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neutra do óleo do Campo Fazenda Belém, Bacia Potiguar.

2. CAPITULO II – Estudo dos esteranos e comprovação estrutural dos compostos da série 3-alquil-ergostano na fração neutra do

2.2. Resultados e Discussão

2.2.2. Monitoramento das transições m/z 414, 400 e 386  m/z 231 para análise dos esteranos com um grupo metil ligado no anel A.

Os compostos metil substituídos no anel A foram analisados através do monitoramento do fragmento m/z 231 sendo que os compostos identificados estão listados na Tabela 4 e identificados na Figura 16.

Figura 16 - Análise das transições MRM do íon molecular (m/z 414, 400 e 386)  pico base (m/z 231) para a série homóloga dos esteranos substituídos com um grupo metil no anel A. O preenchido em vermelho indica que a identificação do pico em destaque foi confirmada por coinjeção com padrão sintético (Para as análises de coinjeções ver Figura 106 e Figura 107 em anexo).

Tabela 4 - Lista de compostos identificados através do monitoramento do íon fragmento m/z 231 na

amostra da fração neutra do óleo.

Compostos identificados através da análise do framento m/z 231

Número Descrição C105 3β-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Colestano(20S) C106 3β-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Colestano(20R) C107 3β-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Colestano(20S) C108 3β-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Colestano(20R) C109 4α,23,24-Trimetilcolestano C110 4α,23,24-Trimetilcolestano C111 4α,23,24-Trimetilcolestano C112 4α,23,24-Trimetilcolestano C113 4α,23,24-Trimetilcolestano C114 4α,23S,24S-Trimetilcolestano(20R) C115 4α,23S,24R-Trimetilcolestano(20R) C116 4α,23R,24R-Trimetilcolestano(20R) C117 4α,23R,24S-Trimetilcolestano(20R) E105 3β-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Ergostano(20S) E106 3β-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Ergostano(20R) E107 3β-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Ergostano(20S) E108 3β-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Ergostano(20R) S104 3α-Metil-5β(H),14α(H),17α(H)-Estigmastano(20R) S105 3β-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Estigmastano(20S) S106 3β-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Estigmastano(20R) S107 3β-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Estigmastano(20S) S108 3β-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Estigmastano(20R) S109 2α-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Estigmastano(20S) S110 2α-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Estigmastano(20R+S) S111 4α-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Estigmastano(20S) S112 4α-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Estigmastano(20R) S113 4α-Metil-5α(H),14β(H),17β(H)-Estigmastano(20S) S114 2α-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Estigmastano(20R) S115 4α-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Estigmastano(20R)

As linhas sublinhadas indicam os compostos que tiveram sua identificação confirmada por coinjeção com padrões sintéticos.

Para o monitoramento da série 3-metil-colestano (Me-C27) utilizou-se a transição 386231, para a série 3-metil-ergostano (Me-C28) a transição 400231 e para a série 3-metil-estigmastano (Me-C29) a transição 414231.

Dentre as classes identificadas podemos destacar os esteranos 3-metil substituídos da série colestano (Me-C27), ergostano (Me-C28) e estigmastano (Me- C29), sendo que os compostos da classe Me-C27 tem maior intensidade de sinal que os compostos da série Me-C29, e Me-C28 como também observado nos esteranos regulares (C27,C29 e C29); as classes do 2α-metil e 4α-metil-estigmastano e uma

significante quantidade de compostos da classe dos dinosteranos (4,23,24-trimetil- colestanos), sendo que estes últimos, os dinosteranos (Figura 17), também são identificados através da transição 414231 e diferenciados da série estigmastano pela transição característica 41498, como será ilustrado no decorrer desta discussão.

Figura 17 – Representação da estrutura química da classe dos dinosteranos (Peters et al., 2005).

Através da comparação entre os cromatogramas dos esteranos regulares (Figura 14) e dos metil substituídos (Figura 16) observa-se um aumento dos compostos que respondem para o monitoramento do fragmento m/z 231 e, consequentemente, uma complexidade maior em se atribuir e resolver os picos cromatográficos.

A presença da mistura de 4-metil-estigmastano e dinosteranos é um indicativo de contribuição de dinoflagelados nas amostras geológicas (Boon et al., 1979; De Leeuw et al., 1983). Contudo, há de se observar que outros organismos também podem contribuir com estes compostos e, portanto, os mesmo não devem ser utilizados como biomarcadores exclusivos para dinoflagelados (Edmunds & Eglinton, 1994).

A alta abundância de dinosteranos em relação ao 4-metil-estigmastano, como observado na amostra, é geralmente relatada em óleos marinhos no qual o precursor dinosterol é preservado da oxidação de sua cadeia lateral no processo de diagênese (Chen e Summons, 2001). Desta maneira a identificação destes compostos, na amostra estudada, em elevada abundância é um fator que corrobora para a indicação de ambiente hipersalino anóxido proposto anteriormente por Lopes e colaboradores (1999) e discutido em mais detalhes na introdução deste capítulo.

A resolução dos picos e, consequente, sua identificação não é uma tarefa simples para os esteranos metil substituídos. Em especial podemos destacar a

20 23 24

4

4-Trimetil-Colestano

transição 414231 de maior complexidade pois apresenta, entre os isômeros da série estigmastano, coeluição com a classe dos dinosteranos discutidas anteriormente (Figura 16 – transição MRM 414231).

Para auxiliar a identificação dos compostos utilizam-se informações obtidas pela análise do espectro de massas, pelo tempo de retenção relativo entre as classes estudadas, bem como o monitoramento de uma transição específica que complemente informação à transição principal em análise. Na Figura 18 temos uma ilustração com mais detalhes da transição principal 414231 e a atribuição sugerida para as diferentes classes que eluem e coeluem neste intervalo de tempo.

Figura 18 - Análise da série homóloga da classe estigmastano com um grupo metil como substituinte

no anel A. Monitoramento através da transição íon molecular  pico base MRM (414,5  231,2); transição MRM (414,5  98,0) para monitoramento específico dos substituinte 24-etil-colestano e 23,24-dimetil-colestano; transição (414,5  231,2) para monitoramento específico dos substituinte e 23,24-dimetil-colestano. A identificação da estereoquímica em C5, C14, C17 e C20 bem como a posição do grupo metil (C2, C3 ou C4) foram atribuídas por comparação dos tempos de retenção relativo destes compostos publicados na literatura (Peters et al., 2005; Silva et al., 2008).

Corroborando para a identificação proposta temos que, além da coinjeção do composto S108, os compostos S114 e S115 foram anteriormente (Silva, 2008) identificados e confirmados por coinjeção, compostos 135 e 139 respectivamente, com padrões sintéticos em uma amostra de óleo classificada como Marinho Evaporítico da mesma bacia e com perfil cromatográfico (transição: 414231) muito semelhante à amostra estudada neste trabalho (Figura 19). Os demais picos cromatográficos apresentados no estudo, 129 a 141, foram classificados apenas como a classe dos 3-metil-estigmastano (Silva, 2008) não sendo, assim, possível realizar uma analogia com as demais atribuições sugeridas aqui neste trabalho.

Figura 19 – Monitoramento da transição 414231 de uma amostra da fração neutra de óleo marinho evaporítico (Formação Alagamar) da Bacia Potiguar. Os compostos 135 (S114 - 2α-Metil- 5α(H),14α(H),17α(H)-estigmastano(20R,24R)) e 139 (S115 - 4α-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)- estigmastano(20R,24R)) foram identificados através de coinjeção com padrões sintéticos. Reimpresso de Silva (2008).

Como principal contribuição deste trabalho para a classe dos metil- esteranos reportamos pela primeira vez a confirmação, por coinjeção com padrões sintéticos, do E108 - 3-Metil-5α(H),14α(H),17α(H)-Ergostano(20R). Em contribuição

para o estudo dos óleos da Bacia Potiguar, campo Fazenda Belém, a atribuição de todos os isômeros (αααS, αR, αS e αααR) da série 2α-metil, 3-metil e 4α-metil- estigmastano além da identificação de 9 compostos da classe dos dinosteranos (Figura 18).

Em comparação com os compostos não metilados (C27) a série Me-C27 apresenta intensidade dos isômeros αS e αR significativamente maior enquanto que o isômero αααS uma intensidade significativamente menor. Considerando que durante o processo de evolução térmica os isômeros αααS e αααR são convertidos para os isômeros αS e αR, respectivamente, podemos sugerir que os esteranos substituídos apresentam maior suscetibilidade para epimerização e, como verificaremos no decorrer da discussão deste capítulo, existe uma tendência de aumentar a suscetibilidade para epimerização com o aumento da série homóloga 3- alquil substituída. Essa tendência aparentemente também ocorre com as séries alquil-C28 e alquil-C29, contudo, devido a problemas de coeluição esta análise foi prejudicada.

Os parâmetros α/(α+ααα) e S/(S+R) de evolução térmica da classe dos esteranos são importantes, bem estabelecidos e normalmente são analisados simultaneamente com o parâmetros de outras classe pois um ou mais destes parâmetros podem, eventualmente, sofrer interferência. Normalmente também procura-se constatar a equivalência entre o conjunto de informações fornecidas através da análise dos biomarcadores com o resultado da análise de refletância da vitrinita, a qual é o principal indicativo de maturidade (Peters et al., 2005).

Uma importante observação que adiantaremos neste capítulo, para uma análise mais cuidadosa do leitor, é a diminuição pronunciada do isômero αααS em relação ao isômero αααR para os compostos 3-alquil substituídos, evitando assim uma prematura conclusão de seletividade no processo de biodegradação para este isômero. Apesar dos parâmetros da série dos esteranos condizerem com o grau de evolução térmica do óleo, o qual está classificado como sendo pouco evoluído termicamente, sabe-se que ao analisar amostras de fonte hipersalina, como é o caso desta amostra, este parâmetro pode ser afetado. Ten Haven e colaboradores (1986) relataram extratos imaturos de rochas hipersalinas que indicavam como sendo óleos evoluídos termicamente quando analisados pelos parâmetros da série dos esteranos, e o mais interessante, a presença dos isômeros αR, αS e αααR e a ausência do isômero αααS. Desta forma acreditamos ser mais provável que a ausência do isômero αααS nas análises dos esteranos 3-alquil substituídos seja devido ao ambiente hipersalino do que uma biodegradação seletiva para este composto.

2.2.3. Monitoramento das transições m/z 428, 414 e 400 m/z 245 para