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1. ESTUDOS DE BEM-ESTAR NO CONTEXTO DO TRABALHO: PETER WARR

1.2. Modelo Vitamínico de Bem-Estar Psicológico

Outro modelo proposto por Warr (1987) aponta que a felicidade é influenciada pelo ambiente e de forma análoga ao efeito das vitaminas nas condições físicas do indivíduo. Para o autor, as vitaminas são importantes para a saúde física, porém até determinado nível. A deficiência de vitaminas resulta em prejuízo fisiológico ou doença, mas para um nível moderado - recomendação diária de vitaminas - poderá trazer benefícios.

Da mesma forma, segundo Warr (1987), é possível relacionar que a falta de determinadas características ambientais levam o indivíduo à infelicidade, mas a presença dessas características em determinado nível não implica em aumento na felicidade. Da mesma forma que algumas vitaminas se tomam nocivas na medida em que se tomam em grandes quantidades, a associação entre o aumento de vitaminas e saúde física se toma negativa depois de uma vasta quantidade ingerida. Essa relação pode ocorrer em certos aspectos do ambiente e, em especial, com respeito às características do contexto geral.

Essa possibilidade é apresentada na Figura 2, característica do ambiente, onde valores baixos (deficiência) da característica do ambiente são descritos como prejudiciais e aqueles valores que estariam na média seriam apresentados como efeito de benefício constante na felicidade. Em segundo, um pequeno decréscimo é proposto como valor alto

(tóxico) para certas características do ambiente (Decréscimo Adicional - DA), mas não para outras (Efeito Constante - EC).

Figura 2. Característica do am biente

N otas: D ecréscim o A d icion al (D A ); E feito Constante (EC ) Fonte: Warr (1 9 8 7 )

Esses dois termos (DA) e (EC) também são baseados nas abreviações na analogia das vitaminas. Pois não há conseqüências tóxicas ao se tomar altas doses de vitaminas: a deficiência causa doença, mas doses adicionais de uma quantidade moderada têm um efeito constante. A abreviação EC reflete o fato de efeito constante da vitamina e, por conseguinte, DA representa o decréscimo adicional (Warr, 2007).

O modelo vitamínico proposto por Warr (1987) sugere que seis principais características ambientais podem ser vistas como análogas às vitaminas “A” e “D”, e que três características seriam as vitaminas “C” e “E”, conforme Figura 3, abaixo. Assim, as características de decréscimo Adicional (DA) seriam as “A” e “D”, e que seriam constituídas das características de (1) a (6) e as características que possuem Efeito Constante (EC), através de níveis moderados, seriam de (7) a (9).

V IT A M IN A S “A ” e “D ” V IT A M IN A S “C ” e “E ” (1) Oportunidade para controle pessoal;

(2) Oportunidade para uso de habilidades; (3) Metas geradas externamente;

(4) Variedade;

(5) Clareza do ambiente, e (6) Contato com os outros.

(7) Disponibilidade financeira; (8) Segurança física, e (9) Posição social.

Figura 3. V itam inas com o Características A m bientais N ota: B asead o em Warr (1 9 8 7 )

Duas características identificadas como oportunidades (1) para o controle pessoal e (2) para o uso de habilidades são consideradas, segundo Warr (1987), como decréscimo em ao lado direito da Figura 2, pois uma oportunidade se toma uma demanda inevitável em altos níveis; o comportamento então é coagido, mas do que encorajado ou facilitado. Do ambiente que se exige controle constante, alto nível da característica (1) através da dificuldade de decisões e de responsabilidade pessoal ou que demandam o uso contínuo de complexas habilidades (2) podem gerar problemas com sobrecargas como demandas de capacidades pessoais. Isto devido, em parte, relacionar-se a mudanças de altos níveis das metas geradas externamente (3).

Como essas metas são, na maior parte das vezes para as organizações, difíceis e numerosas, a carga para lidar com essas se toma complexas para gerenciá-las, dada a inabilidade de “combater” essas demandas ambientais e o acumulo de efeitos prejudiciais. Assim, altos níveis de metas geradas externamente são também incompatíveis umas com as outras, gerando dessa forma pressões suplementares entre conflitos de metas (Warr, 2007).

Para Warr (1987), no que diz respeito à variedade (4), a variedade de conteúdo de trabalho requer trocas de atenção constante e atividade, decorrendo em baixa concentração e limitados resultados de metas simples e o conflito entre metas contraditórias, nessa situação, pode emergir. Contudo, uma diversidade extrema de metas pode impedir o desenvolvimento e uso de habilidades. A clareza do ambiente (5), também considerada como decréscimo adicional (DA), em altos níveis configura a imprevisão sobre o futuro e os eventos são totalmente previsíveis e nunca novos e um conjunto de papéis requeridos não permite novas experiências. Esse conjunto previne a tomada de riscos, possui pouco potencial para desenvolvimento de habilidades e não fornece oportunidade para expansão de controle do indivíduo sobre o ambiente.

Um declínio similar na curva de felicidade, segundo Warr (1987), é esperada em altos níveis de contato com outras pessoas (6). Contatos sociais com outros indivíduos podem reduzir o bem-estar através do excesso de barulho pela superlotação e falta de privacidade em situações densas ou através da falta de controle pessoal, interrupções freqüentes e a proibição inicial de atividades valiosas devida à demanda excessiva de outras pessoas.

No modelo vitamínico, muitas características ambientais são determinadas como decréscimo adicional (DA), com a sua associação positiva em relação à felicidade, de se estabilizar ao longo do intervalo de níveis moderados, altos e anulados. O declínio (DA) apresentado no modelo vitamínico (Figura 2) em altos níveis é possível que seja menor em baixos níveis, pois as deficiências da característica (do lado esquerdo da figura) trazem

implicações negativas para o indivíduo. As pressuposições do decréscimo adicional (DA) sobre felicidade em função de certas características ambientais e considerada por Warr (2007) como sendo uma associação assimétrica, achatada e de forma “U” inversa. Esse padrão é particularmente provável para características gerais, mais do que domínios ou aspectos específicos de felicidade.

As outras três características produzem efeito constante (EF), particularmente aquelas do contexto geral no que se refere à felicidade: (7) disponibilidade financeira, (8) segurança física e (9) posição social. Contudo, Warr (1987) acentua que altos níveis dessas características podem criar infelicidade em determinados casos, pois essas possivelmente não possuem efeito nas pessoas de maneira geral. Ademais, segundo o autor, os impactos negativos de médias altas propostas pelas características de decréscimo adicional (DA) são geradas a partir de duas fontes: a primeira refere-se ao impacto nocivo inerente do indivíduo e a associação prejudicial de outras variáveis. Nenhum desses impactos é esperado para as características de níveis de efeito constante (EC), ao invés, a pressuposição de que altos níveis dessas características ambientais são em média acompanhadas de maneira similar para a felicidade no contexto geral. Considerando o ambiente, o bem-estar no trabalho e o bem-estar geral, Warr (2002/2003) apresenta um modelo de bem-estar e seus determinantes, que é descrito a seguir.