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Para que o sistema de busca possa capturar o contexto do usuário e usá- lo para a expansão das consultas, tal contexto deve ser modelado. O contexto em uma RC é formado por uma série de elementos, que foram determinados com base em observações feitas na análise da literatura.

Gross e Klemke (2002) definem o contexto como uma tupla (pessoa, atividade, tempo, lugar), onde pessoa indica os papeis desempenhados, in- teresses e experiência; atividade indica a tarefa a ser cumprida (e que está dentro de um processo, incluindo as ferramentas utilizadas); tempo pode ser absoluto ou relativo ao progresso de uma atividade; lugar indica as coorde- nadas do usuário, que podem ser absolutas ou definidas de forma relativa, tal como o número da sala ou departamento.

Hawking et al. (2005) ressaltam que os elementos contextuais típicos para a busca em uma empresa são os usuários (e seus papeis), a tarefa sendo desempenhada (pois as buscas são normalmente relacionadas ao trabalho) e as fontes de informação, que são geradas e consumidas no âmbito do negócio em questão, e cujos metadados (tal como o autor) podem prover o contexto necessário para a busca.

Demartini (2007) enfatiza que a buscas dentro de uma empresa são orientadas pelo trabalho em andamento e seus resultados podem ser persona- lizados de acordo com o papel desempenhado. Portanto, elementos como a

tarefa(atividade, processo) e papel desempenhado podem ser capturados e

utilizados para a melhoria do desempenho da busca.

Belkin (2008) destaca a necessidade de integração do sistema de busca com o ambiente de trabalho. Tal afirmação é feita com base na observação de que a busca por informação é quase sempre a consequência dos objetivos de uma pessoa visando realizar uma tarefa.

Com base nessas evidências, os seguintes elementos de contexto foram estabelecidos:

• A RC e a organização, que oferecem a noção de lugar;

• O processo e tarefa atuais, que indicam os objetivos e o estado atual do trabalho;

• O papel desempenhado pelo usuário.

Tais elementos são agrupados e associados à entidade contexto, que por sua vez é associada a outras entidades que compõem o modelo proposto: usuário, consulta, restrição e conceito. Tais entidades são organizadas na forma de uma ontologia, conforme mostra a figura 5.8.

User

Context Query

Concept Context Element

RC Papel Organização Processo Tarefa

éUm estáEm* formula* éSobre* éAssociadoA* temElemento* éRelacionadoA* éSubconceitoDe* Context Context Element User Context Context Element Query User Context

Context Element Concept

Query User

Context

Context Element Conceito Consulta Usuário Contexto Elemento de Contexto Restrição temRestrição* éAssociadaA*

De acordo como esse modelo, um usuário está em um certo contexto e formula consultas. Consultas são compostas por um ou mais conceitos, bem como restrições sobre as suas propriedades. Um contexto é composto por elementos de contexto, que representam aspectos em particular que compõem tal contexto: a RC na qual participa, sua organização, seu papel e a atividade e processo nos quais está envolvido. Os elementos do modelo de contexto e seus relacionamentos são definidos na forma de predicados, que então podem ser usados pelas regras de customização. Eles podem ser vistos na tabela 5.1.

Predicados Descrição

f ormula(U, Q) Usuário U formula consulta Q. ehSobre(Q,C) Consulta Q é sobre o conceito C. estahEm(U, X ) Usuário U está no contexto X . ehRelacionadoA(C1,C2) Conceito C1tem relação com C2.

ehSubconceitoDe(C1,C2) Conceito C1é subconceito de C2.

temElemento(X , E) Contexto X tem o elemento de contexto E. ehAssociadoA(E,C) Elemento de contexto E é associado ao conceito C.

Tabela 5.1: Modelo de contexto definido como predicados.

Embora muitos desses predicados sejam auto-explicativos, é impor- tante explicar em maiores detalhes o significado de ehRelacionadoA, pois ele

é a base para várias regras. Ele significa, em termos de notação RDF, que C1

tem uma propriedade do tipo objeto (ou seja, uma relação) cujo range é C2.

Portanto, tendo-se a notação (su jeito propriedade valor) para as triplas em

RDF, o predicado ehRelacionadoA(C1,C2) é verdadeiro quando:

(c1rdf:type rdfs:Class) ∧ (c2rdf:type rdfs:Class)

∧ (p rdf:type rdf:Property) ∧ (p rdfs:domain c1) ∧ (p rdfs:range c2)

A primeira linha significa que tanto C1quanto C2são classes, isto é,

conceitos da ontologia. Os outros elementos da expressão significam que

há uma propriedade da classe C1(definido por domain) que aponta para C2

(através de range). Em outras palavras, isso quer dizer que ehRelacionadoA

não é simétrica, ou seja, se C1 tem uma relação com C2, o contrário não

é necessariamente verdadeiro. É importante fazer essa distinção, pois tal relação tem um impacto na forma como certas regras selecionam os conceitos. A seção a seguir detalha esses aspectos.

5.4.1 Ligação do Modelo de Contexto à Ontologia

Esta seção apresenta a ligação entre o modelo de contexto e a onto- logia. A figura 5.9 apresenta as classes da ontologia que estão associadas aos elementos de contexto. A ideia inicial que motivou tal associação consis- tiu em vincular os elementos de contexto diretamente ao seu equivalente na

ontologia. Desse modo, o elemento “Processo” do modelo de contexto está vinculado à classe “Processo” da ontologia e o mesmo ocorre com os demais elementos: tarefa, organização, papel e RC.

RC Papel Participante Processo Tarefa Indicador de Desempenho Perspectiva de

Desempenho OrganizacionalContexto Objetivo da Medição Tarefa Papel Processo RC Organização

Figura 5.9: Ligação entre os elementos de contexto com a ontologia.

Além dessas ligações mais óbvias, alguns elementos de contexto estão também vinculados a outras classes, que servem para qualificar indicadores de desempenho:

• Papel: este elemento pode definir, entre entre outras coisas, o escopo de visibilidade do usuário. Assim, ele foi associado à classe Contexto Organizacional, que representa o escopo atuação do indicador de de- sempenho (intra ou interorganizacional). Dessa maneira, dependendo do papel do usuário (e do seu nível de visibilidade), este elemento pode filtrar determinados indicadores que estão sendo buscados.

• Processo: foi vinculado à classe Objetivo da Medição pois representa o propósito da medição a ser realizada: gestão, produção, planejamento, entrega, entre outros. Assim, indicadores podem também ser selecio- nados dependendo do contexto (processo) do usuário.

• Tarefa: assim como o processo, a tarefa pode indicar qual o propósito da busca. Na ontologia, tal propósito pode ser relacionado às classes

Objetivo da Mediçãoe Perspectiva de Desempenho.

Com base nessas associações, as regras de expansão da consulta po- dem, com base em instâncias do modelo de contexto (ou seja, de um contexto capturado dinamicamente) e em instâncias da ontologia (base de conheci- mento), selecionar novas restrições a serem adicionadas ou substituídas na consulta original do usuário.