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PARTICIPANTES DA PESQUISA: ALUNOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA

CAPÍTULO III DELIMITAÇÃO DO CORPUS DA PESQUISA

3.4 PARTICIPANTES DA PESQUISA: ALUNOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA

No âmbito da nossa pesquisa, em que o ensino de língua francesa acontece num contexto que não é aquele onde se fala a língua estrangeira em estudo, e uma vez que o intercultural implica na troca entre várias culturas num enriquecimento mútuo, concedemos um lugar de relevância à relação língua e cultura no ensino-aprendizagem de FLE. Como já o afirmamos, este enriquecimento mútuo devido às trocas culturais, não se realiza somente no

sentido unilateral, ou no sentido do conhecimento da cultura francesa, mas também em relação ao conhecimento de aspectos culturais inerentes à língua-cultura brasileira.

Neste sentido, a perspectiva intercultural aqui proposta não acontece unicamente em termos de inter-relação entre a língua francesa e a língua materna. Nossas salas de aula estão repletas de alunos oriundos de diferentes regiões brasileiras, de diferentes cidades do Brasil e, mesmo morando na mesma cidade, são também portadores da cultura de diferentes bairros, e micro-cosmos plurais cujas características culturais emergirão a partir do momento em que também se descobrem fatores socioculturais estrangeiros.

As reflexões acima serão importantes na apresentação do nosso público observado. Portanto, nossas observações iniciaram-se no curso de Letras/ habilitação em língua francesa, no segundo semestre do calendário universitário da UFPB do ano de 2006 e concluídas no segundo semestre do ano de 2007. Na Aliança Francesa, as observações ocorreram durante os dois semestres do ano de 2008. Os alunos observados, nas duas instituições, foram os mesmos do início ao fim da pesquisa, completando um total de dois (02) semestres de observação e um total de, entre as duas instituições, vinte e um (21) alunos observados. É importante salientarmos que estas observações foram realizadas pela própria professora/pesquisadora, em suas aulas de francês língua estrangeira, (FLE) quando atuou como professora substituta do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (DLEM) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e também como atual professora da Aliança Francesa de João Pessoa, Paraíba. 3.4.1 Perfil sociocultural e objetivos dos alunos da UFPB participantes da pesquisa

É válido salientarmos que conhecer o perfil cultural dos aprendentes, no que concerne sua origem natal, sua profissão, seus objetivos, entre outros, são de grande importância para a realização de um trabalho numa perspectiva intercultural uma vez que todos esses legados culturais, que fazem parte da “cultura individual” desses aprendentes, contribuirão no momento em que entrarão em contato com a língua-cultura estrangeira FLE. Neste sentido, desde os primeiros contatos com os aprendentes, na expectativa de “quebrar o gelo” do primeiro dia de aula, procuramos indagar-lhes sobre estes aspectos46.

Segundo o que conseguimos registrar, por meio de conversas informais e como veremos em algumas respostas ao questionário e à entrevista, os alunos da UFPB observados são brasileiros, a maioria, nordestinos, nascidos em João Pessoa e no interior do Estado da

Paraíba. No entanto, três desses alunos vinham de São Paulo, Curitiba e Salvador, que, por razões não citadas, vieram morar em João Pessoa. Duas das alunas havia morado na Inglaterra e outra na Holanda, a primeira, a aluna T, fora morar em Londres para estudar a língua inglesa (língua que fala fluentemente e leciona num estabelecimento de cultura inglesa de João Pessoa); a outra, a aluna E, morou na Holanda, em Amsterdam, numa residência de uma família holandesa onde trabalhou e estudou por algum tempo.

A maioria dos participantes era professor de língua portuguesa, inglesa, italiana e francesa; havia um aluno bancário e pouquíssimos sem profissão. Em conversas informais, não registradas nos questionários, pudemos constatar que poucos eram casados e a religião da grande maioria era a católica mas havia também evangélicos e ateus. Seus objetivos variavam entre aprender a língua francesa no intuito de viajar e conhecer mais de perto sua cultura e lecionar esta língua estrangeira.

Estes alunos são graduandos do curso de Letras, habilitação Francesa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB-João Pessoa), mais precisamente do 1º, 2º e 7º estágios. Podemos caracterizá-los como um público heterogêneo, ou seja, de faixas etárias variadas, assim como suas profissões e estados civis. Como poderemos constatar nas entrevistas, a maioria desses alunos tem por objetivo, entre outros, desenvolver a oralidade em FLE e eliminar a barreira da timidez oriunda do medo que muitos tem de cometer erros.

À guisa de exemplificação do que acabamos de afirmar, podemos citar o depoimento da aluna S (Apêndice J):

a minha maior dificuldade sempre foi e ainda é... falar... porque eu tive grande facilidade de ler.. de entender as pessoas falando... mas a fluência eu ainda não consegui pegar a fluência... eu não sei se é algum bloqueio... alguma coisa... minha timidez... mas é o que eu preciso melhorar e sempre tive muita dificuldade...

Assim, podemos afirmar que alunos como S são conscientes, portanto, das suas necessidades e dificuldades na aprendizagem de FLE e isto faz com que, a cada aula, uma reflexão e um diálogo sobre o processo de ensino/aprendizagem de língua estrangeira se mantenha na sala de aula, essa era a situação do grupo-classe.

3.4.2 Perfil e objetivos dos alunos da Aliança Francesa (AF) participantes da pesquisa

Os alunos da AF observados são do 4º e 5º estágios com idades variando entre 14 e 16 anos, portanto não exercem ainda uma profissão. Ao longo das aulas, constatamos que são

filhos de profissionais liberais e donas de casa. Todos nordestinos e paraibanos e a grande maioria morando em João pessoa, Paraíba; somente dois alunos residiam em Santa Rita. A grande maioria desses alunos tem familiares no interior do Estado da Paraíba (Santa Rita, Bananeiras, Santa Luzia), para onde se dirigem na época das férias do mês de dezembro.

Alguns desses alunos estão concluindo o ensino médio nos colégios Lyceu Paraibano e no Olivina Olívia, situados em João Pessoa. Estes alunos, diferentemente da maioria do quadro discente da Aliança Francesa, fazem parte do Convênio N 0293/2008 firmado entre a Associação de Cultura Franco-Brasileira – Aliança Francesa – e a Secretaria de Estado da Educação e Cultura da Paraíba. O objetivo desse Convênio é o de estabelecer um regime de mútua cooperação com vistas à concessão de 200 bolsas de estudos na Aliança Francesa de João pessoa, Paraíba, no curso de francês a alunos pertencentes a 10 escolas da rede estadual de ensino, sendo 05 escolas em João Pessoa e outras 05 em Campina Grande, na Paraíba.

Os objetivos dos alunos da AF, no que concerne a aprendizagem de FLE, variam entre adquirir proficiência nessa língua, uma vez que a escolheu como língua estrangeira no vestibular, ou ainda, aprender mais uma língua-cultura estrangeira para poder conversar com franceses por meio da Internet, entre outros.