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De acordo com o exposto anteriormente, as trocas eram realizadas de forma direta através do escambo. Com a evolução das transações, diversificação de mercadorias, maior divisão social do trabalho, manifesta-se a necessidade crescente de um meio intermediário capaz de ser trocado por qualquer tipo de mercadoria, um equivalente geral de valor: o dinheiro. A partir daí, a quantidade de operações de troca aumentara cada vez mais, ao ponto de se transformar em um processo de circulação de mercadorias, associado à circulação do equivalente geral de valor, ou, na circulação do dinheiro. Desta função de meio circulante surge a figura da moeda (MARX, 1983, p. 107).

À medida que a mercadoria dinheiro, como o ouro, passa de mão em mão, deteriora-se, e dependendo da extensão de tempo que esse material (ouro) está em circulação, sua materialidade sofre desgastes físicos, o que incorre numa discrepância entre o peso nominal e o real. Dito o mesmo de outra forma, uma moeda com peso menor, mantém-se com o mesmo com valor monetário. Aos poucos, o corpo material da moeda dissocia de seu conteúdo nominal, dessa forma ―ele já contém, latentemente, a possibilidade de substituir o dinheiro metálico em sua função de moeda por senhas de outro material ou símbolos‖ (ibid, 1983, p. 108).

A moeda torna-se o símbolo do valor, independentemente de seu material. Portanto, a moeda acaba por assumir diversas formas, moedas de ouro, papel ou qualquer outra coisa que se acredita que detenha valor. Ou seja, o dinheiro passa a poder ser representado por algo que não tem um valor intrínseco, mas que dê algum poder de compra a seu possuidor. Essa nova forma que o dinheiro apresenta é baseada na confiança que se tem sobre seu valor – moeda fiduciária. Para que cada indivíduo acredite no valor de algo que não tenha um valor intrínseco, como o papel moeda, é necessário que exista uma instituição que dê legitimidade a seu uso:

Para que uma moeda seja verdadeiramente representativa de uma totalidade social e funcione como operadora de pertencimento social, para que ela seja o meio da reprodução desta totalidade no tempo, é preciso que ela mesma seja perene e tome uma forma institucional que assegure uma regulação da contradição entre sua forma unitária de conta e sua forma plural de pagamento. (THÉRET, 2008, p. 20)

A moeda passa a ser um elemento de grande importância na economia capitalista. Para Marx, a economia real tem estreita ligação com a atuação da moeda, assim, admite-se a não neutralidade desta. Com efeito, com sua legitimidade reconhecida pela sociedade como meio geral de troca, pagamento e entesouramento, a moeda torna-se um elemento intrínseco ao sistema capitalista. Segundo Marx (apud VAL; LINHARES, 2008, p. 5), ―um aumento ou redução do trabalho na produção de mercadorias afeta a disponibilidade de moeda bem como a sua procura, pois a moeda é a responsável pela socialização do trabalho privado‖.

Por conta da moeda ser inerente ao sistema capitalista, são levantadas questões a respeito da sua influência na organização da economia real, na ocorrência de crises ou de até mesmo na superação delas. A partir disso, alguns pesquisadores se dividiram entre aqueles que acreditam que a moeda não é capaz de atingir os elementos reais da economia, ou seja, é neutra e toca somente o nível de preços, e aqueles que acreditam que a moeda interfere nas variáveis reais.

A noção de neutralidade ou não neutralidade da moeda é derivada da aceitação ou não da Teoria Quantitativa da Moeda e da Lei de Say. Para os economistas da vertente ortodoxa, a moeda é apenas um instrumento utilizado para remunerar a produção de mercadorias, sem influência real na economia, ou seja, apenas reserva o valor dos bens produzidos. Em linhas gerais, o sistema econômico funcionaria da seguinte maneira: a mercadoria toma a forma de moeda ao ser vendida, essa mesma moeda vai ser utilizada pelo vendedor para comprar outra mercadoria, assim a moeda se transforma em uma nova mercadoria. Pode-se dizer que esse esquema é equivalente, na obra de Marx, à forma de circulação de mercadorias: M – D – M, estudado no tópico anterior.

Na visão ortodoxa, a moeda não afeta o lado real do sistema econômico pelo fato de não gerar novos valores no sistema. Portanto, a longo prazo, ela é neutra, o que levaria a um equilíbrio no mercado. A teoria quantitativa da moeda se originou com base nessa visão, que conclui que existe um lado da economia real, relacionado à produção, ao mercado de bens e serviços e, do outro lado, aquele que remunera esses serviços e bens, o lado monetário. Dessa forma, um lado tem que ser igual ao outro porque a moeda é só um instrumento de conversão de uma mercadoria em outra (VAL; LINHARES, 2008, p. 84). A fórmula que representa esse esquema é:

O lado esquerdo da fórmula representa o valor total do mercado de bens, que significa multiplicar a quantidade de bens pelo preço a que foram vendidos. Quanto ao lado monetário, é a quantidade de moeda multiplicada pela quantidade de vezes que a moeda gira, ou seja, o quanto ela é trocada de mão em mão. Para os ortodoxos o equilíbrio de mercado é atingido quando o mercado de bens é igual ao mercado monetário. Os dois lados são sempre idênticos, com a moeda financiando a produção de mercadorias.

A Lei de Say, defendida por ortodoxos, traz também essa ideia do equilíbrio entre mercados. Segundo a mesma, a produção de bens e serviços gera rendas como num ciclo, um processo em que não há o escoamento de recursos para outro lugar, a não ser da demanda para a oferta e da oferta para a demanda. Dentre outras palavras, tudo que é produzido é consumido. A moeda aqui, também, apenas possui o papel de intermediar trocas. Assim, torna-se previsível o comportamento da moeda e isso favorece o controle da oferta de moeda pelo Banco Central (VAL; LINHARES, 2008, p. 84).

Por outro lado, aqueles que criticam essa ―lei‖ defendem que pode haver instabilidade na quantidade de moeda, pois, por exemplo, existem razões para que os indivíduos poupem, o que causa a diminuição da circulação de moeda, que acarretam mudanças nas variáveis reais como a produção. Ademais, a não neutralidade se explicaria através da própria existência do crédito, o qual financia a produção antes mesmo de haver a quantidade de moeda ―existente‖ já em circulação. Isso se deve ao fato de que o crédito pode diminuir o tempo de circulação – por não ter a necessidade de haver realmente moeda disponível naquele momento –, consequentemente da produção, antecipando esses processos (VAL; LINHARES, 2008, p. 91).

Ainda nesse sentido, isto é, no âmbito das correntes de pensamento que advogam em favor de uma não neutralidade da moeda, convêm destacar, ademais do pensamento marxista, as teorias de matriz keynesiana. Como a pós-keynesiana, que em sua fundação procura resgatar justamente o caráter monetário da economia capitalista para afirmar que a moeda importa, pois, em situações de grande incerteza, a preferência pela liquidez se faz valer de maneira decisiva, de tal forma que os agentes econômicos preferem reter moeda, em vez de gastá-la.

Num estado de expectativas negativas quanto ao futuro, portanto, a tendência é de que os investimentos e o consumo diminuam. Isto é, o lado monetário interfere no lado real.

a) Força de trabalho e lucro

As relações sociais capitalistas são envolvidas pelo próprio conceito da moeda uma vez que a moeda passa a ser uma ―instância realizadora do capital, na medida em que o valor potencial criado no processo produtivo só é convertido em riqueza para o produtor quando se transforma em dinheiro, como resultado de uma transação de compra e venda de mercadorias‖ (VAL; LINHARES, 2008, p.90), mercadoria essa que inclui, também, a força de trabalho. A relação entre empregadores e empregados é intermediada através de um contrato que envolve valores monetários, os quais o trabalhador aceita, ou não, vender sua força de trabalho. O dinheiro ―incentiva‖ o trabalho, este, por sua vez, vai gerar a mais-valia para o empresário, em forma de lucro (que também é dinheiro). Portanto, o dinheiro tanto inicia o ciclo de reprodução do capital como termina (processo D – M – D’):

[...] o dinheiro inicia e finaliza o ciclo completo de reprodução do capital. Sem dinheiro no início não há processo de produção capitalista onde meios de produção e força de trabalho são mercadorias. Sem ele não há criação de valor no processo de produção. Sem dinheiro no final do ciclo não há lucro, categoria que define um sistema capitalista, porque lucro não é apenas excedente de mercadorias extraído da força de trabalho humana, mas excedente convertido em moeda. (MARX, apud VAL; LINHARES, 2008, p. 91)

Assim, essa mais-valia gerada torna-se o lucro do capitalista. Segundo Marx (apud BRESSER-PEREIRA, 1991, p. 4), a existência e perpetuação tanto do capitalismo quanto do capitalista estão subordinadas à transformação quase total da mais-valia em acumulação de capital, que uma vez obtida, torna-se elemento necessário à continuidade do sistema capitalista. Nessa lógica, o lucro e a acumulação de capital exercem uma função de dependência em uma via dupla na caracterização do indivíduo capitalista: o agente utiliza o lucro para acumular capital, e a acumulação de capital para alcançar maiores taxas e/ou massas de lucro.

Desta maneira, sob domínio do capitalista, a mais-valia pode assumir três formas: a acumulação, o consumo ou o entesouramento. A propensão à realização dessa última forma é maior à medida em que a taxa de lucro diminui, pois, o capitalista tem menos motivação ao

investimento. Quando isso ocorre, a circulação do capital (D – M – D’) é afetada, pois há menos dinheiro em circulação (devido à maior propensão a entesourar), podendo ocorrer crises no sistema capitalista, como a superprodução – de valores que não se realizam (MARX,

apud BRESSER-PEREIRA, 1991, p. 4). Dessa forma, percebe-se que a taxa de lucro é o

motor do sistema capitalista e que esta depende da quantidade de mais-valia, portanto, o sistema capitalista é sustentado pela submissão da força de trabalho assalariado ao capital.

b) Crédito e juros

Segundo Marx (apud VAL; LINHARES, 2006), a moeda faz parte da dinâmica capitalista, e essa conexão entre ela e a economia real implica a sua não neutralidade, mas também sua endogeneidade. Inclusive, a endogeneidade da moeda no sistema capitalista é, para Marx (apud VAL & LINHARES, 2006, p. 92), maior ainda quando levada em consideração a própria atuação da Autoridade Monetária. Esta, como uma instituição que tem a função de manter o controle da quantidade de moeda em circulação, acaba por adiantar sua quantidade no sistema quando ofertam o crédito, ―antecipando a validação social do trabalho privado.‖ (VAL; LINHARES, 2006, p. 92). Disto, uma relevante consequência para a reprodução do capital: a capacidade do dinheiro valorizar-se em si mesmo através do pagamento de juros por conta do crédito.

Enquanto a moeda tinha a função essencial de meio de circulação na economia de circulação simples, no sistema capitalista vai ter, também, a função de crédito, a qual é de suma importância para o desenvolvimento desse sistema. Na primeira situação Marx denominou de ―sistema monetário‖ e, no segundo, de ―sistema de crédito‖ (MARX, apud GERMER, 1994, p. 182). Com base no crédito, o capitalista pode utilizar-se do dinheiro em sua função de capital para valorizá-lo com o pagamento de juros por meio do empréstimo. Aqui, do ponto de vista do capital, considera-se que há 2 tipos principais de capitalistas: o capitalista monetário e o capitalista produtivo. O capitalista monetário é aquele que vai abdicar do uso de seu capital para emprestá-lo ao capitalista produtivo, o qual vai empregar esse recurso na sua produção. O capitalista produtivo recebe seu lucro através da mais-valia e, daí, transfere parte de seu lucro para o capitalista monetário como forma de pagamento pelo uso de seu dinheiro: o juro (MARX, 1986, apud CHOCIAY; NEVES, 2009).

Para Germer (1994, p. 184), há dois motivos pelos quais o dinheiro na forma de crédito tenha se imbricado firmemente ao sistema de produção capitalista. O primeiro deles é o encadeamento entre os diversos setores de produção e do comércio, o que leva a uma interdependência entre si quanto aos insumos. Assim, sempre há transações de mercadorias e pagamentos entre o fornecedor e o comprador dentro de uma cadeia produtiva, nasce a necessidade de se ―adiantar‖ a mercadoria mesmo não sendo realizada seu pagamento no mesmo momento: se dá um crédito a quem está adquirindo a mercadoria para ser pago depois. Portanto, o laço de confiança é a base do sistema de crédito. O segundo motivo deriva da conveniência de economizar e acelerar os meios de circulação, já que quando a moeda é desmaterializada do metal e usada em sua função crédito, ela adquire um maior alcance entre os distintos territórios.

A expansão do sistema capitalista é possibilitada através de meios que tornam mais fácil a circulação dos recursos materiais e monetários. O crédito, portanto, é uma função adquirida pelo dinheiro de acordo com o contexto em que ia se desenvolvendo o sistema capitalista. Essa função constituiu ―uma condição especial para a contínua expansão do capitalismo, que não ocorreria na escala conhecida se permanecesse atada ao sistema monetário, ao crédito comercial e à base metálica comparativamente modesta." (GERMER, 1994, p. 185).

O quadro a seguir resume as ideias de Marx utilizadas neste trabalho:

Quadro 02 – Algumas definições de Marx acerca do capitalismo e da moeda

ASPECTOS PENSAMENTO DE MARX

CAPITALISMO

Crítica fundamental O modo de produção da sociedade capitalista é excludente.

Contexto de análise

O declínio do modo de organização político, social e econômico feudal originou possibilitou os pressupostos para o aparecimento do sistema capitalista.

Equivalência/ valor A quantidade de trabalho permite fazer comparações entre valores de mercadorias, inclusive avaliar sua equivalência.

Crédito e finanças

A moeda de crédito financia o modo de produção capitalista, torna-se meio circulante e assume as funções de uma moeda ―tangível‖.

MOEDA

Origem

Origem na necessidade de realização de trocas mais rápidas, um intermediário flexível, aceita por qualquer pessoa: um equivalente geral.

Mercado Financia o ciclo de reprodução do capital.

Funções Meio de troca, unidade de conta, reserva de valor, meio de pagamento.

Não neutralidade

A moeda intermedia relações sociais, o que pode afetar a produção, o emprego, em suma, as variáveis reais da

economia. Fonte: Elaboração própria, 2018, com base em Rigo, 2014.

Por meio dos aspectos apresentados no quadro acima, o sistema capitalista se firma como um novo modo de produção, em contraposição ao que o antecedeu. O sistema capitalista começa a se propagar no espaço de forma acelerada, devido a essas novas características desenvolvidas que consubstanciam o próprio devir histórico, a partir da sucessão dos modos de produção. O espaço terrestre passa então por um processo de territorialização capitalista que é facilitada pelas funções da moeda, principalmente a partir do momento em que a moeda não precisa, necessariamente, tomar uma forma física, nem existir no presente, mas somente ter a capacidade de se valorizar e se reproduzir – através do crédito e do juro. Dessa forma, é necessário explorar essa abordagem do sistema capitalista como elemento de territorialização, como explica o tópico a seguir.

2.4 TERRITORIALIZAÇÃO CAPITALISTA

Um elemento de grande importância para a análise das relações capitalistas é o território. Em função da configuração com que o homem estabeleceu relações com a natureza e com eles mesmos, vai ser desenvolvida a formação de um território. Portanto, tomar o território como um ponto de referência é estudar as relações sociais, modos de produção, cultura, construções institucionais, estruturações políticas, inclusive as transformações do ambiente natural em que está inserida certa aglomeração de indivíduos. A presente seção tem como foco principal as relações econômicas que se estabeleceram no território e que culminaram no sistema

capitalista. Com a compreensão deste conceito, será estabelecida até o final deste a confluência entre os elementos territoriais e o modo de produção capitalista como fator de territorialidade.

O território é um espaço que foi humanizado. Isto, mediante diversos elementos criados pela sociedade, sejam eles econômicos, sociais, culturais, institucionais e políticos. Dito de outra forma, o espaço é o palco, enquanto a sociedade representa um conjunto de atores que interagem e interferem neste, territorializando-o a partir do conteúdo e do efeito das inter- relações. O território surge, primeiramente, como um espaço em que certo conjunto de pessoas se identifica, tanto entre elas necessariamente, como com o local em que vivem. Além disso, segundo Santos:

O território não é apenas o resultado de superposição de um conjunto de sistemas naturais e um conjunto de sistemas de coisas criadas pelo homem. O território é o chão e mais a população, isto é, uma identificação, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi. Quando se fala de território, deve-se, pois, logo entender que se está falando em território usado, utilizado por uma dada população. (SANTOS, 2002; apud MEDEIROS, 2009).

O espaço compreende a natureza, esta que estabelece a substância material para o homem exercer o trabalho, socialmente, e então criar o território (RAFFESTIN, 2002, p. 17). Uma das primeiras formas que o homem começou a produzir territórios foi através da agricultura, a qual era organizada e criada de acordo com o nível técnico da população inserida. A técnica, portanto, é um meio pelo qual se criam territórios, dessa forma, de acordo com o movimento da sociedade – o devir –, novas técnicas são criadas, novas necessidades humanas são concebidas, o que levam a transformações nas formações territoriais. A técnica acaba por possibilitar o controle de certo espaço. Esse controle, o poder através da técnica, transforma o espaço que uma população vive em um território. Com o tempo, o território expande, e certo local desse território pode concentrar o domínio sobre as técnicas, detendo maior poder em relação aos outros locais que o rodeiam (SANTOS, 2006).

Como bem explica Santos (2006), essa ação do homem, é um novo elemento para a diversificação da natureza. A diversificação da natureza até então era dada em estado puro, por próprios fatores naturais. O homem interage com a natureza acrescentando um atributo social e, num primeiro momento, ele é subordinado às imposições naturais. Com o tempo, o homem passa a dominar a natureza com a melhoria dos conhecimentos e instrumentos, e seu poder sobre a natureza começa a emergir. Segundo Raffestin (2002), ―os processos de

composição, decomposição dos territórios acentuaram-se durante o século XVIII com a Revolução Industrial, tornada possível também graças aos progressos realizados na agricultura.‖. Com isso, é fácil perceber que a mudança de técnicas, com a introdução das indústrias, levou a uma mudança abrupta do território e do processo de territorialização.

A nova classe social surgida do declínio feudal e do aparecimento do modo de produção com vistas para o capital, a burguesia, viria a realizar grandes transformações sociais, econômicas e políticas com o sistema capitalista. Após a Revolução Industrial, no século XVIII, a burguesia passa a ser a classe de maior relevância para o crescimento econômico. A Revolução Industrial proporcionou um grande aumento na produção com as novas tecnologias, além dos avanços nos meios de transportes. Estes fatores colaboraram para o capital atingir cada vez mais mercados, assim, a territorialização capitalista começa com a necessidade do capital de ampliar mais seus territórios. Quanto mais territórios (tendência ao mercado mundial), mais setores econômicos e mais esferas sociais ele atingir, mais desenvolvido é o capitalismo (BONENTE, 2011, p. 61).

A acumulação de capital é a tendência principal do capitalismo – a sua mola propulsora. Logo, um dínamo da territorialização capitalista. O espaço é modificado de acordo com suas determinações, como a destruição do meio ambiente, criação de indústrias, abertura de estradas, deslocamentos populacionais. Uma das principais características do capitalismo é sua necessidade constante de expansão que provoca significativas alterações na organização do espaço (inclusive no espaço produtivo). Um dos principais elementos que contribuíram para isso foi a evolução das tecnologias nos meios de produção, as quais possibilitaram maior rapidez no processo de fabricação das mercadorias.

A mudança tecnológica é interessante para o capitalista já que, em geral, reduz o tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de mercadorias e, dessa forma, também o valor de troca da força de trabalho, isto é, a remuneração da força de trabalho é menor – menores salários são pagos. Com isso, cada vez mais os capitalistas detêm não apenas o controle da produção, mas também a concentração e a centralização da renda e riqueza em detrimento da classe trabalhadora, ademais, crescentemente sufocada e com seu poder de barganha fortemente diminuído, em função do desemprego relativa ou absolutamente crescente.

Com efeito, o desenvolvimento da tecnologia – ou seja, as inovações nos meios de produção – possibilitou ao homem a apropriação cada vez maior da natureza e, assim, uma produção

material em escala crescente. Nas últimas décadas, no entanto, a organização do espaço

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