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GESTÃO DE IDEIAS Brem e Voigt

2.7 GESTÃO DE IDEIAS

2.8.2 Modelo de Koen et al (2001)

O objetivo dos autores nesse modelo intitulado New Concept Development (NCD) é proporcionar uma linguagem comum e insights sobre as atividades do FEI. Para criação do modelo Industrial Research Institute (IRT), os autores realizaram uma pesquisa com oito empresas (Air Products, Akzo Nobel, BOC, DuPont, Exxon, Henkel, Mobil e Uniroyal Chemical) a fim de definir critérios relacionados a melhores práticas que deverão ser realizadas em cada uma das fases.

O modelo contém três partes principais: o motor, localizado no centro, os fatores de influência e a área interior com cinco elementos, onde está a geração de ideias. Na Figura 11 está explicitado o modelo e suas partes.

O motor é a parte que impulsiona os cinco elementos do FEI e consiste no apoio da alta administração e do nível executivo. O poder dos cinco elementos é nutrido pela liderança e pela cultura da organização. Na área externa estão os fatores que influenciam as decisões e que afetam as partes internas. Segundo Koen et al. (2001, p. 3), “os mesmos fatores que influenciam também afetam todo processo de inovação, incluindo o FEI, desenvolvimento e comercialização”.

As partes internas do modelo NCD são: identificação de oportunidade; análise da oportunidade; geração e aperfeiçoamento de ideias; seleção de ideias; desenvolvimento do conceito e da tecnologia. Essas foram designadas como elementos em vez de processos. O

objetivo da forma circular do modelo é sugerir que as ideias devem fluir, circularem e interagirem entre e dentre todos os cinco elementos, independente da ordem ou combinação. Como apresenta a Figura 11, mais de um elemento pode ser usado de uma única vez.

Figura 11 - Modelo New Concept Development (NCD)

Fonte: Koen et al. (2001, p. 47)

Esse modelo apresenta uma forma interativa e não sequencial entre os elementos, conforme indicado pelas setas que mostram o movimento entre as áreas. Os autores definem o FEI como sendo as atividades que ocorrem antes do produto formal e reforçam a ideia de que essa etapa é muitas vezes caótica, imprevisível e não estruturada.

Nesse modelo, todo processo de inovação deve ser alinhado com a estratégia empresarial para garantir que as ideias gerem valor para a empresa. Elementos como a compreensão, a habilitação e as tecnologias irão influenciar o processo agindo diretamente sobre as mentes das pessoas, que são os principais contribuintes para descoberta de novas ideias. Nesse processo, um ambiente agradável também pode auxiliar (KOEN et al., 2001).

Finalmente, os fatores de influência, ou a casca da laranja são formados pelas capacidades organizacionais e pela estratégia de negócios, juntamente com o mundo exterior, como: canais de distribuição, clientes, concorrentes e o uso da ciência que será utilizada. O primeiro elemento do modelo, identificação de oportunidade, consiste em identificar as oportunidades que a empresa tem interesse em

realizar, sendo normalmente conduzido pelas metas do negócio. Com uma oportunidade, é possível identificar uma nova direção para a empresa ou mesmo uma pequena atualização para um produto já existente. Como essência para esse elemento, temos as fontes e os métodos que a empresa utiliza para identificar as oportunidades que pretende executar. Ferramentas de criatividade e técnicas como brainstorming, pensamento lateral e técnicas de resolução de problemas, podem ser utilizadas para auxiliar a geração de novas ideias. A identificação de oportunidades, em muitos casos precede a gênese da ideia, mas também pode ser um passo que permite a ligação de uma oportunidade inesperada de um negócio ou de um mercado que não foi previamente identificada.

O segundo elemento, a análise de oportunidades, pode traduzir a identificação de oportunidades em negócios específicos e oportunidades. O estudo sugere grupos de discussão, estudos de mercado ou experimentos científicos. Porém, deixa claro que a quantidade de esforço deve estar ligada ao grau de atratividade da oportunidade, da estratégia de negócios, da cultura e da tolerância ao risco dos tomadores de decisão. Esse elemento do modelo pode ser parte de um processo formal ou pode acontecer de forma iterativa como uma reação a uma oportunidade identificada. A inteligência competitiva e a análise de tendências também são amplamente utilizadas nesse elemento.

O terceiro elemento, a geração de ideias, é onde são concebidos novos conceitos para um novo mercado, tecnologia, produto ou processo. É o nascimento, desenvolvimento e maturação de uma oportunidade em uma ideia concreta. Ela representa um processo evolutivo em que as ideias são construídas, destruídas, combinadas, modificadas e atualizadas.

As ideias podem passar por muitas iterações e mudanças, uma vez que essas sejam examinadas, estudadas, discutidas, e desenvolvidas. Os autores discorrem que o contato direto com os clientes e as ligações com outras equipes multifuncionais, outras empresas e instituições, muitas vezes aumentam essa atividade ampliando a geração de ideias. Koen et al. (2002) citam que a geração de ideias pode ser um processo formal realizado em sessões com grupos, utilizando técnicas como, por exemplo, brainstorming, e uma outra forma de estímulo pode ser a criação de um banco de dados para servir de registro das ideias.

Outras fontes de ideias podem ser uma experiência que não deu certo, um fornecedor oferecendo um material novo ou um usuário que fez um pedido incomum. A geração de ideias pode alimentar a identificação de oportunidades, demonstrando que os elementos do

modelo podem avançar de forma interativa.

O quarto elemento, seleção da ideia, escolhe quais ideias irão continuar o processo e quais serão eliminadas. Essa é uma atividade crítica, porém, ela pode ser simples se formalizada como um método de portfólio prescrito. A seleção dos projetos, bem como a alocação de recursos, é difícil, devido à baixa informação e compreensão sobre a ideia nesse ponto.

O quinto e último elemento, o desenvolvimento do conceito e tecnologia, envolve o desenvolvimento de um caso de negócio com base nas potenciais estimativas de mercado, necessidades do cliente, requisitos de investimento, concorrentes, avaliações, tecnologia e riscos. O processo de inovação pode ser dividido em três partes: FEI, desenvolvimento do processo do novo produto e as fases de comercialização, que são afetadas pelos mesmos fatores que influenciam.

O modelo fornece uma linguagem comum, define o FEI e estabelece a terminologia para descrever os seus elementos-chave, traz clareza e racionalidade para gerenciar melhor o FEI. Para Koen et al. (2001, p. 53), "importante é como você gerencia e implementa as ideias”. Já a grande difereça do modelo em relação a outros é seu formato circular e interativo, insinuando que as ideias e oportunidades devem fluir e interagir juntamente com os cinco elementos que podem ser controlados pela própria organização.

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