• Nenhum resultado encontrado

3. MUSEU

3.3. MUSEU DE BIOLOGIA “PROFESSOR MELLO LEITÃO”

O Museu de Biologia “Professor Mello Leitão” foi fundado na cidade de Santa Teresa no Estado do Espírito Santo em 26 de junho de 1949 por Augusto Ruschi, Aurélio Otávio Vieira Machado e Nelson de Oliveiro, sendo Ruschi nomeado o diretor perpétuo. O local era conhecido como a chácara Anita e desde a data citada possui instalações com pavilhões de Zoologia e Botânica, laboratórios, viveiros e biblioteca, além da antiga residência do pesquisador.

O escritor Antônio de Pádua Gurgel montou uma coleção denominada “Grandes nomes do Espírito Santo”, em um dos livros ele apresenta um pouco da história da fundação do Museu e uma breve biografia do seu criador, o agrônomo, ecologista e naturalista Augusto Ruschi. Nos anos seguintes à fundação do recinto houve outras modificações e novas acomodações sendo construída no Museu. Segundo o texto

de Gurgel (2005), a influência que Augusto Ruschi tinha na cidade de Santa Teresa também foi ampliada para todo o Brasil e mundo. No ano de 1958, o engenheiro químico Crawford Hallock Greenewalt4 visitou o Museu para registrar fotografias do voo dos beija-flores que eram e são encontrados em todos os 80.000 m2 do espaço, que compreende o Museu e a Estação Biológica de Santa Lúcia, algo que também é citado por Medeiros (1995). O engenheiro mandou construir uma residência para abrigar os futuros pesquisadores que poderiam visitar o espaço a seguir. O Museu recebeu nos anos seguintes outras visitas ilustres, como a do diretor do Zoo de Los Angeles, Jean Delacour e a princesa Maria Cristina do Rosário Bourbon de Orleans e Bragança, esta inclusive acompanhou Ruschi em expedições pelo nordeste do Brasil e foi padrinho de seu casamento com o príncipe polonês Jean Paul Sapieha.

Outras personalidades famosas como o príncipe Charles de Luxemburgo, Assis Chateaubriand, Dom Pedro de Orleans e Bragança, Carlos Drummond de Andrade e o poeta capixaba Rubem Braga visitaram e fizeram parte dos “membros ativos” do Museu.

Gurgel (2005) cita que a partir de alguns anos após as publicações dos livros de Augusto Ruschi sobre os beija-flores da região, o ecólogo fez do Museu um espaço de referência para o norte do Estado do Espírito Santo e para o Brasil. Porém, por muito tempo, Ruschi não permitia a entrada de visitantes no local, alegando que este era um ambiente somente para pesquisadores e essa norma foi rescindida com a determinação da importância da visita de pessoas comuns para a divulgação do Museu, mesmo para quem não era cientista.

Rogério Medeiros também apresentou a história de vida do ecólogo e naturalista Augusto Ruschi de forma romântica e com crônicas. Medeiros (1995) descreveu os momentos de caminhada do ecólogo na mata e o seu fascínio ao apresentar os animais e plantas ali encontrados, além da disputa que Ruschi teve com o Instituto Estadual de Florestas, que planejava o plantio de uma monocultura no espaço onde hoje se encontra a Estação Biológica de Santa Lúcia. Após vários processos e a intervenção federal, o espaço ficou de total controle da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Museu Nacional. Segundo Medeiros (1995) os mais de 200 artigos

4Crawford Hallock Greenewalt nasceu em 16 de agosto de 1902 e morreu em 28 de setembro de 1993. Obteve em 1922 o diploma de licenciatura em engenharia química pelo Massachusetts Institute of Technology. Greenwalt participou do programa de Manhattan, que resultou na primeira bomba nuclear. Seus interesses amplamente variados incluíam ornitologia e fotografia de alta velocidade.

científicos foram mais que suficientes para comprovarem a necessidade de preservação daquele espaço ambiental. Descrevemos até o momento a história do fundador do Museu de Biologia “Professor Mello Leitão”, mas quem foi Mello Leitão?

Augusto Ruschi, aos 22 anos, enviou para um laboratório de entomologia em Nápoles na Itália cerca de 500 caixas com uma grande coleção de hemípteros (percevejos). O professor Fillipo Silvestri foi quem recebeu esta doação. O cientista italiano Fillipo, na companhia do cientista brasileiro Cândido Firmino de Mello Leitão foram até Santa Teresa para conhecer o doador e a origem dos insetos. Na obra de Medeiros (1995) é descrito que o encontro dos três entusiastas seguiu de grandes descobertas e discussões, principalmente considerando o tempo de prática de campo de Augusto Ruschi e de como isso poderia ser mais eficiente do que os momentos de leitura do entomologista. Medeiros (1995) cita inclusive uma frase célebre de Augusto Ruschi “Eu vi, o senhor leu”, considerando algumas informações que estava contestando, pois o naturalista considerava mais válido o que era experimentado e visto de perto do que o que é apresentado somente nos textos científicos. Naquele momento, Augusto Ruschi passou a fazer parte do Museu Nacional e sendo levado pelas indicações do cientista italiano e por Mello Leitão.

Cândido Firmino de Mello Leitão nasceu em Campina Grande na Paraíba, no dia 17 de julho de 1886 e morreu no Rio de Janeiro em 14 de dezembro de 1948. Segundo Nomura (1991) e Andrade Franco e Drummond (2007) o zoólogo brasileiro que publicou 198 artigos sobre taxonomia de aracnídeos pode ser considerado o pai da aracnologia brasileira. Andrade Franco e Drummond (2007) citam ainda o empenho politico de Mello Leitão na defesa do meio ambiente e participação nas votações sobre o Código Florestal e o Código de Pesca e Caça, além de produção de livros sobre a ecologia e zoologia brasileira. O contato mais duradouro de Mello Leitão com Augusto Ruschi foi por meio do Museu Nacional, local em que o Professor Mello Leitão foi diretor no período de 1931 a 1937. Seguindo todo esse histórico, o Museu de Biologia “Professor Mello Leitão” recebeu esse nome em homenagem ao professor e amigo de Augusto Ruschi que o apresentou ao mundo da ecologia. Essa homenagem considera também o ano de morte de Mello Leitão, um ano antes da fundação do Museu.