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O MUNICÍPIO NA SUA TRADIÇÃO NA PRODUÇÃO DO AÇAÍ

No documento Série Estudos do Numa (páginas 167-170)

O MUNICÍPIO NA SUA TRADIÇÃO NA PRODUÇÃO DO AÇAÍ

O açaí, espécie nativa da região amazônica cujo nome científico foi dado pelo alemão Karl Friedrich Philipp von Martius como Euterpe oleracea Mart. é uma palmeira pertencente ao gênero Euterpe da família Palmae, nativa da Amazônia brasileira. São encontradas em áreas de várzeas nos estuários dos rios Tocantins, Pará, Amazonas, sendo no Estado do Pará o principal centro de dispersão natural dessa palmácea. Em outros estados também se encontram como no Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins (SILVA, 2011; PAGLIARUSSI, 2010; RODRIGUES et al, 2015).

Essa palmeira pode atingir em média cerca de 25 metros de altura, são formadas por touceiras, geralmente uma touceira de açaizeiro constituem de cinco plantas adultas. É considerada heliófila por crescer exageradamente à procura de luz solar, desenvolvendo um estipe (caule) fino, folhagem de tamanho reduzido, inflorescência de baixa produção e palmito pequeno. O tipo mais comum encontrado é o açaí preto, o fruto quando maduro apresenta a polpa de coloração escura, e o açaí branco, o fruto apresenta coloração esverdeada mesmo quando o fruto está maduro. O açaí mais consumido e comercializado é o de coloração arroxeada devido a sua variedade ser mais abundante e mais resistentes a ataques de broca.

Além do fruto do açaizeiro ser fonte de alimento aproveita-se o: estipe (caule) para construção de casas rústicas, pontes, cercas e currais; as folhagens para coberturas das casas e paredes, produtos artesanais, proteção solar; cacho servem como vassouras;

o palmito utilizado pelas indústrias de conservas para produção de picles, consumidas em saladas, tortas e entre outros; e as raízes servem como vermífugos (VEDOVETO, 2008; CUNHA, 2006).

O Açaí, até o final do século XX, era considerado alimentação básica dos povos ribeirinhos e de família de baixa renda consumida geralmente com farinha de mandioca, farinha de tapioca, peixe frito, carne seca, como complemento. O Açaí tem várias formas de consumo seja como polpa pura, conforme a Figura 1, bebidas energéticas, sucos, sorvetes e cremes. Nos meados da década de 1990 a demanda pelo consumo aumentou significativamente, a população de maior poder aquisitivo também passa a ser consumidor comum (PAGLIARUSSI, 2010;

RODRIGUES et al, 2015).

O Estado do Pará é o maior produtor e consumidor de açaí, sendo responsável pela produção de 95% do fruto. Além do Estado do Pará outras regiões do Brasil começaram a consumir o açaí, e o mercado internacional como os Estados Unidos, países da União Europeia e o Japão, por exemplo. Esse crescimento se dá por questões alimentícios, por meio de questões culturais, no uso de cosméticos e na saúde (PAGLIARUSSI, 2010).

Figura 1: Polpa do fruto do açaí

Fonte: Imagem do autor

Os derivados do açaí são comercializados na forma de suco do açaí pelas “batedeiras” (termo comum utilizada pela forma de como é extraído o suco), mas também em supermercados como polpa da fruta, em academias e lojas de fast food para atender seu novo mercado, os consumidores de maior poder aquisitivo. Esse mercado tem-se caracterizado por uma demanda progressiva e maior que a oferta, pressionando o preço do produto, porém com o crescimento nas exportações de 2002 para 2009 teve diferença de US$ 1,04 milhão para US$ 24,0 milhões (NOGUEIRA et al, 2013).

O açaí no Estado do Pará tem transformado a cadeia nas últimas décadas seja no plantio, produção, mercado, consumidor e no meio ambiente. No município de Tomé-Açu foi fundada em 1931 uma cooperativa por imigrantes japoneses, a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), primeiramente com produção em hortaliças, em 1953 como produtora e exportadora de pimenta-do-reino. E em meados da década de 1970 com o aparecimento da fusariose, uma doença que reduz de imediato a vida útil do pé de pimenta-do-reino, uma das principais culturas do município, o açaí foi uma alternativa para compor o Sistema

Agroflorestal (SAF) (MIYAGAWA et al, 2015; FRAZÃO et al, 2005).

No começo da década de 1980 no município de Tomé-Açu por meio dos investimentos gerados pelos plantios de frutíferas na região motivou a construção de uma fábrica de processamento de polpa de frutas. O mercado do açaí sofreu grande influência com a venda de polpas congeladas e, ou, pasteurizadas, nas regiões locais e nos países, acarretando a diminuição da oferta do produto e consequentemente no aumento do preço (NOGUEIRA et al, 2013; FRAZÃO et al, 2005).

Neste contexto, o açaí vem sofrendo transformações estruturais, uma delas está na forma de produção com a expansão dos açaizais manejados, nas áreas de várzeas e igapós, em áreas de terra firme com a utilização de irrigação, em Sistemas Agroflorestais e consórcios (NOGUEIRA et al, 2013).

CADEIA PRODUTIVA DO AÇAI

Segundo Silva 2007, a cadeia produtiva pode ser estabelecida como um conjunto de elementos, sistemas, empresas, que participam de um processo produtivo para oferta de produtos e serviços ao mercado consumidor. A cadeia produtiva pode ser idealizada como a ligação e a inter-relação de vários elementos para oferecer ao mercado commodities agrícolas in natura ou processadas.

Entende-se também como um grupo responsável na área econômica que se relaciona e associa para atender ás necessidades dos consumidores, as diversas mudanças na dimensão econômica da produção e comercialização do fruto do açaí, almejando melhoria na competitividade e eficiência dos responsáveis envolvidos. Podem ser entendidas como uma organização que engloba desde as atividades mais básicas de fornecimento de matéria prima em um extremo até o sistema de distribuição da produção.

Na cadeia produtiva observa-se a influência direta e indireta das empresas, dos atravessadores, dos consumidores no mercado do açaí, onde são entendidas como ligação técnica, econômica ou

No documento Série Estudos do Numa (páginas 167-170)