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PARTE 2 ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

2.3 PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO

2.3.1 Necessidade social

O desenvolvimento do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira, pela UnP, justifica-se por fatores de diversas ordens, destacando-se, inicialmente, as transformações econômicas e tecnológicas processadas sobretudo nas últimas décadas, e que vêm influenciando a demanda crescente dos diversos setores da economia por profissionais capazes de administrar de maneira eficiente os recursos financeiros das empresas.

Com a globalização e o avanço científico e tecnológico, o empresariado nacional passou a lidar com novas condições de competitividade no mercado internacional, sendo instado a promover um substancial aumento de produtividade nas atividades econômicas do país, o que exigiu a incorporação de tecnologia nos processos de trabalho, um planejamento flexível e a adoção de estratégias que substituíssem os padrões econômicos e financeiros divergentes dos esperados. A perspectiva era permitir o ajuste adequado dos investimentos, evitando a expansão e o uso ineficiente de recursos, financeiros, materiais e humanos.

Destaca-se ainda que as atividades típicas de gestão nessa área envolvem, entre outras operações, a análise de custos e o estudo da rentabilidade das diversas operações da empresa, cujo domínio, nem sempre, compõe o perfil de alguns dentro de três anos, vem apresentando crescimento sistematicamente. Dentre as causas apresentadas, destacam-se: a falta de capital de giro, a elevada carga tributária e as taxas de juros praticadas na economia. Estas causas estão relacionadas a componentes financeiros que atuam sobre a estratégia da empresa, e à atuação de um gestor que não domine conhecimentos, métodos e técnicas de

administração dos recursos financeiros, não tendo, portanto, motivação e condições de gerenciar seu negócio.

Nessa mesma pesquisa, são mencionados como principais fatores de sucesso das empresas o significativo conhecimento do mercado, bem como a análise das potencialidades e domínio das técnicas de planejamento e decisões financeiras.

Observa-se, ainda, que as constantes oscilações mercadológicas ocorridas no mundo globalizado obrigam o Governo Federal brasileiro, à revelia do setor produtivo, a manter as taxas de juros em patamares elevados, contribuindo para a descapitalização da maioria das empresas, e motivando a constante negociação no mercado financeiro.

O Rio Grande do Norte (RN), como parte integrante desse contexto, acompanha essa dinâmica. Destacando-se no Nordeste, pelas potencialidades que apresenta e pelo crescimento registrado nos últimos anos, o estado apresentava em 2006 (último dado disponível) um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de R$20,5 bilhões, o quinto do Nordeste. O setor público, o comércio e serviços de reparação e a indústria extrativa mineral são os principais itens da economia local. Em termos de dinamismo, o comércio varejista do estado e o setor da construção civil são os que apresentam elevadas taxas de crescimento nos últimos anos, sendo na média bem mais ágeis do que seus congêneres no Nordeste e no Brasil. Destaque também para o PIB Per Capita do RN, como o terceiro maior da região, tendo apresentado, entre 2003 e 2006, o quarto maior crescimento do país e o segundo maior do Nordeste.

De acordo com o Banco Central do Brasil, o mercado financeiro no Rio Grande do Norte constitui-se da rede bancária estadual, formada por 154 agências, todas originárias de fora do estado, além de uma centena de correspondentes bancários. Os bancos públicos, como o Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, AGN - agência de fomento do RN e Caixa Econômica Federal são os que mais estimulam o desenvolvimento empresarial, seja micro, pequeno porte, médias ou grandes empresas.

Pelas potencialidades que apresenta, o estado tem atraído investimentos nos setores de produção de bens e de serviços. A Junta Comercial do Rio Grande do Norte (JuCERN), por exemplo, registrou no primeiro trimestre de 2011 a abertura de quase 2 mil novas empresas no estado.

Qualificar profissionais que possam intervir na continuidade das empresas e otimizar a qualidade dos seus produtos e serviços apresenta-se, portanto, como uma das condições de enfrentamento da concorrência, e mais ainda quando se considera o fato de que as empresas potiguares hoje competem com multinacionais em setores como os alimentícios e têxtil, caso do Nordestão e da Guararapes, líderes de mercado nesses segmentos, respectivamente.

Além dos elementos identificados na realidade econômica, a oferta do CST em Gestão Financeira encontra motivações também em outras necessidades, como as de natureza educacional. O Curso tem uma clientela potencial egressa do ensino médio e da educação profissional. Conforme o Censo Escolar 2010 (INEP), a8 oferta do ensino médio no país mantém-se estável, com aumento de 20.515 matrículas em 2010 (0,2% a mais que em 2009). No RN, para o ano 2010, tem-se 148.990 matrículas, quantitativo um pouco inferior ao de 2009: 151.975. A educação profissional continua em expansão, com crescimento de 7,4%, ultrapassando 900 mil matrículas no Brasil em 2010. Para o ensino médio integrado, os números indicam 1,14 milhão de matrículas. A educação profissional subsequente (para alunos que concluíram o ensino médio) aumentou 27% e tem participação de 62% no total de matrículas da educação profissional. Nos últimos 8 anos, a rede federal mais que dobrou a oferta de matrícula, o que significa a importância desse tipo de educação para o desenvolvimento do país.

Um outro aspecto deve ser considerado: o fortalecimento da oferta do Curso, nacionalmente, mediante edição da Resolução Normativa CFA Nº 374, de 12 de novembro de 2009, que aprova o registro profissional, pelos Conselhos Regionais de Administração, dos diplomados em curso superior de tecnologia em área da Administração, incluído o CST em Gestão Financeira.

Já a política institucional de valorização desse tipo de graduação se expressa, por exemplo, na sua expansão: o número de cursos se alarga no período 2005-2011, de 04 (quatro) para 17 (dezessete), em Natal e em Mossoró. Ao mesmo tempo, destacam-se resultados da avaliação institucional externa. Cursos avaliados recentemente com vistas ao reconhecimento, como os de Gestão Pública e Gestão Ambiental9, em Natal, apresentam conceito 4 atribuído pelas respectivas comissões

8 O CST em Gestão Financeira da UnP foi o 1º Curso de graduação tecnológica do Nordeste com autorização de registro em Conselho de Classe, auferido pelo COFECON – Conselho Federal de Economia, em dez 2006.

9 Cursos reconhecidos nos termos das Portarias/MEC nº 129/11 (D.O.U 21/02/2011), Gestão Ambiental; nº 279/10 (D.O.U 15/12/2010,) Gestão Pública.

avaliadoras designadas pelo Ministério da Educação (MEC). Igual resultado verifica-se em Mossoró, com os CSTs em Marketing, Processos Gerenciais, Gestão Pública, Gestão de Recursos Humanos e Segurança no Trabalho, conforme relatórios do MEC/INEP.

Por estar sendo desenvolvido nesse cenário, e uma vez que a sua oferta representa a socialização do ensino superior (contemplando, inclusive, profissionais já atuantes no mercado, mas sem os atributos de qualificação exigidos), o CST em Gestão Financeira mostra-se socialmente relevante.

Esta iniciativa se sobressai também porque no RN a sua oferta se limita a 03 Instituições de Ensino Superior (IES), dentre as quais a UnP, a qual objetiva formar profissionais para atuar com ética e de forma eficiente e eficaz em empresas do organizações, a partir do entendimento de que o gestor financeiro é um articulador capaz de reagir eficazmente às mudanças na oferta, na demanda, nos preços, e, também, nos fatores econômicos mais abrangentes. Ao aprender a lidar com esses fatores, ou seja, econômicos e globalizados, o estudante adquire ferramentas importantes e necessárias à elaboração de um planejamento financeiro eficaz, voltado para os níveis tático e operacional, estabelecendo o rumo a ser seguido pela organização, com vistas à otimização da sua relação com o ambiente.

Nas disciplinas e atividades curriculares são adotados procedimentos que propiciam ao estudante a articulação teoria – práticas, com foco nas questões relacionadas ao planejamento financeiro, objetivando identificar quais investimentos fornecerão lucros mais elevados e quais os que apresentarão menores riscos.

Os estudos voltam-se para as principais atividades de gestão financeira que se caracterizam pelo controle do fluxo de caixa, obtenção e aplicação de valores monetários, análise dos demonstrativos financeiros da empresa, de seus clientes e fornecedores, mercado de capitais, análise de crédito e risco, análise

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