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f. Não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso

Quando o processo se inicia, é proibido que os sujeitos façam alterações fáticas em algum bem ou direito que esteja sendo discutido no processo – essa prática é conhecida como atentado ou inovação ilegal.

Exemplo: a parte esconde um bem que seria objeto de perícia judicial e alega nos que ele foi destruído por uma enchente.

A

TENÇÃO

!

Caso haja inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso, o juiz deve:

1. determinar o restabelecimento do estado anterior → ou seja, determinar o fim do atentado!

2. proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado

assim, a parte só poderá fazer requerimentos, recorrer ou, seja, falar de forma geral no processo até que o estado anterior das coisas seja reestabelecido.

A Lei nº 14.195/2021 incluiu, dentre os deveres das partes e dos procuradores, o de informar e manter atualizados seus dados cadastrais perante os órgãos do Poder Judiciário e, em determinados casos, da Administração Tributária, para recebimento de citações e intimações, que passarão a ser prioritariamente realizadas por meio eletrônico!

Além disso, há a proibição de que partes, procuradores, juízes, membros do MP e da Defensoria Pública, e a qualquer pessoa que participe do processo

Empreguem expressões ofensivas nos escritos apresentados em juiz.

Se manifestem oralmente ou se portem de modo ofensivo de forma presencial Se houver repetição do comportamento: sujeito não mais poderá falar durante o ato que se realiza:

Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados.

§ 1o Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra.

§ 2o De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada.

Assim, por mais absurda que seja a decisão do juiz ou a manifestação da outra parte, todos devem se comportar de forma educada, polida, civilizada – a forma de “espernear” contra as decisões e manifestações deve ser feita pelos meios adequados, como a apresentação de recursos, hehe.

Hora de questão:

(FCC – TCE/CE – 2015 - Adaptada)

Em relação aos deveres das partes e de seus procuradores, é defeso às partes e seus advogados empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz mandar riscá-las, exclusivamente a requerimento do ofendido que sofreu as ofensas.

RESOLUÇÃO:

Afirmativa incorreta! A providência de mandar riscar as expressões ofensivas também pode ser tomada de ofício pelo juiz, por sua própria iniciativa:

Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados.

Resposta: E

Ato atentatório à dignidade da justiça

Caso os seguintes deveres sejam descumpridos...

Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais (de natureza provisória ou final) e não criar embaraços à sua efetivação (inc. IV)

Não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso (inc. VI)

...veja quais são as providências que deverão ser tomadas:

O juiz deverá, primeiramente, advertir as partes de que esse descumprimento poderá ser considerado um

ato atentatório à dignidade da justiça

.

Art. 77 (...) § 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça.

Se a parte ou terceiro, mesmo sob advertência, continuar descumprindo os referidos deveres, o juiz aplicará multa de até 20% do valor da causa, fixada de acordo com a gravidade da conduta. No entanto, se o valor da causa for irrisório ou inestimável (muito baixo, como em pequenas cobranças ou até mesmo sem valor, como em ações de adoção), o juiz pode estipular a multa em até 10 salários-mínimos.

Se não for paga no prazo que o juiz estipulou, a multa será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado e cobrada por meio de uma execução fiscal.

Art. 77 (...) § 2ºA violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.

§ 3º Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2o será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.

§ 4º A multa estabelecida no § 2o poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º [multa de 10% pelo não cumprimento da sentença de pagar no prazo de 15 dias], e 536, § 1o. [astreintes].

§ 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2o poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

Por outro lado, se o ato atentatório à dignidade da justiça for praticado por advogados, defensores públicos e membros do MP, o juiz não aplicará a multa a eles, já que a conduta deverá ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.

Assim, se o advogado da parte ocultar o bem que seria objeto de perícia no processo, deve o juiz comunicar a Ordem dos Advogados do Brasil para que seja apurada essa conduta lesiva à dignidade do Poder Judiciário. Se for o caso, a OAB poderá decidir pela punição do seu associado.

Art. 77 (...) § 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.

Além disso, aqueles que representam judicialmente as partes (seja advogado, seja defensor público ou membro do Ministério Público) não poderão ser obrigados a obedecer ao comando de decisão judicial cujo cumprimento caiba somente às partes.

Exemplificando para você: o juiz não pode determinar que o advogado do autor entregue algum documento que esteja na posse de seu cliente, que se recusa a entregá-lo.

Art. 77 (...) § 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar.

Responsabilidade por dano processual

O CPC elencou algumas outras condutas proibidas, menos graves que aquelas que atentam contra a dignidade da justiça. Caso a conduta da parte se encaixe em algum ou alguns dos incisos abaixo, ela será considerada litigante de má-fé:

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Veja cada um desses comportamentos de forma isolada:

1. Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso

É o mesmo que fundamentar de forma inconsistente e contrária ao que diz a lei ou a algum fato incontroverso que já está provado no processo, que já foi confessado por uma parte e não admite mais discussões por haver a presunção de que seja verdadeiro, por exemplo.

2. Alterar a verdade dos fatos

Não é permitido que os fatos sejam alterados. As partes não podem intencionalmente apresentar fatos que não existem ou omitir fatos que existem e que são relevantes para o processo, com a clara finalidade de induzir o juiz a erro.

O autor que mente sobre sua situação econômica para fazer jus ao benefício de gratuidade de justiça, que vamos ver logo a seguir;

3. Usar do processo para conseguir objetivo ilegal

Como por exemplo, se utilizar do processo para ganhar uma indenização que não lhe é devida, forjando um acidente para que a seguradora cubra esse sinistro que jamais existiu!

4. Opuser resistência injustificada ao andamento do processo

Quando parte ou terceiro opõe constantes entraves ao andamento do processo.

5. Proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo

É a parte que age de forma imprudente: o advogado que sai ajuizando duas ações, interpondo dois recursos apenas com a finalidade de aumentar a chance de sucesso do seu cliente.

6. Provocar incidente manifestamente infundado

Quando, por exemplo, o advogado abre um incidente de falsidade sem qualquer fundamento, sabendo que o documento é verdadeiro.

7. Interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório

Nesse caso, a parte na verdade não está inconformada com a decisão, mas interpõe recursos para travar a marcha do processo.

Veja as consequências da prática de tais atos:

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente.

Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé reverterá em benefício da parte contrária, e o valor das sanções impostas aos serventuários pertencerá ao Estado ou à União.

A parte que incorrer em uma ou mais dessas condutas será considerada litigante de má-fé e será condenada a pagar, de ofício ou a requerimento da outra parte:

Multa punitiva (de 1% a 10% do valor da causa)

Se for inestimável ou irrisória, será calculada em até 10x o salário-mínimo;

Indenização à outra parte para que eventuais prejuízos que ela tenha sofrido sejam ressarcidos (perdas e danos);

Se não for possível ao juiz calcular o valor da indenização, um perito calculará (liquidação por arbitramento) ou será aberto um procedimento nos próprios autos para tanto.

Despesas processuais e honorários advocatícios Veremos em breve os custos do processo!

Os valores referentes a essas sanções serão pagos em benefício da parte contrária, a prejudicada, já que o código considerou que ela é a maior lesada pelas condutas de má-fé (diferente dos atos atentatórios à dignidade da Justiça, em que o Poder Judiciário é o maior prejudicado!

Se forem 2 ou mais litigantes de má-fé: condenados cada um na proporção do seu respectivo interesse na

causa.

Se forem 2 ou mais litigantes de má-fé que se coligaram para lesar a parte contrária: serão condenados

solidariamente – a parte prejudicada poderá cobrar os valores por inteiro de qualquer um dos que se coligaram.

Por fim, leia com bastante atenção este quadro comparativo entre os atos atentatórios à dignidade da justiça e os atos que configuram litigância de má-fé:

ATOATENTATÓRIOÀDIGNIDADEDA JUSTIÇA

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