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Visualização de Dados x Visualização da Informação x Visualização do Conhecimento: definições e seu potencial na

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 INTRODUÇÃO

2.5 VISUALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

2.5.1 Visualização de Dados x Visualização da Informação x Visualização do Conhecimento: definições e seu potencial na

aprendizagem

A informação pode se definida como dados dotados de relevância e propósito, enquanto que os dados se definem como uma simples observação sobre o estado do mundo (DAVENPORT; PRUSAK, 1999). Com a enorme quantidade de dados disponíveis atualmente, sobretudo em meios digitais, é preciso organizá-los no intuito de possibilitar sua análise. De acordo com Manovich (2004, p.149), com os computadores é possível:

[...] visualizar conjunto de dados muito mais amplos, criar visualizações dinâmicas (isto é, animadas e interativas), alimentar dados em tempo real, basear as representações gráficas de dados em sua análise matemática, usando vários métodos, da estatística clássica à prospecção de dados, mapear um tipo de representação em outro

(imagens em sons, sons em espaços tridimensionais, etc.).

Manovich (2004) discorre sobre a visualização de dados, que pode ser definida como um mapeamento de dados para o domínio visual. Isto quer dizer que o conjunto de dados é mapeado em uma imagem, fazendo com que a informação seja comunicada de forma prática e clara. Neste contexto, surge a visualização da informação, que tem como principal objetivo representar graficamente informações a fim de facilitar a compreensão de conjuntos de dados.

Card, Mackinlay e Shneiderman (1999) entendem a visualização como o processo de mapeamento de dados, formando representações visuais que são apresentadas a um observador humano. Nesse sentido, Carvalho e Marcos (2009) citam a cor, a forma, o tamanho, a noção de distância e movimento como características básicas de apreensão do sistema perceptivo humano. “Todas as aplicações orientadas a Visualização da Informação têm como base estas características, que combinadas e utilizadas de forma adequada, podem maximizar em muito a percepção da informação” (CARVALHO; MARCOS, 2009, p.22).

Para Dias (2007, p.7) o avanço das tecnologias de informação, dos equipamentos de imagem em geral e dos computadores permite “a construção de sistemas cada vez mais complexos, que podem oferecer informações mais precisas e ricas em relação a sua qualidade de apresentação ao utilizarem recursos gráficos semelhantes aos do mundo real”. Portanto, metáforas visuais adequadas devem ser utilizadas com a finalidade de transmitir a informação de forma clara e rápida, evitando a sobrecarga de informações.

Burkhard (2004) afirma que existem diversos métodos para a visualização da informação, mas que a ligação entre esses métodos e o ciclo de vida da Gestão do Conhecimento tem sido negligenciada. De acordo com Davenport e Prusak (1999, p.6), o conhecimento pode ser definido como “uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações”. Assim, o conhecimento se trata de uma informação valiosa com a experiência, com o contexto histórico e com a reflexão.

Segundo Keller e Tergan (2005), o fluxo que compreende o recebimento, a estruturação, o uso, a criação e a disseminação da informação, requer técnicas de gestão da informação e do conhecimento. Isto quer dizer que para tornar uma grande quantidade de informações

facilmente acessível para os usuários, a informação necessita estar pré- estruturada, devendo comunicar algo ao público. Para estruturar as informações, Keller e Tergan (2005) indicam a visualização, afirmando que ela pode ajudar na compreensão das relações entre as informações, bem como na busca visual pela informação relevante. Assim, de acordo com os autores, a visualização do conhecimento é necessária para tornar o conhecimento explícito e utilizado de uma melhor maneira, dando sentido às informações estruturadas.

YongYue e HuoSong (2009) afirmam que o objetivo da visualização do conhecimento está focado na conversão da informação, bem como na transferência de ideias, experiência, atitudes, valores, opiniões, projeções etc. Nesse sentido, pode contribuir para que outros indivíduos reconstruam a memória e apliquem o conhecimento.

Segundo Burkhard (2005), quatro perspectivas devem ser consideradas para uma efetiva transferência e criação do conhecimento por meio da visualização. Essas perspectivas estão baseadas em quatro perguntas, que levam ao quadro de visualização do conhecimento (Quadro 5):

 Qual é o objetivo de utilizar o método da visualização?

 Quais tipos de conhecimento são necessários para que seja visualizado?

 A quem está voltado?

Qual o melhor método para visualizar? Quadro 5 - Quadro de visualização do conhecimento

Assim, a visualização do conhecimento designa todos os meios gráficos que podem ser utilizados para construir e transmitir ideias complexas (EPPLER; BURKHARD, 2006). De acordo com Eppler e Bukhard (2006), as pessoas que utilizam a visualização do conhecimento visam a transferência de conhecimentos, experiências, atitudes, valores, expectativas, perspectivas, opiniões e previsões. Isso é feito de forma que permita a outra pessoa reconstruir, lembrar e aplicar essas ideias de maneira correta. Portanto, a visualização do conhecimento oferece grande potencial para a educação.

Wang e Jacobson (2011) afirmam que a visualização do conhecimento permite a criação de novos conhecimentos a partir de atividades individuais ou em grupo. Além disso, facilita a compreensão em um nível mais profundo, podendo ser utilizada em diversos ambientes de aprendizagem. Neste sentido, Zhang, Zhang e Zhong (2010) dizem que a aplicação da visualização do conhecimento no processo de aprendizagem pode facilitar o acesso, a organização, a avaliação, a transferência e a gestão do conhecimento, contribuindo para a aprendizagem.

Para Lengler (2006), as representações visuais estão aparecendo cada vez mais na aprendizagem e nos recursos pedagógicos, por meio de diversos formatos. A proliferação de imagens se deve, em grande parte, à grande disponibilidade de imagens digitais e softwares que facilitam a criação e disseminação do material visual. O autor aborda os grupos de habilidades relativos às competências visuais (como a construção de significados por meio da integração de diferentes mensagens visuais) e revela que as futuras gerações poderão absorver, compreender e processar imagens visuais cada vez mais complexas.

Para Wang et al. (2011), a visualização do conhecimento pode contribuir para a orientação de alunos diante da sobrecarga cognitiva e a desorientação conceitual e de navegação durante o processo de aprendizagem. Corroborando com essa ideia, Nery e Batista (2004) sustentam que a adequada utilização de imagens em atividades educacionais pode auxiliar no processo de pensamento conceitual, uma vez que elas trazem uma estrutura e potencial que podem ser aproveitados para a transmissão de conhecimentos, bem como para o desenvolvimento do raciocínio.

Assim, a visualização tem provado ser uma estratégia efetiva para dar apoio aos usuários em lidar com a complexidade nos ricos cenários de informação e conhecimento (KELLER; TERGAN, 2005). Para Novak e Wurst (2005), a complexidade desses cenários é reduzida

devido à permissão concedida ao usuário para manipular a visualização, em um ambiente colaborativo.

Segundo Keller e Tergan (2005) a visualização da informação e a visualização do conhecimento vêm sendo tratadas historicamente como duas áreas de pesquisa distintas, estando a primeira inserida no campo da ciência da computação e a segunda no campo das ciências sociais. No entanto, estas duas áreas estão intrinsecamente interligadas ao processo de trabalho, aprendizagem e resolução de problemas, permitindo a visualização de estruturas.

[...] de maneira geral, todos os conceitos compartilham de um mesmo propósito: a preocupação de estruturar, organizar e apresentar a informação (ou conjunto de dados) através de gráficos, tabelas, mapas, diagramas, seja de forma estática ou dinâmica para a transmissão de uma mensagem/informação (RODRIGUES, 2009, p.50).

Zhang, Zhang e Zhong (2010) mostram por meio da figura 8, o processo de desenvolvimento da visualização ao longo do tempo. Figura 8 - Processo de desenvolvimento da visualização

Fonte: Zhang, Zhang e Zhong (2010, p.598)

Tanto a visualização da informação quanto a visualização do conhecimento explora a capacidade inata do ser humano de processar efetivamente as representações visuais, no entanto, a maneira de usar

essas habilidades é diferenciada: a visualização da informação tem o intuito de explorar dados abstratos e criar novos insights, enquanto que a visualização do conhecimento visa aprimorar a transferência do conhecimento entre pelo menos duas pessoas ou grupos de pessoas. Assim, o potencial da visualização do conhecimento pode ser explorado nas comunidades de prática.

2.5.2 Visualização do Conhecimento na Aprendizagem dos Surdos