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1. A Farmácia Nuno Barros

2.2.2. Modelos de receita

Também numa fase inicial do meu estágio na Farmácia Nuno Barros foi estabelecido o objetivo de saber as exigências administrativas de uma receita do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e outros sistemas de saúde, os modelos de receitas existentes, a arrumação do receituário e a prescrição propriamente dita, a sua leitura e a sua análise crítica. No âmbito da política do medicamento, a Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de Maio, prevê a promoção da prescrição por denominação comum internacional (DCI) através do controlo da prescrição e do incentivo ao uso de MG. Assim, esta portaria determina um novo paradigma da prescrição de medicamentos, a prescrição por DCI, por via eletrónica e sustentada por normas de orientação clínica [55].

2.2.1. Validação da prescrição médica

Aquando da dispensa de medicamentos, o farmacêutico deve fazer uma análise pormenorizada da receita médica, o documento através do qual são prescritos, por um

médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos [56, 57]. Segundo o disposto na Portaria n.º

137-A/2012, de 11 de Maio, a receita médica apenas é válida se incluir os seguintes elementos: o número de receita, o local de prescrição, a identificação do médico prescritor, o nome e o número de utente ou de beneficiário de subsistema; a entidade financeira responsável; a DCI da substância ativa (SA), a dosagem, a FF, a dimensão da embalagem e o número de embalagens, a data de prescrição e a assinatura do prescritor (manuscrita). Quando aplicável, deve ainda constar na receita médica o regime especial de comparticipação de medicamentos, a identificação de despachos que estabelecem regimes especiais de comparticipação, a designação comercial do medicamento ou a informação nos termos previstos no n.º 4 do artigo 6º ou n.º 4 do artigo 7.º (exceções) [55]. O incumprimento de alguns dos elementos supracitados não permite aceitar a receita. Neste âmbito, pude constatar que as situações mais frequentes na Farmácia Nuno Barros são receitas com validade caducada ou sem a assinatura do médico.

2.2.2. Modelos de receita

Com o Despacho n.º 15700/2012, surgem três novos modelos de receita (Anexo XV): a receita médica materializada, a receita médica renovável materializada e a receita médica manual. A receita médica materializada resulta da impressão de uma prescrição por meios eletrónicos e apresenta uma validade de 30 dias a partir da data da sua emissão. A receita médica renovável não materializada também resulta de prescrição via eletrónica mas apresenta 3 vias, cada uma com uma validade de 6 meses após emissão. O terceiro modelo a considerar é a receita médica manual, sendo a receita pré-impressa, preenchida manualmente e possui uma validade de 30 dias. Exige-se ainda a exceção

legal, assinalando o médico um dos seguintes motivos: falência informática, inadaptação do prescritor (confirmada pela sua ordem profissional), prescrição ao domicílio ou um máximo de 40 receitas por mês (quando o médico abdica da prescrição eletrónica e se compromete a não passar mais de 40 receitas por mês).

No verso da receita tem de constar as seguintes informações, preferencialmente de forma impressa: a identificação da farmácia, a data de dispensa dos medicamentos, o preço total de cada medicamento dispensado, o valor total da receita, o encargo do utente em valor por medicamento e o respetivo total, a comparticipação do Estado em valor por medicamento e o respetivo total e o número de registo dos medicamentos dispensados em carateres e códigos de barras. A nova legislação dispõe a obrigatoriedade da existência de um espaço dedicado à declaração do utente pelo direito de opção, podendo constar quando aplicável: declaro que não exerci direito de opção;

declaro que exerci o direito de opção para medicamento com preço superior ao 5º mais barato; declaro que exerci direito de opção por medicamento mais barato que o prescrito para continuidade terapêutica de tratamento superior a 28 dias. O utente assina a receita,

confirmando que lhe foram dispensados os medicamentos (“Declaro que me foram

dispensadas as N embalagens de medicamentos constantes na receita e prestados os conselhos sobre a sua utilização”). Por fim, a receita é assinada e carimbada pelo

colaborador responsável pela dispensa dos medicamentos [58]. Classificação dos produtos existentes na farmácia 2.3.

Na terceira semana de estágio foi-me proposto pelo DT um estudo detalhado dos MNSRM mais solicitados na farmácia ou os mais cedidos em automedicação (Anexo XVI). No final da quarta semana teria de ser capaz de classificar todos os produtos existentes: a sua distribuição no espaço da Farmácia Nuno Barros, a sua importância, a sua definição e o seu enquadramento legal.

Segundo o Estatuto do Medicamento, “medicamento” define-se como toda a substância

ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas. Quanto à dispensa ao público, os medicamentos podem

ser classificados como “medicamentos sujeitos a receita médica” ou “medicamentos não sujeitos a receita médica” [56, 57].

2.3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

São classificados como medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) todos os medicamentos que possam constituir um risco para a saúde do doente (direta ou indiretamente), quando administrados sem vigilância médica, mesmo que sejam utilizados para o fim a que se destinam. Enquadram-se também nesta classe todos os medicamentos que possam acarretar riscos (diretos ou indiretos) para a saúde quando utilizados frequentemente e em quantidades superiores ao aconselhado. Dentro dos MSRM podem ainda distinguir-se em: medicamentos de receita médica renovável; medicamentos de receita médica especial, para medicamentos que contenham, pelo menos, uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico nos termos do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro; para medicamentos cujo abuso possa criar toxicodependência ou possa ser utilizado para fins ilegais; medicamentos de receita médica restrita; medicamentos que se destinam a uso hospitalar exclusivo; medicamentos que se destinam a patologias cujo diagnóstico seja apenas efetuado em meio hospitalar ou estabelecimentos diferenciados com meios de diagnóstico adequados e medicamentos que se destinam a tratamentos em regime ambulatório [56].

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