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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 INTRODUÇÃO

2.6 VISUALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DE NARRATIVAS INFOGRÁFICAS NA WEB

2.6.2 Narrativas para a Visualização do Conhecimento

No artigo “Storytelling: its role in information visualization”, Wojtkowski e Wojtkowski (2002) dizem que as pessoas começam suas vidas obtendo a maioria das informações visualmente. Portanto, a visualização pode ser considerada uma maneira natural dos indivíduos (salvo aqueles que possuem algum tipo de restrição visual) de acessarem conteúdos. Além disso, para Burkhard (2005), a utilização de histórias ajuda a estabelecer uma visão comum, motivando e ativando os indivíduos.

Com a tecnologia computacional é possível utilizar a visualização para contar histórias complexas (WOJTKOWSKI; WOJTKOWSKI, 2002). O problema é que, muitas vezes, as informações recebidas não estão organizadas de maneira consistente, podendo requerer um tratamento posterior. Wojtkowski e Wojtkowski (2002) apontam os seguintes pontos a serem considerados no desenvolvimento de um ambiente:

 Como estruturar e oferecer as informações, fazendo com que elas sejam apresentadas de forma eficiente e econômica.

O que incluir e o que deixar de fora (como em todas as boas histórias, o público preenche as lacunas).

 Como apresentar a informação de maneira convincente e atraente para que seja rapidamente compreendida.

Além desses cuidados, a utilização das técnicas presentes na teoria das narrativas pode contribuir para uma efetiva transmissão de informações, facilitando a assimilação dos conteúdos pelo público. Desta maneira, as informações podem ser transformadas efetivamente em conhecimento. Gershon e Page (2001) corroboram com essa ideia, afirmando que as narrativas permitem à visualização revelar informações de maneira eficaz e intuitiva. De acordo com esses autores as pessoas costumam achar mais fácil de compreender a informação integrada em histórias do que aquelas apresentadas em listas (como os tópicos de slides sobrecarregados). Além disso, as histórias são consideradas atraentes.

Para realizar uma apresentação utilizando narrativas, Gershon e Page (2001) apontam que são necessárias habilidades familiares as dos diretores de cinema, além do conhecimento técnico de um especialista em engenharia computacional e ciência. Para os autores, alguém que tenha conhecimento sobre computação e gráficos pode não ter habilidades para desenvolver narrativas. Segel e Heer (2010) afirmam que embora as técnicas de oração, prosa, histórias em quadrinhos, videogame e produção de filmes sejam aplicáveis a visualização narrativa, este meio emergente possui atributos únicos.

No artigo “narrative visualization: telling stories with data”, Segel e Heer (2010) selecionaram visualizações que continham componentes da narrativa e, em seguida, buscaram identificar e categorizar as características de design que fazem uso de dados para se contar uma história. Três categorias foram determinadas: 1. gênero, 2. táticas da narrativa visual (dispositivos visuais que ajudam e facilitam a narrativa) e 3. táticas da estrutura narrativa.

A segunda categoria é subdividida em:

 Estrutura visual: refere-se ao mecanismo que comunica a estrutura geral da narrativa para o intérprete, permitindo-lhe identificar sua posição dentro da organização maior da visualização. Essa estratégia de design ajuda a orientar o intérprete logo no início e permite que ele possa acompanhar seu progresso através da visualização (barra de progresso, timeline que desliza).

 Destaque: refere-se ao mecanismo visual que ajuda direcionar a atenção do intérprete para um elemento particular da tela. Isto pode ser alcançado pelo uso de cores, movimentos, enquadramento, tamanho, som etc.

Orientações de transição: refere-se a técnicas para se deslocar dentro ou entre as cenas visuais sem desorientar o intérprete (continuidade da edição, transições animadas, movimentos de câmera etc.).

A terceira categoria, identificada como “táticas da estrutura narrativa” por Segel e Heer (2010), é subdividida em:

Requisitos: refere-se às formas de organizar o caminho que os intérpretes realizam durante a visualização.

 Interatividade: refere-se às diferentes formas do intérprete manipular a visualização (filtrando, selecionando, buscando, navegando) e também como o intérprete aprende esses métodos (instrução explícita, tutorial tácito, configuração inicial).

Mensagens: refere-se às formas como uma visualização comunica observações e comentários aos intérpretes. Isto pode ser feito por meio de pequenos campos de textos (legendas, títulos, anotações) ou descrições mais substanciais (artigos, apresentações, resumos).

Quanto aos gêneros das narrativas, Segel e Heer (2010) identificaram sete: estilo revista, gráfico anotado, cartaz particionado, fluxograma, história em quadrinhos, apresentação de slides e filme/ vídeo/ animação. Na figura 9, é possível verificar esses sete gêneros, que segundo Segel e Heer (2010), não são mutuamente excludentes, podendo funcionar como blocos de construção, combinando-se para produzir gêneros visuais mais complexos.

Figura 9 - Gêneros da visualização narrativa

Assim, as narrativas mantêm o interesse do público pelas suas configurações, seu enredo e seus personagens, criando um ambiente lúdico e de entretenimento mais memorável e credível (MA et al., 2012). As configurações da visualização são todas as informações de fundo que o intérprete precisa saber a fim de contextualizá-la e compreendê-la. O enredo de uma visualização surge a partir da justaposição de seus elementos visuais, como eles interagem e evoluem ao longo do tempo. Já os personagens são elementos visuais que representam os dados (MA et al., 2012).

Ma et al. (2012) enfatizam a diferença entre uma visualização estática e uma interativa na qual os intérpretes podem navegar e modificar a forma de visualizar os dados. Para os autores, a interativa oferece mais liberdade de exploração para os intérpretes, mas diminui o controle que os designers possuem sobre a história contada. Colocam, ainda, que uma solução para aumentar esse controle é de iniciar a visualização de uma forma não interativa, garantindo que as características mais salientes do conjunto de dados sejam apresentadas, para depois permitir aos usuários sua exploração.

Na conclusão de seu artigo, “Scientific Storytelling Using Visualization”, Ma et al. (2012) afirmam que em termos de narrativa, a visualização interativa pode ajudar com três questões importantes no contexto da comunicação: compreensão, credibilidade e envolvimento. Para os autores, ao construir uma história aos poucos, e permitir ao intérprete interromper a história e assumir o controle, o risco de apresentar uma interface sobrecarregada e pouco compreensível diminui. Além disso, a credibilidade de uma visualização pode ser aprimorada se os intérpretes puderem interagir com a mesma e verificar se elas mostram realmente o que eles reivindicam. A interação, por sua vez, permite a participação ativa dos intérpretes, oferecendo-lhes uma maior sensação de engajamento com os dados que estão sendo apresentados.

Ainda na conclusão de sua pesquisa, Ma et al. (2012) apontam os principais pontos sobre como contar uma boa história:

Conhecer o público-alvo, avaliando seu nível de domínio de conhecimento e familiaridade com as convenções de visualização.

 Definir o cenário, verificando se os intérpretes possuem conhecimento base suficientes sobre o conjunto de dados que está sendo visualizado para dar sentido a sua visualização.

 Apresentar os personagens, mostrando os elementos visuais e aquilo que eles representam.

Desenvolver o enredo, organizando os elementos visuais de modo que comuniquem uma história interessante e convincente.

 Deixar o público com uma impressão duradoura, mostrando como a história é relevante para ele.

Existem diversas maneiras de visualização por meio de narrativas. Estes tipos de narrativas são denominados de narrativas visuais ou gráficas. Neste item foram apresentadas pesquisas que revelam maneiras de tornar essas narrativas mais assimiláveis para o público em geral, contribuindo para que o conhecimento possa ser transmitido por meio de representações visuais. Essas representações podem ser imagens, diagramas, mapas, esquemas, gráficos, entre outros elementos que, quando associados a web, possuem a capacidade de assumir novos formatos mais dinâmicos e interativos.