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Municípios integrantes da Região Edafoambiental Homogênea Anchieta

No documento Santa Catarina (páginas 51-58)

Localização em Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Tese de Doutorado

Autor: Antônio Ayrton Auzani Uberti Data: Dezembro – 2004 0 20.000 40.000 REH Itapiranga REH Itapiranga REH Chapecó REH Chapecó

Estabelecida, a REH Anchieta ficou emoldurada, na face inferior, pela REH Itapiranga e, na superior, pela REH Chapecó. Na face inferior, o grande diferencial separador foi a qualidade química dos solos, pois as paisagens confundem-se, Encostas Basálticas. Na REH Itapiranga os solos são férteis, eutróficos, enquanto que são distróficos os solos da REH Anchieta. Este quadro sustenta-se até os limites de Coronel Freitas com Nova Itaberaba. A partir deste ponto e rumo à face superior, o diferenciador passa a ser o relevo estável, ondulado, dos Latossolos que começam a ocorrer em Chapecó, estendendo-se até Dionísio Cerqueira.

7.1.2. Os Critérios Avaliadores: uma Análise

7.1.2.1. O Material de Origem, o Relevo Dominante e as Classes de Solo

Estes três critérios avaliadores foram agrupados, em função da forte dependência das classes de solo em relação ao material de origem, no tocante às propriedades morfológicas e químicas. Simultaneamente, as classes de solo mantêm estreito vínculo com o relevo no que diz respeito ao potencial agrícola e profundidade efetiva de perfis.

O material de origem é o basalto, rocha ígnea extrusiva não básica, no caso. A campo o basalto é facilmente identificado pela coloração escura, homogênea, sem vesículas ou amígdalas e com textura afanítica, na qual os minerais não são identificáveis a olho nu. Este tipo de basalto transferiu aos solos cores vermelhas, sob influência direta do clima mais quente e da boa drenagem, oxidando os compostos de ferro para formar a hematita. Estes mesmos compostos provocaram acentuada estabilidade de agregados traduzida em grau forte de estrutura.

O relevo dominante é o fortemente ondulado, não raramente montanhoso. Na paisagem e após o topo, alternam-se encostas erosionais e superfícies estáveis, formando degraus que se repetem até alcançar o fundo de vale. São as chamadas superfícies policíclicas. Este cenário altera-se acentuadamente em pontos restritos, como em São Miguel do Oeste e Descanso, onde a paisagem estabiliza-se em relevo altamente favorável ao uso agrícola.

Quanto aos solos ocorrentes (Figura 1 e Figura 2), eles herdaram características fortemente vinculadas às fases de relevo. Assim, na posição de topo de paisagem e em

ausência de diaclasamento horizontal marcam presença perfis de solo profundos, bem drenados e muito argilosos. A ausência de pedregosidade e o relevo estável acenam para um alto potencial de uso agrícola. Se em ausência de cerosidade e de gradiente textural e em presença de acentuada friabilidade, apresenta-se o Latossolo Vermelho Distroférrico. Ainda sob ausência de gradiente textural mas com presença de cerosidade e diminuição da friabilidade, a presença, agora, é de Nitossolo Vermelho Distroférrico. Em maiores altitudes, é possível ocorrência de Latossolo Bruno e Nitossolo Háplico, ambos distróficos.

Figura 2 - Perfil de Nitossolo Vermelho Distroférrico

Deixando o topo da paisagem e iniciando o roteiro rumo ao fundo de vale, genericamente marca presença o Neossolo Litólico em posição de escarpa, com expressão pedogenética quase nula, tal a espessura do horizonte superficial. Não raramente, no lugar desse solo há apenas rocha inalterada.

Continuando o roteiro pela catena, é a vez da encosta erosional apresentar seus atores. Com seqüência completa de horizontes, vermelhos, pedregosos, sem cerosidade e sem gradiente textural, assim apresentam-se perfis de Cambissolo Háplico Distroférrico. Como inclusão, perfis de Neossolo Litólico semelhantes aos da escarpa.

É chegado o fundo de vale aberto, onde o relevo voltou a estabilizar-se, proporcionando condições favoráveis ao desenvolvimento de perfis de solo. É o local onde surge o Cambissolo Háplico Distroférrico, medianamente profundo ou profundo, mas ao contrario daquele da Encosta, sem pedregosidade. Em caso de vale fechado, retorna a superfície geomórfica escarpa sob a forma de “paredões” de basalto.

Crê-se assim que ficou justificado a descrição conjunta dos critérios avaliadores material de origem, classes de solo e relevo dominante, traduzindo a lógica da relação solo - paisagem.

7.1.2.2. As Propriedades e Horizontes Diagnósticos do Solo

Estes critérios ganham importância, pois, ao lado da natureza do basalto, respondem pela separação das Encostas Basálticas em duas regiões edafoambientais homogêneas, REHs Itapiranga e Anchieta. Para tanto e entre os dois critérios ora em análise, as propriedades diagnósticas tiveram maior força de decisão. Dentre elas, a saturação de bases foi decisiva, ao apontar solos com baixa fertilidade natural, distróficos. Em altitudes maiores, como em Saltinho, há ocorrência de solos portadores de caráter alumínico.

Estes detalhes, isoladamente, foram suficientes para desmembrar uma REH que, a princípio, faria parte da REH Itapiranga.

Quanto aos horizontes diagnósticos, as diferenças também são pronunciadas. Na REH Itapiranga, o rigor das temperaturas elevadas e os baixos teores de matéria orgânica imprimiram presença de horizonte A do tipo Moderado. Já na REH Anchieta, as maiores altitudes sugerem temperaturas mais baixas, como também mais baixa taxa de mineralização da matéria orgânica. Estabeleceram-se, assim, condições ambientais para surgimento de horizonte diagnóstico do tipo A Proeminente, antepondo-se à REH Itapiranga.

Portanto, crê-se como satisfatório o desempenho dos critérios avaliadores propriedades e horizontes diagnósticos do solo como marcadores de ambientes naturais.

7.1.2.3. A Cor do Solo e a Transição entre Horizontes

O surgimento de horizonte A Proeminente na REH Anchieta afetou diretamente as condições de cor de solo e de transição entre horizontes. Estes detalhes também foram de grande valia para o desmembramento da REH Itapiranga.

Em altitudes entre 700-800 metros, próximo aos limites com a REH Chapecó, a menor mineralização da matéria orgânica determinou o surgimento de horizonte A Proeminente, como anteriormente visto. Como conseqüência direta mudam as condições de cor e de transição entre horizontes. As cores passam de vermelhas, como nos limites com a REH Itapiranga a brunas escuras nos limites com a REH Chapecó. Mantendo o mesmo raciocínio, a transição entre horizontes do solo evolui de difusa para gradual ou mesmo clara.

Ao usuário, poderão surgir dúvidas nos limites entre as REH Itapiranga e Anchieta, onde há coincidências em cor do solo e transição entre horizontes. Porém, o material de origem encarrega-se de eliminar dúvidas, pois o basalto amigdaloidal é exclusivo da REH Itapiranga.

7.1.2.4. A Classe Textural e a Drenagem do Solo

A simples menção de que a rocha matriz dos solos da REH Anchieta é o basalto conduz à afirmação de que a classe textural é argilosa (40-60% de argila) ou muito argilosa (>60% de argila). De imediato, está sugerida uma alta capacidade de retenção de umidade no solo, reduzindo riscos de estresse hídrico.

Outra vantagem trazida pelos altos teores de argila, associados à abundância de óxidos de ferro, é a alta estabilidade de agregados do solo, diminuindo riscos de perdas por erosão.

Simultaneamente às vantagens, surgem fatores inconvenientes advindos da classe textural, com ênfase à consistência molhada do solo. Sob excesso de umidade os solo mostra- se muito plástico e muito pegajoso, condição que evolui para muito duro após secagem. Ao ser novamente trabalhado, o solo fica altamente vulnerável à compactação.

Quanto à dinâmica da água no solo, os solos da REH Anchieta apresentam-se bem drenados. Com o domínio de microporos, a água percola de maneira gradual, sem barreiras de impedimento. Mesmo em Nitossolos há ausência de gradiente textural. Algum problema poderá surgir em Cambissolo em fundo de vale e em épocas de alta pluviosidade. Esta

condição é agravada pela associação de altos teores de silte e argila, aumentando o potencial de retenção de umidade.

Para a execução de análise granulométrica dos solos, a recomendação do uso de calgon como dispersante de argila sugerida para os solos da RE Itapiranga é dispensada na REH Anchieta devido a praticamente ausência de solos eutróficos.

7.1.2.5. O Clima e a Vegetação Original

No momento em que se assumiu que é praticamente impossível a inexistência de solos eutróficos nos limites entre as REH Anchieta e Itapiranga, também se admite uma interface entre tipos climáticos. Assim, em altitudes em torno de 600 m como em Pinhalzinho e Saudades, admite-se que o clima mostre características de Cfa, espelhada na cor vermelha e na transição difusa do solo, como exemplos. A baixa incidência de plantas indicadoras de acidez, como araucária, está indicando ainda domínio da Floresta Estacional Decidual.

À medida que as altitudes vão aumentando, chegando até 890 m nas proximidades de Campo Erê, o solo já apresenta transição gradual entre horizontes, apontando para um aumento de matéria orgânica. Na vegetação, aumento considerável de araucária, bracatinga, samambaias. Este cenário já está marcando presenças de clima Cfb e Floresta Ombrófila Mista.

Encerrando a análise da REH Anchieta, enfatiza-se que ficou evidente que, no estabelecimento do perfil geográfico da mesma, surgiram “impurezas” nos limites com a REH Itapiranga, inevitáveis quando se trabalha em regiões de transição.

7.2. REGIÃO EDAFOAMBIENTAL HOMOGÊNEA CHAPECÓ

7.2.1. O Perfil Geográfico

Composta por 21 municípios, a REH Chapecó (Mapa 2) expõe a elite dos solos do território catarinense, considerando isoladamente as características físicas. É o cenário dos latossolos, do basalto, dos solos vermelhos, do relevo estável. .

-27° 06’

-52° 00’

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