• Nenhum resultado encontrado

MOOCs

No documento Download/Open (páginas 59-64)

Capítulo III — O DESENVOLVIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

3.2 Novas tendências aplicadas à educação

3.2.3 MOOCs

De acordo com Saleem (2014), o conceito de Massive Open Online Courses (MOOCs), ou cursos online abertos em massa, ainda é bastante novo no meio educacional brasileiro. Trata-se de cursos abertos e ofertados em ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), utilizando ferramentas da web 2.0 ou, ainda, as redes sociais, visando ao oferecimento de maior número de vagas a pessoas que se interessem pela ampliação de conhecimentos, por meio de um processo colaborativo de coprodução.

Os MOOCs podem ser considerados bastante recentes na área da Educação, especialmente na EaD, e fazem parte dos ideais de uma educação aberta e universalizante; mesmo que o projeto e a participação de alunos nesse ambiente de aprendizagem sejam no formato de outros cursos de determinadas faculdades e universidades. Essa modalidade educacional oferece cursos, geralmente, gratuitos, não exigindo pré-requisitos ou fornecendo certificação; os cursos são oferecidos para um número grande de participantes, havendo uma quantidade considerável de materiais (FAILDE, 2015, p.69).

Saleem (2014, p.38) considera que os MOOCs receberam influência direta dos movimentos dos recursos educacionais abertos e da conectividade. Em épocas mais recentes, uma diversidade de projetos tem sido criada, como o edX, o OpenClass e o Udacity. Em 2012, as universidades americanas aplicaram maciços investimentos nesses projetos com a finalidade de propor experimentos para transformar os cursos e-learning em atividades mais escaláveis, sustentáveis e, também, rentáveis.

Na educação superior, os MOOCs vêm se tornando uma tendência crescente, modificando os próprios programas acadêmicos tradicionais. Os cursos virtuais são orientados por professores credenciados que se encontram em diferentes partes do mundo, com o objetivo de disseminar conteúdos programáticos, incentivar e motivar a colaboração, além de avaliar os trabalhos dos alunos. Os MOOCs se diferenciam das aulas tutoriais do YouTube, uma vez que têm datas previstas de início e finalização das atividades. Diversas universidades, entre as mais conceituadas do mundo (University of London, Stanford, Princeton e Shanghai Jiao Tong), vêm aderindo a essa modalidade educacional e criando seus próprios MOOCs (SALEEM, 2014, p.430).

Em 2011, a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, lançou o primeiro MOOC do mundo, com o curso Inteligência Artificial (IA), que atraiu cerca de 160 mil interessados de todos os continentes. A principal plataforma de MOOCs, o Coursera, reúne atualmente mais de sessenta instituições, dentre as quais destacam-se Stanford e Columbia, e possui cerca de quatro milhões de usuários. A principal característica dessa modalidade educacional são os cursos livres, os quais, sem quaisquer seleções ou independentemente do nível de instrução, podem ser realizados por qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo.

FIGURA 1 — Página inicial do Coursera Brasil

Fonte: COURSERA, 2015.

Haber (2014, p.14) reconhece que os MOOCs são uma forma interessante de um maior número de pessoas acessar a educação superior. Todavia, esse pesquisador crê que o interesse por cursos em ambiente virtual crescerá cada vez mais, desde que se aliem a eles, paulatinamente, sistemas mais sofisticados, capazes de oferecer maior índice de interação e personalização. Os MOOCs representam um modelo de primeira geração que demonstra algumas deficiências, sendo necessários mais alguns anos para a compreensão de como aumentar a retenção e o sucesso em experiências de educação de massa, âmbito ainda carente de especialistas.

No entanto, é impressionante o crescimento dessa nova forma de aprendizagem por meio virtual. Failde (2015) divulgou que, em 2014, a plataforma Coursera alcançou 4,3 milhões de estudantes, vindos de 220 países. Nos dias atuais, Coursera integra o primeiro escalão das plataformas de cursos abertos em ambiente virtual, ao lado de outras, como edX e Udacity, sendo possível atingir um número cada vez mais crescente de estudantes no globo.

Ainda que a maioria dos cursos exija proficiência na língua inglesa, países em desenvolvimento como o Brasil correspondem a cerca de 40% das presenças nos MOOCs. Nacionalmente, a presença nesses ambientes de aprendizagem corresponde a 5%.

FIGURA 2 — Portfólio de cursos oferecidos pelo Coursera Brasil

Fonte: COURSERA, 2015.

No Brasil, os MOOCs aportaram muito recentemente. O VEDUCA (Figura3) é uma plataforma brasileira que oferece três cursos: dois com certificação pela Universidade de São Paulo (USP) — Física Básica e Probabilidade Estatística — e outro com certificação da Universidade de Brasília (UnB) — Bioenergética. Os cursos oferecidos pela plataforma são gratuitos e, além de assistir às aulas, os alunos podem também resolver exercícios e participar de uma avaliação final — presencial —, com o intuito de obtenção de certificação (VEDUCA, 2015).

FIGURA 3 — Página inicial do VEDUCA

Recentemente, a Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), lançou UNESP Aberta, com a promessa de ser o primeiro MOOC brasileiro acessível no mundo. A plataforma conta com um AVA estruturado a partir de recursos de acessibilidade implementados visando à possibilidade de pessoas surdas, cegas e com baixa visão acessarem as informações por meio de uma perspectiva conhecida como “desenho universal” (UNESP, 2015, p.10).

O UNESP Aberta conta com vídeos com a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), legendas e autodescrições, além de textos digitais acessíveis e recursos do AVA adaptados para navegação através do teclado e ledores de tela. O ambiente possui, ainda, inserção de descrição de imagens, opção “alto relevo”, que permite acessar conteúdos em fundo preto e fontes em amarelo, verde e branco, e o ícone “pular conteúdo”, que permite que o aluno vá direto às leituras e exercícios, sem recorrer à tecla tab.

FIGURA 4 — Página inicial do UNESP Aberta

Fonte: UNESP, 2015.

De forma geral, os MOOCs são estruturados por vídeos de aulas e foros de discussão, recursos que permitem a interação entre aluno e professor. Recentemente, muitos dos cursos oferecidos nesse ambiente passaram a ser certificados mediante o pagamento de uma pequena taxa (uma forma de obter recursos financeiros para a oferta dessa modalidade de ensino), ao passo que outros MOOCs vão agregando vários cursos que possuem alguma relação entre si, visando formar minitítulos com preços acessíveis (SALEEM, 2014, p.57).

As pesquisas de caráter empírico que demonstram o potencial dos MOOCs em ampliar as oportunidades de um indivíduo com poucos recursos conseguir um emprego com melhor remuneração são quase inexistentes, segundo afirma Failde (2015, p.45). A Universidade de Michigan realizou estudos em 2014 com jovens das camadas mais pobres dos Estados Unidos e apontou que eles não melhoraram sua condição empregatícia em razão desses cursos. Contudo, os MOOCs podem funcionar para que as pessoas tenham contato com assuntos que desconheciam, como forma de preparação para seu futuro, e as universidades brasileiras não devem desprezar essas tendências educacionais que surgem em muitos momentos, mediante a evolução das TICs, bem como dos processos comunicacionais que se alteram em consequência dessa evolução tecnológica vertiginosa.

No documento Download/Open (páginas 59-64)