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CAPÍTULO II O INTERCULTURAL E O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

2.2 O ENSINO DE FLE NUMA PERSPECTIVA INTERCULTURAL: UMA

2.2.1 A motivação em aulas de FLE

“Ensinar, não é tornar cheio um vaso, é acender um fogo”31 (Montaigne) No âmbito da nossa pesquisa, o termo motivação será apresentado não como uma análise do seu sentido em todas as áreas do conhecimento, mas no que diz respeito ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira, de maneira empírica, segundo nossa ótica como professores de FLE.

Sabemos que a motivação, na aprendizagem, desempenha um importante papel no sentido de que é ela quem determina e direciona as condutas ou as atividades. Veremos a definição de motivação por estudiosos do tema, no entanto a noção de motivação está ligada não somente a elementos cognitivos ou ao desejo de conhecer que conduzem o aprendente a dar sentido àquilo que aprende. A motivação está também relacionada a fatores externos nos quais diferentes elementos desempenham um papel estimulando ou bloqueando a motivação do aprendente, e a fatores internos. Estes fatores internos podem ser a necessidade e o interesse que mantêm a atenção e o espírito em alerta apesar das dificuldades cognitivas que possam surgir (CUQ, 2003). Motivar o aprendente, portanto, significa, para o professor, encorajá-lo a perseverar e a descobrir sua própria motivação. Para isto, o professor deve favorecer o aumento do interesse pelo projeto afetivo que direcionou a motivação inicial levando ao aprendente a confiar no seu potencial intelectual

Neste sentido, como se apresenta a motivação à oralidade na aula de FLE? Quais são as principais razões pelas quais o aluno é levado a procurar a língua francesa? O que fazer para que a motivação à oralidade seja uma constante nas aulas de FLE? Como prosseguir após os primeiros contatos com a língua estrangeira? Qual o papel do professor neste percurso?

Qual o espaço do livro didático, do “fazer” do professor, do ambiente institucional? Parece- nos que respostas a questões como estas nos ajudam a projetar nossos objetivos de ensino- aprendizagem de FLE e, consequentemente, a desenvolver estratégias que possam atingir tais objetivos.

Nossa experiência em sala de aula de FLE e através dos primeiros contatos com nossos alunos nos deixa afirmar, empiricamente, que alguns alunos, do curso de Letras, habilitação Francês, não têm a intenção de atuar como professores. Portanto, muitas vezes procuram aprender a língua e várias são as razões32 dessa opção. Por outro lado, observamos que vários elementos ligados ao papel do aluno na sociedade influenciam na motivação do mesmo na aprendizagem de uma língua estrangeira. Dentre eles podemos citar a idade, o trabalho, as condições econômicas, o tempo disponível, portanto, o que fazer para que o aluno se (re) motive e prossiga seu percurso na aprendizagem da língua estrangeira?

Sabemos que muitos desistem nos primeiros contatos com a língua, porém os que ficam encontram uma certa motivação para continuar, seja por gostar de ler em francês, seja por gostar da “melodia” da língua francesa ou ainda para conhecer a cultura daquele país visando trabalhar ou ali estudar. O aprendente é motivado, também, pelo desejo de ser socialmente integrado à cultura estrangeira ou pelo desejo de uma promoção profissional. Portanto, o aprendente de FLE tem seus propósitos e metas que o direcionam a aprender esta língua e assim chega à sala de aula motivado a prosseguir nos seus projetos de aprendizagem. É válido salientar que as variáveis afetivas influenciam mais do que as variáveis socioculturais, ou seja, o aprendente pode adquirir uma língua estrangeira com sucesso, não importa as condições socioculturais em que vive. No entanto, nada assegura que a motivação inicial perdure, várias são as vezes em que o aluno se desmotiva pondo um ponto final no processo de aprendizagem da língua estrangeira. Trabalhos de autores como Pressley e Borkowski (1989), Dweck e Elliott (1983), Boruchovitch (2008) e Maximiano (2004) mostram, em linhas gerais, a integração entre os diferentes fatores que compõem a motivação escolar e permitiram então uma organização mais completa e uma gestão mais eficaz das intervenções do professor nesta parte tão importante do ensino-aprendizagem em geral. Neste sentido, a motivação apresenta-se sob dois aspectos, o intrínseco, partindo do interior do

32 Salientamos que este não é nosso tema de tese, no entanto, devido a nossa experiência em sala de

aula, detectamos algumas razões pelas quais os aprendentes são levados a estudar francês. Citar algumas dessas razões poder-nos-ãoorientar no sentido de analisarmos a importância que esta língua representa para a maioria desses aprendentes assim como o grau de motivação para adquiri- la.

aluno e o aspecto extrínseco, diz respeito a algo que vem do seu exterior e que o influencia por meio, por exemplo, das recompensas que recebe.

Em linhas gerais, pode-se dizer que o aluno de FLE apresenta uma motivação tanto intrínseca como extrínseca. Registramos o primeiro tipo de motivação quando o aluno procura aprender a língua para responder a necessidades, interesses ou ainda preferências que lhes são peculiares. Podemos citar como exemplo do que acabamos de afirmar o nosso aluno de FLE que muitas vezes ingressa no curso por achar que o francês é uma bela língua, por puro interesse na cultura deste idioma ou ainda com o objetivo de continuar os estudos na França. Este aluno intrinsecamente motivado aprecia a tarefa pela atividade que lhe for interessante, envolvente e geradora de satisfação.

O segundo tipo, a motivação extrínseca, é quando o aluno é influenciado pelos estímulos e reforços do exterior (TARDIF, 1992, p. 91). Na sala de aula de FLE podemos destacar como exemplo o aprendente que recebe uma boa nota em língua francesa ou ainda aquele que recebe uma bolsa para concluir seus estudos naquele país, entre outros. É importante salientar que, tanto a motivação intrínseca quanto a extrínseca, na realidade do ensino/aprendizagem de FLE, estão diretamente relaciona das à estratégia empregada pelo professor.

2.2.2 Motivação: uma estratégia de ensino/aprendizagem de FLE numa perspectiva