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Capítulo V. ESTUDO DE CASO: O CONCELHO DE FARO

5.5 A Componente de Planeamento: Regime de Uso e Proteção do Solo

5.5.1.2 No POPNRF

O POPNRF abrange parte do concelho de Faro, tal como o POOC, e inclusive as mesmas freguesias, ou seja, Sé, S. Pedro e Montenegro. Contudo por se aplicar ao

Parque Natural da Ria Formosa (PNRF22) dispõe de uma área de intervenção diferente, e um número de recursos diferente, nomeadamente de RP. Ainda assim verifica-se que também na área deste plano prevalecem os recursos naturais com maior incidência na freguesia da Sé (Tabela 5.15). Por outro lado, por ter sido revisto posteriormente à aprovação do POOC e, incidir em área comum, ou seja, no PNRF, compatibilizou-se com este mas também revogou algumas das suas disposições, ainda assim encontram-se em conformidade.

Tabela 5.15 – Distribuição dos recursos na área do POPNRF

Recursos no POPNRF/Localização Sé S.Pedro Montenegro Total Total (%)

RN 58 4 24 86 78,18

RP 13 2 8 23 20,91

RE 3 2 0 5 4,55

Total 74 8 32 114 103,64

Total (%) 67,27 7,27 29,09 103,64

Fonte: Elaboração própria

A análise deste plano recaiu no regime de proteção respeitante à preservação dos recursos naturais no PNRF e relativo à Área Terrestre e Área Costeira e Lagunar (Quadro 5.4 e Apêndice 8) aplicável aos recursos inventariados (Tabela 5.15).

Quadro 5.4- O regime de proteção do POPNRF aplicável ao concelho de Faro

O REGIME DE PROTEÇÃO DO POPNRF Áreas sujeitas a regime

de proteção

Tipologias Objetivos

Área Terrestre Áreas de Proteção Parcial Art.º 11 Âmbitos e objetivos

Preservar os valores naturais e garantir a sua exploração sustentável, bem como os valores paisagísticos.

_______________

22 O Parque Natural da Ria Formosa foi criado pelo Decreto - Lei n.º 373/87, de 9 de dezembro alterado

Quadro 5.4- O regime de proteção do POPNRF aplicável ao concelho de Faro (cont.)

Art.º 12 Disposições especificas das áreas de proteção parcial

Proteção dos elementos notáveis do

património geológico,

geomorfológico e paleontológico. Manter ou recuperar o estado de conservação de espécies endémicas e ameaçadas.

Áreas de Proteção Complementar Art.º 13, 14 (áreas de proteção complementar I)

Art.º15, 16 (áreas de proteção complementar tipo II)

Manutenção das zonas agrícolas e promoção de práticas agrícolas compatíveis com a conservação dos valores naturais, promoção do Código de Boas Práticas Agrícolas. Uso sustentável dos recursos e garantia de desenvolvimento sócio- económico local.

Contenção da edificação e amortecer os impactes ambientais que prejudicam as áreas de níveis de proteção superiores.

Área Costeira e Lagunar

Áreas de Proteção Total Art.º 17 Âmbito e objetivos

Art.º 18 Disposições específicas das áreas de proteção total

Manutenção dos valores naturais e processos ecológicos em estado tendencialmente imperturbável pela ação humana. Preservar áreas ecologicamente representativas da dinâmica natural e evolução do território.

Áreas de Proteção Parcial

Art.º 19, 20 (áreas de proteção parcial I)

Art.º 21, 22 (áreas de proteção parcial II)

Conservar a biodiversidade lagunar e marinha. Proteção e valorização da paisagem. Salvaguardar a estrutura geomorfológica da Ria Formosa. Promover a exploração sustentável dos recursos pesqueiros. Estabelecer percursos para observação de fauna e flora. Valorização e manutenção dos valores naturais, culturais e paisagísticos. Preservar áreas de enquadramento, transição ou amortecimento de impactes. Promover a exploração sustentável dos recursos.

Espaços Edificados a Reestruturar Art.º 25 Disposições especificas

Aplicação do POOC. Para o núcleo do Farol em área de jurisdição portuária, demolição e remoção de edificações sem condições de habitabilidade, que se encontrem em zona de risco ou situação de ilegalidade. Renaturalização das áreas sujeitas a demolição. Requalificação da área envolvente da zona de acostagem.

Quadro 5.4- O regime de proteção do POPNRF aplicável ao concelho de Faro (cont.)

Áreas de Intervenção Específica Art.º 26 Âmbito, caracterização, objetivos e tipologias

Art.º 27 Área de Intervenção Especifica do Ludo e Pontal

Realização de ações de conservação da natureza, recuperação de habitats naturais, manutenção das utilizações necessárias à conservação dos valores naturais, promoção de ações de investigação científica e sensibilização ambiental.

Fonte: Elaboração própria com base no POPNFR

Todavia, importa referir que, também este plano identifica uma zona terrestre de proteção na qual são proibidas novas edificações ou instalação de novos empreendimentos turísticos. Por outro lado, em termos gerais, da aplicação deste plano resulta que relativamente aos usos e atividades a tipologia turística -turismo de natureza é aquela que é considerada a mais adequada.

Fora da faixa anteriormente referida apenas são permitidas novas edificações em áreas não abrangidas por regimes de proteção e nas Áreas de Proteção Complementar tipo I da Área Terrestre. São ainda interditas todas as ações que visem alterar a situação atual, exceção para as áreas não sujeitas a regime de proteção que coincidem com perímetros urbanos e nas situações onde se aplicam planos de urbanização/pormenor e o disposto no POOC.

No que respeita em concreto ao zonamento, os recursos inventariados encontram-se sobretudo sujeitos às disposições da Área Costeira e Lagunar (93,55%) nomeadamente a tipologia de Áreas de Proteção Parcial (73,39%) cujos objetivos passam por conservar, proteger, valorizar e promover uma utilização sustentável dos recursos e valores em causa (Tabelas 5.16 e 5.17).

Tabela 5.16 – Distribuição dos recursos no zonamento do POPNRF (%)

Recursos/Zonamento (%) Área Terrestre

Área Costeira e Lagunar RN 12,50 85,34 RP 62,50 12,07 RE 25,00 2,59 Totais 6,45 93,55 100,00

Fonte: Elaboração própria

Mais se verifica que na Área Costeira e Lagunar em função da tipologia de espaços, as interdições vão desde a permanência de pessoas (exceto as autorizadas), a alteração no relevo e a destruição do coberto vegetal, a pesca lúdica na modalidade de apanha, as atividades agrícolas e o pastoreio nas dunas, bem como a circulação nos canais. Por outro lado, nas Áreas de Proteção Parcial em função da sub tipologia é permitida a exploração de viveiros, a instalação e funcionamento das instalações portuárias previstas no POOC, a realização de obras nos edifícios existentes e alteração de edificações destinadas a turismo de natureza ou equipamentos públicos.

Tabela 5.17 – Os recursos na Área Costeira e Lagunar do POPNRF (%)

Recursos/Área Costeira e Lagunar (%) Áreas de Proteção Total Áreas de Proteção Parcial Áreas de Proteção Complementar Área de Intervenção Específica do Pontal/Ludo Espaços Edificados e Reestruturar RN 100,00 82,42 - 100,00 75,00 RP - 14,29 - - 25,00 RE - 3,30 - - - Totais 14,52 73,39 - 2,42 3,23 93,55

Fonte: Elaboração própria

Relativamente à Área Terrestre, independentemente das tipologias de espaços, são permitidas obras em edifícios existentes, desde que, entre outros usos, se destinem a empreendimentos de turismo de natureza, turismo de habitação, turismo no espaço rural, parques de campismo e caravanismo. Assim como qualquer outra tipologia de

turismo de natureza, mas apenas permitida se a área urbanizável se localizar fora do PNRF. Ainda nesta área incide sobre os recursos maioritariamente a tipologia de Áreas de Proteção Complementar (5,65%), relativas a áreas agrícolas, sua manutenção e defesa dos valores naturais existentes (Tabela 5.18).

Tabela 5.18 – Os recursos na Área Terrestre do POPNRF (%)

Recursos/Área Terrestre (%) Áreas de Proteção Parcial Áreas de Proteção Complementar RN 100,00 - RP - 71,43 RE - 28,57 Totais 0,81 5,65 6,45

Fonte: Elaboração própria