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4 GEOLOGIA E CARTOGRAFIA DO CORPO SERRA PRETA (PEDRO

5.2 Efeito termal em encaixantes da Bacia Potiguar

5.2.2 Modificações na Formação Jandaíra

empacotamento mais apertado, notado por contatos longos (comum) e micas dobradas em quantidade traço. Em consonância com os dados da bibliografia, o conjunto foi descrito como buchito – seguindo a classificação de Grapes (2011) para rochas pirometamórficas.

5.2.2 Modificações na Formação Jandaíra

A Formação Jandaíra (turoniano-campaniano) corresponde à única sequência carbonática depositada sobre a Formação Açu. É caracterizada como de sistema marinho raso, tendo como litologia principal calcários esbranquiçados com vasto conteúdo microfossilífero. A influência térmica sobre essas rochas é mencionada em Terra et al. (2016); que descrevem auréolas metamórficas em carbonatos adjacentes a corpos básicos. Esses trabalhos, com base em análises de Microssonda Eletrônica e Difração de Raios-X, apontam metamorfismo com percolação de fluidos que resultou na cristalização de lizardita e espinélio – nas rochas afetadas

Figura 21 – Fotomicrografias da Formação Açu apresentando modificações na mineralogia e na textura

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em menor grau – e espurrita, espinélio e forsterita – nos calcários pirometamórficos. Os referidos autores sugerem, ainda, condições de pressão e temperatura máxima como de, aproximadamente, 0,5-1,0 kbar e 1050-1200°C.

No presente trabalho, foram estudadas amostras em diferentes estágios de alteração (Figura 22) a partir de microscopia de luz transmitida. Os calcários pouco afetados foram identificados por preservarem seu conteúdo microfossilífero e classificados como wackestones e packstones, de acordo com Dunham (1962). São caracterizados pela presença de bioclastos (miliolídeos, gastrópodes, equinodermas, bivalves), peloides finos (<1 mm) e avançado processo de micritização. O cimento é calcítico e ocorre como franjas – primeira geração – e cristais equantes – segunda geração. Os contatos entre os constituintes do arcabouço são pontuais e retos, não havendo quebra de grãos ou outros indícios de compactação mecânica. Observaram-se feições do tipo birds eyes e não ocorre porosidade, salvo a presença de geodos.

Figura 22 – Fotomicrografias da Formação Jandaíra apresentando modificações na mineralogia e na

textura de rochas carbonáticas afetadas por efeito térmico em sequência de intensidade do metamorfismo.

Jás rochas afetadas têm protólitos descritos como calcários e calcários dolomíticos devido, principalmente, ao observado nas amostras preservadas. São formadas inteiramente por mosaicos equantes de dolomita zonada e calcita, sem apresentar feições de origem sedimentar e/ou diagenéticas; logo classificadas como calcários recristalizados.

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As lâminas ora descritas foram organizadas em sequência de acordo com a intensidade do metamorfismo como ilustra a Figura 22, que reúne estágios iniciais e avançados de modificação por efeito térmico. Destacam-se as mudanças texturais relacionadas ao aporte de calor, resultantes da recristalização estática e dolomitização de carbonatos mais próximos às intrusões. É sugerida, também, em consonância com as interpretações apresentadas em Terra et al. (2016), a influência da percolação de fluidos hidrotermais transportando elementos das rochas de contato para as encaixantes; contexto observado em lâmina delgada com base, por exemplo, na presença de dolomitas zonadas características de ambientes em zonas de falhas na presença de fluidos.

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6 INTEGRAÇÃO DOS DADOS

Os mecanismos de colocação de diques máficos é discussão que remonta ao século XX, quando os primeiros trabalhos sobre o tema foram publicados. O geólogo britânico Arthur Holmes (1890-1965), que muito contribuiu para o entendimento de cenários geotectônicos admitidos hoje, foi pioneiro no reconhecimento dessas feições como precursoras de processos de distensão crustal. Desde então, diversos trabalhos científicos vêm sendo desenvolvidos na tentativa de contribuir para o melhor entendimento da colocação de diques em províncias ígneas ao redor do mundo.

Na contemporaneidade, apesar do desenvolvimento de estudos cada vez mais específicos, ainda há espaço para o confronto de ideias quase antagônicas; em especial no que se refere às formas de alojamento. Como sumarizado em Tomba (2012), a presença comum de falhas e fraturas na crosta permite interpretar a simples ocupação pelo magma de planos já existentes; o que descarta ligação genética entre intrusão e abertura de espaço. Essa interpretação é reconhecida por diversos autores desde os anos setenta até os dias atuais, sendo exemplos de dados mais recentes aqueles publicados em Martínez-Poza et al. (2014) no estudo de diques na Península Ibérica.

Ao mesmo tempo, experimentos baseados em mecânica de rochas demonstrados em Atkinson (1987) confirmam tensões de fluido suficientemente altas a ponto de fraturar a rocha hospedeira, mesmo quando em ambientes de baixas pressões – como a crosta superior. Nesse caso, o fraturamento é admitido como sincrônico à percolação do fluido; a exemplo do que descrevem Delaney et al. (1986) ao dedicarem-se ao entendimento de diques e estruturas frágeis no Platô do Canadá. Em suma, a base teórica que subsidia os mecanismos de colocação comporta, ao menos, duas premissas principais, cuja aplicação depende da análise detalhada de evidências na área de interesse.

Conforme descrito em Barbosa et al. (2012) o reconhecimento de diques como sensíveis marcadores geodinâmicos possibilita a resolução de questões complexas, com ênsase naquelas que envolvem camadas da Terra ainda pouco acessíveis. Quando no viés geotectônico, por tratarem-se de feições correlacionáveis à regimes frágeis, fornecem pistas sobre etapas precoces de processos de ruptura; ajudando a reconstruir histórias de tectonismo ligadas até mesmo à zonas de cisalhamento. Assim, o estudo dessas rochas é ponto de partida para a compreensão de relações entre eventos tectônicos e de magmatismo em diferentes níveis. (Barbosa et al., 2012).

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Diante do exposto, esse capítulo propõe uma exposição comparativa entre os dados da literatura e os dados adquiridos no desenvolvimento do trabalho; a fim de discutir o mecanismo de colocação do Corpo Serra Preta e edifícios vulcânicos associados. Busca-se, então, retomar o que há de consenso e propor interpretações para as problemáticas ainda existentes; em especial acerca do alojamento e consequente geometria dos corpos básicos na área de estudo.

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