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O MODELO ESPACIAL DE TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM PELO CULTIVO DO CAFÉ

No documento Atlas Ambiental SJC Completo (páginas 187-190)

A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM

O MODELO ESPACIAL DE TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM PELO CULTIVO DO CAFÉ

A primeira etapa para a aplicação d o modelo foi espacializar a área cultivada por café para cada bairro rural.

A Figura 3– Modelo esp acial de transformação das áreas cultivadas com café representa esq uematicamente os parâmetros do modelo esp acial de transformação das áreas cultivadas com café e a Figura 4 os resultados em área.

Os resultados da primeira etapa estão representados na Figura 5, que demonstra as áreas ocup adas pelo plantio do café, nos dive rsos bairros de São José dos Campos, durante os períodos 1836 a 1935.

Figura 3– Modelo espacial de transformação das áreas cultivadas com café

A segunda etapa foi espacializar as áreas preferenciais para o cultivo na época, considerando a lóg ica d e ocupação pelo café. O m odelo d e espacialização considerou a localização das principais fazendas, a distância de cada uma delas em re lação à vila, o tam anho das p ropriedades, os caminhos e estradas existentes, os espaços geomorfológicos preferenciais (a declividade, a altitude e o posic ionamento da cultura nas vertentes) e pedológicos (considerando os tipos de solo preferidos).

O mapa resultante da espacia lização está representado na Figura 26 – Mapa de Espacialização das áreas co m cafezais para o Município de São José dos Campos no Século XIX..

Estimativa de área (Km2) ocupada pelo plantio do café entre os anos 1836 e 1922.

17,5123943 39,81664 32,61121502 1,175817917 7,826132168 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

ano 1836 ano 1854 ano 1886 ano 1922 ano 1935

Períodos

área

Km

2

Figura 4– Estimativa da área ocupada pelo plantio do café entre os anos 1836 a 1922.

Localização das fazendas Tamanho das propriedades Áreas preferenciais hipsometria Áreas preferenciais declividade Próximas à

cidade Distantes da cidade

Grandes e

médias propriedadesPequenas

Terço superior morros e colinas e morrotes Várzeas, grotões e terço inferior dos morros < 45% morros, >5% colinas e morrotes > 45% morros, <5% colinas e <15% morrotes Podzólicos-morros latossolos - colinas e morrotes Hidromórficos, litólicos e cambissolos Áreas preferênciais solo

Figura 5– Espacialização da área cultivada com café no município de São José dos Campos entre 1836 e 1935

Avaliando-se o mapa de distribuição das áreas cultivadas (Figura 5) e a Figura 26 – Mapa de Espacialização da s áreas com cafezais para o Município de São José dos Ca mpos no Século XIX. constata-se que as áreas preferenciais para o cultivo se localizavam próximas à cidade, devido à dificuldade no transp orte da produção (até a construção da ferrovia em 1878 o transporte era f eito no lombo de muares), descartando-se as áreas distantes, o que fica bem claro na distribuição das áreas na Figura 5.

O tamanho das propriedades influenc iou grandemente, pois o café era preferencialmente cultivado em grandes áreas em fazendas, quase que exclusivamente cafeeiras, sendo que em pequenas propriedades o café convivia com as pastagens e outras culturas de subsistência.

Em relação à altitude, preferia -se cultivar em áreas altas (te rço superior dos m orros) m enos sujeitas à geadas, evitando-se áreas baixas, onde estas ocorriam . Declividades superiores a 45% (forte) eram evitadas pela dificuldade do cultivo nos m orros e áreas com declividade menor que 5% nas co linas também eram evitadas, pois eram áreas de acum ulação de água na época das chuvas.

Os solos preferenciais eram o podzolos nos morros, seguido dos latossolos nas colinas e m orrotes, sendo evitados os hidromórficos ( muito úmidos) e litólicos (muito superficiais).

A aplicação do m odelo possib ilitou a an álise espacial d as áreas ocupadas pelo plantio do café, dentro de uma situação mais realística.

Para se verificar a veracidade do mapeamento recorreu-se a relatos, ilustrações, fotografias da época e pesquisas em campo, que demonstrassem os locais preferencialmente cultivados.

A Figura 6 de monstra um a típica plantação de café no Vale do Paraíba em áreas de colina e morros e a Figura 7 e a Figura 8 demonstram o cultivo em áreas de colinas na fazenda São José, no município de São José dos Campos. A fazenda foi visitada e sendo verificadas as áreas cultivadas.

Figura 6– Gravura de Rugendas (Séc. XIX) ilustrando aspectos de uma plantação de café no Vale do Paraíba.

Figura 7– Fazenda São José – uma das maiores produtoras de café na década de 20,quando chegou a ter 250.000 pés de café

Fonte: Almanach de São José dos Campos de 1922

Figura 8– Cafezais da Fazenda São José em área recém desmatada Fonte: Almanach de São José dos Campos de 1922

A análise das áreas cu ltivadas e as evidências históricas obtidas em campo vê m a corroborar os resultados obtidos, dem onstrando espacialmente as variações em ár ea para o período analisado e sua contribuição relativa na transformação da paisagem.

Assim, os espaços geomorfológico s preferenciais para o cultiv o foram as áreas de colinas e m orros do municípi o, onde existe a predominância dos solos latossólicos e podzólicos.

Em relação à logística d a ocupação atestou-se também a lógica d e ocupação p referencial em áreas pró ximas ao nú cleo u rbano e de es tradas facilitando-se assim o transporte das colheitas.

Analisando-se a Figura 26 , “Espacialização das áreas de café por bairro rural no município”, conclui-se que o café ocupava apenas 3% da área total do município.

Em relação às unidades da paisagem, as maiores fazendas cafeeiras, concentravam-se na UP FESMant, na porção sudeste do município, nos bairros de Vargem Grande, Sertãozinho, Buquira e Bom Retiro (44,72%) e a sudoeste no m unicípio nos bairros Jaguary, Pinheiros, Caetê e Rio Claro (19,84%), totalizando 64,56% das áreas cultivadas no município.

Na UP SAA, na parte sul do m unicípio era cultivado n os bairros Bom Retiro, Capoava, Varadouro, Pernam bucano, Putins e Serrote (23,88%).

Na UP FODM, no distrito de São Francisco Xavier concorreu com apenas 5,36% do total da cultura do município.

A m aioria ocorria próxim o ao núcleo urbano ao norte do Rio Paraíba do Sul, sobre terrenos constituídos por colinas e morrotes (54,14%)

e o restante sobre morros.

Estes resultados evidenciam que pa ra São José dos Ca mpos, o café não foi o fator prim ordial da transformação da paisagem, como na m aioria dos municípios do Vale do Paraíba e conduz ao questionam ento de quais outros fatores podem ter concorrido com a transformação..

No documento Atlas Ambiental SJC Completo (páginas 187-190)