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PONTUAÇÃO GRADUAÇÃO DE IMPACTO (G.I) DEFINIÇÃO

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1.5 Nível de concentração de fungos no ar

Compreender as condições que afetam a presença de fungos no ar é importante para a avaliação dos riscos à saúde humana e para a elaboração de estratégias para o controle dessa exposição. A avaliação da presença microbiana no ambiente interno teve início a partir da década de 1950 devido a ocorrência de infecções secundárias em pacientes internados em hospitais (HEALTH CANADA, 2016). Esses contaminantes caracterizam-se como um material particulado de origem biológica, englobando fungos, bactérias, vírus, ácaros e outras partículas com tamanho entre 0,01 a 100μm, conhecidos também como bioaerossóis (BARDANA, 2003; PAGEL, 2015).

A contaminação do ar interior por micro-organismos ocorre por diversas circunstâncias, como alta umidade, baixa ventilação, problemas no sistema de refrigeração e mau isolamento do edifício. A exposição à maioria dos fungos pode causar reações alérgicas e doenças infecciosas, além de produzir ruídos e odores desagradáveis, e danificar a estrutura do edifício (ASHRAE, 2009; CRAWFORD, 2015).

Algumas espécies são toxigênicas e produzem microtoxinas capazes de se acumularem em esporos inaláveis por seres humanos. Uma quantidade de fungos significativa no ambiente pode ainda gerar Compostos Orgânicos Voláteis Microbiológicos (COVM). Diversos problemas de saúde e queixas dos usuários característicos da Síndrome do Edifício Doente apresentaram relação com a presença desses contaminantes, qualificando-os como possíveis bioindicadores da qualidade do ar interno. Apesar disso, ainda não existe um consenso sobre o limite aceitável de fungos (CABRAL, 2010; PAGEL, 2015).

A natureza dos fungos varia conforme a localização geográfica, estação, temperatura, umidade, taxa de troca de ar e o comportamento dos ocupantes (CRAWFORD, 2015; SHARPE, 2015). Os fatores que possuem maior impacto em seu crescimento são a disponibilidade de água (umidade), nutrientes, oxigênio, luz e temperatura, sendo a faixa de 18°C a 32°C ideal para o crescimento da maior parte das colônias. Entretanto, essa faixa pode variar desde -6°C até 60°C (BARDANA, 2003; KHAN; KARUPPAYIL, 2012; PAGEL, 2015).

Com mais de 80 gêneros de fungos associados a doenças respiratórias, Cladosporium,

84 industriais a presença de humanos é a fonte mais impactante no ambiente, produzindo fungos por atividades cotidianas que resultam em partículas biológicas no ar, como falar, espirrar, tossir, andar e lavar o vaso sanitário. Poeira, plantas, animais de estimação, alimentos e materiais como madeira, têxteis, tapetes e móveis, também podem liberar no ar esporos de Alternaria, Aspergillus, Botrytis, Cladosporium, Penicillium, Scopulariopsis (KALOGERAKIS et al., 2005).

Há uma série de teorias sobre os mecanismos utilizados pelos fungos que possibilitam sua sobrevivência mesmo em condições desfavoráveis como o clima polar (DUNCAN et al., 2010). Alguns autores citam possíveis processos de adaptação fisiológica, como aumento da resistência ao frio através da produção de poliol (ROBINSON, 2001), alterações na membrana celular (ONOFRI et al., 1994), secreção de proteínas anticongelantes (SNIDER et al., 2000), e adaptação bioquímica (FENICE et al., 1998), entre outros.

Além dessas adaptações, algumas outras características morfológicas que garantem a sobrevivência dos fungos são a possível reativação de esporos produzidos no inverno durante a primavera/verão, e a recolonização de material fúngico produzido fora da Antártica (MARSHALL, 1998; DUNCAN et al., 2010).

Duncan e outros (2010) monitoraram o ar interno e externo de três cabanas antárticas erguidas na denominada “Era Histórica”, nos verões de 2006, 2008 e 2009, e no inverno de 2007. Os resultados indicaram que, ao contrário do que se esperava, o material fúngico presente no ar das cabanas era significativo tanto no inverno quanto no verão, comprovando a viabilidade e capacidade da adaptação de alguns fungos ao clima extremo. Apesar da concentração interna ser influenciada pelo ambiente externo, a maioria dos estudos já realizados indicaram que os níveis fúngicos internos foram superiores aos externos. Tal fato é ainda mais notável quando portas e janelas ficam predominantemente fechadas, evidenciando a influência das fontes internas. Assim, visto que a distribuição de gêneros e os níveis de concentração de fungos variam de acordo com a localização geográfica e os aspectos climáticos e sazonais, a análise do ar interior especificamente na região de interesse fornece informações importantes para a garantia da qualidade do ambiente interno (KALOGERAKIS et al., 2005).

Segundo Khan e Karuppayil (2012), a maneira mais eficaz para reduzir as concentrações de fungos em um edifício é eliminando as condições que favorecem seu crescimento e

85 estabelecimento. Isso pode ser feito através do controle da umidade do ambiente, seleção de materiais de construção, acabamentos, mobiliários e técnicas de construção para redução das fontes dentro do edifício e que garantam uma vedação eficiente, e a garantia do fornecimento adequado das taxas de ventilação e limpeza dos sistemas de refrigeração. Para o alcance de um edifício com boa qualidade do ar interior, torna-se mais fácil a eliminação de fontes de poluentes ainda na fase de projeto, devido às limitações existentes de estabelecer esse controle em uma construção já existente.

Algumas medidas que podem ser tomadas para a execução de um edifício com crescimento fúngico mínimo, de acordo com a ASHRAE (2009) são:

 Remover as fontes de água e umidade no edifício, evitar o acúmulo de água estagnada nos componentes mecânicos dos sistemas HVAC, manter a umidade relativa dos ambientes em menos de 60%, e reparar qualquer tipo de vazamento interno e externo;

 Remover substratos contaminados com fungos e descartar os materiais orgânicos porosos;

 Em sistemas HVAC, utilizar vapor para umidificação ao invés de água recirculada, com uso de filtros para evitar a entrada de micro-organismos no sistema de tratamento de ar, bem como sua correta manutenção para limpeza e substituição; e

 Reduzir o risco de contaminação entre ambientes através do correto isolamento de áreas mais propensas ao aparecimento de fungos.