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Modelo de Gestão

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Gestão Universitária na UFRRJ

4.1.4. Modelo de Gestão

Discute-se no campo da administração pública os diversos modelos de gestão introduzidos nas organizações públicas brasileiras. Faz-se necessária apresentar a análise desta discussão sob a perspectiva da universidade como organização pública inserida neste contexto. A seguir, são destacados trechos das falas que caracterizam outro modelo, conforme destaques, a seguir:

“Essa forte tradição agrária, hoje este movimento de abertura com as humanidades e ao mesmo tempo fazendo dialogas agrárias e humanidades [...] Porque depois que o aluno entra ele vira uma matrícula e a gente não quer que o aluno seja uma matrícula. A gente quer que ele tenha nome, forma, rosto, enfim.” (E-4).

“A Rural é uma empresa, usando o modelo Weberiano, muito pouco racional. É uma empresa fundamentalmente familiar. Então, você imagina uma empresa que quer se tornar racional, capitalista, não que a Rural vai ser tornar uma empresa capitalista, mas uma organização racional e impessoal, mas que esbarra em tudo aquilo que a tradição e os vícios do dia a dia da pessoalidade e da informalidade deixam como marca de cem anos. (...) para mudar é preciso mudar a política, se bem que só a política não resolve isso aqui não. Tem uma questão de cultura institucional.”(E-8)

As falas indicam elementos contraditórios que refletem características de modelos antagônicos de administração pública porque se por um lado há a dos cursos nas áreas agrárias, por outro lado, há a abertura aos novos cursos nas áreas de ciências humanas e sócias, indicando a confluência de modelos que perpassam a organização, tal como já identificado por Secchi (2009) ao estudar os modelos organizacionais de gestão pública. No segundo trecho, faz-se uma crítica ao modelo de dominação patrimonialista presente na administração pública, tal como exposto por Cardoso Jr (2011), considerando o modelo

racional-legal burocrático como a opção necessária para a solução daqueles problemas pela formalidade, profissionalização e impessoalidade.

Abaixo se identifica uma fala que traduz a visão do modelo gerencial da administração pública no contexto da UFRRJ que segundo o entrevistado 10 precisa ser adotado pela universidade para alcançar resultados mais efetivos:

“Se você credenciar os laboratórios você atrair Multinacionais para a nossa universidade para investir em projetos onde os nossos alunos terão melhores equipamentos e isso vai deixar os nossos alunos mais competitivos no mercado de trabalho. Se eu sou um diretor de uma multinacional que investir em uma universidade e eu tiver o retorno que eu esperava eu vou contratar o profissional que venha de lá. A gente tem que reconquistar o espaço da universidade no mercado. A minha visão é mais empresarial. Eu acho que a educação tem que ser gratuita, o governo tem que manter, mas nós temos por obrigação de correr de outras situações. Nós não podemos ficar sentado atrás de uma mesa e esperar que o governo nos mande recursos o que todo o mundo sabe que não vai acontecer e nós somos capacitados para isso.”(E-10)

Segundo o trecho acima, é preciso uma visão mais empresarial, aproximando a universidade do mercado por meio da realização de parcerias com empresas multinacionais buscando maior aporte de recursos e o aperfeiçoamento da aprendizagem dos alunos que passarão a ser mais competitivos no mercado de trabalho; características do modelo gerencial de administração pública que é visto com ressalvas pelos autores escolhidos Secchi (2009); Paes de Paula (2005) por uma aplicação acrítica, na administração pública, das ferramentas já utilizadas na administração privada desconsiderando as características e especificidades que diferenciam as organizações públicas das privadas.

Ainda é destacado a seguir um aspecto do modelo de gestão patrimonial, conforme a fala dos entrevistados que traduz o modelo de gestão da UFRRJ. Conforme o trecho, a seguir, a universidade ainda é muito voltada para dentro. Impera na universidade o academicismo, ou seja, a centralização da informação no âmbito acadêmico que é uma característica das universidades públicas federais como um todo, tal como definido pelos autores Finger (1997); Pereira (1999); Melo et al (2012) ao estudarem as características dessas organizações. Nestes sentido, a melhoria da informação nos portais parece ser um caminho para a descentralização das informações, conforme destacado no trecho a seguir:

“A universidade ainda está voltada para dentro. Ainda impera o academicismo e, desta forma, há pouca participação da comunidade no entorno nas decisões da Rural.”(E-2).

Outro elemento em destaque é a cultura organizacional. Os trechos descritos na sequência identificam a necessidade da mudança na cultura organizacional que é tradicional e fragmentada entre discentes, técnicos administrativos e docentes. Trechos destacados a seguir:

“Eu acho que (...) a questão da cultura organizacional que é ainda um desafio. Essa mudança de mentalidade que precisa ocorrer ainda em alguns lugares da administração central.” (E-3)

“Com isso a gente garante melhor gestão. A informação compartilhada garante melhor gestão. E é muito melhor você compartilhar do que ser o único responsável por alguma coisa. Tudo isso vai passar pela construção de novas práticas culturais relacionadas a esta disponibilização de informações [...] Eu acho que e a construção de cultura que a gente está em processo de. Que é a construção desta cultura de que as decisões são colegiadas, que as decisões tem que ser compartilhadas, que as decisões tem que ser trazidas a público.”(E-4)

A cultura é apontada como indutora de comportamentos voltados para a centralização de informações e desconfiança sobre novos elementos no contexto da organização. Neste sentido, é que a auditoria, que é um setor relativamente novo na estrutura da UFRRJ, ainda não é percebida como um órgão de assessoria e apoio aos setores da UFRRJ. Deste modo, coexistem no contexto da UFRRJ características dos diferentes modelos de gestão pública presentes na literatura, conforme é apresentado por Secchi (2009) ao identificar que os diferentes modelos de gestão pública podem ser encontrados em uma mesma organização pública.

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