empresas comparáveis; iii) abordagem de custos, como o valor contábil ou valor contábil ajustável, e o valor de liquidação; e iv) as abordagens mistas. Contudo, não há consenso sobre qual dos métodos é o mais utilizado. (Alkaraan & Northcott, 2006). E conforme explanado por Damodaran (1996 como citado em Campos e Gomes, 2005, p. 107) o problema no processo de avaliação de negócios é a escolha do modelo correto e sua correta utilização.

O método do FCD é capaz de traduzir o valor econômico de um empreendimento, tanto na fase de projeto, como já na fase operacional. Ele consiste na projeção do comportamento futuro dos parâmetros econômicos básicos da empresa ou negócio, e é desenvolvido em duas partes: i) a identificação dos parâmetros econômicos que influenciam as operações da empresa; e ii) as projeções dos resultados esperados. (Campos & Gomes, 2005).

A primeira etapa é constituída: i) pelas análises dos demonstrativos históricos; e ii) pela confrontação dos dados históricos da empresa com as variáveis macroeconômicas, considerando os contextos econômicos, sociais e político. A fase seguinte, que é a avaliação econômico-financeira propriamente dita, projeta-se um cenário que retrate realisticamente as expectativas futuras da empresa. Os resultados projetados são trazidos a valor presente por meio da taxa de desconto, depois, são acrescidos os valores não operacionais e financeiros e subtraídos os passivos de mesma natureza; como resultado, tem-se o valor econômico da empresa ou do negócio, na data base da análise. (Campos & Gomes, 2005).

Titman e Martin (2010) e Graham e Harvey (2002) afirmam que uma das formas mais utilizadas para analisar a decisão de investimento é a metodologia do FCD. Contudo, pensando na modelagem dos contratos de PPP, às garantias governamentais oferecidas nesses projetos diminuem os seus níveis de riscos. Nesse sentido, Brandão et al. (2012, p. 12) afirmam que:

método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), não podem ser utilizados, pois não há como se saber, a priori, qual a taxa de desconto que corresponde a essa redução no risco do projeto. […] Dessa forma, a valoração do projeto exige o uso de métodos de apreçamento de opções, ou opções reais.

A base teórica do método das opções reais remonta aos trabalhos de Black e Scholes (1973) e Merton (1973), que trataram do apreçamento de opções financeiras. Este método permite a captura do valor das flexibilidades gerenciais (opções) dos ativos reais existentes no projeto. Brandão et al. (2012), aplicaram esse método na modelagem dos incentivos governamentais existentes no contrato da PPP da Linha 4 do Metrô. Eles citam ainda como exemplos de aplicações do método: i) a avaliação de um reservatório de petróleo com incertezas no preço; e ii) as análises de estratégias operacionais em uma mina de cobre. Afirmam também que a literatura sobre a aplicação do método em projetos de infraestrutura é extensa, citando como exemplos: i) o projeto da rodovia pedagiada de Melbourne na Austrália (Melbourne Central Toll Project); ii) o projeto de ampliação da ponte entre a Malásia e Cingapura; e iii) o projeto do trem-bala de Taiwan (Taiwan High-Speed Rail Project).

Com relação ao valor a ser adicionado ao negócio, Bonomi e Malvessi (2008), citam a metodologia de Criação de Valor ao Acionista com foco na abordagem Valor Econômico Criado (VEC), que segundo os autores é baseado nos princípios modernos de finanças corporativas, sendo um instrumento de medida de performance econômico-financeira.