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4.2 E XPERIMENTO 2 T RATAMENTO T ERAPÊUTICO COM A ED50

4.2.4 Nível Hepático e Tumoral de Citocinas Inerleucina-6 e Fator de Necrose

O resultado líquido da interação hospedeiro-tumor é a indução de anorexia e uma alteração na composição corporal, cuja principal característica é uma perda grave e específica de massa muscular esquelética (Fearon and Preston, 1990). Estas mudanças brutas são um reflexo de um complexo conjunto de alterações metabólicas em ambos, músculo esquelético e fígado do indivíduo afetado.

Embora a patogênese da perda de peso na presença da caquexia ainda não esteja totalmente elucidada, uma característica conhecida da caquexia é a ativação induzida por tumor do sistema imunológico do hospedeiro, envolvendo citocinas pró- inflamatórias (15). As alterações metabólicas observadas na caquexia do câncer provavelmente são desencadeadas por essa resposta imune e subseqüente produção aumentada de citocinas, como a interleucina (IL)-1β, IL-6, interferon-γ e fator de necrose tumoral (TNF)-α, que podem ser os gatilhos primários catabólicos para a perda de músculo esquelético (9, 10, 15, 16). Estas citocinas contribuem também na imunossupressão e proliferação de células tumorais, remodelamento tecidual e angiogênese (Seruga et al., 2008).

As citocinas são proteínas de baixa massa molecular que são liberadas normalmente em resposta a um estímulo ativador e induzem respostas por meio da ligação a receptores específicos. Estas moléculas são capazes de orquestrar a resposta do organismo à injúria, infecção, tumores e provavelmente à maioria das doenças inflamatórias.

Diferentes protocolos experimentais demonstraram que as citocinas têm efeito sobre o apetite e são potentes indutoras de perda de peso (Tisdale, 1993) Tisdale, 2000; Korekane et al., 2003). As citocinas IL-6 e TNF-α também têm sido propostas como possíveis mediadoras do processo caquético (Bruera, 1997). Elevados níveis séricos de IL-6 e TNF-α foram encontrados em pacientes com câncer e os níveis séricos dessas citocinas parecem se correlacionar com a progressão do tumor (Tisdale, 1997).

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Também foi verificado que a administração de doses progressivamente maiores de TNF-α em animais induziu caquexia, resultante da diminuição da ingestão alimentar e balanço nitrogenado negativo (Argiles et al., 2005a).

A perda do tecido adiposo está, em parte, relacionada com a supressão da atividade da lipoproteína lipase pelo TNF-α, (Kawakami et al., 1982), levando a uma captação diminuída de lipídeos exógenos pelos adipócitos e a um aumento dos níveis de triacilgliceróis circulantes. Recentemente Busquets et al. (Busquets et al., 2007) mostraram que o TNF-α é capaz de induzir o desacoplamento da fosforilação oxidativa. A expressão dos RNAs mensageiros das proteínas desacopladoras UCP2 e UCP3 estão aumentadas no músculo esquelético de ratos portadores de tumor e a administração de TNF-α mimetiza este aumento. O TNF-α e a IL-1 podem estar envolvidos ainda com a anorexia relacionada ao câncer, possivelmente por aumentarem os níveis do hormônio liberador de corticotrofina, um neurotransmissor do sistema nervoso central que suprime a fome. Tisdale e colaboradores (Tisdale, 2009) relataram a presença de receptores de TNF-α na área do hipotálamo que regula a ingestão de alimentos.

A interleucina 6 (IL-6) estimula a conversão do lactato proveniente das células tumorais em glicose através da via da gliconeogênese em hepatócitos isolados (Argilés et al., 2005a), que consome seis moléculas de ATP por ciclo. Altos níveis circulantes de IL-6 são associados à perda de peso em alguns pacientes com linfoma, câncer de pulmão e colo-retal (Samuels et al., 2000)

Para avaliar-se o impacto dos diferentes tratamentos com narigina, morina e acetoxi-DMU, sobre as citocinas no tecido hepático e tumoral do hospedeiro, avaliou-se a atividade de citocinas TNF-α (Figura 30) e IL-6 (Figura 31) em tecido hepático e tumoral.

Os resultados obtidos nas amostras de fígado demonstraram que os compostos testados foram eficientes em manter os níveis de TNF-α e IL-6 semelhantes aos encontrados nos ratos do grupo controle sem tumor (C), indicado normalidade nos níveis destas citocinas no organismo destes animais. (Figuras 30-A e 31-A).

Como esperado, os animais do grupo controle tumor (T) apresentaram os maiores níveis de TNF-α e IL-6, tanto nas amostras de fígado quanto tumor, em comparação a

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todos os demais grupos. (Figuras 30 e 31). Este resultado está de acordo com os relatos de que as citocinas estão relacionadas à perda de peso e progressão tumoral (Bruera, 1997; Korekane et al., 2003; Tisdale, 1993; Tisdale, 2000). Nas amostras de tumor, os valores obtidos para os grupos tratados com os compostos foram extremamente menores dos obtidos para o grupo T, indicando que os tratamentos terapêuticos com os flavonóides testados e com o acetoxi DMU possuem um papel promissor na inibição da liberação/ação desta citocinas no organismo com tumor, contribuindo, conseqüentemente, para a prevenção destes organismos contra o estabelecimento da caquexia. Mesmo com estes resultados, ainda não é possível saber em que ponto os flavonóides estão atuando, sendo necessários mais estudos para esta compreensão.

93 T TN25 TM25 TAD25 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 ** * * IL- 6 no Tecido Tumo ral (pg/ml) C N25 M25 ADM25 T TN25 TM25 TAD25 0 1 2 3 4 5 6 7

*

IL- 6

no

Tecido

Hepá

tico (

pg

/ml

)

Figura 30: Atividade hepática de interleucina-6 (IL-6) de ratos portadores de tumor sob os efeitos do tratamento terapêutico com narigina, morina e acetoxi DMU. Ratos Wistar foram inoculados subcutaneamente (no flanco direito) com células tumorais e após 3h iniciou- se o tratamento terapêutico com os flavonóides e acetoxi DMU, via intraperitoneal, 5 vezes consecutivas por semana, durante aproximadamente 21 dias (n=10/grupo). Gráfico A: tecido hepático; gráfico B: tecido tumoral. Legenda: C: ratos controle; T: ratos inoculados com tumor. N25, M25 e AD25: correspondem aos grupos sem tumor tratado com 25mg/kg de narigina, morina e acetoxi DMU, respectivamente; TN25, TM25 e TAD25: ratos portadores do tumor tratados com 25mg/kg de narigina, morina e acetoxi DMU, respectivamente. Os procedimentos para a inoculação das células tumorais nos ratos e o tratamento com os compostos encontram- se descritos em Métodos. As colunas representam as médias ± erro padrão. * e ** indicam diferença significante (p<0,05 e p<0,01, respectivamente) em relação aos grupos controle (C no gráfico A e T no gráfico B).

A

94 T TN25 TM25 TAD25 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 *** *** *** TN F-alfa no T ecido Tumo ral ( pg /ml ) C N25 M25 AD25 T TN25 TM25 TAD25 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 *

TN

F-alfa no Te

cido He

pático (

pg

/ml

)

Figura 31: Nível hepático e tumoral de fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) de ratos portadores de tumor sob os efeitos do tratamento terapêutico com narigina, morina e acetoxi DMU. Ratos Wistar foram inoculados subcutaneamente (no flanco direito) com células tumorais e após 3h iniciou-se o tratamento terapêutico com os flavonóides e acetoxi DMU, via intraperitoneal, 5 vezes consecutivas por semana, durante aproximadamente 21 dias (n=10/grupo). Gráfico A: tecido hepático; gráfico B: tecido tumoral. Legenda: C: ratos controle; T: ratos inoculados com tumor. N25, M25 e AD25: correspondem aos grupos sem tumor tratado com 25mg/kg de narigina, morina e acetoxi DMU, respectivamente; TN25, TM25 e TAD25: ratos portadores do tumor tratados com 25mg/kg de narigina, morina e acetoxi DMU, respectivamente. Os procedimentos para a inoculação das células tumorais nos ratos e o tratamento com os compostos encontram-se descritos em Métodos. As colunas representam as médias ± erro padrão. * e *** indicam diferença significante (p<0,05 e p<0,001, respectivamente) em relação aos grupos controle (C no gráfico A e T no gráfico B).

A

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4.2.5 Nível Hepático e Tumoral do Fator de Crescimento Vascular

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