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NIF – Nível de Instrução Familiar

4 Capítulo IV – Apresentação e Análise de Resultados

4.3 Relação entre os dados obtidos e as características pessoais dos respondentes

4.3.3 NIF – Nível de Instrução Familiar

A maioria (67,4%) dos pais diz que a escola do 1º. CEB actual é melhor ou

muito melhor do que aquela que frequentaram. No entanto, esta tendência é maior nos pais de NIF mais inferior, ou seja, vai diminuindo conforme o NIF vai aumentando (1º.CEB, 70,3%; 2º. e 3º. CEB, 69%; 12º. Ano a Curso Superior, 63,8%).

A escola como um local onde os filhos aprendem conhecimentos, continua a ser a opção da grande maioria (81,9%). Segundo Santiago, esta tendência vai ao encontro de estudos realizados anteriormente, visto que os pais ainda “sobrevalorizam os saberes básicos e os métodos tradicionais de ensino como garantes de uma melhor preparação do aluno para a vida social e profissional” (Santiago, 1996: 47). É muito provável que muitos dos pais ainda tenham algum receio que a escola educadora não privilegie os tais conhecimentos essenciais que devem ser base à educação dos alunos.

Contudo, a percentagem mais elevada de pais que atribuem à escola a finalidade de educar (contribuir para o desenvolvimento pessoal e social das crianças) situa-se ao nível dos portadores de maiores habilitações académicas (74,12%).

Independentemente do NIF, os itens com maiores percentagens de escolha, no que respeita ao que os pais acham mais importante na escola do 1º.CEB, são aqueles que estão mais adequados à formação integral dos alunos, enquanto membros integrantes e participativos na sociedade. Contudo, verifica-se uma maior concentração de respostas de pais de NIF mais superior. Esses itens são: “que os alunos usem vários meios de pesquisa de informação” e “que alunos aprendam a encontrar soluções para problemas”.

Embora de uma forma pouco acentuada, verifica-se que há uma ligeira tendência para os pais de NIF mais superior terem uma opinião menos favorável quanto à capacidade de resposta da escola do 1º. CEB às necessidades dos filhos (1º. CEB, 60,4%; 2º. e 3º. CEB, 57%; 12º. Ano a Curso Superior, 51,9%).

Relativamente à iniciativa de contactos escola-família, são os pais de NIF mais elevado que dizem, em maioria (72,4%), que este tipo de contactos é de sua iniciativa, enquanto que a maioria (60,4%) de pais com NIF mais baixo diz que a iniciativa é da escola. Talvez se possa inferir destes dados que os pais com uma formação mais elevada se preocupam mais e estão mais atentos à escolarização dos filhos, dentro da perspectiva

de perceberem o quanto é importante estar a par e acompanhar o seu desenvolvimento escolar. Contudo, as razões poderão também decorrer da menor disponibilidade e capacidade de diálogo dos pais de NIF inferior.

Para além de a maioria dos pais dizer que a iniciativa dos contactos escola- família parte deles, também dizem, independentemente do NIF, que habitualmente contactam com o professor dos seus filhos nas reuniões da escola. Numa primeira leitura, estes dados parecem contraditórios, mas podem não o ser, uma vez que se perguntava: “como contacta habitualmente…” e, para muitos dos pais, o termo habitualmente poderá estar relacionado com aquelas reuniões que se fazem com alguma regularidade.

Uma significativa percentagem (37,6%) de pais assume que os professores enviam bastantes vezes (1 a 2 vezes por mês) recados pelos filhos. No entanto, são os pais de maior NIF que o assumem mais frequentemente. Também se verifica que, conforme aumenta o NIF, aumenta a percentagem (1º CEB, 76,9%; 2º e 3ºCEB, 81%; 12º. Ano a Curso Superior, 93%) dos pais que dizem que perguntam muitas vezes ou sempre aos filhos como lhes correu o dia na escola.

Parece poder afirmar-se que, quanto maior for o NIF dos pais, mais preocupados se mostram com o quotidiano escolar dos filhos. Este aspecto talvez tenha a ver com uma noção diferente e mais positiva destes pais sobre a importância que o seu interesse pode ter para uma melhor formação dos filhos. A este propósito, Montadon refere que para dar continuidade às actividades escolares em casa, através de “leituras diversas, visitas a museus, exposições e outras actividades, os recursos sociais e culturais das famílias desempenham um papel considerável; quanto mais elevados são, mais as famílias prolongam as aprendizagens escolares em casa” (Montadon, 1991: 71-72).

Portanto, pode-se verificar que os resultados obtidos vão ao encontro do que refere a autora, ou seja, quanto melhor for a formação das famílias, maior interesse têm pelo quotidiano escolar dos filhos e, consequentemente, mais os estimulam. O nosso estudo mostra que uma grande maioria (87,75%) de pais considera muito importante ou fundamental a sua participação na vida escolar dos filhos, ainda que se verifique que são os pais com maior NIF que o dizem mais frequentemente (1º CEB, 80,2%; 2º. e 3º. CEB, 86,8%; 12º. Ano a Curso Superior, 93%).

Reforça-se, assim, a ideia de que “no geral, as famílias favorecidas oferecem melhores possibilidades de garantir à criança um desenvolvimento harmonioso e uma inserção fácil nos meios exteriores como a escola” (Pourtois et al, 1994: 291). No

entanto, é notório que, independentemente das habilitações dos pais, a participação na vida escolar dos filhos é tida como muito importante ou fundamental, em maiorias muito significativas. Este facto poderá ser considerado como um indicador relevante de que os pais têm consciência da importância da sua participação para o sucesso educativo dos filhos.

Em relação à importância relativa atribuída às diferentes áreas curriculares do 1º.CEB, a Língua Portuguesa aparece como sendo a de maior importância (62,7%). Esta tendência vai aumentando conforme vai aumentando o NIF (1º.CEB 54,9% - 2º. e 3º. CEB 62% - 12º.Ano a Curso Superior 67,6%). A Matemática aparece como segunda área mais importante (61,6%), mantendo a mesma tendência, ou seja, quanto maior é o NIF maior é a percentagem de escolha (1º.CEB 53,8% - 2º. e 3º. CEB 62,4% - 12º.Ano a Curso Superior 64,3%). O Estudo do Meio aparece como a terceira área mais importante (65,6%) e as Expressões aparecem na quarta posição do grau de importância (69,5%).

Uma grande percentagem (73,7%) dos pais diz que, no seu entender, a escola do 1º.CEB deve incluir no seu currículo a educação em ciências, o que está em consonância com a linha de pensamento de vários autores (Martins & Veiga, 1999; Pereira, 2002). Contudo, são os pais com maior NIF que o fazem mais frequentemente (87,6%).

Porque todos os cidadãos devem ser conhecedores, conscientes e activos nas questões de cariz científico com que se deparam diariamente foi a razão principal apontada por uma maioria significativa (63,3%) para que o currículo do 1º. CEB inclua a educação em ciências. Também 34,9% dos respondentes apontam como razão principal para essa inclusão o facto das ciências serem interessantes e úteis. Contudo, os pais com maior NIF elegem com mais frequência a primeira justificação para a inclusão da educação em ciências no currículo do 1º CEB (1º CEB, 56,1%; 2º. e 3º. CEB, 57,7%; 12º Ano a Curso Superior, 71,6%), ou seja, conforme aumentam as habilitações dos pais também aumenta a preferência por essa justificação.

Que a educação em ciências deve ter início nos primeiros níveis de ensino é opinião partilhada pela maioria (69,3%) dos pais, mas são os pais de maior NIF que o dizem mais frequentemente.

Independentemente do NIF, a definição de Ciência como a “exploração do desconhecido e a descoberta de coisas novas acerca do nosso mundo e do Universo e como eles funcionam” foi a que teve a maior percentagem (41,9%) de escolha.