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MOTIVAÇÃO PARA A FORMAÇÃO DE ALIANÇAS ENTRE AS EMPRESAS

Alianças no segmento da construção civil não são novidades no Brasil, nem tampouco em Salvador-Ba. Too e Harvey (2009) apresentam estudo sobre a importância da velocidade da gestão no segmento de construção civil e da necessidade de gestores que saibam fazer adequadas interpretações dos fatos no tempo e no momento, numa visão contextualizada sócio, político e econômica. Destacam sete elementos chave para tal gestão eficaz neste segmento, sendo eles: prazo, tempo, temporalidade, sincronismo, sequência, antecipar/reduzir lapsos de tempo e simultaneidade. Dentro do sétimo elemento (simultaneidade), os autores destacam a importância de alianças

estratégicas para alcançar tal, vez que os gestores de empresas do ramo não podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, tendo de multiplicar-se. Podem alcançar tal objetivo a partir de alianças com empresas com áreas e objetivos semelhantes. Destaca ainda que estudos realizados tem demonstrado que muitas alianças estratégicas falham por falta de confiança e por choque cultural entre as organizações.

Em pesquisa sobre alianças estratégicas no segmento da indústria da construção civil imobiliária da Bahia, Avelar (2006) destaca que a cultura das empresas baianas as conduz a “formar parcerias ou a negociar pra que as empresas envolvidas (em uma disputa pela aquisição de um terreno) saiam ganhando conjuntamente.” (p.95), sendo preferível entrar em negócios em que as concorrentes possam ganhar conjuntamente do que entrar em disputas que possam trazer prejuízo a todas.

Reis (2007), em estudo sobre a participação de empresas estrangeiras no mercado imobiliário baiano, identificou que duas delas entraram no mercado local a partir de alianças, uma com empresa local, outra fruto de aliança entre empresas portuguesas.

A Lizconstruções iniciou a sua atuação no mercado imobiliário de Salvador e RMS mediante o estabelecimento de aliança estratégica com uma tradicional empresa local de empreendimentos imobiliários. (p.65).

e

A Reta Atlântico [...] é fruto de uma aliança estratégica entre quatro empresas construtoras e incorporadoras portuguesas, todas elas já com outras experiências de atuação no mercado internacional. (p. 72).

Avelar (2006) aponta ainda que os principais motivos para a formação de alianças no mercado baiano são: divisão de riscos e melhores condições de custos, sendo a maioria das alianças firmadas no mercado, representada pela divisão de responsabilidades: um parceiro fica responsável pela incorporação e o outro pela construção, duas áreas distintas e importantes no processo produtivo do segmento em questão. Outros motivos apontados em seu estudo indicam ainda: tecnologia construtiva, poder de mercado, acesso à matéria prima (terreno), diversificação, confiança, agrupados no Quadro 5.

Quadro 5 - Fatores que Motivam as Empresas a Formarem Alianças com Concorrentes (2006) FATORES QUE MOTIVAM AS EMPRESAS A FORMAREM ALIANÇAS COM

CONCORRENTES – Estudo realizado em empresas de Salvador-Ba Redução dos custos

Aprendizado mútuo

Diversificar as opções de imóveis a oferecer ao mercado Fortalecer a imagem no mercado para atrair o público alvo Compartilhar as principais competências de cada empresa Dividir riscos

Relações de amizade e afinidade entre os executivos

Possibilidade de pagar a parte no empreendimento través da construção da edificação

Fonte: Avelar (2006).

Akintoye e Main (2007), em estudo realizado com empresas do ramo da construção do Reino Unido, identificaram, por ordem de importância, as razões para a formação de alianças estratégicas naquele país (Quadro 6):

Quadro 6 - Motivos para a Colaboração na Indústria da Construção por Categorias

MOTIVOS PARA A COLABORAÇÃO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO POR CATEGORIAS – REINO UNIDO

Estratégia de partilhar riscos Acesso à inovação e tecnologia Resposta ao mercado

Eficiência dos recursos Exigência dos clientes

Fonte: Quadro montado pela autora partir de Akintoye e Main (2007).

Observa-se grande congruência de fatores citados nos dois estudos, mesmo em realidades de países distintas. Nota-se maior referência, no entanto, às motivações comerciais (resposta ao mercado e exigência dos clientes), dois itens listados pelas empresas do Reino Unido. Tal fato talvez se explique pela maturidade daquele

mercado, em contraste ao mercado brasileiro ainda com forte demanda reprimida à época do estudo elaborado por Avelar.

Seis anos que separam o estudo de Avelar (2006) e este mostram que as motivações para a formação de alianças sofreram mudanças assim como a velocidade, abrangência e formas. A diluição de riscos e a melhoria da posição de competitividade se mantêm como fortes motivações para a formação destas alianças, porém, outras variáveis se apresentam fortes, com destaque para: viabilizar empreendimentos de grande porte, apoio na entrada e criação de novos mercados. A redução de custos, por sua vez, não se apresenta mais como fator motivador predominante (Figura 24), o que reforça os estudos da FIESP (2010) indicando uma baixa inovação tecnológica dos processos produtivos que, aliado às fortes concentrações de mercado de matérias primas primordiais no segmento, referendadas nesta pesquisa, apontam para uma certa comoditização de custos.

Figura 24 - Fatores que Motivam as Empresas a Formarem Alianças com Concorrentes (2013)

Fonte: A autora.

Da pesquisa realizada, identificamos três tipos de empresas envolvidas nas alianças: as empresas estrangeiras, com origens em outros países, as empresa nacionais, com sede fora de Salvador e as empresas locais. Encontramos uma coerência e repetição

nas formas de associação em função da origem das empresas. As empresas estrangeiras, associaram-se a outras empresas estrangeiras para entrar no mercado baiano; as empresas nacionais associaram-se a empresas locais com o mesmo objetivo e as empresas locais associaram-se com empresas nacionais e também com empresas locais, esta última prática já adotada no mercado.