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02 Cascavel 34 03 Cianorte 11 04 Cornélio Procópio 23 05 Curitiba 36 06 Foz do Iguaçu 14 07 Francisco Beltrão 27 08 Guarapuava 21 09 Irati 09 10 Ivaiporã 21 11 Jacarezinho 23 12 Londrina 32 13 Maringá 29 14 Paranavaí 29 15 Pato Branco 15 16 Ponta Grossa 18 17 Umuarama 23 18 União da Vitória 09

TOTAL: 18 Escritórios Regionais TOTAL: 399 Municípios

O Escritório Regional de Guarapuava é responsável por 21 municípios, conforme o quadro acima. Sendo assim, de 2007 até 2010 a SETP continua organizada em 18 escritórios.

Mudar uma forma de organização talvez seja até mais fácil do que mudar concepções a respeito de determinado assunto, pois isso é bem mais complexo e demanda um trabalho de formação e conscientização. Porém, nesse processo, mais que mudar estruturas faz-se necessário mudar as concepções, não só da população, mas, principalmente dos responsáveis pelas estruturas administrativas no Estado. A respeito disso, Silveira e Battini (2003) apontam alguns impasses para a construção do Sistema Descentralizado e Participativo, tais como:

[...] processos de ingovernabilidade, com insuficiências; uma burocracia local com baixa qualificação; precariedade na capacidade fiscal local em geração de receitas; ambigüidade (sic) quanto às competências; perda da capacidade regulatória do governo central; fragmentação institucional com proliferação de entes administrativos; tendências ao clientelismo. Em resumo significa: ‘neocolonialismo’, exclusão social e desorganização institucional (SILVEIRA e BATTINI, 2003, p. 64-65).

Esses fatores são apontados por elas como dificultadores da gestão das políticas públicas de modo geral nos municípios, o que não é muito diferente quando se fala de Assistência Social. Um Estado acostumado à centralização, ao comando dos coronéis e ao domínio de uma pequena elite (COSTA, 2006)25 precisaria, obviamente, de um processo intensivo de sensibilização, realizado através de capacitações diversificadas, para que se pudesse mudar a cultura construída ao longo do tempo.

Entre 2010 e 2014 houve mais uma mudança do nome da secretaria de Estado. Ela deixou de se chamar Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social para chamar-se Secretaria de Estado, Emprego e Economia Solidária. Em 2014, esse nome sofre nova modificação e passa a chamar-se Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (SEDS). Além da mudança de nome, houve ainda a criação de novos escritórios regionais e uma nova divisão dos municípios para cada regional, conforme o quadro a seguir:

25“Esse tipo de cultura política foi o berço do patrimonialismo em que os interesses privados das elites econômicas prevaleceram sobre os coletivos, do conjunto da população brasileira” (COSTA, 2006, p. 110).

Quadro 7 – Os municípios e as famílias do Cadúnico de cada escritório regional do Estado do Paraná ESCRITÓRIOS REGIONAIS MUNICÍPIOS FAMÍLIAS NO CADÚNICO 01 Apucarana 13 47.029 02 Campo Mourão 25 59.108 03 Cascavel 19 63.199 04 Cianorte 12 18.579 05 Cornélio Procópio 22 42.591 06 Curitiba 29 286.488 07 Foz do Iguaçu 14 61.578 08 Francisco Beltrão 27 44.622 09 Guarapuava 14 61.178 10 Irati 09 23.890 11 Ivaiporã 19 36.649 12 Jacarezinho 23 51.062 13 Laranjeiras do Sul 10 21.125 14 Londrina 20 103.868 15 Maringá 29 77.794 16 Paranaguá 07 42.532 17 Paranavaí 29 44.827 18 Pato Branco 15 31.567 19 Ponta Grossa 18 87.162 20 Toledo 15 29.420 21 Umuarama 21 31.758 22 União da Vitória 09 24.018 TOTAL: 22 1.290.044

Fonte: SUAS Visor, Data Social e Relatórios de Informações Sociais RI Social Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

Portanto, houve o aumento de 04 escritórios regionais, sendo: Apucarana, Laranjeiras do Sul, Paranavaí e Toledo. Essa é uma forma de descentralizar o atendimento às políticas coordenadas pela SEDS. Nessa nova divisão, o escritório regional de Guarapuava, que era responsável por 21 municípios, agora responde por apenas 14. Isso facilita o acompanhamento de todas as políticas desenvolvidas nos municípios, por parte da secretaria.

Atualmente ainda funcionam os Fóruns de Assistência Social (FOREAS) em pelo menos 12 escritórios regionais dos 22 que o Estado possui. No quadro a seguir, visualiza-se como está o funcionamento desses FOREAS em cada escritório regional.

Quadro 8 – Situação atual dos Fóruns de Assistência Social (FOREAS)

ESCRITÓRIOS REGIONAIS SITUAÇÃO ATUAL

01 Apucarana 02 Campo Mourão 03 Cascavel Fraco 04 Cianorte 05 Cornélio Procópio 06 Curitiba Atuante

07 Foz do Iguaçu Fraco, desarticulado 08 Francisco Beltrão Fraco

09 Guarapuava Desarticulado

10 Irati Não tem

11 Ivaiporã Atuante

12 Jacarezinho Não se sabe se está atuando ou não 13 Laranjeiras do Sul Atuante até final de 2014

14 Londrina Desarticulado

15 Maringá Em processo de articulação 16 Paranaguá 17 Paranavaí Desarticulado 18 Pato Branco 19 Ponta Grossa 20 Toledo 21 Umuarama 22 União da Vitória

Fonte: Pesquisa numa reunião do Conselho Estadual de Assistência Social (CEAS) em março de 2016.

Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

É importante ressaltar que o Escritório Regional de Foz do Iguaçu foi um dos primeiros a ser articulado, cujo regimento serviu de modelo para outras regiões e até para outros Estados, no entanto, atualmente está fraco. Houve agendamento de reunião em março do corrente ano. Não se tem notícias se os demais escritórios estão em funcionamento ou não. Em sua origem no Estado, o FOREAS “[...] seria um espaço plural, de organização livre, com a participação de instituições, associações, órgãos governamentais e não governamentais [...]” (SILVEIRA e BATTINI, 2003, p. 56) e continua sendo esse espaço, mas precisa ser fortalecido e retomado como em sua gênese. Assim, percebe-se que houve certo enfraquecimento da articulação inicial que deu origem a toda a construção da política no Estado.

No Estado do Paraná está organizado e em funcionamento a esfera do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS). Esse Colegiado (CONGEMAS-PR) tem por finalidade: Congregar os gestores municipais de assistência social, funcionando como órgão permanente de intercâmbio de experiência social no Estado; atuar para garantir o cumprimento da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, ou, qualquer outra em vigência, bem como, o acesso da população às ações e serviços de assistência social (PARANA, 2001, Art. 2º).

É importante ressaltar que o Colegiado busca reunir os gestores municipais da Política de Assistência Social, funcionando como uma forma de apoio mútuo na construção da política em todo o Estado. Para cumprir as finalidades acima mencionadas, o CONGEMAS-PR propõe- se a:

a) Promover encontros, seminários e outros eventos que possibilitem discussões e troca de experiências; b) Representar os municípios associados em ações judiciais coletivas, defendendo os interesses municipais na área de assistência social; c) Garantir aos gestores municipais de assistência social participação nas decisões tomadas pelos órgãos federais, estaduais e municipais, que lhe interessem diretamente; d) Desencadear um processo permanente de reivindicação de recursos financeiros aos municípios para que possam de forma efetiva assegurar ações que beneficiem a população; e) Participar da formulação das políticas de assistência social no Estado, com representação em instâncias decisórias e acompanhar sua concretização nos planos, programas e projetos respectivos; f) Apoiar a organização dos gestores municipais de assistência social transmitindo aos municípios o máximo de informações que possibilitem a obtenção de recursos financeiros e técnicos, buscando a ampliação de repasse de recursos destinados à assistência social dos municípios; g) Propor a formulação de projetos de lei, à instâncias legislativas que versem sobre a Assistência Social no âmbito do Estado e

Federação; h) Participar das decisões na área de Assistência Social enquanto parte integrante da estrutura do Sistema Descentralizado e participativo no Estado do Paraná (PARANÁ, 2001, Art. 2º - Parágrafo Único).

A organização do CONGEMAS-PR se dá por meio de instâncias deliberativas e executivas, sendo: “I Assembléia (sic) Geral (AG); II Diretoria Executiva (DE); III Conselho de Representantes Regionais (CRR); IV Conselho Fiscal (CF)” (PARANÁ, 2001, Art. 4º).

Em todo o Estado estão instalados os equipamentos da Assistência Social. O CRAS tem o papel de prestar serviços na modalidade de proteção social básica, visando prevenir situações de risco, assim como enfrentar as vulnerabilidades sociais das famílias de cada território. Na sequência, observa-se a quantidade desses equipamentos instalados em todo o Estado.

Gráfico 2 – Equipamentos da Política de Assistência Social no Estado do Paraná

Fonte: Data Social, 2014.

Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

O Estado do Paraná pode contar, atualmente, com 793 equipamentos da Assistência Social, sendo 607 que prestam serviços na modalidade da proteção social básica e 168 que prestam serviços na modalidade da proteção social especial de média complexidade e 18 que prestam serviços de alta complexidade. O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (CREAS POP) é destinado ao atendimento da população que vive em situação de rua. Esse grupo é assim conceituado:

0 200 400 600 800 CRAS CREAS CREAS POP 607 168 18

Grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória (BRASIL, 2009, Art. 1º - Parágrafo único).

Esse decreto institui a Política Nacional para População em Situação de Rua. Considerando a heterogeneidade e a complexidade desse grupo populacional que requer os serviços e benefícios da Assistência Social, enquanto modalidade de proteção social especial de alta complexidade, essa política tem como objetivo:

Possibilitar condições de acolhida na rede socioassistencial; contribuir para a construção ou reconstrução de novos projetos de vida, respeitando as escolhas dos usuários e as especificidades do atendimento; contribuir para restaurar e preservar a integridade e a autonomia da população em situação de rua; promover ações para a reinserção familiar e/ou comunitária (MDS, 2011, p. 76).

Veremos a seguir que o Estado pode contar com 545 equipamentos de acolhida que prestam serviços na modalidade da proteção social especial de alta complexidade, conforme mostra o gráfico a seguir.

Gráfico 3 – Equipamentos de acolhida no Estado do Paraná

Fonte: Data Social, 2014.

Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

Os equipamentos de proteção social de alta complexidade são destinados a atender pessoas e famílias em situação de risco social e com violação de direitos, que por conta disso perderam seus vínculos famílias e/ou comunitários. Eles devem garantir proteção integral no que se refere à moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido (BRASIL, 2004). Portanto, trata-se de:

Acolhimento em diferentes tipos de equipamentos, destinado a famílias e/ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir proteção integral. A organização do serviço deverá garantir privacidade, o respeito aos costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual (CNAS, 2009, p. 31). Segundo essa resolução do CNAS, a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e todo o atendimento deve ser priorizado para indivíduos e grupos de forma personalizada, respeitando as condições sociais e as necessidades desses sujeitos, visando favorecer a convivência familiar e comunitária, além do resgate e/ou fortalecimento dos vínculos. Os equipamentos que prestam serviços nessa modalidade devem possuir a característica de residência, justamente para se criar um ambiente familiar para o sujeito que está com seus vínculos fragilizados.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 381 118 7 23 2 4 10

Para todos os tipos de serviços prestados em cada modalidade de proteção social e em cada equipamento com suas características e estrutura, conforme a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (CNAS, 2009), a Política de Assistência Social pode contar com os trabalhadores da área. São equipes formadas por diversas áreas do saber, que possuem funções específicas em cada modalidade de serviços, conforme a NOB-RH/SUAS (BRASIL, 2011c) (FERREIRA, 2011). No gráfico a seguir, pode-se observar com quantos e com que área de formação a política pública no Estado pode ser executada.

Gráfico 4 – Recursos Humanos dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) no Estado do Paraná

Fonte: Data Social, 2014.

Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

E no gráfico abaixo retrata-se a quantidade e a formação dos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no Estado do Paraná, na modalidade de proteção social especial de média complexidade.

EF

Incompleto EF completo EM completo

Ensino Superior Série1 134 435 2.128 2.767 0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Gráfico 5 – Recursos Humanos dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) no Estado do Paraná

Fonte: Data Social, 2014.

Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

Cada equipamento da Assistência Social precisa conter uma equipe de referência, constituída por trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Essas equipes de referência “[...] são aquelas constituídas por servidores efetivos responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial [...]” (FERREIRA, 2011, p. 25). As áreas de formação exigidas variam de acordo com a modalidade de serviço, mas, de modo geral, são assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, advogados, administradores, antropólogos, entre outros. É com esses equipamentos e com esses trabalhadores que tanto o Plano Brasil Sem Miséria quanto o Programa Família Paranaense (PFP) podem contar.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Paraná conta, atualmente, com cerca de 11,08 milhões de habitantes; destes, 1.290,044 estão cadastrados no CadÚnico. Isso significa que em torno de 10% da população necessita de algum tipo de atendimento socioassistencial. Para cadastrar-se no CadÚnico, a família deve ter o seguinte corte de renda: até ½ salário mínimo (R$ 440,00) por pessoa, até três salários mínimos (R$ 2.640)26, ou maior que três salários mínimos, desde que o cadastramento esteja vinculado à inclusão em programas sociais nas três esferas do governo.

26 Esses valores têm como referência o salário mínimo vigente no ano de 2016 no Brasil. 27 69 376 890 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Diante desses números, considera-se importante buscar os dados relativos à pobreza no Estado do Paraná, já que a pesquisa foca nos espaços de execução de políticas de combate à pobreza. Assim, encontraram-se apenas dados sobre a extrema pobreza no Estado desde 2003, quando a nível nacional estava sendo unificado o Programa Bolsa Família.

Gráfico 6 – Extrema pobreza no Estado do Paraná

Fonte: Data Social, 2016.

Organização: PRATES, Angela Maria Moura Costa.

Percebe-se, pois, que os números de 2010 não aparecem porque não estão registrados no sistema por motivos desconhecidos. Todavia, é possível visualizar como a extrema pobreza no Estado tem diminuído significativamente. Entre 2012 e 2014 houve aumento dela, e é nesse período que se iniciou a elaboração do Programa Família Paranaense, que será discutido na sequência. Através desses dados é possível revelar a importância dos programas de transferência de renda no Estado, mesmo que isso não signifique que essas famílias saíram da situação de pobreza. O que os programas de transferência de renda fazem é aumentar a renda e, com isso, esses sujeitos escapam das estatísticas de extrema pobreza.

0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 400.000 200320042005 2006 2007 2008 2009 2011 20122013 2014 360.834 298.848298.979 222.704 183.929 165.225171.232 107.728 92.995 121.545 76.134

Na sequência, mostra-se como o PFP está organizado e quais são as suas atribuições enquanto política de combate à pobreza no Estado do Paraná. 2.2 O PROGRAMA FAMÍLIA PARANAENSE (PFP) COMO POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO À POBREZA NO ESTADO DO PARANÁ

O real não está nem na saída nem na chegada; ele se dispõe para a gente é no meio da travessia

(Guimarães Rosa, Grandes Sertões Veredas). O Programa Família Paranaense (PFP) é uma iniciativa do governo do Estado do Paraná, gestão Beto Richa, e é administrado pela Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (SEDS). A cartilha que explica todos os fundamentos e funcionamento do programa é sugestiva: “Família Paranaense – uma nova vida começa aqui” (PARANÁ, 2012). No desenvolvimento desta seção será possível mostrar como o governo pretende “criar” uma nova vida para as famílias que vivem em situação de miséria e pobreza em todo o Estado.

No ano de 2011, no cenário nacional se inaugura o Plano Brasil sem Miséria (PBSM). No Estado, o governo lança em 2013 oficialmente o Programa Família Paranaense (PFP). A lei que cria o programa é a Lei de nº 17.734, de 29 de outubro de 2013 (BRASIL, 2013a). Em seu artigo 4º, ficam instituídos os objetivos do programa, sendo:

I promover a melhoria das condições de vida e o protagonismo das famílias em situação de vulnerabilidade social, através da oferta de um conjunto de ações, serviços e benefícios planejados de acordo com a realidade de cada família e do território onde ela reside; II promover a integração entre as políticas públicas de Estado; III estabelecer diretrizes, orientar e assessorar os municípios para o acompanhamento familiar intersetorial; IV cofinanciar ações, serviços e benefícios; V fomentar a integração das políticas sociais de âmbito municipal, com vistas a promover, aprimorar e desenvolver ações e serviços intersetoriais voltados às famílias beneficiárias; VI promover a busca ativa, o cadastramento e o acompanhamento das famílias em situação de

vulnerabilidade social; VII contribuir para a autonomia das famílias, através da transferência de renda e da execução de projetos complementares, da qualificação profissional e do acompanhamento familiar intersetorial; VIII promover estudos, pesquisas e indicadores sobre as condições de vida das famílias e sobre a gestão dos serviços no Estado e nos municípios (PARANÁ, 2013, Art. 4º). Na perspectiva do governo, trata-se de uma política criativa e inovadora que busca romper com as situações de vulnerabilidade e risco social de famílias que vivem em situação de pobreza em todo o Estado. Na região Sul, o Paraná não se apresenta como um Estado pobre, mas existe desigualdade de renda se fizer uma comparação entre os 399 municípios do Estado. “O Paraná é o Estado com o 6º IDH mais alto do Brasil, porém, quando calculado por município, revela que, dos 399 municípios do Paraná, 296 estão num patamar inferior ao IDH médio do país, de 0,766” (PARANÁ, 2012, p. 05). E o Centro Sul do Estado, campo empírico da presente pesquisa, é conhecido como bolsão de pobreza por abranger os municípios com o IDH mais baixo do Estado.

É importante salientar que não há menção alguma de que o Programa Família Paranaense tenha ligação com o Plano Brasil sem Miséria do governo federal ou que seja uma forma de executar o PBSM, com as características do governo do Estado. Todavia, mesmo não havendo menção alguma ao Brasil Sem Miséria, reserva-se aqui a liberdade em comparar os dois programas.

Percebe-se que a dimensão da intersetorialidade é ponto comum entre os programas. O PBSM agrupa 22 ministérios, os quais possuem responsabilidades por desenvolver programas, projetos e serviços em suas respectivas áreas para o enfrentamento da pobreza. É claro que a Política de Assistência Social, através do SUAS, tem grande responsabilidade. Funciona como a porta de entrada para todas as demais políticas públicas. É através do SUAS que se identificam as demandas e se dão os encaminhamentos para as referidas políticas. O PFP também funciona da mesma forma, quando envolve secretarias consideradas essenciais, como a Assistência Social, Educação, Saúde, Habitação, Trabalho e Agricultura, obrigatoriamente. E também outras políticas de áreas afins são convidadas a nomear representantes para fazer parte do comitê de enfrentamento à pobreza (PARANÁ, 2012). No entanto, salientamos que é o SUAS o principal responsável por articular a rede, bem como manter os dados no sistema. Explica-se: o programa mantém um sistema que é alimentado com dados mensais sobre a situação das famílias

acompanhadas. Mais à frente discutir-se-á melhor esse sistema e seu funcionamento. O PFP possui um arranjo institucional para o funcionamento e está representado no organograma a seguir:

Organograma 3 – Arranjo institucional de gestão do Programa Família Paranaense

Fonte: Estado do Paraná, 2012, p.07.

A secretaria responsável pela execução do programa é a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (SEDS), cuja secretária é a esposa do governador, Sra. Fernanda Richa. Cada comitê tem sua responsabilidade, mas é o comitê gestor local (formado por técnicos do SUAS), que tem a responsabilidade direta no desenvolvimento das ações junto às famílias que vivem em situação de pobreza.

Antes de discutir as ações do comitê local, mostram-se no organograma a seguir as equipes e suas responsabilidades em cada um dos comitês.