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4.1 CANTADOR QUE PERDEU A VISTA

4.1.2 Nível narrativo

Nas estruturas narrativas, ou no nível intermediário do percurso gerativo da significação, procura-se identificar a presença e atuação dos Sujeitos semióticos, no percurso que realizam em busca de seu Objeto de Valor.

A organização das estruturas narrativas do poema Cantador que perdeu a vista vai expor a manifestação e a atuação de doze Sujeitos semióticos: S1, o

cantador; S2, natureza, S3, médicos; S4, violeiro; S5, Jesus, S6, filhos; S7, povo, ou

seja, sua família; S8, amigos; S9, colegas; S10, você; S11, Deus e S12, conhecidos.

O Sujeito semiótico 1, S1, revestido pela figura de cantador, instaura-se, nas

estruturas narrativas, pela modalidade de um querer-fazer o relato do maior desgosto de sua vida: a perda da visão. Autodestinado segue um percurso narrativo em busca de descrever o triste acontecimento de sua vida, seu Objeto de Valor, o OV1. Para realizar sua trajetória narrativa conta com o dom de poetar, seu Adjuvante.

A cegueira funciona como seu Opositor. Verifique o programa narrativo do S1, no

gráfico:

S1

Com um discurso sedutor e dotado de uma competência modal, o S1 realiza

sua performance, chegando ao estado final do percurso narrativo em conjunção com seu Objeto de valor, OV1. Veja a representação:

F = [(S1 U OV1) → (S1∩ OV1)]

O S2, na figura natureza, instaura-se, nas estruturas narrativas, pela

modalidade de um poder-fazer o cantador perder a vista, ou seja, ficar cego. Autodestinado sem Opositor segue um percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1, fazer o cantador perder a vista. Seu Adjuvante é a fragilidade da

matéria corpórea. Observe o programa narrativo do S2, no gráfico:

Adj (dom de poetar) (o cantador que perdeu a vista) Dor (autodestinação OV1 (descrever o triste acontecimento de sua vida) Op (cegueira) Dário

S2

Favorecido por uma competência modal e ajudado pela fragilidade da matéria corpórea, seu Adjuvante, o S2 consegue realizar sua performance e chegar ao

estado final do percurso narrativo em conjunção com seu Objeto de valor, OV1. Note

a representação:

F = [(S2 U OV1) → (S2∩ OV1)]

Figurativizado por médicos, o Sujeito semiótico 3, S3, é instaurado, nas

estruturas narrativas, pela modalidade de um dever-curar. Seu Objeto de Valor é, portanto, curar os olhos do cantador. Destinado pelo mal que atingiu a vista do cantador, segue um percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1,

curar os olhos do cantador. Seu Adjuvante são os remédios. A cegueira irreversível do cantador funciona como seu Opositor. Veja o programa narrativo do S3, no

gráfico: S3

Mesmo dotado de uma competência modal, o S3 não consegue realizar sua

performance, uma vez que seu Opositor, a cegueira irreversível do cantador, atrapalha-o, impedindo-lhe de realizar a cura dos olhos do cego. Chega, portanto, ao

Adj (os remédios) (médicos)

Dário Dor

(mal que atingiu a vista do cantador) OV1 (curar os olhos do cantador) Op (cegueira irreversível do cantador) Adj

(fragilidade da matéria corpórea) (natureza)

Dário Dor (autodestinação)

OV1

(fazer o cantador perder a vista)

estado final do percurso narrativo em disjunção com seu Objeto de valor, OV1. Veja

a representação:

F = [(S3 U OV1) → (S3 U OV1)]

O S4, figurativizado por Jesus e Deus, instaura-se, nas estruturas narrativas,

pela modalidade de um poder-fazer. Destinado pela fé de cada um, o S4 segue um

percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1, proteger cada um do

mal que ataca a vista. Seu Não tem Opositor e seu Adjuvante é o poder sobrenatural. Note o programa narrativo do S4, no gráfico:

S4

Instaurado por uma competência modal e dotado de um poder sobrenatural, seu Adjuvante, o S4 realiza sua performance. Chega, portanto, ao estado final do

percurso narrativo em conjunção com seu Objeto de valor, OV1. Repare a

representação:

F = [(S4∩ OV1) → (S4∩ OV1)]

O S5, figurativizado por filhos, instaura-se, nas estruturas narrativas, pela

modalidade de um dever-ser. Destinado pela consciência paterna do cantador cego segue um percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1, ser

sustentado pelo pai cego. Seu Adjuvante é a responsabilidade paterna. A cegueira irreversível do cantador cego funciona como seu Opositor. Observe o programa narrativo do S5, no gráfico: Adj (poder sobrenatural) (Jesus e Deus) Dário Dor (fé de cada um) OV1 (proteger cada um do mal que ataca a vista)

S5

Favorecido por uma competência modal e ajudado pela responsabilidade paterna, o S5 consegue chegar ao estado final do percurso narrativo em conjunção

com seu Objeto de valor, OV1. Verifique a representação:

F = [(S5∩ OV1) → (S5∩ OV1)]

Na figura meu povo, o S6, instaura-se, nas estruturas narrativas, pela

modalidade não poder-auxiliar. Destinado pela necessidade do cego, tem como Adjuvante a generosidade e como Opositor a condição de pobreza em que vive. Abraça seu percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor ajudar ao cantador cego, o OV1. Perceba o programa narrativo do S6, no gráfico:

S6

O S6 não consegue realizar sua performance, chegando ao estado final do

percurso narrativo em disjunção com seu Objeto de valor, OV1, visto que o estado de

pobreza em que vive, seu Opositor, não permite que ajude ao cantador. Note a representação: F = [(S6 U OV1) → (S6 U OV1)] Adj (a responsabilidade paterna) (filhos) Dário Dor (consciência paterna) OV1

(ser sustentado pelo pai cego) Op (cegueira irreversível do cantador cego) (meu povo) Dário Dor (necessidade do cego) OV1 (ajudar ao cego) Op (pobreza) Adj (generosidade)

Figurativizado por amigos, o S7, é instaurado, nas estruturas narrativas, pela

modalidade querer-fazer. Destinado pela necessidade do amigo, o S7 segue um

percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1, salvar o amigo da

cegueira. Seu Adjuvante é amizade que tem por ele. A cegueira irreversível do amigo cantador funciona como seu Opositor. Veja o programa narrativo do S7, no

gráfico: S7

Mesmo dotado de uma competência modal o S7 não consegue realizar sua

performance, uma vez que seu Opositor, a cegueira irreversível do amigo cantador, impede-o de ajudá-lo. Chega, portanto, ao estado final do percurso narrativo em disjunção com seu Objeto de valor, OV1. Repare a representação:

F = [(S7 U OV1) → (S7 U OV1)]

O Sujeito semiótico 8, figurativizado pelo termo Colegas, instaura-se, nas estruturas narrativas, pela modalidade querer-fazer. Destinado pela necessidade do colega, o S8 segue um percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1,

salvar o colega da cegueira. Seu Adjuvante é o coleguismo. Como seu Opositor, surge a cegueira irreversível do colega cantador. Observe seu programa narrativo, no gráfico: Adj (amizade) (amigos) Dário Dor (necessidade do amigo) OV1 (salvar o amigo da cegueira) Op (cegueira irreversível do cantador)

Mesmo dotado de uma competência modal e, possuindo o coleguismo como Adjuvante, o S8 não consegue realizar sua performance, uma vez que seu Opositor,

a cegueira irreversível do colega impede-o de salvá-lo. Chega, portanto, ao estado final do percurso narrativo em disjunção com seu Objeto de valor, OV1. Veja a

representação:

F = [(S8 U OV1) → (S8 U OV1)]

O S9, na figura você, instaura-se, nas estruturas narrativas, pela modalidade

querer-ser ouvinte do poeta cego. Autodestinado segue um percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1, ouvir o cego poetar. Seu Adjuvante é apreço à

poesia. Observe o programa narrativo do S9, no gráfico:

S9

Favorecido por uma competência modal e ajudado pelo apreço à poesia o S9

consegue chegar ao estado final do percurso narrativo em conjunção com seu Objeto de valor, OV1. Note a representação:

F = [(S9 U OV1) → (S9∩ OV1)] Adj (coleguismo) (colegas) Dário Dor (necessidade do colega) OV1 (salvar o colega da cegueira) Op (cegueira irreversível do colega) Adj (apreço à poesia) (você) Dário Dor (autodestinação) OV1

(ouvir o cego poetar)

O S10, figurativizado por conhecidos, instaura-se, nas estruturas narrativas,

pela modalidade dever-lembrar. Destinado pelo pedido do cego e sem Opositor segue um percurso narrativo em busca de seu Objeto de Valor, o OV1, não se

esquecer do poeta cego. Pressupõe-se que seu Adjuvante seja a consideração ao poeta cego. Observe o programa narrativo do S10, no gráfico:

S10

Favorecido por uma competência modal e ajudado pelo pedido do cego, o S10

consegue chegar ao estado final do percurso narrativo em conjunção com seu Objeto de valor, OV1. Note a representação:

F = [(S10 U OV1) → ∩ OV1)]