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5 CATEGORIAS: AUTONOMIA, GLOBALIDADE E PARTICIPAÇÃO

5.4 MODELO DE ANÁLISE DAS CATEGORIAS TEÓRICAS

Esta seção encerra não somente o capítulo que trata das categorias, mas também a fundamentação teórica da pesquisa. Porém, antes de adentrar os caminhos metodológicos da pesquisa, retoma os conceitos de cada uma das

categorias e da própria avaliação, articulando-os numa teia reflexiva, segundo dimensões e indicadores propostos, configurando-se em um modelo de análise

Dessa forma, à luz da matriz teórica apresentada anteriormente, elabora-se uma primeira correlação dos eixos estruturais da avaliação – como avalia? o que avalia? quem avalia? – com os pressupostos do SINAES destacados na pesquisa (autonomia, globalidade e participação). Esses elementos estão articulados consoantes com os respectivos objetivos específicos, conforme Figura 4, e descritos a seguir.

Como avalia? Remete ao modus operandi que envolve a definição das abordagens, métodos, cronograma, diretrizes, indicadores, enfim, corresponde aos elementos que serão insertos no desenho da proposta avaliativa, revelando, portanto, a autonomia das CPAs.

O que avalia? Remete à concepção da avaliação institucional, como avaliação do todo institucional, que abarca todas as dimensões propostas pelo SINAES e deve abranger todas as atividades institucionais, portanto, vincula-se ao princípio da globalidade.

Quem avalia? Remete aos sujeitos envolvidos no processo avaliativo; em sendo autoavaliação, os interessados coincidem com os protagonistas da avaliação os quais devem atuar em todas as etapas do processo, deste modo, correspondendo ao exercício da participação.

FIGURA 4 - EIXOS ESTRUTURAIS DA AVALIAÇÃO E PRESSUPOSTOS DO SINAES

Outra correlação que se considera oportuna na construção do Modelo de Análise e, por conseguinte, no instrumento e na análise dos resultados, insurge do que se denominam componentes do processo da autoavaliação institucional: CPA, documentos e processo avaliativo. Tais componentes guardam correlação com o roteiro sugerido nas Orientações Gerais da CONAES (BRASIL; 2004b) que organiza a avaliação interna em três etapas, a saber: (i) preparação, que se inicia com a constituição da comissão, sensibilização e elaboração dos documentos básicos que orientam e normatizam a condução do processo, a exemplo do projeto de avaliação; (ii) desenvolvimento, que é a fase onde ocorre a pesquisa avaliatiava junto aos segmentos, consulta aos documentos institucionais, isto é, levantamento e análise de dados; e (iii) consolidação, correspondente à fase de elaboração do relatório, divulgação dos resultados e do balanço crítico.

Na forma como se organizam as etapas propostas no referido documento, admite-se um encadeamento de ações subsequentes, quer dizer, as etapas acontecem sucessivamente, ainda que ações iniciadas na primeira etapa perdurem nas demais, a exemplo da ação de sensibilização iniciada na etapa da preparação, mas se mostra coerente que ocorra também durante o desenvolvimento e a consolidação. De outro modo, opta-se, na construção do Modelo de Análise, pela utilização da terminologia “componentes do processo da avaliação interna”, por entender que a análise de cada uma das categorias se faz melhor compreendida por meio de um eixo transversal deste processo, não necessariamente subsequente.

Em linhas gerais, as categorias teóricas subsidiam a análise da caracterização das CPAs, da elaboração dos documentos da avaliação (regimentos, projetos, cronogramas, relatórios) e do processo avaliativo propriamente dito, englobando toda a IES e contemplando a pesquisa com aplicação de instrumentos aos diversos atores internos e externos; quer dizer subsidiam a anáalise da autoavaliação. Assim, a construção do modelo pretende favorecer a transição gradual dos construtos teóricos à prática avaliativa realizada pela instituição. A Figura 5 demonstra este encadeamento entre os aspectos teóricos, traduzidos nas categorias teóricas extraídas do SINAES com os eixos estruturais da avaliação e com os componentes da autoavaliação institucional.

FIGURA 5 – EIXOS DA AVALIAÇÃO, DO SINAES E COMPONENTES DO PROCESSO DA AVALIAÇÃO INTERNA

Fonte: Elaborada pela autora.

Não obstante, as vinculações estabelecidas entre as categorias teóricas, os eixos e os componentes da avaliação, faz-se necessário estabelecer os descritores de cada um dos conceitos que, segundo Laville e Dionne (1999), significa evidenciar os termos de uma situação abstrata para a realidade; do quadro conceitual para o operacional. Para tanto, na construção do Modelo de Análise, disposto no Quadro 1, são criadas dimensões que alocam um agrupamento de indicadores em cada uma das categorias. Um indicador comum em todas as categorias corresponde à própria compreensão do termo que representa cada categoria; significa dizer que a compreensão sobre autonomia, constitui-se em um indicador da categoria autonomia, o mesmo acontece para as categorias globalidade e participação.

A classificação em dimensões traduz os conceitos a partir dos indicadores. A divisão que se propõe não se faz fácil, pois ainda carece de certa abstração para a sua compreensão; aos olhos de outro, o agrupamento dos indicadores proposto nas dimensões de uma mesma categoria poderia ser delineado de outra forma. No entanto, na compreensão do conceito como um todo, isto é, no conjunto das dimensões que se propõe para conceituar a categoria não haverá prejuízo, vez que

contempla todos os indicadores. Para exemplificar o que se fala, tomamos no conceito da autonomia as categorias intelectual e técnica e o indicador capacitação; parece oportuno que vislumbrando o contexto em que o indicador se insere poderia tanto ser uma dimensão intelectual quanto técnica; neste caso a dimensão técnica agrupa os indicadores relacionados ao saber fazer. De todo modo, em qualquer que seja a dimensão a ser alocado o indicador, importa que ele participe da construção total do conceito.

Assim sendo, para traduzir o conceito de autonomia da linguagem abstrata para linguagem concreta e responder ao objetivo de identificar o exercício da autonomia pelas CPAs, na compreensão dos coordenadores, durante a condução do processo avaliativo, delineiam-se três dimensões para alocar os indicadores avaliados como representantes do conceito do que se define como autonomia neste processo, a saber: (i) intelectual, percebida como a compreensão dos conceitos de avaliação, dos princípios, da concepção do SINAES e do projeto, competência para elaborar conceitos, analisar e recomendar; (ii) técnica, que se relaciona com a experiência em avaliação, desempenho em cargos, funções e em desenvolver as atividades que facilitem a condução do processo avaliativo; e (iii) administrativa, que se vincula à gestão dos processos, escolha do coordenador e representantes, aprovação dos documentos e normas próprias no âmbito do processo avaliativo. Cabe ressaltar que essa separação tem cunho didático e organizativo para análise, não pretende de forma alguma indicar uma concepção quanto à práxis dos sujeitos.

As dimensões e indicadores da globalidade visam a responder se a autoavaliação institucional promove uma análise global dos CEFETs e de seus cursos; do que foi dito na fundamentação teórica, diante da abrangência e da fragmentação dos processos avaliativos, importa o todo que corresponda a uma abordagem integrada e sistêmica da instituição. Aqui se estabelecem duas dimensões de análise: (i) a que abarca as modalidades de ensino ofertadas nos CEFETs e, por consequência, a autoavaliação de todos os campi; e (ii) a concernente às dez dimensões estabelecidas na lei do SINAES.

Do mesmo modo, para conhecer sobre a participação dos diversos atores no processo de avaliação interna implementado nos CEFETs agrupam-se os indicadores em três dimensões, sob dupla perspectiva: a primeira volta o olhar para o interesse e a disponibilidade dos segmentos participarem, tanto na dimensão (i)

interna (alunos, docentes e técnico-administrativos) quanto (ii) externa (sociedade civil organizada); a segunda perspectiva refere-se às (iii) oportunidades de participação asseguradas na realização de eventos e espaços para discussão.

QUADRO 1 – MODELO DE ANÁLISE

CATEGORIA DIMENSÃO INDICADOR

AU TO N O M IA Co m o av ali a?

INTELECTUAL Compreensão sobre autonomia

Concepção sobre avaliação Capacitação do SINAES

Elaboração de conceitos/críticas

TÉCNICA Exercício de função/cargo

Experiência com avaliação

Exercício na gestão em concomitância Elaboração de documentos/atividades

ADMINISTRATIVA Autonomia da CPA

Aprovação dos documentos

Escolha do coordenador e representantes Duração do mandato GL OBALI D A D E O q u e av ali a?

MODALIDADE Abrangência da CPA

Inclusão de todos os cursos Inclusão dos campi

DIMENSÕES DO SINAES Compreensão sobre globalidade Alcance das dimensões

Análise dos documentos institucionais

P ARTICI P AÇ ÃO Quem av ali a?

INTERNA Compreensão sobre participação

Atuação dos segmentos internos Resposta dos segmentos no processo Representação da CPA

Colaboração nos documentos

EXTERNA Atuação da sociedade civil

Representação na CPA

Colaboração nos documentos/eventos EVENTO/

ESPAÇO

Atividades de sensibilização Atividades de divulgação Ocorrência em outros campi Fonte: Elaborada pela autora.

A opção pelo olhar transversal entre as categorias, eixos e componentes da avaliação permite flexibilizar o Modelo de Análise, facilitando a percepção de cada uma das categorias nas diversas etapas do processo avaliativo, tomadas ou não em sequência. Por outro lado, permite compreender cada um dos componentes da autoavaliação nas diversas categorias, por exemplo, a CPA é analisada

especificamente sobre o exercício da sua autonomia, mas, também o Modelo permite analisar sobre as formas de representação nas dimensões interna e externa da participação; e a sua abrangência na dimensão modalidade que corresponde à categoria globalidade. De modo similar os documentos e as atividades do processo avaliativo são também compreendidos em mais de uma das categorias propostas.

Finda a construção do Modelo de Análise, dá-se sequência ao percurso metodológico da pesquisa no próximo capítulo.