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5 ANÁLISE DOS DADOS – A NARRAÇÃO TELEVISIVA DA CERIMÔNIA DE

5.1 A NARRAÇÃO TELEVISIVA DO PRÉ-SHOW E DA PRIMEIRA PARTE DA

Ao condensarmos esses dois momentos da narração na presente seção, fica facilitada a tarefa de discorrer sobre os componentes textuais e da prática discursiva tanto do pré-show quanto da primeira parte da cerimônia de abertura. Destarte, abre- se uma oportunidade para se comentar as relações desses dois momentos com as práticas sociais e com o contexto social mais amplo.

No pré-show, os narradores da Rede Globo realizam uma introdução à cerimônia em si. A rede de TV em questão mandou sua equipe para fazer a cobertura dos JO in

situ, sendo que tal cobertura já havia começado a ser difundida no Brasil muito antes

de os Jogos começarem. Isso foi possível graças ao envio de correspondentes (anos antes do início dos JO) que realizaram reportagens diversas sobre o esporte, a política e a sociedade chinesa. No dia da cerimônia de abertura, durante sua programação rotineira da manhã (a qual passava seu jornal matutino e, posteriormente, seu programa de variedades), a Rede Globo realizou diversas chamadas curtas de Pequim com o intuito de incitar um “compromisso” com os telespectadores, para que esses pudessem ser atraídos à transmissão da cerimônia em si.

A Rede Globo decidiu, então, colocar a transmissão ao vivo e sem cortes a partir das nove horas da manhã do horário brasileiro (pouco mais de sete minutos antes do horário programado para o início da cerimônia). Este é o ponto onde começa a nossa análise textual e da prática discursiva.78 E nesse ponto há a frase inicial típica do principal locutor esportivo da Rede Globo: “Bem amigos da Rede Globo”. Tal frase cumpre uma interessante função sócio-discursiva, como um “jargão” que atua na interdiscursividade da produção do sentido. Desse modo, o espectador reconhece esse jargão (que já foi mencionado por este locutor diversas vezes em um tipo de situação específica). A audiência, ao ouvir esses dizeres, já sabe que se

78

Um importante comentário é que tais textos provêm da fala dos narradores em conjunto com as imagens mostradas pela produção. No entanto, não daremos foco principal a essas imagens. Quando for necessário, incluiremos comentários sobre a influência desses elementos nas falas analisadas. Tomamos esta decisão tendo em vista as condições de realização material da pesquisa e tendo a consciência de que isso significa uma limitação do trabalho.

trata da transmissão de um evento relacionado ao esporte.

Na narração do pré-show, ocorrem diálogos entre o narrador principal – Galvão Bueno (GB) – e os comentaristas. A caracterização genérica do pré-show é, predominantemente, a conversação. Os falantes, ali, conversam sobre as expectativas, os problemas, os destaques e as notícias chinesas.

Os textos produzidos no pré-show possuem algumas configurações interessantes no que diz respeito aos valores transmitidos. Em termos gerais, o vocabulário relacionado aos valores olímpicos, nesta parte da narração, é mínimo. Em contrapartida, é justamente nesse “mínimo” quando há um dos poucos momentos em que se tem uma especificidade temática e uma abordagem propositiva da narração em relação aos valores olímpicos e aos valores esportivos. Eles citam as ideias de “paz” e de “entendimento”. Percebe-se que é separado um tempo da narração para falar dos valores, ou, pelo menos, do “principal valor”, na visão dos narradores.

Ambas as referências ocorrem logo no início da transmissão. Com o intuito de contextualizar a audiência, GB enuncia as informações, que julga como principais, sobre o local de realização do evento e sobre as expectativas para o mesmo. Nesse ponto, é importante fazer uma menção à imagem: inicialmente, transmitia-se a imagem do narrador no estúdio da Rede Globo localizado no estádio; posteriormente, o produtor responsável pelas imagens muda a cena transmitida para uma visão aérea do Estádio Ninho do Pássaro:

GB: A gente fica esperando as façanhas esportivas, a beleza do/da cerimônia, fica esperando que esses dias meio utópicos quando o lema como é o caso deste que é aqui de “Um Mundo”, e “Um Sonho”, que seja realmente um pouco mais do que um sonho e não dure apenas dezessete dias, mas, dessa vez, você tá vendo as belíssimas imagens aéreas do Ninho do Pássaro. Que o pássaro da paz possa realmente por aqui pousar e que este mais de bilhão de chineses possam não só ter façanhas na natação que você tá vendo o Cubo d’Água, talvez o mais belo de todas ar/mais bela das praças esportivas que nós vimos em todos os tempos, mas que possa trazer um pouco mais de entendimento. Que esses Jogos sirvam/irvam não só pros recordes, é difícil […].

A metáfora que é empregada no nome do estádio é utilizada também para se remeter ao desejo de que a “vida real” (literal, fora do esporte) também seja pacífica. A nosso ver, o modo como o locutor usa o vocabulário tem uma relação estreita com

ações. Nesse caso, há a ação de separar. Separar a vida cotidiana da vida não cotidiana (a performance cultural, que é a cerimônia de abertura, traz a ideia de não cotidiano); separar a metáfora esportiva da literalidade da vida real; separar as coisas sérias daquilo que é entretenimento. Como veremos adiante, outras marcas discursivas nos levam a tal conclusão. Aqui, basta perceber que o próprio locutor considera as ações simbólicas ali realizadas como “meio utópico”. O sentido atribuído para essa utopia é complexo e mesmo paradoxal, pois se remete a algo ideal, ótimo, todavia (por experiência) impraticável, impossível e improvável. Ao mesmo tempo em que é impraticável, o narrador parece dar uma prova de que, pelo menos durante o período olímpico, essa utopia pode se realizar (simbolicamente).

Esse paradoxo, por mais sutil que esteja no texto, toca nos pontos centrais das discussões sobre a aplicabilidade do olimpismo. Muitos críticos da ideologia olímpica alegam que, ao contrário do propósito da trégua olímpica (cessar qualquer guerra no período de realização de uma edição de JO), os próprios Jogos foram cancelados por duas vezes na história do século XX – exatamente durante as duas guerras mundiais.

O produto textual de GB também demonstra a posição do narrador quanto a essa utopia: ele a deseja (a nível discursivo) apesar de saber que, na prática, ela é “difícil” de ocorrer. Isso nos abre à possibilidade de analisar, no decorrer de sua narração, se tal posição se altera.

Um número tão reduzido de categorias textuais diretamente relacionadas aos valores olímpicos nos leva a considerar também a coesão do texto. As articulações entre as falas e entre as falas e os acontecimentos nos auxiliam na formulação de critérios para identificarmos quando os valores são referidos específica, explícita e propositivamente ao olimpismo e ao esporte e quando tais valores são de caráter incidental ou secundário, usados como suporte a um tema/assunto diferente. Assim, de modo mais pontual, podemos citar alguns exemplos. Quando Marcos Uchôa (MU) dialoga com GB, dizendo que os JO são o maior espetáculo da Terra, há uma relação sutil com o valor da excelência e com o senso religioso (ou quase religioso) que os Jogos atestam. Se se toma a fala de MU em uma unidade maior, vê-se que se fala não desse maior espetáculo, mas sim dos problemas que a China tem enquanto país:

MU: É um espetáculo esportivo, sem dúvida... é o maior de todos da Terra... agora, quando se fala em China, um bilhão e trezentos milhões de pessoas, se fala em meio ambiente, se fala em economia, se fala em direitos humanos, se fala em política [...]

Em outro caso, GB, dialogando com Sônia Bridi (SB), diz que espera uma “grande festa”. Tomada em particular, essa fala pode conotar uma relação com o valor da alegria, da amizade e do internacionalismo. Mais uma vez, contudo, a cadência do texto nos mostra o modo pontual e secundário que o uso da expressão possui visto a temática geral (a descrição da cultura e dos costumes chineses):

SB: Deu pra aprender bastante de China e descobri como é complexo esse país, como é difícil entender. Quanto mais a gente sabe, mais a gente sabe que não sabe nada.

GB: Eu tô esperando uma grande festa. Nós estamos esperando um... PERTO da perfeição. É isso que eles vão tentar mostrar ao mundo.

O conjunto textual demonstra, então, um “método” de abordagem escolhido pela Rede Globo nesse início de transmissão. Há, no citado conjunto, uma série de ausências. Os narradores não sinalizaram, por exemplo, a importância da cerimônia de abertura como um ritual de inauguração olímpico e também não expuseram os traços históricos e/ou teóricos desse ritual. Com essas ausências, fica anulada uma grande variedade de oportunidades para a referência mais direta dos valores do olimpismo, já que um dos propósitos históricos da cerimônia é a expressão pública desses valores. As referências textuais centrais e explícitas foram a cultura e a política locais: seus traços, suas preferências e suas diferenças para com os costumes brasileiros. Isso ocorre, principalmente, porque outras abordagens televisivas, tidas como “sucesso”, foram realizadas dessa maneira. Os narradores, então, provam da intertextualidade mais ou menos fixa no gênero em questão. Um acontecimento histórico interessante, nessa conjuntura, é o marco da cerimônia de abertura de Seul-1988, que protagoniza o pioneirismo da celebração da cultura local, fazendo com que as redes de TV do mundo mudem suas narrações de construções mais globais para construções locais. Esse “local”, todavia, não é o local “dos” narradores, mas sim o local dos anfitriões – uma cultura que, em muitos casos, é totalmente diversa. No pré-show, os narradores adiantam, então, o conteúdo básico da primeira parte da cerimônia.

No que diz respeito à prática discursiva na narração do pré-show, os diálogos, de maneira mais implícita, acabam delimitando os papéis de cada narrador da

transmissão, mostrando, também, a configuração do gênero analisado. Assim, quando MU responde a GB sobre a questão de ser difícil a aplicação da utopia dos JO fora do âmbito olímpico, o primeiro diz:

MU: É difícil. É um espetáculo esportivo, sem dúvida... é o maior de todos da Terra... agora, quando se fala em China, um bilhão e trezentos milhões de pessoas, se fala em meio ambiente, se fala em economia, se fala em direitos humanos, se fala em política e claro, esperamos que se fale principalmente de esporte nesses dezessete dias. É excepcional o que eles fizeram. Gastaram rios de dinheiro para mostrar que essa China voltou ao mundo pela porta da frente. E, realmente, que porta!

Durante essa fala, a imagem exibida na TV é a dos dois comunicadores da Rede Globo (MU e GB) no interior do estúdio montado no estádio da cerimônia. Quando o comentarista MU menciona, primeiramente, os problemas em torno da temática “China” (economia, direitos humanos, política), vê-se, logo em seguida, uma mudança de ênfase, pois parece perceber que o assunto fica sério demais, desviando o foco da natureza do próprio evento, com uma essência mais descontraída e mais metafórica – o esporte. No entanto, essa mudança de ênfase é momentânea, já que, como veremos no restante de nossa análise, as temáticas predominantes se referem à “vida real”, considerada mais séria e digna de se noticiar.

O esporte, na fala de MU, está ligado ao desejo de utopia de GB. Por mais paradoxal que seja tal desejo, GB deixa explícito que ele apoia essa utopia: “[...] que

seja realmente um pouco mais do que um sonho e não dure apenas dezessete dias

[...]” e “[...] que possa trazer um pouco mais de entendimento”. O tempo dos verbos em destaque é subjuntivo e mostra um “querer” do falante, que reconhece ser difícil a concretização desse “querer”. Logo em seguida, MU concorda que seja difícil a aplicação da utopia e, por isso mesmo, já indica (como prova dessa dificuldade) os problemas práticos da “vida real” (em oposição à “vida esportiva”) que esse ideal pode ter.

O discurso de MU marca o seu papel nos comentários – e isso pode ser notado, também, nos discursos de (SB) e de Pedro Bassan (PB). Esses repórteres da Rede Globo não são repórteres esportivos (com exceção de PB que, mesmo estando mais ligado às programações esportivas, atua também em outras temáticas). Estão ali para cobrirem o evento social, tendo em vista sua importância política, econômica e

cultural. Legitimam, desse modo, os discursos que não são especificamente esportivos – o que não ocorre com outros tipos de transmissões esportivas, como, por exemplo, de um jogo de futebol.

No caso das falas sobre a “utopia” da paz e do entendimento, há um desejo de transposição ou de correlação entre a paz no esporte/JO e a paz no mundo “real”. Esse desejo, acionado pela fala de GB, pode estar ligado ao projeto da Rede Globo de “educar” sua audiência para os valores olímpicos: por mais que o locutor talvez não acredite na realização da citada utopia, ele precisa vincular seu discurso em algo sólido, que dê base e que motive os espectadores a assistirem aos JO.

É sabido que há também um propósito comercial nesse projeto. Mas o que chama a atenção é que o desejo de GB se relaciona com alguns traços mais universais e diretamente ligados com o ideal olímpico, quais sejam, a paz e o entendimento. Isso não garante, contudo, que, em outros momentos discursivos, ocorra essa ligação tão direta. Assim, daremos foco para essa possibilidade nas próximas partes da narração da cerimônia.

No pré-show, há referências aos campos semânticos “política e esporte”, “esporte e sociedade” e “cultura local”. A ênfase, todavia, se dá, predominantemente, nesse último campo. Na teia da prática discursiva, as atribuições de sentidos a esses campos semânticos se dão em relação à identidade nacional – ou, à representação identitária nacional. A prática discursiva da Rede Globo promove um forte destaque das diferenças entre o “nós” e o “eles”. Isso ocorre, especialmente, porque um traço da cultura chinesa, segundo os narradores, parece ir em direção oposta à caracterização tipicamente brasileira do “jeitinho”, da improvisação e do jogo de cintura. Esse traço é a “perfeição”, a “exatidão” e o compromisso com “o melhor”. Nesses pouco mais de sete minutos de transmissão do pré-show, esse destaque é feito por todos os comentaristas e pela repórter “de campo” – Glenda Kozlowski (GK) – diversas vezes, como podemos ver abaixo:

GB: Eu tô esperando uma grande festa. Nós estamos esperando um... PERTO da perfeição. É isso que eles vão tentar mostrar ao mundo.

SB: É... uma coisa... uma característica deles é que eles não fazem nada sem planejar bem e sem ensaiar bem. Essa perfeição é um dos traços da cultura […].

GK: [...] Oi Galvão. Tô bem pertinho mesmo, eu tô, assim, há quinze metros de dois mil e oito tambores. E agora pouco todos eles estavam sentados e

fi/va/fizeram um barulhinho e, de repente, todos ficaram em pé NA MESMA HORA, tudo ensaiadinho, foi uma imagem impressionante.

No que diz respeito à ênfase nesse traço da cultura chinesa, os narradores a realizam colocando em voga as diferenças culturais sem, contudo, demonstrar ou construir um juízo de valor negativo. Pelo contrário, eles até fazem uma qualificação positiva desse traço. Nesse sentido (e no âmbito dessa ênfase), os narradores não deixam de “aplicar” alguns ideais olímpicos – o internacionalismo e o entendimento, por exemplo.

Por outro lado, há uma semantização bastante vincada ao caráter de “grande espetáculo” (GB) da cerimônia. Vemos, com isso, uma possibilidade de interface entre os discursos produzidos e os gêneros performativos sobre os quais nos fala MacAloon (1984b). No pré-show há um destaque para o espetáculo e há apenas algumas referências ao caráter festivo da cerimônia. Entretanto, ainda nessa parte, não se faz nenhuma menção aos rituais olímpicos ou à importância da cerimônia de abertura na tradição olímpica.

A cerimônia de abertura começa, oficialmente, com um segmento artístico de boas- vindas. Aí se iniciam os discursos não apenas sobre a história da China, mas também sobre sua posição política, ética e econômica no mundo. Os narradores da Rede Globo confirmam em suas falas que já haviam assistido o ensaio geral ocorrido a três dias da cerimônia de abertura. No entanto, como eles relatam, nem todas as apresentações haviam sido publicadas nesse ensaio, ficando a cerimônia propensa à expectativa de apresentações desconhecidas até mesmo por eles.

Como observado no QUADRO 6, cada segmento artístico-cultural tem o objetivo de transmitir uma mensagem criada pelos organizadores da cerimônia. No início dessa parte, há, entre o segmento de boas-vindas e os outros segmentos, dois elementos mais rituais, a apresentação das autoridades e o ato cívico anfitrião (entrada e hasteamento da bandeira nacional anfitriã e execução do hino nacional anfitrião).

O caráter simbólico e cultural dessa primeira parte da cerimônia exige conhecimento sobre as mensagens que se pretendem transmitir. Como a cultura e a história relacionadas a essas mensagens são consideradas, a princípio, desconhecidas (especialmente por se tratar de um país oriental e com traços bem distintos da

cultura brasileira), há, para os narradores, a opção do auxílio de um script explicativo que a produção da cerimônia entrega, previamente, às redes de TV. Todavia, não há como saber (pelo menos através da análise) exatamente quando os narradores utilizam-se de tal recurso.

Como discutido no Capítulo 3, essa parte da cerimônia vem ganhando, cada vez mais, um caráter de espetáculo, sendo seu conteúdo construído visando a transmissão cultural da cultura local. Por isso, em termos diretos e específicos, não se espera, necessariamente, uma mensagem “olímpica” ou “esportiva”.

No continuum entre tradição e mudança sobre o qual os JO se instauram, a permissão desse conteúdo na cerimônia de abertura é uma ação paradoxal. Ao mesmo tempo em que os Jogos servem para celebrar o entendimento e a humanidade através do esporte, sem “preconceitos fronteiriços” (valor global/universal), há destaque para uma nação, um país, uma cultura e uma história: os anfitriões (valor local/nacional). Como discutido anteriormente, esse paradoxo se estabelece na problemática de existência do próprio MO, na medida em que este teve que manejar com as mudanças e, simultaneamente, teve que preservar a sua base ideológica.

Nesse manejo, o COI aceita o caráter mais espetacular e localizado dos JO enquanto tenta ligar tais traços à sua base valorativa. Assim, com a celebração da cultura local há, também, o discurso de respeito às diferenças (à história, à política e aos costumes locais), o que é visto como positivo pelo MO (valor do verdadeiro internacionalismo). Além disso, nessa mesma parte da cerimônia, surge o ideal de troca e compartilhamento interculturais, além da estima pela combinação de esporte e arte.

Nessa parte da cerimônia, apesar da narrativa histórica especificamente chinesa, houve um destaque do que os organizadores chamaram de “lema” dos Jogos de Pequim-2008: “Um mundo, Um sonho”.79

De caráter mais universal, esse lema acabou viabilizando um certo equilíbrio para com o local.

Visto isso, os textos construídos pelos narradores em foco, nessa parte da cerimônia, não foram compostos de muitos vocábulos relativos aos valores olímpicos ou aos valores esportivos propriamente ditos. Também não houve um momento explicitamente separado para tratar ou falar desses valores. Ainda assim, o conteúdo da própria mensagem da cerimônia, em vários momentos, remetia-se aos ideais básicos de paz, harmonia e celebração da humanidade.

A narração faz, portanto, menções mais indiretas e implícitas aos valores. Isso ocorre de forma mais secundária, como vocabulário, comentário, figura ou explicação auxiliar de outra temática. Algumas referências aos valores podem ocorrer mais explícita e diretamente, sem, todavia, ser construída em um momento específico para se falar sobre isso. Como a própria mensagem das apresentações pode se referir aos valores olímpicos, estes podem ser semantizados ou não pelas redes de TV, mesmo estando em destaque no centro do palco.

Alguns exemplos são interessantes de analisar. Durante um segmento específico, –