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O modelo conceitual teórico da pesquisa foi fundamentado em duas dimensões teóricas, nominalmente o Grau de Internacionalização e o Nível de Maturidade em Gestão de

Riscos Corporativos.

A primeira dimensão, Grau de Internacionalização, foi medida a partir do apoio nos enfoques comportamentalista e organizacional que derivaram dos modelos de Johanson e Vahlne (1990) e Vahlne e Johanson (2013) e econômico dos modelos de Dunning e Lundan (2008) e Dunning (1988). Ainda, essa dimensão considerou estudos aplicados à realidade brasileira no contexto de internacionalização de empresas e às pesquisas que objetivaram desenvolver métricas de internacionalização (Barcellos et al., 2010; Fleury et al., 2008; Hassel et al., 2003; Ietto-Gillies, 2010). A partir dessa base, o modelo conceitual teórico dessa dissertação foi composto por seis variáveis, conforme:

Faturamento no exterior: Variável que, pela ótica comportamentalista, representa as

vendas para o estrangeiro e indica o envolvimento com o primeiro modo de entrada no exterior, as exportações (Johanson e Vahlne, 2006). As vendas para o mercado externo também é o indicador mais comum em pesquisas empíricas desta natureza por medir um construto de performance, além de ser de simples aplicação (Fleury et al., 2008; Li, 2007; UNCTAD, 1995).

Recursos humanos no exterior: Do ponto de vista comportamentalista, essa variável

contempla a alocação de pessoas no exterior e pressupõe um maior envolvimento com o investimento direto estrangeiro, indicativo de um segundo modo mais complexo de entrada em novos mercados (Johanson e Vahlne, 1990). Também, este é o indicador mais utilizado como preditor de um construto estrutural (Hassel et al., 2003).

Construto Participações em sociedades no exterior: Do ponto de vista econômico, o construto de participação em sociedades no exterior revela a exploração das vantagens competitivas OLI, em particular a Internalização, capturada pelas vantagens econômicas entre exportação e produção local (Dunning, 1988). Pelo enfoque comportamentalista, indica uma nova dimensão do investimento direto no exterior, como indicador da estrutura internacional

do negócio (Vahlne e Johanson, 2013). Esse é um indicador estrutural menos presente em estudos empíricos, porém similar a mensurações de ativos no exterior (Hassel et al., 2003).

Operacionalmente, foi dividido em três variáveis: (i) proporção financeira das

participações em sociedades no exterior, que indica a proporção de valores entre as

sociedades no exterior e o total de valores empregado em sociedades, inclusive domésticas; (ii) proporção numérica das participações em sociedades no exterior, que indica a proporção do número de sociedades no exterior em relação a todas as sociedades, inclusive a sede; e (iii)

número de países com participações em sociedades no exterior, que indica a abrangência

geográfica do investimento direto em sociedades, também componente do construto a seguir. Construto Abrangência geográfica: Do ponto de vista do enfoque organizacional, esse construto infere o vencimento da barreira das distâncias psíquicas, o aprendizado e a integração nas redes (Vahlne e Johanson, 2013). Pelo enfoque econômico, é um indicador mais forte de Localização do paradigma Eclético (Dunning, 1988).

Empiricamente, tem sido utilizada com frequência como indicador de internacionalização principalmente em estudos com enfoque em comparações financeiras (Bobillo et al., 2010). Operacionalmente, foi dividido em duas variáveis: (1) países com

ativos no exterior, que indica qualitativamente os países e quantitativamente o número de

países em que as empresas estudadas possuem ativos; e (2) número de países com

participações em sociedades no exterior, anteriormente discutida.

A segunda dimensão, Nível de Maturidade em Gestão de Riscos Corporativos, foi mensurada a partir dos modelos de Hillson (1997), da Risk Management Society (RIMS, 2006), COSO (2004) e Oliva (2015), de onde três construtos foram compostos: Órgão

Máximo da GR, Característica de GR e Suporte externo para GR, melhor detalhados a

seguir:

Órgão máximo da gestão de risco: Uma grande linha de estudos que procura

mensurar a GRC considerou a existência de um Chief Risk Officer (CRO) como indicativa de níveis mais maduros de GRC (Beasley, Pagach, e Warr, 2008; Pagach e Warr, 2011). Por isso, esse tem se tornado um proxy comum para abordar o problema de segmentar empresas quanto à gestão de riscos. Entretanto, de acordo com Gatzert e Martin (2015), a utilização dessa variável com caráter binário não é capaz de medir um nível de implementação da GRC. Além disso, Beasley et al. (2005) encontraram evidências de uma melhor implementação da GRC em empresas com a presença de um CRO, mas também com independência do comitê gestor de riscos, com o suporte aparente do CEO ou CFO, e finalmente com o suporte de uma auditoria de prestígio (big four).

Ainda, do ponto de vista prático, a identificação de CRO´s não seria aplicável à amostra brasileira e, como discutiram Daud, Haron e Ibrahim (2011), a concepção da indicação de CRO compreende o envolvimento da diretoria com a GRC. Dessa forma, o conceito de CRO foi nesse construto expandido para a maior autoridade em gestão de riscos de uma companhia, conceituada pelo suporte da alta direção do modelo RIMS (2006) e pelo papel da alta direção do COSO (2009). Por isso, buscou-se identificar e compreender o órgão máximo de gestão de riscos das empresas pesquisadas, fossem eles indivíduos, comitês, diretorias, ou quaisquer outras formas.

Operacionalmente, esse construto foi dividido em quatro variáveis: (i) Exclusividade

do órgão máximo de GR, que indicou o nível de dedicação da autoridade máxima de GR; (ii) Subordinação do órgão máximo de GR, que indicou em que nível de reporte hierárquico a

autoridade máxima de GR responde; (iii) Nível hierárquico mais alto dentro do órgão

máximo de GR, que indica a posição na hierarquia do membro de maior posição de um órgão

máximo de GR; e (iv) Membro independente do órgão de GR, que indicou a existência de independência ou suporte externo dentro da autoridade máxima de GR.

Característica de Gestão de Riscos: A prática de gestão de riscos pode assumir uma

Perspectiva Baseada em Silos quando o gerenciamento de riscos é fragmentado, geralmente por áreas funcionais, e caracterizar-se pela Gestão Tradicional de Riscos (Gatzert e Martin, 2015). Ou, em oposição, assumir uma visão holística, quando a gestão de riscos assume uma forma coordenada na Gestão de Riscos Corporativos (COSO, 2004; Kloman, 1992). Assim, essa variável foi operacionalizada pela descrição de práticas de gerenciamento de riscos e seu enquadramento em uma das duas categorias (Oliva, 2015; RIMS, 2006).

Suporte externo para Gestão de Riscos: Entre outros trabalhos, o COSO (2004)

indica que é papel do corpo diretivo da companhia buscar informações externas e considerar a contratação de consultorias e auditores para suporte da GRC. Do ponte de vista prático, também há pesquisa empírica apontando que empresas de maior maturidade de GRC também são as que mais se utilizam de suporte externo (Oliva, 2015). Por isso, esse construto pretendeu capturar se entre as empresas pesquisadas houve contratação ou prestação de serviços externos para a Gestão de Riscos.

A Figura 2 representa graficamente o modelo conceitual teórico da pesquisa, com as duas dimensões ao centro e por volta das quais as variáveis teoricamente selecionadas para suas composições estão descritas. Mensurar cada dimensão entre as empresas pesquisadas compreendeu cada um dos dois primeiros objetivos dessa dissertação.

Figura 2 - Modelo conceitual teórico da pesquisa.

Fonte: elaborado pelo autor.

O terceiro e último objetivo está representado pela intersecção entre os construtos. Nessa área é possível observar os cortes horizontais que representam os diversos Graus de Internacionalização das empresas pesquisadas. Eles foram utilizados para aplicar as técnicas estatísticas necessárias à análise da relação entre GI e NMGRC.