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4. NORMAS E CÓDIGOS

4.1 NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.1) indica orientações básicas exigidas no projeto e dimensionamento de estruturas de concreto armado, simples e protendido abrangendo todos os elementos que compõe a estrutura e suas etapas.

A primeira menção ao colapso progressivo no texto da norma brasileira é feita no capítulo sobre segurança e estados limites, onde a mesma cita que:

A segurança das estruturas de concreto deve sempre ser verificada em relação aos seguintes estados limites últimos:

a) Estado-limite último da perda de equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;

b) Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, considerando às solicitações normais e tangenciais [...]; c) Estado-limite último da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em

parte, considerando os efeitos de segunda ordem; d) Estado-limite último provocado por solicitações dinâmicas;

e) Estado-limite último de colapso progressivo;

f) Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, considerando exposição ao fogo [...];

g) Estado-limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, considerando ações sísmicas [...];

h) outros estados-limites últimos que eventualmente possam ocorrer em casos especiais. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 54, grifo nosso).

Posteriormente, o texto só volta a mencionar colapso progressivo no capítulo de dimensionamento e verificação de lajes, no subitem de dimensionamento de lajes à punção considerando o colapso progressivo, fazendo recomendações sobre a armadura de flexão inferior que circula o pilar nesses casos.

Apesar de a norma citar que se deve fazer uma verificação no estado-limite último de colapso progressivo, ao longo de todo o documento não é especificado o procedimento em si. Desta forma, os projetistas ignoram essa recomendação, uma vez que os coeficientes de

majoração de cargas e minoração de resistência já são considerados suficientes para manter a estabilidade da estrutura sob as ações convencionais.

O NISTIR 7396 destaca a necessidade de se considerar cargas acidentais e colapso progressivo no projeto de edifícios através de um requisito de desempenho. (NATIONAL INSTITUTE OF STANDARDS AND TECHNOLOGY, 2007, p. 25). De acordo com o ASCE 7 esse requisito de desempenho pode ser continuidade, redundância ou capacidade de dissipação de energia (ductilidade) ou uma combinação delas. (AMERICAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS, 2005, p. 2).

Um dos motivos pelo qual a norma brasileira talvez não entre em detalhes no colapso progressivo pode ser justamente por não levar em consideração ação de explosões, sismos e impactos, que são as maiores causadoras de colapso progressivo em edificações. Entretanto, também não há outras referências normativas sobre esses assuntos, exceto para sismo, a NBR 15421 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006), que traz critérios para a verificação de segurança de edificações sob a ação de sismo e a quantificação destas ações para consideração em projeto.

Além disso, a norma de sismo caracteriza as estruturas e as classifica segundo sua utilização. Essa classificação, utilizada por diversas normas que tratam de sismos, pode ser útil para definir quais estruturas devem ter a inclusão de requisitos contra o colapso progressivo em seus projetos e poderia ter uma versão adicionada ao texto da NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014) indicando quais estruturas devem ser verificadas no estado-limite último quanto ao colapso progressivo.

As outras normas abrangidas nesse trabalho trazem tabelas de classificação das estruturas segundo sua ocupação ou utilização, que devem ou não ter métodos de prevenção ao colapso progressivo, adicionados ao seu projeto.

4.2 EUROCODE 2 – DESING OF CONCRETE STRUCTURES

O Eurocode 2 (THE EUROPEAN UNION PER REGULATION, 2004), que traz as instruções para projeto de estruturas de concreto armado na União Europeia, cita o colapso progressivo na seção sobre amarrações em estruturas, mas a abrangência do assunto ainda é pouca, assim como na norma brasileira, e se resume aos sistemas de amarração que devem ser feitas quando as ações acidentais não são consideradas no projeto.

Isto é, considera apenas o método indireto de projeto, o método das amarrações nas suas recomendações de projeto e segundo o mesmo, devem ser feitas amarrações

periféricas, internas, horizontais de pilar ou parede e onde mais houver necessidade, de forma a criar caminhos alternativos de carga após a ocorrência de danos locais. (THE EUROPEAN UNION PER REGULATION, 2004, p. 168).

Essas amarrações na estrutura, com a finalidade de aumentar a rigidez do sistema são tratadas pela norma europeia como sendo o mínimo a ser feito para a estabilidade da estrutura no caso da incidência de ações não convencionais e não como um reforço adicional ao exigido pela análise estrutural. (THE EUROPEAN UNION PER REGULATION, 2004, p. 168).

Contudo, somente um capítulo é dedicado à explanação do método direto, ou das amarrações, nessa norma. Embora o Eurocode 2 (2004) cite que esse método é o mais simples de ser aplicado, o GSA (2016) menciona que o método dos caminhos alternativos de carga é o que traz melhores resultados, especialmente de verificação da estrutura quando a mesma perde um de seus elementos primários principais podendo ocasionar o colapso progressivo. Com isso, o Eurocode 2 (2004) limita o projetista que o consulta a somente uma abordagem do assunto, quando existem outros métodos disponíveis para a discussão.

A forma como essas amarrações devem ser feitas, segundo o Eurocode 2, e suas resistências serão discutidas e explanadas, neste trabalho, no capítulo referente ao método direto e ao método indireto.

Apesar da NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014) e do Eurocode 2 (THE EUROPEAN UNION PER REGULATION, 2004) indicarem poucas recomendações sobre métodos de resistência ao colapso progressivo de estruturas de concreto armado, existem alguns códigos ou documentos que abordam com maior profundidade o assunto e trazem recomendações tanto para a verificação quanto para o projeto de estruturas sob efeito do colapso progressivo. Essas normas estão expostas nos próximos itens.