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4. ANÁLISE DE RESULTADOS

4.5 Motivação Acadêmica

4.5.2 Motivação acadêmica versus gênero

Na sequência, foi analisado se a motivação acadêmica pode ser influenciada pelo gênero do respondente. A Tabela 13 apresenta o resultado dos testes realizados.

Tabela 13 - Estatística descritiva e teste do continum de autodeterminação versus gênero.

Feminino Masculino Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P. Feminino Masculino Teste P-valor

MIS 8,560 1,280 8,340 1,300 0,925 0,061 t 0,0174* MIR 7,720 1,689 7,400 1,730 0,985 0,006 Mann-Whitney 0,0049* MIVE 6,730 1,810 6,590 1,880 0,994 0,498 t 0,2965 MEID 8,930 1,020 8,700 1,130 1,000 0,010 Mann-Whitney 0,0076* MEIN 7,360 2,120 6,880 2,140 0,866 0,006 Mann-Whitney 0,0005* MECE 8,730 1,300 8,660 1,430 0,894 0,699 t 0,4615 DESM 1,550 2,000 1,670 1,910 0,021 0,941 Mann-Whitney 0,0622 MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Com os resultados do teste de Kolmogorov Smirnov, verificou-se que os constructos MIR, MEID e MEIN não apresentaram normalidade em suas distribuições. Diante disso, foi necessária a realização do teste não paramétrico de Mann-Whitney, e, para os demais constructos, foram realizados o teste de t Student.

Os outputs dos testes de médias evidenciaram que as dimensões MIR, MIS, MEID e MEIN apresentaram uma diferença significativa (p < 0,05) quando comparado o gênero dos respondentes. De acordo com esses resultados é possível afirmar que existe diferença significativa entre os gêneros

Considerando as médias observadas nos quatro constructos citados, o gênero feminino, retrata, de forma significativa, pontuação superior ao masculino, divergindo dos achados de encontrado por Barkoukis et al. (2008) que encontraram divergências em todos os constructos de motivação.

Dessa forma, os resultados divergem também dos achados de Viana e Viana (2017), os quais concluíram que apenas a dimensão de desmotivação apresentou diferenças entre os gêneros. Em contraponto, os achados corroboram com Brouse et al. (2010), que encontraram diferenças significativas em quase todos os constructos. Por fim, para Matos e Machado (2006) as mulheres apresentam uma tendência a um maior nível de escolarização e, por conseguinte, carregam consigo uma maior motivação intrínseca para os estudos.

4.5.3 Motivação acadêmica versus idade

A análise prossegue com um comparativo da motivação acadêmica com a idade dos respondentes conforme apresentado na Tabela 14.

Tabela 14 - Estatística descritiva e teste do continum de autodeterminação.

>=24 <24 Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P. >=24 <24 Teste P-valor

MIS 8,459 1,342 8,436 1,233 0,457 0,135 t 0,7934 MIR 7,546 1,772 7,560 1,650 0,719 0,199 t 0,9388 MIVE 6,614 1,852 6,720 1,854 0,342 0,955 t 0,4363 MEID 8,940 0,979 8,639 1,202 1,000 0,006 Mann-Whitney 0,0006* MEIN 7,272 2,036 6,906 2,257 1,000 0,053 t 0,0172* MECE 8,926 1,150 8,402 1,566 1,000 0,000 Mann-Whitney 0,0000* DESM 1,529 1,871 1,743 2,057 0,263 0,992 t 0,1177

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05 Fonte: dados da pesquisa

Para a realização dos testes de motivação acadêmica e idade, as respostas foram agrupadas em dois grupos, e foi constituído um grupo com idade igual ou superior a 24 anos e outro com idade inferior. Nos constructos MIS, MEID, MEIN e MECE, o grupo com idade igual ou superior a 24 anos apresentou médias superiores.

Com o teste estatístico de normalidade, concluiu-se a ausência de normalidade para a distribuição dos dados dos constructos MEID e MECE. Posteriormente, a avaliação da normalidade dos dados, com o intuito de avaliar possíveis diferenças de médias com significância estatística, procedeu-se ao teste de hipótese.

Os resultados apontam que as dimensões MEID, MEIN e MECE têm médias dos grupos significativamente diferentes. Diante disso, conclui-se que os pesquisados com idade igual ou superior a 24 anos, componentes desses grupos, apresentam maior motivação extrínseca por identificação, introjeção e controle externo, respectivamente. Esses achados são congruentes com o estudo de Lopes et al. (2015), na perspectiva de apresentar diferenças significativas para as médias do constructo MECE.

4.5.4 Motivação acadêmica versus turno

Analisando a motivação acadêmica com relação ao turno em que estuda, a Tabela 15 apresenta a estatística descritiva e os resultados dos testes realizados.

Tabela 15 - Estatística descritiva e testes do continum de autodeterminação.

Manhã Noite Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P. Manhã Noite Teste P-valor

MIS 8,208 1,3921 8,503 1,266 0,442 0,740 t 0,014* MIR 7,446 1,864 7,576 1,684 0,051 0,999 t 0,409 MIVE 6,387 2,0816 6,723 1,793 0,100 0,994 t 0,051 MEID 8,733 1,141 8,826 1,082 0,522 0,991 t 0,340 MEIN 6,966 2,263 7,142 2,116 0,530 0,898 t 0,371 MECE 8,728 1,39 8,686 1,372 0,959 0,542 t 0,758 DESM 1,436 1,777 1,666 1,994 0,327 0,946 t 0,217

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Por conseguinte, com os resultados dos testes de média, verificou-se diferença significativa em relação à Motivação Intrínseca para Saber (MIS).

Com base nesse resultado, pode-se concluir que os alunos que estudam no turno noturno apresentam engajamento para atividades de aprendizado, movidas pelo prazer em explorar e/ou entender algo novo. Esse resultado diverge dos achados de Viana (2012), que encontrou diferença nas médias dos constructos MEID, MECE e DESM.

4.5.5 Motivação acadêmica versus ensino médio

Em relação ao local onde o aluno cursou o ensino médio, a Tabela 16 expõe os resultados dos testes para cada dimensão do continuum de motivação.

Tabela 16 - Estatística descritiva e testes do continum de autodeterminação.

Pública Particular Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P. Pública Particular Teste P-valor

MIS 8,5 1,267 8,35 1,336 0,954 0,130 t 0,116 MIR 7,656 1,648 7,37 1,821 0,998 0,096 t 0,027* MIVE 6,799 1,813 6,42 1,899 0,985 0,030 Mann-Whitney 0,006* MEID 8,873 1,062 8,7 1,138 0,998 0,021 Mann-Whitney 0,035* MEIN 7,202 2,069 6,95 2,257 0,770 0,216 t 0,116 MECE 8,672 1,368 8,73 1,387 0,069 0,548 t 0,585 DESM 1,714 1,988 1,47 1,987 0,991 0,091 t 0,104

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Fonte: dados da pesquisa

Analisando as médias para cada dimensão, verifica-se uma superioridade no grupo de alunos oriundos de escola pública. Adicionalmente, eles apresentaram médias maiores de motivação extrínseca.

Os testes revelaram a existência de diferenças significativas em três dimensões para os grupos estudados. Pode-se concluir que, em relação ao tipo de escola de ensino médio onde os alunos cursaram essa etapa, eles podem apresentar motivações acadêmicas distintas.

Por fim, os achados da pesquisa revelam um perfil de autodeterminação voltado à busca de realização de algo novo, esse discente também está estimulado a experimentar sensações desafiadoras, pois, identifica a importância das ações desenvolvidas no âmbito do curso sem a necessidade de pressão/controle externo (VALLERAND et al. 1992, 1993).

4.5.6 Motivação acadêmica versus IES em que estuda

Na Tabela 17, são evidenciados a estatística descritiva e os resultados dos testes comparando a motivação acadêmica e tipo de IES em que estuda.

Tabela 17 - Estatística descritiva e teste do continum de autodeterminação.

Pública Privada

Kolmogorov

Smirnov

Média D.P. Média D.P. Pública Privada Teste P-valor

MIS 8,18 1,335 8,613 1,242 0,000 0,994 Mann-Whitney 0,000* MIR 7,1 1,771 7,826 1,62721 0,000 0,997 Mann-Whitney 0,000* MIVE 6,3151 1,87 6,871 1,812 0,000 0,997 Mann-Whitney 0,000* MEID 8,66 1,177 8,89 1,03 0,005 1,000 Mann-Whitney 0,007* MEIN 6,472 2,119 7,49 2,065 0,000 0,982 Mann-Whitney 0,000* MECE 8,608 1,408 8,746 1,352 0,014 0,931 Mann-Whitney 0,116 DESM 1,278 1,622 1,834 2,109 0,001 1,000 Mann-Whitney 0,001* MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Fonte: dados da pesquisa

Os resultados, de forma geral, são divergentes dos achados por Lopes et al. (2015), haja vista que apenas o constructo de Motivação Extrínseca por controle Externo (MECE) não apresentou diferença entre as médias obtidas pelos alunos oriundos de IES públicas e privadas. Adicionalmente, em todos os demais níveis de motivação acadêmica, os alunos de IES privadas apresentam médias superiores.

Esses achados sugerem que os discentes oriundos de IES particulares são mais motivados tanto intrínseca como extrinsecamente se comparados com os discentes das IES públicas, haja vista, que 50% dos respondentes tem idade superior igual ou superior a 24 anos. Sendo esse público motivado preponderantemente de forma extrínseca por identificação, se a necessidade de pressão ou controle externo.

4.5.7 Motivação acadêmica versus cidade onde mora

Com o intuito de analisar a influência na motivação acadêmica dos alunos, o fato de eles residirem na mesma cidade onde cursam a graduação, foram calculados a estatística descritiva e os respectivos testes de médias, que são apresentados na Tabela 18.

Tabela 18 - Estatística descritiva e teste do continum de autodeterminação.

Na cidade Em outra cidade Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P. Na cidade Em outra cidade Teste P-valor

MIS 8,441 1,279 8,472 1,337 0,502 0,847 t 0,7817 MIR 7,508 1,718 7,676 1,715 0,236 0,989 t 0,2415 MIVE 6,664 1,881 6,652 1,776 0,623 0,654 t 0,9330 MEID 8,789 1,11 8,865 1,046 0,600 0,886 t 0,4277 MEIN 7,035 2,144 7,321 2,131 0,159 0,995 t 0,1069 MECE 8,677 1,378 8,741 1,366 0,542 0,685 t 0,5874 DESM 1,609 1,969 1,66 1,927 0,084 0,834 t 0,7074

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Fonte: dados da pesquisa

Os resultados não permitiram rejeitar H0, implicando em diferença entre as médias dos grupos para todos os constructos. Os resultados dos testes sugerem que ambos os grupos de alunos são motivados extrinsecamente, sendo controlados por pressões externas agindo de determinada forma.

4.5.8 Motivação acadêmica versus recebimento de bolsa

Os próximos testes buscaram verificar a relação da motivação acadêmica com o recebimento ou não de bolsa pelos discentes. Os resultados são apresentados na Tabela 19.

Tabela 19 - Estatística descritiva e teste do continuum de autodeterminação.

Não bolsista Bolsista Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P. Não bolsista Bolsista Teste P-valor

MIS 8,37 1,336 8,626 1,174 0,074 1,000 t 0,011* MIR 7,434 1,814 7,822 1,439 0,073 0,964 t 0,003* MIVE 6,518 1,922 6,991 1,639 0,004 1,000 Mann-Whitney 0,003* MEID 8,788 1,097 8,857 1,084 0,476 0,854 t 0,349 MEIN 6,939 2,219 7,504 1,904 0,001 1,000 Mann-Whitney 0,001* MECE 8,649 1,426 8,796 1,244 0,291 0,815 t 0,155 DESM 1,605 1,932 1,667 2,017 0,727 0,798 t 0,758

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação. Nota: * p < 0,05

Nos testes de médias, conclui-se que as dimensões MIS, MIR, MIVE e MEIN apresentam diferenças significativas nas médias para os dois grupos. Esse resultado permite inferir que os alunos que têm acesso a algum tipo de bolsa na IES são motivados intrinsecamente, movidos pelo prazer e a satisfação de explorar e entender algo novo.

4.5.9 Motivação acadêmica versus vínculo empregatício

Na Tabela 20, são apresentados a estatística descritiva e os resultados dos testes da relação entre alunos que trabalham na área e alunos que não trabalham.

Tabela 20 - Estatística descritiva e teste do continum de autodeterminação.

Não trabalha na área

Trabalha na

área Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P.

Não trabalha na área

Trabalha

na área Teste P-valor

MIS 8,457 1,269 8,497 1,23 0,492 0,618 t 0,708 MIR 7,574 1,703 7,613 1,652 0,668 0,834 t 0,783 MIVE 6,712 1,885 6,674 1,865 0,826 0,596 t 0,817 MEID 8,704 1,157 8,93 1,012 0,029 1,000 Mann-Whitney 0,397 MEIN 7,136 2,138 7,244 2,023 0,457 0,784 t 0,544 MECE 8,543 1,543 8,766 1,292 0,277 1,000 t 0,070 DESM 1,553 1,814 1,82 2,165 0,257 0,921 t 0,116

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Fonte: dados da pesquisa

Os testes de média para todos os constructos não foram significantes, permitindo aceitar H0, concluindo que as médias dos dois grupos analisados são iguais. Em ambos os grupos, os alunos são motivados extrinsecamente por controle externo.

4.5.10 Motivação acadêmica versus participação em projetos

Na Tabela 21, são concatenadas as estatísticas dos testes obtidos para a relação motivação acadêmica e participação em projetos.

Tabela 21 - Estatística descritiva e teste do continum de autodeterminação.

Participou Não participou Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P.

Não trabalha na área

Trabalha

na área Teste P-valor

(Continuação)

Participou Não participou Kolmogorov Smirnov

Média D.P. Média D.P.

Não trabalha na área

Trabalha

na área Teste P-valor

MIR 7,369 1,744 7,833 1,573 0,003 0,997 Mann-Whitney 0,001* MIVE 6,531 1,834 6,874 1,905 0,005 0,958 Mann-Whitney 0,008* MEID 8,752 1,096 8,864 1,101 0,163 0,931 t 0,406 MEIN 7,106 2,119 7,27 2,05 0,121 1,000 t 0,041* MECE 8,605 1,428 8,685 1,451 0,122 0,958 t 0,388 DESM 1,649 1,902 1,699 2,068 0,377 0,624 t 0,389

MIS: Motivação intrínseca para saber; MIR: Motivação intrínseca para realização; MIVE: Motivação intrínseca para vivenciar estímulos; MEID: Motivação extrínseca por identificação; MEIN: Motivação extrínseca por introjeção; MECE: Motivação extrínseca por controle externo; DESM: Desmotivação.

Nota: * p < 0,05

Fonte: dados da pesquisa

Os resultados encontrados com o teste de média apontaram diferenças significativas para os constructos MIS, MIR, MIVE e MEIN. O grupo de alunos que não participam de projetos apresentou médias de motivação intrínseca superiores.

Conclui-se que a participação dos alunos em projetos, sejam eles de ensino, pesquisa e extensão, não proporcionam motivação intrínseca superior aos alunos que não participam. Uma possível explicação para esse resultado seria a inserção dos discentes em atividades/experiências, sejam trabalhos na área ou estágios fora da universidade, o que pode proporcionar motivação intrínseca maior.

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