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Participação Pública

DE FONTES NACIONAL E INTERNACIONAL

3. ser atualizado em intervalos regulares de acordo com a

6.2. I NDICADORES DE S EATTLE

• CONTEXTO DE SEATTLE

A cidade de Seattle faz parte de uma unidade regional denominada

King County localizada no Estado de Washington, região noroeste dos Estados

Unidos da América, na costa do Pacífico. Segundo MEIRELLES (1990, p. 40), das diferentes formas de divisões regionais administrativas deste país, o “County” é o que mais se assemelha com um município brasileiro.

A sua experiência na formulação de indicadores de mensuração da sustentabilidade é fruto de um trabalho comunitário que se originou no final de 1990 e tem tido continuidade até a presente data. Produziu-se um primeiro documento divulgado no final de 1993, seguido de permanentes revisões e aprimoramentos, sendo publicado novamente em 1995 e posteriormente em 1998. As publicações com as primeiras considerações de junho de 1993, o último relatório de 1998, bem como diferentes citações e análises encontradas na literatura especializada de todo mundo, serviram como fontes principais de consultas para a elaboração desse trabalho. O título do relatório publicado mais recentemente é Sustainable Seattle – Indicators of Sustainable Community –

1998.

Essa experiência apresenta três particularidades marcantes que a distinguem da maioria de outros trabalhos já conhecidos. A primeira delas deve-se ao fato de ter nascido como uma iniciativa da própria comunidade e de haver se desenvolvido de forma a congregar diferentes setores da sociedade local, mantendo-se com independência e autonomia em relação aos sistemas governamentais oficiais. De acordo com ATKISSON (1999), esse distanciamento dos órgãos públicos oficiais baseou-se em duas razões:

“(1) as autoridades locais ainda não estavam suficientemente interessadas na sustentabilidade ou em marcar o progresso nessa direção e (2) acreditava-se que uma ação voluntária de cidadãos teria maior potencial de impacto a longo prazo do que um projeto liderado pelo governo”.

A segunda particularidade é a sua concreta obtenção de resultados comparáveis pela aplicação de um conjunto de instrumentos que tem possibilitado as decorrentes publicações e difusão desse material em escala internacional. Esses aspectos contribuíram para que venha se caracterizando como ação modelo para outras experiências ao redor do mundo. A terceira particularidade a ser salientada diz respeito à assimilação por parte da comunidade da noção de sustentabilidade como uma tendência a uma determinada condição que se define em sua dinâmica, não se caracterizando, portanto, em um estado estático, equilibrado, definitivo e concluído. Essa consideração gerou uma consciência de processo contínuo e permanente, que é fundamental na utilização desse instrumental proporcionado pelos 40 (quarenta) indicadores selecionados. Esse aspecto se evidencia na medida em que esse projeto teve sua continuidade garantida e facilitada por meio de uma programação que estabeleceu a sua reavaliação bienal ou trienal, com a retroalimentação de dados e com uma verificação constante da validade e legitimidade dos indicadores que estão sendo utilizados em cada momento.

Vale ressaltar também a preocupação manifestada desde o princípio do movimento em sensibilizar a mídia, a sociedade em geral e o poder público. Essa característica já podia ser detectada nas primeiras reuniões de 1991, quando se estudava a literatura existente sobre o assunto e se visualizava a definição de três tipos de indicadores que deveriam ser explorados. Esses foram assim denominados: “indicadores chave, indicadores secundários e indicadores

provocativos”. Com os primeiros pretendiam assegurar os princípios básicos da

sustentabilidade que seriam apoiados pelos segundos. Com os do terceiro tipo, a intenção era usar toda a criatividade possível, mesmo comprometendo-se o seu teor científico, de forma a refletir situações surpreendentes, às vezes até explorando o senso de humor. (ATKISSON, 1999). As propostas mais radicais dessa linha provocativa acabaram não sendo fielmente incorporadas, mas certamente essa tendência de criação de formas alternativas para sensibilizar a comunidade continuou com bastante ênfase.

Por se tratar de uma experiência muito rica enquanto processo de construção participativa, de delineamento de conceitos e de formulações coletivas,

selecionou-se esse projeto de Seattle para que se possa refletir sobre suas proposições, as dificuldades e incertezas encontradas nessa trajetória e as formas de superação empreendidas. Essas conquistas têm propiciado uma avaliação das condições sociais, econômicas e ambientais daquela localidade, com largas perspectivas de utilização pelos setores institucionais de planejamento e de políticas públicas, pelos setores privados e pela sociedade em geral.

• ESTRUTURAÇÃO DOS INDICADORES DE SEATTLE

Conforme mencionado no relatório publicado em 1998, o método utilizado adotou um sistema de fichas de caracterização para cada um dos 40 (quarenta) indicadores selecionados em que seis aspectos principais são enfocados. Eles foram baseados no comportamento dos indicadores a médio e longo prazos, na sua caracterização, nas análises e conclusões possíveis a respeito de sua evolução e nas redes de conexão com outros aspectos ou mesmo outros indicadores. Esse último tópico evidencia claramente a percepção que se obteve das interações existentes entre as dinâmicas físicas e sociais do meio urbano. Sinteticamente o conteúdo dessas fichas pode ser esquematizado da seguinte forma:

1) Tendência à sustentabilidade ao longo do tempo;

2) Descrição do Indicador em questão;

3) Definição do Indicador em questão;

4) Interpretação da evolução do indicador;

5) Avaliação do Indicador;

6) Conexão desse indicador com outros aspectos (SUSTAINABLE SEATTLE, 1998).

Com relação ao primeiro tópico listado, Tendência à sustentabilidade

ao longo do tempo, consideraram-se quatro possibilidades de avaliação dessa

evolução, criando-se uma codificação gráfica para cada uma delas, conforme segue:

QUADRO 17 – Avaliação da tendência ao longo do tempo dos Indicadores de Seattle