• Nenhum resultado encontrado

Municípios integrantes da Região Edafoambiental Homogênea Biguaçu

No documento Santa Catarina (páginas 130-135)

Localização em Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Tese de Doutorado

Autor: Antônio Ayrton Auzani Uberti Data: Dezembro – 2004 0 20.000 40.000 Biguaçu Antônio Carlos S. Pedro de Alcântara São José Santo Amaro da Imperatriz Paulo Lopes REH Angelina REH Tubarão REH Litoral

No sentido Leste, desde Antonio Carlos até Paulo Lopes, fica praticamente impossível apontar diferenças entre as REHs Biguaçu e Angelina, ambas com paisagem e coberturas pedológica, geológica e geomorfológica comuns. Desta maneira, os limites foram arbitrados, com forte conotação intuitiva.

7.11.2. Os Critérios Avaliadores: uma Análise

7.11.2.1. O Material de Origem, o Relevo e as Classes de Solo

Rochas ígneas intrusivas, granito e granitóides, respondem pela cobertura geológica da REH Biguaçu. A campo, são de fácil reconhecimento, onde a textura, dita fanerítica, permite a identificação a olho nu dos minerais primários formadores, quartzo, mica e feldspato. Este último mostra-se sob coloração laranja. Sua ausência, bem como presença de bandeamento horizontal na rocha está indicando ocorrência de gnaisse, como em Biguaçu, na BR-101.

As fases de relevo fortemente ondulado, montanhoso e escarpado dominam absolutas nas Serras Litorâneas, sinalizando para um limitado potencial agrícola e para um elevadíssimo potencial erosivo.

Neste cenário a cobertura pedológica resume-se, praticamente, à ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo (Figura 21). São perfis de solo medianamente profundos e profundos, cascalhentos, com cor cinza-escura evoluindo para vermelho-amarelada.

Nos extremos Norte e Sul da REH Biguaçu, as coberturas geológicas ganham novos componentes. São sedimentos recentes argilosos e arenosos, estes últimos concentrados em Paulo Lopes, ocorrendo em relevo plano. São as Planícies Costeiras emolduradas pelas Serras Litorâneas. Na cobertura pedológica, domínio de Gleissolo Melânico nos sedimentos argilosos e de Neossolo Quartzarênico nos sedimentos arenosos de Paulo Lopes. Na divisa de Biguaçu com Tijucas, próximo ao Rio Inferninho, surgem sedimentos recentes de origem orgânica através de perfis de Organossolo.

Resumindo, na REH Biguaçu a alternância de formas de relevo, plano e montanhoso, é acompanhada da alternância também de classes de solo e materiais de origem.

Figura 21 - Perfil de Argissolo Vermelho-Amarelo

7.11.2.2. A Classe Textural e a Drenagem do Solo

Estes critérios avaliadores já foram analisados nas REHs Tubarão, Angelina e Joinville, todas com forte semelhança com a REH Biguaçu. Como os materiais de origem são coincidentes, é obvio que o tratamento dado à classe textural e à drenagem do solo não poderia ser diferente. Evitando maiores repetibilidades, enfatiza-se pontos marcantes, como a textura binária do Argissolo estabelecendo drenagem também binária; ou a textura muito argilosa e a má drenagem do Gleissolo; ou a hipotética drenagem excessiva do Neossolo

Quartzarênico ditada pela classe textural arenosa; ou a textura orgânica e a péssima drenagem do Organossolo.

7.11.2.3. A Cor do Solo e a Transição entre Horizontes

A exemplo do item anterior, a análise destes critérios é coincidente com aquela feita nas REHs Tubarão, Joinville e Angelina, com ênfase aos solos originados de granito e granitóides. É a presença de cor cinza-escura no horizonte A e vermelho-amarelada em B, configurando-se transição gradual ou clara entre os horizontes. Nos perfis de Gleissolo Melânico, marcam forte presença a cor preta da camada superficial contrastando com o cinza do horizonte subjacente, em nítida transição abrupta. No Neossolo Quartzarênico de Paulo Lopes surge a tímida coloração proveniente da sílica, definida por transição difusa, às vezes gradual entre horizontes.

7.11.2.4. As Propriedades e os Horizontes Diagnósticos do Solo

Embora já amplamente exposto em outras regiões, o distrofismo dos solos de granito e granitóides tem origem na baixa disponibilidade de bases trocáveis, onde apenas o potássio alcança valores significativos. Entretanto, a propriedade diagnóstica mais importante traz ao cenário a presença de gradiente textural. Morfologicamente, estes mesmos solos têm horizonte A Proeminente ou Moderado.

Nos perfis de Gleissolo Melânico o horizonte diagnóstico é A Húmico, o qual poderá ser precedido de um horizonte H.

Em perfis de Neossolo Quartzarênico, em Paulo Lopes, o distrofismo chega através de valores muito baixos de saturação de bases, 5-8%. Os valores de cerca de 80-90% de areia na fração granulométrica respondem por um insignificante horizonte A fraco.

7.11.2.5. O Clima e a Vegetação Original

Como ao longo de toda a região das Serras Litorâneas, o clima é o Cfa, marcado por elevadas temperaturas de verão, onde a média das temperaturas do mês mais quente excede a 22º C. Com isso, a REH Biguaçu mostra aptidão climática para duas safras consecutivas, safra/safrinha. Esta condição climática também é altamente favorável à exploração de

produtos hortigrangeiros. A vegetação original é a Floresta Ombrófila Densa, caracterizada por adiantado estágio de descaracterização, bem ao contrário da REH Joinville. É possível afirmar que é na REH Biguaçu onde a vegetação original foi mais reduzida.

Encerrando a análise da REH Biguaçu, resta apenas a afirmação de que ela, na verdade, é uma extensão da REH Angelina. Sua individualização deveu-se, honestamente, à opção de bloquear a região da “Grande Florianópolis”, como a isolar uma Região Metropolitana.

7.12. REGIÃO EDAFOAMBIENTAL HOMOGÊNEA CANOINHAS

7.12.1. O Perfil Geográfico

Após vencer toda a sinuosidade da Serra Dona Francisca e render-se à sua beleza, o usuário alcança a REH Canoinhas (Mapa 12) a partir de Campo Alegre, limite nordeste da Região. De imediato, a presença de araucárias, marcadoras implacáveis de ambientes, alerta para a importância que terão determinados critérios avaliadores. Nestes, certas características ganham força à medida que o altímetro aproxima-se de altitudes próximas a 750-900 m, amplitude dominante na REH Canoinhas.

Espacializada, a Região mostra certa simetria, onde no eixo horizontal surgem os municípios de Rio Negrinho no sentido leste e Porto União à oeste. Já no eixo vertical, o limite norte aponta no sentido de Três Barras, enquanto que ao sul desponta Monte Castelo. Enfatiza-se que a configuração espacial da REH Canoinhas teve seus contornos definidos por critérios de naturezas diversas: material de origem dos solos, relevo dominante e vegetação original.

A geologia foi envolvida para: separar os limites das rochas sedimentares de Porto União, Irineópolis, Major Vieira e Monte Castelo com o riodacito / basalto de Matos Costa, Calmon e Timbó Grande na REH Irani; separar limites entre rochas sedimentares de São Bento e Campo Alegre e granitos, granitóides e sedimentos recentes ocorrentes em Corupá, Joinville e Garuva na REH Joinville.

-25° 27’

-51° 24’

-26° 43’

-48° 57’

No documento Santa Catarina (páginas 130-135)