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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 NA VIDA CADA FINAL É UM NOVO COMEÇO

Na investigação que resultou neste trabalho se buscou conhecer quais as representações sociais de gestores de escolas públicas de Alagoas sobre a participação democrática. Partimos da tese de que tais representações têm sido forjadas pelos valores democráticos que circulam no contexto macrossocial, e por antidemocráticos, resultantes do contexto microssocial, do qual se destaca a sociedade alagoana, onde estão inseridos os sujeitos desta pesquisa.

Por considerarmos que tanto o contexto macro quanto o microssocial são construídos numa sociedade de classes, na relação antagônica entre capital e trabalho, compreendemos que tais representações também são perpassadas por essa tensão presente no modelo de vida social vigente.

Para o processo de investigação da tese construímos três pressupostos. Nesse sentido buscamos identificar e analisar quais as concepções predominantes que circulam e orientam o debate sobre a democracia e sua dimensão participativa, além das práticas concernentes. De posse dessas discussões, procuramos verificar como, no contexto macrossocial, tais ideias têm ou não sido circuladas. Como não poderíamos dar conta de toda a dimensão, fizemos um recorte no setor da educação brasileira, especificamente no período que compreendeu os governos Lula (2003-2010). Nessa conjuntura, realizamos uma pesquisa documental, analisando políticas públicas da educação, especificamente os seus contextos discursivos sobre a participação democrática. Para dar uma materialidade a tais contextos, consideramos a CONAE como espaço ápice da participação dos setores da educação na dimensão macrossocial.

Como nos referimos na introdução desta tese, a preconização da gestão escolar de modelo democrática e sua dimensão participativa não está distanciada dos tensionamentos que circulam nos debates teóricos sobre democracia e, consequentemente, sobre a participação democrática. Tais disputas são visíveis nos projetos de sociedade que circulam no contexto macrossocial e que buscam dar direção à construção e à condução dos processos democráticos e participativos. Criam-se representações coletivas sobre o que é democracia e como deve ser a participação dos sujeitos de uma determinada sociedade. Por sua vez, os elementos desses

debates contribuem para forjar as representações sociais dos indivíduos e dos grupos sociais de que fazem parte.

Como mediação do processo investigativo, apoiamo-nos na perspectiva teórica da TRS por oferecer os subsídios para compreender questões dos contextos aqui analisados, especificamente do campo microssocial, a sociedade alagoana. Ainda, ancoramo-nos nos sentidos de hegemonia, dimensão ético-política e Estado ampliado formulados por Gramsci.

Compreendemos que o Estado é ampliado (sociedade política e sociedade civil) e que a sua dinâmica é resultado dos embates construídos pelos diversos setores, através dos aparelhos privados de hegemonia, e, igualmente, por meio dos espaços da sociedade política. Assim é que os sentidos de participação democrática e, consequentemente, as representações sociais dos sujeitos participantes desta pesquisa, não estão alijados dos conflitos que perpassam as concepções de democracia que circulam e são veiculadas pelas políticas públicas e estratégias presentes nos instrumentos privados dos setores sociais predominantes.

Na seção 2, buscamos mostrar as disputas presentes em torno das diversas concepções de democracia. Procuramos evidenciar que, como não poderia deixar de ser em uma sociedade de classes, as diferentes correntes de democracia buscam reforçar, na superestrutura, ideias que reforçam o modelo de sociedade atual ou constroem conceitos que vislumbram a hegemonia (contra-hegemonia) da classe-que-vive-do-trabalho. Sendo a participação democrática a via de dinamização da democracia, tais conceitos orientam como devem ser construídos os espaços e os instrumentos de participação na sociedade. Por sua vez, tais orientações, igualmente, constituem elementos que forjam as representações sociais dos sujeitos, implicando em seus comportamentos participativos.

Das diversas correntes existentes sobre democracia, evidenciamos as predominantes: a minimalista e a ampliada. A primeira limita o debate sobre a democracia à representatividade e, a princípio, é oriunda de uma concepção elitista, localizada na doutrina liberal de sociedade; e não menos minimalista do que a perspectiva elitista, situa-se a vertente neoliberal. Desse modo, a corrente minimalista de democracia e de participação democrática tem como características o reforço do individualismo e da liberdade e um forte apelo à competitividade; os sujeitos são concebidos como consumidores no lugar de cidadãos. Consideram como legítima a regulação da sociedade pelas forças livres do mercado. A elitista, porém, considera que a participação coletiva pode enfraquecer a mobilização política e social no sentido da luta por direitos. Enquanto a neoliberal, apesar do seu forte apelo à participação da sociedade, concebe-a restrita às necessidades individuais dos sujeitos,

portanto, uma participação restrita e limitada a alguns momentos das políticas sociais, sem que permita a sua avaliação e controle. Assim, mantém o sentido minimalista de participação dos indivíduos na dinâmica do Estado.

A segunda corrente, conhecida por democracia participativa, parte da crítica à concepção minimalista e defende a ampliação dos espaços de participação. Nesta corrente podem ser localizadas três vertentes: 1ª) a corrente liberal que defende a democratização do Estado nos limites da ordem societal estabelecida, portanto, nos limites das chamadas regras do jogo democrático; 2ª) a socialista que considera a participação como caminho que visa à construção de uma contra-hegemonia pela classe-que-vive-do-trabalho. Trata-se de uma concepção de democracia que defende a crescente participação das classes subalternas nas decisões do Estado e no controle social de suas ações. Para tanto, os conflitos de classe, frações de classe são evidenciados, pois se compreende que eles são inerentes aos processos participativos, destacando-se, portanto, os projetos antagônicos de classe; 3ª) a neoliberal de terceira-via, que também apregoa a ampliação da participação da sociedade civil e se coloca como uma corrente teórica que serve de orientação para a construção de uma outra realidade em termos das políticas públicas e da ação do Estado. Nesse sentido, retorna as concepções da social democracia mescladas com elementos da concepção neoliberal. Embora, portanto, tenha o forte discurso de participação no sentido de solidariedade, filantropia, voluntariado, difere da perspectiva minimalista. Para esta vertente, a ideia de participação democrática não está limitada à satisfação das necessidades como resultante do esforço individual das pessoas na competição do livre mercado. A perspectiva neoliberal de terceira-via defende uma ampla participação dos sujeitos coletivos, não para a democratização do Estado e o seu controle social, mas para a resolução dos seus problemas, antes de responsabilidade do Estado. O discurso de classe é substituído pelo de minorias, buscando-se amortizar e até camuflar os conflitos sociais.

Especificamente, a perspectiva neoliberal de terceira-via, tem sido difundida pelos instrumentos privados de hegemonia dos setores dominantes da sociedade brasileira. Como buscamos argumentar na seção 4, o movimento “todos pela educação” tem sido um dos importantes canais de construção de um consenso, nos setores da educação, defensor de uma participação voluntariada e solidária justificada pela ausência dos poderes públicos na solução dos problemas sociais. Tal concepção também tem estado nas entrelinhas das políticas educacionais, a exemplo do PDE formulado nos governos Lula.

Nos mandatos do governo Lula (2003-2010), destacamos a ossatura forjada em torno do Estado Brasileiro para garantir a participação social. Diversos mecanismos foram criados para estabelecer um diálogo dos mais amplos setores da sociedade civil com o governo. Tal ossatura esteve orientada pelo discurso de “concertação social”. Para isso, os governos Lula ampliaram os mecanismos de participação social, instituíram conselhos, mesas de diálogos, conferências, fóruns etc.

Apesar de tais espaços serem resultados dos movimentos sociais que lutam pela ampliação do controle social, portanto, de maior participação da sociedade civil, os mais amplos setores da sociedade civil foram convocados a participar dos espaços forjados pelo governo. Um governo neoliberal de terceira-via, que, inoportunamente, faz uma convocação cujo objetivo era propor a simbiose entre capital e trabalho, de forma harmonizada, a fim de superar os conflitos em prol da concertação social.

No campo político, os elementos característicos do lulismo significaram o desvio de uma agenda que permitisse o embate de projetos hegemônicos por meio dos “conflitos” para uma “agenda de projetos de consensos passivos”, arbitrada pela centralização administrativa. As conferências realizadas nos anos 1980, 1990 e início dos anos 2000, pelos setores da sociedade civil, como demandas dos setores progressistas e neles presentes as ideias em defesa da classe-que-vive-do-trabalho, passaram a estar sob a tutela do governo que ao instituí-las cumpre a função de coordenar e organizar, juntamente com organizações da sociedade civil, os espaços de participação macroparticipativos.

É nessa estrutura que a participação é orientada para o campo da solidariedade, associativismo, da sociedade de bem-estar social, do “apaziguamento” dos conflitos evidenciando o projeto ético-político neoliberal de terceira-via.

No Brasil, as características desse discurso têm ganhado força tanto nos setores da sociedade civil, através dos aparelhos privados da hegemonia da classe dominante, quanto no Estado restrito. No caso dos governos Lula, esse discurso, contraditoriamente, foi ganhando força a partir do processo de deslocamento da participação da arena social para o da arena estatal, funcionando como espaço educador e de repolitização da sociedade civil. Ao mesmo tempo que se assumiram uma postura de redistribuição da democracia, os governos buscaram concentrar em um único espaço as discussões relativas ao campo da sociedade civil. Isso demonstra que é o Estado, ainda, o espaço privilegiado de disputas de projetos e que não deixou de ter o monopólio da governação. Ao mesmo tempo, constitui-se como um dos

mecanismos de “direção” e “articulação” do projeto de participação democrática advogado pelas classes hegemônicas.

O refluxo dos setores mais à esquerda do projeto de sociedade capitalista; a repolitização desses setores; a secundarização das deliberações tomadas na CONAE 2010, caracterizada como uma pseudoparticipação; o envio de um PL do PNE ao Congresso Nacional não contemplando o conjunto das decisões tomadas a partir da participação da sociedade civil; o alinhamento do governo com o discurso dos setores “Todos pela educação”; a tomada de políticas no âmbito do governo sem amplo debate com a sociedade civil em detrimento do PNE, a exemplo do PDE, demarcaram as contradições de um discurso que apregoa a ampla participação social.

Assim, se a ampliação de mecanismos de participação significou, por um lado, uma conquista de setores da SC, por outro, caracterizou os limites da participação efetivamente democrática defendida por segmentos vinculados à educação pública.

A direção dos processos macroparticipativos, bem como do discurso de ampliação da participação por parte do governo, tem servido como estratégia de hegemonia para a formação de uma cultura participativa, da sociedade civil, ancorada na perspectiva de participação redistributiva do neoliberalismo da terceira-via.

Nesse sentido, inferimos que tem perdido força a concepção de uma efetiva democracia e de participação que apregoa o controle social e a democratização do Estado. Assim, a gestão democrática da educação e da escola pública, tal como defendida e difundida pelos setores progressistas da educação, que preconizavam uma progressiva ampliação dos canais de participação da sociedade civil e do controle social nos diversos espaços participativos da sociedade, está sendo substituída pelo discurso participacionista de sociedade de bem estar-social. Este discurso tem sido consensuado pelos governos, por meio da ideia de “pacto social” e do tutelamento dos espaços de participação da sociedade; igualmente, pelos grupos dominantes da sociedade civil organizada que pedagogizam uma participação nos limites da caridade e do voluntariado.

Diante das estratégias em processo operacionalizadas pelos setores privados da educação, uma das saídas é a rearticulação política e a reorganização da sociedade civil, especificamente dos setores que defendem um projeto de educação na perspectiva da classe- que-vive-do-trabalho. Acreditamos que, assim, é possível dar dinamicidade a uma perspectiva de participação efetivamente democrática.

Tais compreensões, especificamente as hegemônicas de democracia, como demonstrado nos dados da pesquisa, estão fortemente presentes nas representações sociais sobre a participação democrática do grupo social investigado: quando restringem gestão democrática escolar à eleição de diretores; ou quando concebem que nem todos estão preparados para a tomada de decisão na escola; ou ao compreenderem a participação no sentido do voluntariado, solidariedade, ancorando participação no sentido de ajuda e não de decisão.

Vimos, também, que das ideias predominantes sobre participação democrática que circulam nas representações coletivas está o significado de participação que camufla os conflitos. Para tanto, foi adotado, pelos participantes da pesquisa, uma significação pejorativa do conflito, típica das sociedades de classe. Conflito que está ancorado nos significados de baderna, briga; e é compreendido como um fenômeno “ruim” já que “não é bom para a organização escolar”. No lugar do conflito, o sentido de harmonia tem lugar central na representação social sobre a participação democrática.

Estas representações não estão descoladas das de democracia como apontaram os dados do TALP, complementado pelas entrevistas. Observamos que, fundamentalmente, é o sentido de democracia restrita à ideia de individualidade que tem estado presente nas representações sociais: os sujeitos ancoram democracia em liberdade individual, ao sentido de direitos civis reforçando, portanto, as representações coletivas difundidas no plano macrossocial.

De forma embaraçosa, mas não sem explicação, juntam-se a esses sentidos de democracia, presentes nas representações sociais dos sujeitos da pesquisa, ancoragens e objetivações que destoam dos significados que circulam na sociedade civil. Construídas pelas experiências que vivenciam os sujeitos da pesquisa, observamos que democracia e participação democrática estão associadas aos sentidos de apadrinhamento, perseguição, silenciamento, medo, privilégio, para poucos, acomodação entre outros.

Quando consideramos, na tese inicial desta investigação, que as representações sociais, do grupo focalizado sobre a participação democrática estariam construídas por valores antidemocráticos, ponderamos que, apesar de no contexto macrossocial haver uma circulação de valores considerados democráticos, em que pesem as críticas a tais valores, no contexto microssocial, onde está inserido o grupo de gestores escolares participantes da pesquisa, perpassam as experiências de uma sociedade profundamente autoritária. Reconhecemos que tais experiências não são típicas apenas de Alagoas, mas sopesamos que o ethos oligárquico,

as relações sociais sob a lógica do patrimonialismo, do coronelismo, do mandonismo são neste estado agudizadas. Portanto, atravessam ou estão presentes concomitantemente nas representações sociais de democracia e participação democrática dos alagoanos.

As palavras evocadas, observadas em seu conjunto, integram as RS sobre a democracia e a participação democrática em Alagoas. Para poucos, apadrinhamento, perseguidora, irreal, fraco, difícil, utopia, coragem, calar-se, desafiador, medo, sonho, comodismo, privilégio, foram as expressões mais frequentemente evocadas relacionadas ao contexto microssocial. Elas se mostram diferentes das evocadas em relação ao contexto macrossocial: liberdade, união, direito, tolerância, responsabilidade, ajudar, engajamento, comunidade, ação, doação, compromisso, progresso, opinar, tolerância. Estas diferenças permitem afirmar a forte influência do contexto alagoano nas RS dos gestores entrevistados.

O dado revelador para nós esteve no fato da associação do estímulo participação em Alagoas à palavra medo. Tal relação teve uma frequência 30, destoando de modo significativo das frequências das demais palavras evocadas. Este dado nos levou a buscar os elementos explicativos que induziram os participantes a construírem tal relação. Para tanto, foi necessário um olhar ampliado das palavras que obtiveram maior frequência. Foi no conjunto das palavras, agrupadas nas categorias comportamental, social, política e predominantemente afetiva que buscamos construir os elementos necessários à compreensão dos dados coletados.

É na experiência das relações sociais autoritárias que a ideia de participação democrática, em Alagoas, para o grupo pesquisado, também tem sido ancorada e objetivada. Por sua vez, o medo da participação está presente, objetivado em fatos e experiências de violência do mundo político alagoano. Algumas dessas experiências não foram vivenciadas em ato mas simbolicamente, e têm produzido representações sociais de participação democrática limitada ao silenciamento e à acomodação, revelaram os dados da pesquisa.

A violência política em ato, típica do cotidiano político alagoano, revelou provocar, nas representações sociais sobre a participação democrática, uma violência simbólica produtora de um medo político, o que cria, segundo os entrevistados, uma concepção de participação nos limites do não enfretamento e até do silenciamento.

Assim, não basta apenas a existência de instrumentos ou procedimentos para saber se um país adota o regime democrático como, por exemplo, se há eleições e/ou qual o quantitativo de mecanismos e espaços de participação. A existência desses instrumentos

constitui mecanismos importantes no processo, porém, não são suficientes para “atestar” a vigência de práticas efetivamente democráticas, no sentido que lhe atribui Coutinho (1979), conforme nos referimos na introdução e na seção 2 desta tese.

Criar instrumentos não significa ter institucionalizado os valores democráticos. Essa afirmação tem sentido nos dados da pesquisa ao verificamos que as representações sociais sobre a participação democrática do grupo focalizado estão ancoradas em palavras que têm relação com o que formalmente vem sendo construído pelas representações coletivas. No entanto, as representações sociais sobre a participação democrática também ancoradas nos sentidos de apadrinhamento, democracia para poucos, perseguidora, o que causa medo, vergonha etc. revelam que, em que pese a criação dos instrumentos democráticos, a incorporação pela cultura dos valores concernentes é ainda uma realidade distante.

Se a gestão democrática, tal como a concebiam os educadores progressistas nos anos de 1980, foi pensada como modelo que possibilitasse o controle social das ações do Estado por parte da comunidade escolar, os dados revelam que as RS dos sujeitos pesquisados fogem daquela concepção. Ainda que aquelas forças, na luta política, tenham conquistado na legislação o estabelecimento da gestão democrática nas escolas públicas e canais voltados para a viabilização destas práticas, o que tem predominado é um tipo de participação pulverizada no sentido do não fortalecimento do controle social da população das ações do Estado. Contraditoriamente, as representações sociais dos sujeitos da pesquisa também estão associadas ao autoritarismo, à violência política e ao medo político, elementos que compõem o contexto microssocial dos alagoanos e que são caracterizados como valores e práticas antidemocráticas.

Inferimos que tais representações podem ser tipificadas como “reservadas” pelo fato dos sujeitos participarem de uma perspectiva individualista, de acordo com suas conveniências, interesses, o que reforça práticas limitadas a uma participação minimalista. A não participação pode ser considerada um produto mais radical de um tipo de cultura ancorada na violência política e que pode ser observada quando se constrói uma rede social que fomenta o medo político, inibindo a existência ou o funcionamento efetivo de mecanismos de participação democráticos.

Ao conter elementos vinculados aos valores democráticos e antidemocráticos, as representações sociais dos sujeitos pesquisados portam as contradições presentes na sociedade e as lutas políticas em torno de interesses antagônicos. Segundo o que o senso comum concebe como democracia, os tensionamentos dos valores revelam a contradição presente nas

RS sobre a participação democrática dos sujeitos de nossa pesquisa e que pode ser traduzida através da expressão do G1 quando perguntado sobre a democracia em Alagoas: “Hoje, vivemos nesta democracia que não é democracia”.

Ao nos ancorarmos na perspectiva de Estado Ampliado e de hegemonia de Gramsci, compreendemos que, em que pese o consenso atual que tem ganhado força sobre a participação democrática, é possível construir mecanismos e formas divergentes do projeto dominante de participação democrática. Compreendemos que o modelo de gestão democrática é um instrumento possível de construção de experiências de hegemonias (contra- hegemônicas) dos grupos que constituem a organização escolar.

A escola é um espaço de reprodução dos valores predominantes da ordem societal na qual está inserida. Porém, se compreendida a partir de uma perspectiva dialética, é também espaço das contradições, onde, igualmente, pode ser lugar de elaboração e produção de experiências que não se limitem ao projeto ético-político dominante de participação democrática. Nesse sentido, criar instrumentos e estratégias com vistas a potencializar