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NECESSIDADES DE FORMAÇÃO NA ÁREA DOS MAUS TRATOS INFANTIS

CAPÍTULO I – MATERIAL E MÉTODO

4.3 NECESSIDADES DE FORMAÇÃO NA ÁREA DOS MAUS TRATOS INFANTIS

Para podermos avaliar as necessidades de formação dos educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário sobre a criança de risco e o mau trato infantil foram seleccionadas as seguintes variáveis:

 Formação na área dos maus tratos infantis

Foram colocadas duas perguntas de resposta fechada dicotómica, a primeira com duas opções, sim ou não, com o objectivo de saber se os educadores de infância e os professores tinham formação na área dos maus tratos infantis e a segunda dirigida só aos inquiridos que responderam sim, sendo convidados a referir o contexto da formação, podendo optar por formação inicial ou contínua.

 Interesse em formação sobre mau trato infantil

Para avaliar o interesse em fazer formação na área dos maus tratos infantis, foi utilizada uma questão de resposta numa escala de 1 a 5, sendo o valor 1 considerado como

Nenhum interesse e 5 como muito interesse, devendo os inquiridos colocar um círculo à

volta do algarismo que correspondia ao seu grau de interesse em frequentar acções de formação sobre mau trato infantil.

 Plano de formação

Com vista à organização do plano de formação sobre o mau trato infantil, foi colocada uma pergunta de resposta aberta para explicitação de sugestões no que respeita às áreas de formação pretendida, à forma de organização e ao enquadramento temporal para o desenvolvimento do plano de formação.

154 5. PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS NA RECOLHA DE DADOS

Do ponto de vista formal e ético, uma investigação que envolva seres humanos pode levantar algumas questões cuja análise e ponderação é imprescindível para a tomada de decisão, no que respeita à protecção dos indivíduos. Esta deve assentar no consentimento informado e voluntário por parte dos sujeitos que nela participam, na garantia do anonimato e sigilo da identidade e da informação facultada e ainda na protecção contra danos que possam ocorrer como resultado da investigação (Vielva Asejo, 2002)

Tendo em atenção estes pressupostos, foi solicitada autorização formal para a aplicação do instrumento de recolha de dados aos Presidentes dos Conselhos Executivos dos Agrupamentos de Escolas e das Escolas não Agrupadas (Anexo III), após contacto telefónico prévio. Cada pedido de autorização foi acompanhado de um exemplar do instrumento de recolha de dados.

As respostas aos pedidos de colaboração foram recebidas em ofício da instituição. As autorizações foram concedidas para todos os agrupamentos de escolas. Em relação às escolas não agrupadas, escolas secundárias, um dos pedidos de autorização foi indeferido e, em outro, o Conselho Executivo deliberou que a aplicação dos questionários fosse extensível somente aos professores que integravam o Conselho Pedagógico da escola.

Telefonicamente, foi marcada reunião com os dirigentes institucionais que tinham deliberado favoravelmente, com o objectivo de confirmar o número de docentes e agendar a data de entrega dos questionários.

A todos os Presidentes ou Vice-Presidentes dos Conselhos Executivos foram, novamente, explicitados os objectivos do estudo e garantido o anonimato e privacidade dos sujeitos. Na carta de apresentação que acompanhou cada questionário estas condições foram garantidas, bem como foi facultado o nosso contacto para algum esclarecimento adicional.

Os questionários foram individualizados em envelopes para posterior devolução e entregues, em reunião agendada para o efeito, aos Presidentes ou Vice-Presidentes dos Conselhos Executivos que os distribuíram pelos educadores de infância e professores dos diferentes níveis de ensino, das respectivas escolas.

Após o cumprimento do prazo para o seu preenchimento, os questionários foram recolhidos e devolvidos pelos superiores hierárquicos supracitados.

O período de aplicação dos questionários abrangeu os anos lectivos 2006/2007 e 2007/2008, decorrendo entre 1 e 30 de Julho de 2007 (Agrupamentos das Escolas da Rainha Santa Isabel, Caranguejeira, Colmeias, José Saraiva, Dr. Correia Mateus, Maceira e Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo) e 1 de Setembro de 2007 e 8 de Fevereiro de 2008 (Agrupamentos das Escolas dos Marrazes, Maceira, Escolas e Jardins da Serra e Escola Secundária de Domingos Sequeira).

156 6. TRATAMENTO DOS DADOS

Neste capítulo, fazemos referência aos procedimentos que nos permitiram efectuar a análise e interpretação dos dados colhidos e obter respostas para o problema em estudo. Procedemos à análise quantitativa dos dados através do programa informático e estatístico do SPSS, versão 15. Para sistematizar a informação colhida recorremos à estatística descritiva, nomeadamente, Frequências absolutas (nº) e relativas (%); Medidas de tendência central como a Média (M), Moda (Mo) e Mediana (Md); Medidas de dispersão, Máximos (Xmáx), Mínimos (Xmín), Desvio padrão (DP) e Coeficiente de variação (Cv) e à estatística inferencial, tendo sido utilizados os testes de Mann- Whitney (U), Kruskal-Wallis (χ2) e Correlação de Spearman (rho).

Importa ressalvar que relativamente aos testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, atendendo a que avaliam as diferenças estatísticas das variáveis em estudo através de

ranks, a mediana é a medida de tendência central mais correcta para se fazer a análise.

Contudo, consideramos mais expressivo compreender a diferença entre as variáveis, indicando as médias, embora não seja através desta que o procedimento estatístico se realize. Apesar deste facto, sempre que nos referirmos a estes testes o valor de p corresponde ao valor extraído pelo método.

Nas variáveis a estudar para avaliar se as mesmas apresentavam ou não distribuição normal dos seus resultados, aplicámos o teste de Kolmogorov-Smirnov que revelou que os níveis de significância são inferiores a 0,05. Por este facto, não podendo assumir-se a normalidade (Quadro 8), utilizámos testes não paramétricos para o teste de hipóteses. Quadro 8: Resultados da aplicação dos Testes de Normalidade

Kolmogorov-Smirnov

Stastistic Df Significância

Para o estudo das propriedades psicométricas da EAtEMtI de atitudes foram calculadas as medidas descritivas, as correlações de cada item com o total da escala a que pertence excluindo o respectivo item, os Coeficientes de Split-Half, Spearman-Brown e alfa de Cronbach como medidas de fidelidade interna do instrumento e a análise factorial confirmatória pelo método de condensação em componentes principais e segundo a regra de Kaiser, após rotação de Varimax para o estudo da confirmação da inclusão dos itens nas três dimensões.

Em todas as provas estatísticas utilizámos os seguintes níveis de significância, como padrão tal como recomendam Streiner e Norman (1989), Vaz-Serra (1994), Hill e Hill (2000) e Almeida e Freire (2007):

 p>0,05 – a diferença não é significativa;  p<0,05 – a diferença é significativa;  p<0,01 – a diferença é muito significativa.

Para o tratamento das respostas abertas foi utilizada a análise de conteúdo por considerarmos, à semelhança de Bardin (2004), que esta, como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, é apropriada para a classificação da informação subjectiva que é veiculada nestas respostas.

Tal como a análise quantitativa dos dados, a análise de conteúdo sendo um conjunto de instrumentos metodológicos, pressupõe a elaboração de procedimentos que permitem assegurar a sua fidedignidade e validade. Por tal, o trabalho organizou-se em torno de três pólos cronológicos (pré-análise, exploração do material e tratamento e interpretação dos resultados), como recomenda Bardin (2004). Neste sentido, em primeiro lugar, deve

Atitudes face à sinalização dos maus tratos 0,122 264 0,00

Atitudes face à punição física 0,089 264 0,00

Total dos Conhecimentos sobre os sinais de

suspeita de maus tratos 0,144 264 0,00

Conhecimentos sobre os sinais de suspeita de

negligência 0,145 264 0,00

Conhecimentos sobre os sinais de suspeita de

maus tratos físicos 0,251 264 0,00

Conhecimentos sobre os sinais de suspeita de

maus tratos psicológicos 0,214 264 0,00

Conhecimentos sobre os sinais de suspeita de

158 proceder-se à delimitação dos objectivos e definição do quadro teórico referencial e, em seguida, constituir-se o corpus, isto é, organizar-se o conjunto dos documentos que serão submetidos aos procedimentos analíticos, para finalmente se proceder à definição das categorias e apresentação das unidades da análise temática (contexto, registo e enumeração).

Uma vez delimitados os objectivos e construído o marco teórico, encetámos o trabalho exploratório do corpus que integrou todas as respostas abertas do instrumento de recolha de dados. Em seguida, iniciámos um processo de leitura flutuante com o objectivo de nos apropriarmos do seu conteúdo. As leituras sistemáticas, quer do corpo teórico, quer do corpus, permitiu-nos estabelecer um plano de categorias assente no pressuposto teórico que foi sendo aperfeiçoado com leituras sistematizadas.

No processo de codificação, atendemos à orientação de Bardin (2004) de que esta é um processo de transformação sistemática e agregação dos dados brutos em unidades, as quais permitem uma descrição exacta das características pertinentes do conteúdo, devendo as categorias de fragmentação da comunicação obedecer a critérios de homogeneidade, exaustividade, exclusividade, objectividade, adequação ou pertinência, para que a análise seja válida.

Deste modo, procurámos que os resultados brutos fossem tratados, isto é, codificados de maneira a serem significativos e válidos, sendo apresentadas as unidades de contexto e de registo definidas e as frequências absolutas das unidades de enumeração resultantes dos procedimentos acima mencionados.