Os sinais da mudança
NADA IMPORTA — A TERRA TEM SEU PRÓPRIO DESTINO.
Andrew estava intrigado. Andrew estava desorientado. Andrew estava confuso.
Ele sempre acreditou que os espíritos da Terra determinavam o destino da esfera terrestre.
Na frente dele, uma simples e curta frase negava tudo em que ele acreditava.
— Eu pensei... — ele gaguejava as palavras — ...que, se os espíritos elevavam suas vibrações, limpando a si mesmos do ódio, cobiça e mesquinhe z, a Terra iria evoluir e se tornaria como o Jardim do Éden. — Com um sorriso triste, ele disse: — Em outras palavras, se nós mudássemos nosso modo de atuar, o palco mudaria.
Eva sacudia a cabeça, dizendo que simplesmente não era o caso. — O palco muda sozinho.
Andy não sabia o que dizer. Ele estava muito ocupado tentando ver as implicações do que acabava de aprender. Como em outras ocasiôes, foi a voz do invisível Run-Chi que entrou para lhe guiar e inspirar.
Andy estava começando a ver um padrão: sempre que ele tinha uma dificuldade na compreensão, sempre que ele tinha um obstáculo para superar, Run-Chi intervinha.
— Pensar que os espíritos podem mudar a ordem do Universo é arrogância — proclamou o velho monge. — A Terra foi criada por Deus, não por espíritos. A vibração terrestre tem seu próprio lugar especial no Universo. A Terra é usada pelo homem, mas não pertence a ele.
Run-Chi pediu a Andy que desse outra olhada para a tela. A Terra apareceu.
Era o famoso planeta grande, redondo, azul e branco foto grafado pelos astronautas, solitário, rodeado pela escuridão e vazio do espaço.
Agora, com a imagem mais aberta, a Terra não está solitária. Os outros planetas do sistema solar estão inclusos na paisagem: Marte, Vênus, Netuno, Júpiter, Urano, Plutão, Saturno e Mercúrio.
A IMAGEM SE AFASTA
A vista se expandiu, fazendo brotar um panorama de 360 graus com toda a Via Láctea. A Terra não era mais um planeta grande e azul; era um pontinho de luz azul.
A IMAGEM SE AFASTA
O espetáculo cresce ainda mais, mostrando milhares de sóis, planetas e galáxias desconhecidas para Andrew. A Terra estava menor do que um átomo, em meio à majestade da Criação.
A IMAGEM SE AFASTA RAPIDAMENTE
A imagem fica cada vez mais ampla, acompanhando o Universo sempre em expansão. A Terra era apenas uma de bilhões de luzes piscando.
Andy estava abatido e se lembrou do que Jacob tentou explicar para ele:
“Você vê a Terra como um lar, você entende as grandes tragédias em termos terrestres. A dor e sofrimento causados, apesar de reais, ofuscam o que é realmente apenas mais uma lição na escola da Terra.”
Andy finalmente entendeu.
Eva ficou imaginando como alguém, depois de ter tido essa pequena amostra da Criação, poderia imaginar que o homem controlava o destino da Terra.
— A Terra foi criada por uma razão e tem seu lugar no Universo. A ciência nos diz que o Universo está mudando constantemente. E assim está a Terra, porque é parte de um Universo que sempre está mudando.
Para ilustrar melhor seu argumento, ela pediu a Andy que imaginasse duas linhas paralelas na frente dele.
— A linha de cima é a Terra, e ela corre em seu próprio tempo e passo. A linha de baixo pertence ao homem; é a sua história na Terra. As duas linhas existem, mas são separadas. A Terra tem uma história e a humanidade tem outra.
Andrew meditou sobre as palavras da guia. Em sua cabeça, a história do homem havia sido moldada com a da Terra. Eles eram um e inseparáveis. Isso era tão novo e confuso. Eva provocou seus pensamentos com uma pergunta:
— Você sabe a diferença, Andy?
Ele sacudiu a cabeça. Ele não tinha nenhuma pista.
— Pense nisso. Por que a história da Terra é diferente da história do homem? Ele devolveu sua pergunta sacudindo a cabeça outra vez.
Ela se demorou até vir com a resposta. Eva queria encontrar as palavras certas para explicar a mais simples e ainda assim mais profunda verdade da Criação, e, brincando, ela prometeu que sua resposta não seria “uma charada dentro da outra”.
— O homem, através do carma, faz sua histária; o Criador, através de Seu próprio plano e vontade, faz a da Terra.
As implicações do que acabara de ouvir acertaram Andy com a força de uma onda no oceano. A excitação surgiu em todo o seu espírito. Excitação porque o que nunca havia feito sentido antes de repente passou a fazer. Contradições se transformaram em lógica, a ordem tomou o lugar do caos. Excitação por que ele finalmente entendeu que o homem só era responsável pela sua própria sina. A evolução dos espíritos não tinha nada a ver com a evolução da vibração terrestre.
— Você entendeu.
— Começa a fazer sentido — respondeu Andy, tão solene quanto ela.
Um instante de silêncio passou entre os dois, mas Andy ainda tinha uma pergunta. — Eu quero saber, sem nenhum discurso enorme sobre o carma, sina, destino, o que vai acontecer com os espíritos que não evoluíram? E aqueles começando na vibração terrestre e que não podem ou não são capazes de se enquadrar na nova vibração? O que vai acontecer com eles?
Eva riu e disse que aquela era uma das perguntas mais fáceis que ele já lhe tinha feito. — É aí que você entra, Andy. Você é uma das chances de Deus. O trigo se separará do joio. Você está lá para ajudá- los a escolher.
Andrew engoliu em seco.
— E agora você está pronto para ver mais.
A longa jornada de dúvidas tinha acabado, o descobrimento começara. Mas ainda havia mais para ser revelado. Mas só depois de uma passadinha final em Nova York.