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A I MUNIDADE T RIBUTÁRIA DO L IVRO C ONVENCIONAL E A SUA E XTENSIBILIDADE AO L IVRO E LETRÔNICO

Dados Pessoais 52,0%

4.6 A I MUNIDADE T RIBUTÁRIA DO L IVRO C ONVENCIONAL E A SUA E XTENSIBILIDADE AO L IVRO E LETRÔNICO

O Título VI da Constituição Federal de 1988 é dedicado à ordem tributária e orçamentária. A União, Distrito Federal, Estados e Municípios têm o poder de tributar declarado no Art. 145 e a competência outorgada nos artigos 153 a 156.

O Art. 150 abraça as imunidades tributárias limitadas a impostos. Estas imunidades tributárias denotam uma necessidade de relacionamento, cada vez maior, entre o Estado democrático, que detém o poder de tributar, e a sociedade que necessita valer-se de direitos econômicos e sociais para se desenvolver. Assim é que o Estado moderno brasileiro tributa frente às limitações impostas na defesa dos direitos e garantias fundamentais outorgados no Art. 5o da Carta de 1988. Paradoxalmente, o Estado tem o poder tributante e, ao mesmo tempo, é limitado diante da força dos princípios dos direitos humanos, mormente neste caso, o de liberdade de manifestação do pensamento e da expressão.

A alínea “d” do inciso VI do artigo 150 veda ao poder público, em quaisquer de suas esferas, instituir impostos sobre “livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão”. Esta não incidência surge na Constituinte de 1945, proposta pelo senador e escritor Jorge Amado, cuja regra foi acolhida

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BALTHAZAR, U. C.; PALMEIRA, M. R. (Org.) A Imunidade Tributária do Livro Convencional

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do usuário, sempre que desejar, dispor eletronicamente do arquivo, não comportando, portanto, as novas tecnologias dos leitores de livros eletrônicos (e-book reader), disponíveis no mercado e em evolução. O livro eletrônico é uma realidade cada vez mais presente no ciberespaço e certamente irá contribuir para o surgimento de novos mercados, permitindo que o autor tenha o controle da utilização de sua obra pelas vias eletrônicas. O meio acadêmico adere rapidamente às novas modalidades de transmissão de arquivos eletrônicos, utilizando as novas tecnologias em seu meio. A “Universidade de Phoenix já deu início a um projeto que tem por objetivo convertê-la numa espécie de universidade sem livros”195

. Não é nenhuma novidade a facilidade que a Internet trouxe aos alunos e professores no desenvolvimento de cursos acadêmicos presenciais e à distância. “Alguns especialistas, como o Dr. Adam Hanea, da Universidade de Phoenix, acreditam que os livros acadêmicos digitais (e-textbooks) futuramente deverão acabar, substituindo os livros acadêmicos tradicionais, disponíveis em form ato impresso”196

. No futuro, certamente existirão mais livros eletrônicos e aparelhos portáteis, práticos e adaptados aos hábitos do novo homem, que poderá levar debaixo do braço ou nas mãos boa parte de uma biblioteca. Os Direitos Autorais coexistirão adaptados e perfeitamente inseridos nestas novas tecnologias inteligentes, que estarão permanentemente avançando na direção do intangível, além da imaginação.

195

Edupage-P. 24 de agosto de 2001. Tradução: RNP - Rede Nacional de Pesquisa.

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usuário, ao localizar o texto desejado, realiza a compra, pagando através do e-

card , cartão de crédito ou Boleto Eletrônico Bancário. Após aceita a compra

pela Empresa, esta disponibiliza uma correspondência eletrônica (e-mail) contendo um link para o arquivo adquirido que, ao ser acessado, o texto é transmitido para a impressora e ao “final da impressão, o arquivo no computador é automaticamente destruído. Não é possível, no sistema

Copymarket, ficar com uma cópia eletrônica do texto arquivada no

computador”192

. O segundo software, “denominado Tex Tatoo, permite que a cópia impressa adquirida seja marcada por um tipo especial de marca d’água, esta também exclusiva e personalizada para aquele usuário, naquela compra”193

. O diretor da referida empresa salienta que o autor ou a editora pode controlar “o que está sendo vendido, porque os programas elaboram automaticamente um relatório de cada compra para cada autor, que pode acompanhar minuto a minuto as vendas de suas obras”194

. Este exemplo, embora voltado apenas para a tecnologia copyright, aponta para uma iniciativa onde a tecnologia é utilizada para controle e preservação do Direito Autoral.

O usuário, entretanto, é que irá, ao utilizar sistemas semelhantes, verificar se o mesmo é ou não amigável, se traz ou não facilidades, tais como velocidade e qualidade nos serviços e operações online. O sistema exemplificado obriga a impressão do texto digital, transformando-o em texto real. Não alberga, por exemplo, a difusão do livro eletrônico e a possibilidade

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Programas Antipirataria Garantem Direito Autoral . Op. Cit.

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Programas Antipirataria Garantem Direito Autoral . Op. Cit.

134 Riding the Bullet, que estava num site aparentemente seguro, foi pirateado,

obrigou a editora Glassbook a desenvolver uma versão mais segura de seu leitor de publicações online”188

. Projetos e soluções começam a ser criados e submetem-se à avaliação da comunidade virtual. Em última análise, ela dirá se “aceita” ou “desconhece” a tecnologia na medida em que vai acessando e utilizando os novos serviços. O site Copymarket.com, por exemplo, disponibiliza livros e textos, cujos arquivos totais ou parciais podem ser baixados na máquina do usuário a uma taxa de R$ 0,10 por folha. O usuário deve acrescer a este custo o do papel e o da tinta de sua impressora doméstica, que o torna mais one roso. Neste sistema “metade do valor de cada taxa paga por cópia vai para as contas dos professores, autores e editoras” cadastradas. Trata-se de uma iniciativa de preservar os direitos autorais. Artigo publicado, no Jornal de Brasília, revela que segundo “auditorias da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos, a ABDR, no Brasil, circulam, a cada ano, 30 bilhões de cópias piratas”189

. A Copymarket estima ter, em cinco anos, o domínio de 0,5%190

deste mercado. Dois softwares são utilizados no sistema. O primeiro, denominado de E-print, “codifica e personaliza o texto adquirido exclusivamente para a impressora do usuário. Ele pode ser copiado no computador do usuário, uma única vez, antes da primeira compra”191

. O

188 Programas Antipirataria Garantem Direito Autoral . O Estadão.com.br. Pesquisa. Jornal “O

Estado de São Paulo”. SP. Disponível em:

<http://www.estado.estadao.com.br/jornal/00/04/08/news099.html>. Acesso em: 31 jul 2001.

189

Site do DF Abre Portas. Jornal de Brasília. Caderno Vá à Luta – Oportunidade e Empregos. Ano 27, no 9043. 21 nov 2000. Disponível em:

<http://www.copymarket.com.br/port/press/JornalBrasilia/21-11-200>. Acesso em 01 ago 2001.

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Site do DF Abre Portas. Op. Cit.

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soluções para a área de proteção dos Direitos Intelectuais e, dentro deles, a dos Direitos de Autor.

Cabe ao espírito criativo do homem descobrir a maneira como disponibilizar tecnologicamente as informações referidas, perm itindo o controle dos direitos de autor, no momento em que, por exemplo, editoras eletrônicas ou autores disponibilizem comercialmente suas obras em formato digital. Trata- se de um ajustamento entre o moderno e o pós-moderno que, certamente, virá com o des envolvimento de softwares específicos, incorporando a evolução das tecnologias eletrônicas no controle dos direitos intelectuais. Essas novas soluções de controle tecnológico dos Direitos Intelectuais partirão dos detentores do mercado fonográfico, cinematográfico e editorial em nível mundial. Na verdade, o Direito Autoral, na sociedade digital, está diante de um imenso desafio tecnológico que envolve toda a humanidade. Há, certamente, uma insegurança jurídica no que concerne à aplicabilidade imediata e com eficácia das Leis nacionais ou de acordos, tratados e convenções internacionais.

A proteção dos Direitos de Autor deve merecer, por parte da tecnologia, a criatividade para o controle e a segurança na disponibilização da obra intelectual, permitindo que direitos autorais patrimoniais possam ser explorados, universalmente, através da Internet. A tecnologia digital tem condições, se desenvolvida neste intuito, de determinar o valor da remuneração ao autor dos bits transacionados, seja na forma de texto, som, música e/ou hipertexto. Caso como o do autor Stephen King , cujo livro virtual

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transacionadas e trocadas entre computadores conectados à Internet, seja via telefonia, ondas de rádio ou por satélite. O conteúdo de informações na Internet fará a grande diferença para o futuro da sociedade digital. Criar-lhe empecilho legal para a troca de informações é impedir o seu crescimento e a democratização universal da informação digitalizada. A lei deve servir de instrumento para proteger os que se sentirem lesados em seus direitos. A questão central é como aplicar com velocidade, eficácia e eficiência, leis que são moldadas para a sociedade moderna, cujo detentor dos Direitos Intelectuais necessita enfrentar as demoradas lides jurídicas, enquanto a sociedade digital evolui a passos bem mais céleres, com equipamentos e programas de computador sofisticados, permitindo aos internautas a comunicação e a troca de arquivos computador a computador. Dificultar a livre circulação da informação, de bens e serviços por intermédio da Internet, cuja característica dominante é a de não possuir barreiras geográficas, físicas e estar presente em tempo real no mundo inteiro, leva a crer que não seja o caminho mais correto e natural. Isso não signif ica dizer que a Internet seja imune à aplicação da Lei. Entretanto, não se pode desconhecer o fato de que a cada instante ocorre violação de direitos autorais, sem que haja uma ação direta do autor ou de quem detenha os direitos patrimoniais de autoria. Presume-se que há uma inércia dos detentores dos direitos autorais ou os sistemas legal e jurisdicional não estão adaptados e, por isso, não estão correspondendo às necessidades da nova sociedade digital. Não há dúvida de que a realidade do ciberespaço exige, também, implementação de novas

entre os usuários da Internet. Certamente, neste caminho da evolução tecnológica digital, virão os arquivos compactados de filmes e os de livros eletrônicos em maior profusão. Notícia publicada no site “zip.net”185

informa que as editoras descobrem que internautas estão trocando arquivos eletrônicos d e livros ponto a ponto (P2P), computador a computador, semelhante ao que vem sendo realizado com as músicas. Afirma que quase “7.500 livros com direitos autorais reservados estão disponíveis de graça e o setor editorial está prestes a enfrentar as mesmas dores de cabeça que a troca de arquivos de música criou para a indústria fonográfica”. Informa, ainda, que autores como Stephen King, J. K. Rowling, Terry Pratchett, Tom Clancy e Douglas Adams estão entre os mais pirateados e, paradoxalmente, são os autores de maior sucesso mundial na atualidade. Dois métodos estão sendo utilizados na cópia ilegal de livros. O primeiro “envolve a desabilitação do sistema de proteção contra cópias do livro”186

, o que denota a inexistência de sistemas cem por cento seguros. O segundo e o “mais comum é escanear livros tradicionais de papel e convertê-los para formatos eletrônicos, que podem ser baixados da rede e impressos”187

. O fato é real, acontece em âmbito mundial, através da Internet, a cada segundo.

A surpreendente capacidade criativa do homem torna o mundo pequeno, e o tempo é ínfimo para o acesso livre das informações abertas veiculadas,

185

Efeito Napster Chega aos Livros . Zip.Net. Web Insider. Disponível em: <http://webinsider.zip.ner/vernoticia.shtml?id=915>. Acesso em: 23 ago. 2001.

186

Efeito Napster Chega aos Livros. Op. Cit.

187

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É inegável que a Internet trouxe múltiplos benefícios, entre eles o da disseminação do conhecimento e da cultura humana em tempo real. A disponibilização de textos, imagens, sons, software, bases de dados no meio digital suscitou novas análises acerca do tema, diante da real possibilidade de que obras intelectuais estejam sendo copiadas, armazenadas e distribuídas gratuita ou comercialmente, na rede mundial de computadores, sem autorização de seus autores. Este fato tem causado profundas preocupações e incomodado setores econômicos, tais como os da indústria fonográfica e da editorial que, repentinamente, perceberam a utilização desses novos meios e formatos para difusão de arquivos eletrônicos digitais. A primeira, vendo a mudança no hábito dos aficcionados por música, trocando arquivos digitalizados ponto a ponto – P2P, entre computadores e em escala mundial. A segunda, tomada pela disponibilização em sítios eletrônicos, bibliotecas e editoras virtuais, de arquivos contendo textos e livros em formato eletrônico de fácil acesso, podendo ser copiados, armazenados e trocados de qualquer lugar do mundo. Este novo comportamento do internauta afronta o modelo de proteção – copyright – edificado nas legislações formatado, sob a ótica da sociedade moderna, que propiciava maior grau de controle pelas gravadoras e editoras tradicionais.

Na realidade, a tecnologia se desenvolveu velozmente. A todo instante, os suportes para armazenagem e distribuição de textos, imagens e sons foram se alterando e assumiram uma nova formatação através dos arquivos digitais, compactados, propiciando maior facilidade para serem trocados aos milhões

Neto182

, mostrando-se preocupado com essas questões, em artigo eletrônico disponibilizado em 1996, informou que o diretor geral da United Nations

Scientific, and Cultural Organization (Unesco), Frederico Mayor, requereu a

“elaboração de um esboço de projeto de um acordo global sobre o espaço cibernético, de modo a manter livre o fluxo de informações e proteger os direitos dos escritores e artistas”. Efetivamente, a proteção do direito intelectual está assegurada em conve nções e acordos internacionais, cujos países signatários se comprometem a aproximar as legislações nacionais na direção de uma harmonização da propriedade intelectual num mundo cada vez mais globalizado. Nesse sentido, vem agindo a Comissão das Comunidades Européias que “apresentou, em novembro de 2000, uma comunicação sob a forma de plano de ação”183

, urgente e de médio prazo, prevendo-se “uma proposta de diretiva de harmonização das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros, de modo a garantir o respeito dos direitos relativos à propriedade intelectual”184

. Esta preocupação mundial cresce na proporção em que novos adventos de pirataria, no ciberespaço, têm demonstrado a dificuldade na fiscalização e controle da disponibilização de obras intelectuais com direitos reservados e totalmente abertos ao acesso dos internautas.

182

LIMA NETO, José Henrique Barbosa Moreira. Violação de Direitos Autorais na Internet. TravelNet Jurídica. Artigos Jurídicos. Atualidades. 07 jul 1996. Disponível em: <http://www.travelnet.com.br/juridica/art20a96.html>. Acesso em 29 jul 2001.

183

Propriedade Intelectual. Diálogo com as Empresas. Disponível em: <http://europa.eu.int/scadplus/leg/pt/lvb/126021.html>. Acesso em 13 ago 2001.

184

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Informa Plínio Cabral181

que, em “330 antes de Cristo, o governo de Atenas determinou que obras de três grandes autores fossem copiadas e depositadas nos arquivos do Estado” e, “em 1720, na Inglaterra, surgiu o Estatuto da Rainha Ana. Referia-se ao direito de vendas de livros. Este direito era concedido aos editores. Era um privilégio real. A partir do Estatuto da Rainha Ana, o autor passou a ter direitos sobre sua obra”.

O desenvolvimento das tecnologias eletro-eletrônicas e da informática, na sociedade moderna, tornaram as questões relativas aos Direitos de Autor mais presentes, devido à ampla utilização de novos suportes para gravar textos, músicas e imagens, tais como fitas de vídeo cassete, fitas de gravador, disquetes, CD de áudio e imagem. CD-Room regravável e equipamentos sofisticados de prensagem de CDs facilitaram a pirataria de software, filmes, imagens e músicas, principalmente, atingindo nichos econômicos como os da indústria fonográfica e editorial.

A globalização da informação, através dos meios eletrônicos aliados ao crescimento da telefonia fixa e móvel, principalmente na última década do século XX, faz ressurgir, com mais intensidade, a preocupação, nessas áreas, em nível mundial, com a proteção da propriedade intelectual. Segundo Lima

181

CABRAL, Plínio. O Direito Autoral na Prática. Câmara Brasileira do Livro. A Biblioteca Virtual do estudante brasileiro. Disponível em:

<http://www.bibvirt.futuro.usp.br/acervo/paradidat/autorais/napratica.html>. Acesso em: 10 jul 2001.

A nova cultura digital cria um distanciamento entre tecnologia e aplicabilidade imediata das legislações que são formatadas, tendo por base a cultura do mundo moderno. A prestação jurisdicional não é tão ágil quanto a velocidade e a facilidade com que se pode copiar e distribuir arquivos digitais pela Internet, bem como alcançar o “infrator” que pode estar em qualquer lugar do mundo. Isto não significa afirmar que os direitos do autor e de seus titulares sejam desprotegidos, desrespeitados na Internet. Nem que se possa, em nome desta liberdade virtual de ir e vir, praticar-se pirataria de textos, sons e imagens, disseminando-os em formato digital ou materializando-os em suportes físicos com fins de comercialização. Os que se sentirem lesados nos seus direitos intelectuais, usurpados através da Internet, devem fazer amplo uso da legislação vigente e do sistema jurisdicional.

Identificar, proteger, assegurar a proprie dade intelectual de uma obra literária, por exemplo, sempre foi motivo de preocupação na civilização ocidental, acentuada a partir da invenção da prensa pelo alemão Johannes Gutenberg, cuja invenção possibilitou o desenvolvimento da impressão mecânica de textos, jornais e livros.

A proteção legal aos direitos do autor ou de seus titulares foi sendo erigida nas legislações nacionais e diplomas internacionais, no intuito de preservar intacta a obra intelectual, assegurando-lhes indenizações por danos morais e patrimoniais causados por ações de terceiros.

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jornais, revistas ou qualquer meio de comunicação, indicando-se o nome do autor e a origem da obra.

Obras que pertencem ao domínio público são aquelas às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais do autor, cujo prazo é de setenta anos contados de primeiro de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, bem como aquelas em que o autor falecido não tenha deixado sucessores e as de autor desconhecido. Estas obras pertencem a toda a humanidade, podendo ser disponibilizadas comercial ou gratuitamente no meio eletrônico.

Contudo, o desenvolvimento tecnológico permitiu a invenção de equipamentos modernos e sofisticados que facilitaram a armazenagem, reprodução e distribuição de criações intelectuais. Uma das características mais importante da Internet é a de estar aberta à livre disseminação da informação, como se fora o oxigênio da cultura humana. Torna-se impensável impor restrições ao acesso à grande mente virtual da humanidade. O caminho natural será o da liberdade de circulação de informações, da cultura e da ciência, o lugar comum de toda a humanidade. A pós-modernidade imprime novos paradigmas, que por certo se chocam frontalmente com os da sociedade moderna. O alto grau de desenvolvimento da tecnologia digital, da popularização da Internet e do seu caráter de mundialização tornou mais fácil a disseminação da cultura e da informação, seja na forma de textos, hipertextos, sons ou imagens digitalizadas.

produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; VIII – a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante: emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados; IX – a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento no gênero; X – quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventada”178

.

A legislação brasileira, desta forma, abarca quaisquer “obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro”179

. Não há dúvida de que a Internet está inserida nesta proteção legal, “sendo perfeitamente cabível a reivindicação dos direitos autorais violados”180 nos meios eletrônicos. O legislador, ao ensejar esta proteção, permite interpretação extensiva dos direitos autorais, incluindo-se nela o livro eletrônico (e-book), seus suportes físicos e software para o acesso e leitura.

Não se considera violação dos direitos autorais quando, por exemplo, a obra for referenciada em estudos de caráter científico e didático, em livros,

178

BRASIL. Lei no 9610. Op. Cit. Inciso XIII do Art. 29

179

BRASIL. Lei no 9610. Op. Cit. Inciso XIII do Art. 7o.

180

BRUNO, Marcos Gomes da Silva e Renato M. S. Opice Blum. A Internet e os Direitos Autorais. In Jus Navigandi. Disponível em <http://www.jus.com.br/doutrina/autornet.html>. Acesso em 29 jul. 2001.

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abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional”174

. Ao autor pertencem “os Direitos Morais e patrimoniais sobre a obra que criou175

. Os Direitos Morais176

são inalienáveis e irrenunciáveis, cabendo ao autor, em qualquer tempo, reivindicar a sua autoria, apor seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização da obra; é seu direito conservá-la inédita, assegurar- lhe a integridade, opor-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que,