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Modelo de gestão em alta, equipamentos e infraestruturas

O município de São João da Madeira integra o Sistema Multimunicipal de Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos do Litoral Centro, explorado e gerado pela ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro S.A., ao abrigo do DL 166/96. Este Sistema Multimunicipal abrange 36 municípios que correspondem a uma área de 6.700 km2 (7,9% do território de Portugal continental), servindo cerca de 1 milhão de habitantes (ERSUC 2011).

A ERSUC, como entidade gestora, é responsável pela gestão em alta dos RU, nomeadamente as operações de armazenagem, triagem, valorização e eliminação, dispondo para o efeito de instalações e equipamentos diversos. As principais instalações que se encontravam em funcionamento no ano de 2010 estão listadas e quantificadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Instalações do Sistema Multimunicipal (ERSUC 2011)

Aterros sanitários 3

Centros electroprodutores de biogás 3

Estações de Transferência 6

Estações de Triagem 2

Ecocentros 6

Para o modelo de gestão atual, os RU indiferenciados produzidos e recolhidos em SJM são transportados até à estação de transferência (ET) em Ossela, Oliveira de Azeméis, onde são compactados e transferidos para veículos com maior capacidade de carga. Posteriormente, são encaminhados diretamente para o Aterro Sanitário de Aveiro, para posterior confinamento.

O atual modelo de gestão de RU indiferenciados, vai sofrer no curto prazo uma transformação significativa devido à entrada em funcionamento de 2 Unidades de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) em Aveiro em Coimbra (EGF 2006). Assim, todos os RU indiferenciados produzidos em SJM vão passar a ser tratados na TMB de Aveiro. Também está contemplada a entrada em funcionamento de uma nova ET em Montemor-o-Velho.

As novas centrais contemplam uma série de operações de tratamento e valorização, descritas no Plano Multimunicipal de Gestão de Resíduos ERSUC (EGF 2006) onde se destacam:

 Pré-tratamento dos RU provenientes da recolha indiferenciada, promovendo a recuperação das frações possíveis de encaminhar para reciclagem e valorização;

 Preparação, encaminhamento e valorização da fração dos biodegradáveis no tratamento biológico;

 Produção de composto, de Combustível Derivado de Resíduos (CDR), de refugos (para aterro) e de biogás para aproveitamento energético

Na Figura 3.8 é possível contemplar o diagrama operacional esperado para as TMB.

Figura 3.8 Diagrama operacional da Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (EGF 2006)

Na TMB, o tratamento físico-mecânico ou de triagem, compreenderá em submeter os RU indiferenciados a uma sistema de separação mecânica intensiva operacionalizado por equipamentos especialmente concebidos para o efeito, O sistema é constituído por um Crivo de malha larga para separação de volumosos, um abridor de sacos, um sistema de aspiração de leves e um crivo de malha fina e média. Assim, é possível uma separação da fração residual de maiores dimensões (geralmente papel, cartão, plásticos e outros materiais grosseiros) e frações médias, ambas com o objetivo de encaminhar material para reciclagem. Existe uma continuação na linha de separação mecânica para a fração média, sujeitando os elementos a uma separação balística, separação eletromagnética, sistema de aspiração, correntes de Foucault e separação por fluxo ótico e fluxo de ar, conseguindo-se assim a maximização da quantidade de recicláveis retirados dos resíduos indiferenciados, tais como: elementos metálicos,

ferrosos e não ferrosos, e embalagens compósitas, PET e PEAD. Na linha de separação inicial é também efetivada a separação da fração fina, essencialmente constituída por material orgânico, que prossegue para tratamento biológico. Os restos da fração de resíduos sem viabilidade para reciclagem ou são direcionados para preparação de CDR que posteriormente será encaminhado (com ou sem trituração prévia) para valorização energética ou são envidados para deposição em aterro (EGF 2006).

O processo de tratamento biológico terá como base operacional 4 fases sucessivas: i) Bio–Metanização; ii) Desidratação; iii) Pré-compostagem; iv) Pós-compostagem e v) Afinação. A etapa de bio-metanização consiste na degradação do material biodegradável em reatores de digestão anaeróbia, com produção e armazenamento de biogás. O produto resultante da digestão passa por uma unidade de desidratação seguindo-se uma unidade de mistura onde é adicionado agentes de porosidade (p.e. casca de madeira, resíduos de jardim). A mistura é seguidamente disposta em pilha num túnel fechado, onde fica sujeita a um processo de fermentação aeróbio devido ao arejamento forçado através de mecanismos automáticos (Pré-compostagem). Depois de completa a fermentação, o material é reencaminhado para uma nova área para maturação/estabilização, resultando o composto orgânico final (Pós-compostagem). A operação de afinação consiste do composto consiste na crivagem do composto para remoção de materiais inertes, vidros, plásticos e outros materiais contaminantes, a que se segue a Unidade de Ensacamento do produto final. Os refugos e rejeitados originados por todo o processo e não passíveis de qualquer reciclagem e/ou valorização, são encaminhados para os respetivos Aterros Sanitários de apoio às TMB. O tratamento biológico permite ainda a produção de energia elétrica. Após a sua extração, o biogás é desumidificado e armazenado num tanque de modo a estabilizar a sua qualidade, assegurar uma alimentação regular de biogás aos motores de produção de energia elétrica e das pilhas de combustível de hidrogénio sendo necessário assegurar volume suficiente de armazenamento para otimizar, numa perspetiva económico-financeira, as condições de venda da eletricidade produzida (EGF 2006) Relativamente eliminação de refugos e rejeitados da unidade de TMB, serão encaminhados para o aterro controlado de Aveiro, atualmente em funcionamento e que assim continuará até se esgotar a sua capacidade. Está, entanto projetada a construção de um novo aterro localizado junto das TMB.

As novas Unidades de Tratamento Mecânico e Biológico, as novas Estações de Triagem de materiais recicláveis e ainda as novas unidades de produção de energia elétrica a partir do biogás, irão revolucionar o sistema de gestão da região com um

aumento significativo da quantidade de materiais valorizados e diminuição de materiais eliminados através da deposição em aterro. A introdução de novas e melhores tecnologias altamente mecanizadas introduzirão uma nova dinâmica e complexidade operacional. No entanto as mudanças ao atual sistema irão também implicar diferentes impactes ambientais que não estão contemplados em nenhuma da documentação citada anteriormente. O presente trabalho pretende abordar esta mesma temática ao aplicar um modelo de avaliação de impacte de ciclo de vida, que é uma ferramenta usualmente utilizada para avaliar os encargos ambientais das diferentes opções de gestão, processos e técnicas de tratamento dos RU.

4 A

PLICAÇÃO DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA AO CASO DE ESTUDO O presente capítulo destina-se a avaliar o desempenho ambiental do modelo de gestão de RU indiferenciados do município de SJM, antes e depois da entrada em funcionamento da unidade TMB. É igualmente avaliado o desempenho ambiental de um modelo de gestão alternativo, proposto com o intuito de seguir as linhas orientadoras da atuais políticas nacionais de RU, nomeadamente o Decreto-lei n.º183/2009, no qual estão definidas metas para a desvio de aterro da fração de RUB. Para avaliar os desempenhos ambientais dos diferentes modelos de gestão, são traçados os respetivos perfis ambientais, usando para tal a metodologia ACV.

Ao aplicar o método de avaliação de ciclo de vida (ACV) pretende-se inventariar e quantificar os impactes ambientais inerentes das diferentes operações que integrem os sistemas de gestão dos RU produzidos pelo município de SJM, desde da rejeição dos munícipes, i.e. o momento a partir do qual são considerados resíduos, até à sua eliminação ou transformação em matéria-prima. Desta forma, serão analisados os impactes ambientais associados a 3 cenários distintos de gestão para o município de SJM. Para tal, é seguida a metodologia ACV baseada na série ISO 14040 que pressupõe a definição do objetivo e âmbito do estudo, a análise de inventário, a avaliação de impactes. A última fase, a de interpretação, é abordada no capítulo seguinte, correspondente aos resultados e discussão.

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