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1 INTRODUÇÃO

3.3 O potencial cívico

4.2.2 Natureza e tipo de pesquisa

Para esta tese utilizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa, abrangendo dois tipos: exploratória e descritiva. Exploratória porque se busca descobrir ideias e intuições para adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado e descritiva porque propõe descrever fatos e fenômenos da realidade com a intenção de conhecer a comunidade. Na perspectiva do tipo exploratória, utilizou-se um estudo etnográfico, com pesquisa-ação.

Estudos qualitativos obedecem aos seguintes princípios: a) o ambiente é a fonte de informações e o pesquisador é o instrumento-chave de análise; b) o processo de pesquisa é tão relevante quanto o resultado final; c) os dados coletados são essencialmente descritivos; d) o ponto de vista dos sujeitos é

especialmente importante e e) as informações tendem a ser analisadas de forma indutiva (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

O ambiente organizacional e as teorias que dão suporte às ciências da Administração vêm passando por mudanças significativas, em contraposição ao modelo burocrático racionalista instrumental que dominou a era moderna. Segundo Storino (2000), a essência do iluminismo era libertar o homem da ignorância dos mitos, fortalecendo o saber e o uso da razão como instrumento emancipatório. Libertar o homem significava torná-lo consciente de sua realidade e responsável pelo seu próprio destino. Para os teóricos críticos, a razão iluminista transformou-se em razão instrumental que, por sua vez, passou a ser instrumento para a manutenção do poder por meio da dominação e da repressão. Na visão da teoria crítica, a teoria tradicional, positivista, não consegue retratar a realidade, portanto, é limitada para auxiliar as ciências sociais na compreensão dos fatos.

Para atender às diversas abordagens paradigmáticas, identificam-se três tipos de pesquisa com objetivos distintos: pesquisa exploratória, descritiva e experimental. A pesquisa qualitativa é uma metodologia utilizada na pesquisa exploratória para definir o problema ou desenvolver uma abordagem para gerar hipóteses e identificar variáveis. O estudo etnográfico é um método que se apoia na observação participante e refere-se a formas de pesquisa social constituída pela ênfase na investigação da natureza de um fenômeno social particular mais do que em um teste de hipóteses sobre ele. Trabalha, geralmente com dados não codificados que não são incluídos em um grupo fechado de categorias analíticas (não estruturados). Caracteriza-se pela investigação, em detalhes, de pequeno número de casos, podendo até ser um caso somente, e pela análise que envolve interpretação explícita dos significados e propósitos da ação humana, sob a forma de descrições e explanações verbais. Neste método, tem destaque, para o propósito desta tese, a pesquisa-ação, que se enquadra na natureza da pesquisa

qualitativa e na pesquisa exploratória (ATKINSON, 1994; CASTRO, 1976; LAKATOS; MARCONI, 2001; MALHOTRA, 2006).

A pesquisa exploratória tem como objetivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias para a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para outros estudos futuros. Geralmente, é planejada para proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, de determinado fato, por isso exige menor rigidez no seu planejamento. Nesta situação, o planejamento da pesquisa necessita ser flexível o bastante para permitir a análise dos vários aspectos relacionados com o fenômeno. Enquadram-se na categoria da pesquisa exploratória aquelas que buscam descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado. Nem sempre há a necessidade de formulação de hipóteses nesses estudos (GIL, 1999; SELLTIZ; WRIGHTSMAN; COOK, 1965).

Na abordagem de cunho qualitativo, os dados são trabalhados buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenômeno dentro do seu contexto. O uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do fenômeno como também suas essências, procurando explicar sua origem, relações e mudanças, tentando intuir as consequências. Essa abordagem propicia o aprofundamento da investigação das questões relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas relações, mediante a máxima valorização do contato direto com a situação estudada, buscando-se o que era comum, mas permanecendo, entretanto, aberta para perceber a individualidade e os significados múltiplos. Proporciona uma melhor visão e compreensão do contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplica alguma forma da análise estatística (GIL, 1999; MALHOTRA, 2006; MATTAR, 2001; RICHARDSON, 1999; TRIVIÑOS, 1987).

A utilização da pesquisa descritiva tem como finalidade a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de

relações entre variáveis. Sua caracterização se destaca pela utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza. O estudo descritivo tem como objetivo descrever com exatidão os fatos e os fenômenos de determinada realidade, com a intenção de conhecer determinada comunidade, suas características, valores e problemas relacionados à cultura (VERGARA, 2000; TRIVIÑOS, 1987).

As mudanças de perspectivas no âmbito das organizações exigem abordagens paradigmáticas e metodologias de pesquisa adequadas para atender às novas formas de abordar e interpretar as relações sociais. Os métodos e as técnicas utilizados pelas pesquisas sociais e humanas evoluem concomitantemente com a evolução das sociedades e, desse modo, diversas abordagens e métodos de pesquisa são utilizados e se complementam para a obtenção de maior clareza sobre as relações humanas e suas consequências.

Para Godoy (1995), a pesquisa qualitativa, após os anos 1960, tem conquistado um espaço reconhecido em diferentes áreas, como a psicologia, a educação e a administração de empresas. Dentre os tipos de pesquisa qualitativa, Godoy destaca o estudo de caso, que se caracteriza por ter como objeto uma unidade que se analisa profundamente, apesar de sua utilização frequente ter ficado, historicamente, restrita a antropólogos e sociólogos.