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Modelo Individual Modelo Social Direitos Humanos Modelo dos

Locus do problema Indivíduo com deficiência Organização social Organização social

Princípio de

organização societária diferenças são excluídas) Homogeneidade (as diferenças são um desafio) Heterogeneidade (as Diversidade (as diferenças são uma oportunidade)

Intervenção social Promover a adaptação à Curar/corrigir défices

deficiência Remover obstáculos

Criar condições para o exercício de direitos

humanos

Metas a alcançar Institucionalização Desinstitucionalização e integração Inclusão e participação

Tabela nº1: Modelos de abordagem da deficiência Fonte: Campos Pinto (2013, p.125)

Apesar de o modelo biopsicossocial, da diversidade ou dos direitos humanos ser considerado o ideal para pensar a deficiência, é importante ter em consideração que os outros dois não são estanques, pelo que coexistem em maior ou menor medida na actualidade (Rodríguez, 2011).

1.4 – Relação da deficiência com as problemáticas da pobreza e exclusão social

Antes de abordar a relação existente entre a deficiência e os conceitos de pobreza e exclusão social, torna-se fundamental perceber o que cada um destes problemas representa. Actualmente ambos são aspectos generalizados nos discursos políticos e

serviços, e em diferentes momentos ao longo do tempo”; “proporcionar um esquema de codificação para sistemas de informação de saúde” (OMS, 2004, citado por Portugal et al., 2010, p.31).

académicos, representando os mesmos dois problemas sociais que estão na origem da previdência social e se encontram presentes na sociedade ao longo dos tempos (Gonçalves, 2011; Almeida, 2004).

A pobreza manifesta-se através de um conjunto de carências a vários níveis (alimentação, educação, saúde, habitação, emprego, participação social, entre outros) e pode ocorrer num ou em vários contextos, tratando-se assim de um fenómeno multidimensional e difícil de definir (Almeida, 2004). Assim, Gonçalves (2011) vem afirmar que são atribuídos múltiplos significados à pobreza, significados estes que vão resultar em estados de privação ou carência a três níveis: carência material de bens e serviços essenciais (em termos de necessidades básicas de alimentação, vestuário, alojamento e saúde), carência de rendimento (escassez ou ausência de recursos económicos), carência social (incapacidade de participar na sociedade – exclusão social) e carência energética para mudar (falta de auto-estima e baixa espiritualidade). Perante estes aspectos, verifica-se uma multiplicidade de tipos de pobreza: pobreza absoluta e pobreza relativa5, pobreza

objectiva e pobreza subjectiva6, pobreza tradicional e nova pobreza7.

No que diz respeito à exclusão social, Almeida (2004) afirma que esta é sinónimo de desintegração, precariedade e risco, factores estes que contribuem para um não reconhecimento do lugar ocupado por determinado indivíduo na sociedade. Assim, este problema constitui-se como uma perda de cidadania plena, impossibilitando os indivíduos a participarem nos padrões de vida tidos como aceitáveis na sociedade em que estão inseridos (Capucha, 1998, citado por Almeida, 2004). Além disso, a exclusão social pode ser compreendida como “um fenómeno multidimensional, como um fenómeno social ou, como um conjunto de fenómenos sociais interligados”, existindo nela um “carácter cumulativo, dinâmico e persistente”, que por sua vez irá provocar a reprodução do problema (Rodrigues

et al.,1999, citado por Gonçalves, 2011, p.18).

Resumindo, enquanto a pobreza assenta no reconhecimento de que há um indivíduo em situação de privação de bens essenciais à satisfação das suas necessidades básicas, a exclusão social traduz-se na rejeição da participação de indivíduos ou grupos no progresso económico e social, inviabilizando o seu acesso a direitos humanos constitucionalmente garantidos (Silva, 2000, citado por DGSS, 2005). No entanto, apesar de serem distintos,

5 Pobreza absoluta – quando um indivíduo ou grupo apresenta um nível de rendimento abaixo do mínimo necessário para

comprar bens essenciais; Pobreza relativa - quando um indivíduo ou grupo não apresenta os “meios necessários para viver, de acordo com os modelos sociais da área onde está inserido ou de indivíduos com status social comparável” (Gonçalves, 2011, p.15).

6 Pobreza objectiva – “associada a um padrão de referência de necessidades sociais frequentemente identificado com o limiar

de pobreza na sociedade em questão”; Pobreza subjectiva – surge “da percepção dos actores, das representações construídas pelos grupos sociais em causa” (Gonçalves, 2011, p.15).

7 Pobreza tradicional – centra-se “no carácter crónico e cíclico da pobreza”; Nova pobreza – “inclui as situações decorrentes de

reestruturações económicas e tecnológicas com impacto no sistema produtivo e de consumo, incluindo variáveis de rendimentos, desqualificação social e consumos” (Gonçalves, 2011, p.15).

estes conceitos também apresentam uma relação muito próxima na medida em que “visam traduzir um conjunto de desvantagens sociais que alguns indivíduos detêm face a uma dada norma, definida em termos de satisfação de determinadas necessidades consideradas básicas, ou relativamente a um padrão social dominante de bem-estar” (DGSS, 2005, p.38).

Enquanto a pobreza corresponde a um processo estático e está ligada ao factor económico, a exclusão social manifesta-se como um processo dinâmico na medida em que desintegra socialmente os indivíduos em âmbitos como o económico, social, cultural ou político (Gonçalves, 2011; DGSS, 2005). Ambos não surgem espontaneamente e resultam do modo de relação entre as pessoas e grupos. Ademais, segundo Almeida (2004), os dois verificam-se conjuntamente uma vez que provocam situações de desigualdade social e consequentemente impossibilitam o desenvolvimento do indivíduo na sociedade (violando a autonomia, a dignidade e o respeito do e pelo indivíduo). Com isto, tanto a pobreza como a exclusão social resultam da interacção e convergência de diversas desvantagens sociais, desvantagens estas relacionadas com factores inerentes à sociedade (com a ausência de oportunidades e respostas) e às histórias pessoais e concretas de cada sujeito (com a fragilidade ou desaproveitamento das suas capacidades e competências individuais) (DGSS, 2005).

Dito isto, torna-se evidente que a deficiência é uma questão intimamente ligada aos conceitos de pobreza e exclusão social. As pessoas com deficiência encontram-se entre as categorias mais vulneráveis8 a estes problemas, o que faz com que estas representem um

dos grupos mais desfavorecido socialmente. Esta situação verifica-se principalmente devido ao facto da sociedade estar organizada em função das necessidades das pessoas sem deficiência, o que por sua vez também origina elevados níveis de discriminação (Fontes, 2009).

Segundo dados da ONU (2003, citado por Portugal et al., 2010, p.14), em 2003 era estimada a existência de 600 milhões de pessoas com alguma deficiência no mundo, estando a maioria delas mais sujeitas à exclusão e desigualdade social do que as pessoas sem deficiência, levando este facto a processos de discriminação e a que estas pessoas estejam entre “os mais pobres dos pobres” na sociedade. Também em Portugal essas problemáticas se manifestam fortemente na vida das pessoas com deficiência, reflectindo o estudo9 realizado por Portugal et al. (2010) essa realidade. Nele, entre várias conclusões, os

autores destacam que as pessoas com deficiência apresentam mais despesas de saúde

8 Segundo a DGSS (2005, p.40), entre os vários grupos mais vulneráveis à pobreza e exclusão social encontram-se os

“portadores de certas doenças agudas ou crónicas estigmatizadas socialmente (tuberculose, SIDA, hepatite B, cancro, etc.)” e os “indivíduos com deficiências e incapacidades”.

9 “Estudo de avaliação do impacto dos custos financeiros e sociais da deficiência”, desenvolvido por Sílvia Portugal, Bruno

Sena Martins, Luís Moura Ramos e Pedro Hespanha com o intuito de entender quais são os impactos sentidos pelas pessoas com deficiência e suas famílias no que se refere aos custos financeiros e sociais que a deficiência acarreta.

que a restante população (apesar das comparticipações serem maiores as mesmas não são suficientes para compensar as despesas acrescidas) e que apresentam níveis mais baixos de educação e “uma situação mais desfavorável face ao emprego” (p.115), manifestando as prestações sociais “um protagonismo muito maior” (p.115) em detrimento dos rendimentos do trabalho. Com isto, tornam-se evidentes as formas de exclusão promovidas “por uma organização social historicamente pouco sensível à realidade das pessoas com deficiência” (p.116) devido à “inércia da realidade social” (p.117) pela existência de estruturas e lógicas discriminatórias (Portugal et al., 2010).

Face ao exposto, pode-se afirmar que a pessoa com deficiência tem sido “objecto de perseguição, segregação, exclusão, e discriminação” ao longo da história, estando assim “numa posição de desvantagem, vulnerabilidade e desigualdade social, pois sofreu sempre um condicionamento no acesso a determinados recursos considerados como essenciais ao bem-estar (educação, emprego, saúde)” (Pimenta e Salvado, 2011, p.158). Estas autoras apontam ainda como desigualdades presentes no dia-a-dia das pessoas com deficiência e que afectam o seu bem-estar, a “relação com o mundo do trabalho, o nível de escolaridade, a cidadania e a participação cívica e política, a habitação e os transportes públicos”, pontos estes que se complementam com “dimensões da vida pessoal e individual (…) que também concorrem para um condicionamento generalizado das pessoas com deficiências face ao bem-estar e à qualidade de vida” (p.162).

1.5 – Estudos e estatísticas da deficiência em Portugal

Exemplificada a relação existente entre a deficiência e a pobreza e exclusão social, segue-se a importância que apresenta o estudo da área da deficiência bem como a exposição dos dados estatísticos disponíveis acerca da temática. Pode-se dizer que estes pontos agora a abordar e os anteriores estão intimamente ligados devido ao facto de as pessoas com deficiência representarem um grupo social e economicamente excluído, situação esta que por sua vez contribui para a “invisibilidade social” das mesmas. Segundo Martins et al. (2012, p.45) esta invisibilidade é agravada devido ao facto de as Ciências Sociais em Portugal desconsiderarem a deficiência como “uma das linhas mais decisivas na produção e perpetuação de desigualdades nas sociedades modernas ocidentais”.

No entanto, antes de mencionar a situação dos estudos da deficiência em Portugal é importante compreender o que se entende por “Investigação Emancipatória da Deficiência”10. Esta investigação manifesta-se como “a capacitação das pessoas com

deficiência através da transformação das condições materiais e sociais de produção da

10 Surgiu em 1992 através de Michael Oliver, o impulsionador do modelo social, e representa uma “visão crítica da investigação

investigação” (Barnes, 2003, citado por Martins et al., 2012, p.49), o que evidencia a sua articulação com o modelo social da deficiência e a produção científica da academia, que directa ou indirectamente tem contribuído para a opressão social das pessoas com deficiência. A Investigação Emancipatória da Deficiência tem-se dedicado “à sistemática desmistificação de estruturas e dos processos que criam a deficiência, bem como ao estabelecimento de um ‘diálogo viável’ entre a comunidade científica e as pessoas com deficiência, de modo a potenciar a sua emancipação” (Martins et al., 2012, p.49). A mesma surgiu com o desenvolvimento do modelo social, traduzindo-se este modelo “como estrutura conceptual para o desenvolvimento de uma investigação emancipatória” uma vez que questiona a medicalização das pessoas com deficiência e “o silenciamento das experiências” destas pessoas “em favor de uma visibilização das estruturas de opressão social”. (Martins et al., 2012, p.51).

Os estudos da deficiência, tal com o modelo social, desenvolveram-se nos Estados Unidos e no Reino Unido11 tendo a politização da deficiência sido promovida por este

modelo e acompanhada pelo aparecimento no âmbito académico destes estudos. Já em Portugal a importância dada ao aprofundamento e investigação da problemática manifesta- se pouco significativa, e praticamente inexistente pelo que não se verifica uma base ampla de investigações como nos Estados Unidos ou no Reino Unido que denunciem a discriminação e opressão exercida nas pessoas com deficiência, traduzindo-se assim o estudo desta problemática escasso no âmbito dos contextos académicos portugueses. Assim, torna-se necessária a emancipação dos estudos da deficiência, defendendo Martins

et al. (2012, p.46) o desenvolvimento em Portugal de “um paradigma de investigação

emancipatória na deficiência”.

Com isto, como possível causa do facto da situação dos estudos da deficiência portugueses se manifestar diminuta, estão as condições históricas, culturais, políticas e económicas do país que se encontram ainda dominadas pelo modelo médico. Martins et al. (2012) referem que se vão conferindo alguns estudos no âmbito da deficiência a nível a psicologia, medicina e ciências da educação, áreas também dominadas pelo modelo médico, verificando-se, no entanto, um maior interesse pelo estudo da temática pela sociologia e antropologia.

Tal como o Estudo Emancipatório da Deficiência se traduz precário, também os elementos estatísticos relativos às pessoas com deficiência se manifestam totalmente insuficientes. Apesar de Portugal ser classificado como um país desenvolvido, ainda existem questões de âmbito social que permanecem camuflados, onde os dados surgem de uma

11 Com os denominados Disability Studies que se baseavam num compromisso político caracterizado pela denúncia da

forma escassa e tão limitada que dificultam bastante uma análise concisa, não existindo assim elementos relativos à evolução desta população.

Portugal et al. (2010) referem no seu estudo que a caracterização das pessoas com deficiência em Portugal é difícil uma vez que esta problemática tem sido sucessivamente secundarizada pelo aparelho estatístico nacional, que por sua vez resulta numa escassez de fontes e dados fiáveis sobre esta área. Assim, a informação facultada é reduzida e de carácter não sistemático uma vez que “as fontes nacionais são dispersas e de carácter diverso” (Portugal et al., 2010, p.35) pelo que se torna impossível fazer comparações ou traçar uma evolução plausível.

De toda a pesquisa efectuada, e segundo Portugal et al. (2010), foram identificadas duas fontes de dados ao longo das últimas décadas: o projecto Quanti (1993 a 1995) e o Censos 2001.

O projecto Quanti representou o primeiro levantamento sistemático do número e caracterização das pessoas com deficiência em Portugal e tinha como objectivo realizar o levantamento das deficiências, incapacidades e desvantagens da população e dos recursos de reabilitação existentes. O mesmo apontou a existência de 905488 pessoas com deficiência (o que representaria 9,16% da população nacional) e reuniu informações sobre a causa e o tipo de deficiências, a reabilitação e as características sociodemográficas (SNR, 1995). No entanto, estes dados não são pertinentes actualmente devido a factores como o ter passado um longo período de tempo, a inexistência de vias de comparabilidade com dados mais actuais e o facto deste inquérito ter sido elaborado antes da aplicação da CIF (sendo assim a deficiência vista apenas como uma questão médica e individual) (Portugal et

al., 2010).

Posteriormente surgem os dados do Instituto Nacional de Estatística através dos Censos 2001. Este estudo veio também apontar para a inviabilidade do projecto Quanti uma vez que os mesmos apontaram um número menor de pessoas com deficiência (cerca de 636059, 6,1% da população) (Fontes, 2009). Face a esta situação, é apontada por Martins (2004) como a razão para esta discrepância de resultados dos dois levantamentos estatísticos, o estigma que desde sempre foi associado à deficiência, tendo este estigma prejudicados os resultados dos Censos. Além do número de pessoas com deficiência, os Censos 2001 apontam ainda que o tipo de deficiência mais comum é a visual (25,7% da população), sendo esta a principal fonte para conhecer as características sociodemográficas desta população (apesar de, tal como o Projecto Quanti, se basearem no modelo médico).

Além destes dados, verificou-se posteriormente em 2007, um estudo baseado na CIF desenvolvido pelo Centro de Reabilitação Profissional de Gaia e o ISCET (Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo). Este estudo, que abandonou “o modelo médico da

deficiência em favor de uma abordagem que localiza a deficiência na interação entre fatores pessoais e ambientais”, concluiu que a população com deficiência representa 8,2% da população e que a mesma é maioritariamente idosa e do sexo feminino, verificando-se a persistência das desigualdades sociais desta população (Campos Pinto, 2013, p.126; Portugal et al., 2010).

Para terminar, Brashler (2012) transmite a ideia de que, a par de estatísticas, definições ou sistemas de classificação relacionados com a sua condição, as pessoas com deficiência manifestam indiferença por esses dados, interessando-lhes antes de mais a sua inclusão na sociedade e o serem vistas pelos outros como pessoas com valor.

No entanto, é necessário o desenvolvimento de estudos e de informação estatística acerca da deficiência uma vez que ambos são fundamentais para o conhecimento desta população e para a definição de políticas públicas de combate à desigualdade (Portugal et

CAPÍTULO 2 – POLÍTICAS SOCIAIS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA: O PASSADO,

O PRESENTE E O SERVIÇO SOCIAL

Actualmente as políticas sociais12 representam um instrumento essencial para a

promoção do bem-estar da sociedade, realçando-se aqui os grupos mais vulneráveis socialmente. Dentro destes grupos estão as pessoas com deficiência uma vez que as mesmas, tal como foi atrás referido, encontram-se mais expostas a problemas como a pobreza, a exclusão social e a discriminação, face à sua situação e limitações a si inerentes. Assim, antes de abordar a realidade das políticas sociais nesta área, é necessário compreender o que é a Política Social, o caminho percorrido pela mesma e especificamente pelas políticas aplicadas às pessoas com deficiência desde o seu surgimento até à contemporaneidade, sendo dada ênfase à evolução do contexto português nestas questões. Além destes aspectos, torna-se aqui também importante abordar o papel fulcral que o Serviço Social ocupa no âmbito das políticas sociais, manifestando-se o assistente social como um profissional fundamental na operacionalização das mesmas.

2.1 – Entendimentos e âmbitos da Política Social

Segundo Caeiro13 (2010), o conceito de Política Social tem sido utilizado ao longo

dos últimos 50 anos de forma variável pelos vários teóricos que se preocuparam em explicar a acção do Estado na procura do bem-estar social dos indivíduos, apresentando a mesma uma relação directa com o Estado-Providência.

Apesar deste se tratar de um conceito ambíguo14, Caeiro (2010, p.12) apresenta dois

conceitos de Política Social: o de Montagut (1994) onde a mesma se traduz como a “política relativa à administração pública da assistência, ou seja, ao desenvolvimento e direcção dos serviços específicos do Estado e dos serviços locais em aspectos, tais como a saúde, a educação, o trabalho, a habitação, a assistência e os serviços sociais” e a de Marshall (1965) que a aponta como “a política dos Estados no sentido de produzir um impacto directo no bem-estar dos cidadãos, no sentido de lhes proporcionar determinados serviços”. A mesma pode também ser entendida “como um sistema de políticas públicas que procura concretizar as funções económicas e sociais do Estado, com o objectivo de promover a coesão social e a condução colectiva para melhores patamares de qualidade de vida” (Carmo, 2012, citado por António, 2013, p.85).

12 Também podem ser denominadas de políticas de protecção social quando se abordam especificamente grupos socialmente

mais vulneráveis.

13 Joaquim Manuel Croca Caeiro representa um autor de grande destaque no âmbito da questão da Política Social em Portugal

actualmente.

14 Ambiguidade provocada pelo facto de comummente se associar a Política Social a uma perspectiva altruísta, o que pode não

ser verdade já que embora o seu objecto fundamental seja a promoção do bem-estar social, os resultados pretendidos podem não ser alcançados ou alcançáveis (Caeiro, 2010).

Face aos vários conceitos, Caeiro (2010) refere que o desenvolvimento desta política se verificou através de duas vias, ou seja, com a necessidade de encontrar respostas e soluções para a resolução dos problemas sociais e através da teorização do contexto da Política Social (da resposta aos problemas que se colocam). Perante as suas formas de desenvolvimento, o mesmo autor afirma que este tipo de política apresenta assim dois significados, isto é, representa o conjunto das políticas públicas com fins sociais e é também vista como uma “disciplina científica no conjunto das ciências sociais” (p.13). Dito isto, pode- se dizer que o principal objectivo da Política Social é a promoção do bem-estar social, caracterizando-se a mesma por “descrever actuações dirigidas à promoção do bem-estar” mas também representar “o termo usado para designar o estudo em termos académicos, dessas actuações”, o que significa que a Política Social pode ser analisada em termos práticos e teóricos (Caeiro, 2010, p.13).

Assim, dentro da sua dimensão prática, é o Estado que assume o principal papel na manutenção e prossecução dos objectivos sociais, devendo a actuação do mesmo para o desenvolvimento deste papel ter presente os fins, os objectivos a atingir e os instrumentos da Política Social (Caeiro, 2010). Segundo o autor, os fins direccionam-se para a concretização do objectivo principal da Política Social e traduzem-se na prossecução da satisfação das necessidades sociais, na garantia dos direitos sociais (civis, políticos e sociais), na avaliação dos factores que estão na origem da não satisfação das necessidades e na percepção dos indivíduos acerca do bem-estar. No âmbito dos objectivos, além do central de promoção do bem-estar dos indivíduos, Caeiro (2010) afirma que a Política Social pretende:

• promover a redistribuição do rendimento e da riqueza (tendo sempre intenção redistributiva, redistribuição esta que também apresenta como objectivo a promoção da equidade com uma redistribuição vertical);

• gerir os riscos sociais (como o desemprego, pobreza ou catástrofes naturais inerentes a toda a sociedade e com um surgimento e possibilidades de resolução incertas); • promover a inclusão social (este que se traduz num dos mais importantes objectivos

uma vez que actualmente a exclusão social afecta cada vez mais pessoas devido essencialmente à desigualdade na distribuição dos recursos, à ineficiência da economia e às lacunas da protecção social dos riscos, sendo assim necessário a

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