• Nenhum resultado encontrado

Normas da Prorrogac¸ ˜ao dos Contratos de Concess ˜ao de

4.11 Conclus ˜oes

5.1.3 Normas da Prorrogac¸ ˜ao dos Contratos de Concess ˜ao de

A prorrogac¸ ˜ao, n ˜ao ´e mais do que a ampliac¸ ˜ao do t ´ermino de vig ˆencia dando continuidade ao objeto contratual, no qual as obrigac¸ ˜oes principais continuariam inc ´olumes. N ˜ao obstante, esta figura jur´ıdica admite a possibilidade de efetuar algumas modificac¸ ˜oes de acordo com a vontade das partes, existindo uma alterac¸ ˜ao do t ´ermino de vig ˆencia e reconsiderando-se algumas condic¸ ˜oes do contrato.

De acordo ao preceituado no artigo 175 da CRFB, o poder p ´ublico tem compet ˆencia exclusiva para determinar os assuntos correspondentes `a prestac¸ ˜ao dos servic¸os p ´ublicos. Este artigo fundamenta o marco normativo dos contratos de concess ˜ao de energia el ´etrica, integrado pela lei Federal No. 8.987 de 1995 e a Lei 9.074 de 1995. Esta ´ultima lei contempla a prorrogac¸ ˜ao dos contratos de concess ˜ao do setor el ´etrico.

Art. 175 Incumbe ao Poder P ´ublico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concess ˜ao ou permiss ˜ao, sempre atrav ´es de licitac¸ ˜ao, a prestac¸ ˜ao de servic¸os p ´ublicos.

Nos contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao a prorrogac¸ ˜ao ´e admiss´ıvel s ´o uma vez, em conformidade com o previsto no artigo 4 da lei No. 9.074 e atendendo ao princ´ıpio de isonomia de entrada no mercado ao que tem direito os agentes econ ˆomicos. Respeito aos contratos assinados com posterioridade `a entrada em vig ˆencia do novo modelo para o setor el ´etrico em 1995, n ˜ao se pode assegurar que havia contrato de concess ˜ao anterior, justamente esta interpretac¸ ˜ao permite surgir a expectativa de efetividade do direito `a prorrogac¸ ˜ao dos atuais contratos.

O contrato de concess ˜ao objeto da presente an ´alise, conta com cl ´ausulas expressas que contemplam sua prorrogac¸ ˜ao. A natureza jur´ıdica das cl ´ausulas de prorrogac¸ ˜ao ´e considerada essencial, de acordo com o disposto

no artigo 23 da Lei 8.987 de 1995. Por isso n ˜ao podem sofrer modificac¸ ˜ao por lei posterior, nem menos ainda por instabilidades jur´ıdicas e/ou pol´ıticas que apresente o sistema. Adicionalmente, foram estipuladas as regras gerais do procedimento que deve seguir tanto o concession ´ario quanto o poder concedente para prorrogar os contratos. N ˜ao obstante, para que estas cl ´ausulas surtam seus efeitos jur´ıdicos requer-se uma interpretac¸ ˜ao sistem ´atica do marco jur´ıdico que compromete seu cumprimento.

Um argumento que desvirtua a viabilidade da prorrogac¸ ˜ao das concess ˜oes defende que as cl ´ausulas de prorrogac¸ ˜ao da concess ˜ao se tornam in ´ocuas frente `a legislac¸ ˜ao atual (BATISTA, 2009; BRANDAO, 2009). Pois, apesar da prorrogac¸ ˜ao encontrar-se estipulada contratualmente, `as concession ´arias de transmiss ˜ao n ˜ao lhes assiste um direito efetivo e o poder concedente n ˜ao estaria vinculado com o cumprimento da cl ´ausula contratual.

Aceitar-se o exposto pela anterior linha de pensamento, significaria ignorar que, para a ´epoca da celebrac¸ ˜ao dos atuais contratos referenciados na Tabela 5.1, estava vigente o artigo 27 da lei 9.427 de 1996, (posteriormente revogado pela lei 10.848 de 2004), conformando um ato jur´ıdico plenamente v ´alido. De acordo com a mencionada norma, a prorrogac¸ ˜ao do contrato de concess ˜ao encontra fundamento e a cl ´ausula que a consagra est ´a chamada a ter seus efeitos jur´ıdicos.

Art. 27 Os contratos de concess ˜ao de servic¸o p ´ublico de energia el ´etrica e de uso de bem p ´ublico celebrados na vig ˆencia desta lei e os resultantes da aplicac¸ ˜ao dos artigos 4o e 19 da Lei 9.074, de 7 de julho de 1995, conter ˜ao cl ´ausula de prorrogac¸ ˜ao da concess ˜ao, enquanto os servic¸os estiverem sendo prestados nas condic¸ ˜oes estabelecidas no contrato e na legislac¸ ˜ao do setor, atendam aos interesses dos consumidores e o concession ´ario o requeira.

Com este panorama legal, tem-se que o contrato de concess ˜ao esta disciplinado, com cl ´ausulas de prorrogac¸ ˜ao v ´alidas para a ´epoca em que foi aperfeic¸oado. Ent ˜ao, deve entender-se que o desconhecimento por parte do governo destas cl ´ausulas constituiria uma fonte de inseguranc¸a jur´ıdica, tanto para os concession ´arios atuais, como para os agentes econ ˆomicos que estiverem considerando a possibilidade de entrada no setor el ´etrico brasileiro. A faculdade discricion ´aria do governo deve ser interpretada com cuidado no momento de decidir se concede a prorrogac¸ ˜ao ou a licitac¸ ˜ao precedida de revers ˜ao de ativos. Toda vez que deve ser considerado que esta compet ˆencia

legal obedece a condic¸ ˜oes objetivas previamente definidas na regulac¸ ˜ao e no contrato.

Na eventualidade que o governo d ˆe via livre `a prorrogac¸ ˜ao, o ju´ızo de valor que recai sobre os concession ´arios para decidir a proced ˆencia ou n ˜ao de sua prorrogac¸ ˜ao, requerer ´a plena objetividade para ponderar os resultados de desempenho t ´ecnico, jur´ıdico e financeiro. As evid ˆencias destas condic¸ ˜oes podem ser obtidas pelo agente regulador do setor a ANEEL, que tem exercido sua func¸ ˜ao de fiscalizac¸ ˜ao durante a vig ˆencia do contrato e deve contar com crit ´erios j ´a consolidados sobre a gest ˜ao de cada concession ´ario.

A id ´eia de que os contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao j ´a foram prorrogados uma vez fundamenta-se no ato administrativo emitido pelo Minist ´erio de Minas e Energia (Portaria MME No. 185 de Junho de 2001). Nele o minist ´erio pretende retrotrair os efeitos da prorrogac¸ ˜ao a 1995. N ˜ao obstante, n ˜ao existia contrato de concess ˜ao espec´ıfico da transmiss ˜ao, assim o entendia tamb ´em Walter T. ´Alvares: “...no momento atual, tal como ´e praticada, a concess ˜ao em mat ´eria de energia el ´etrica, ´e um ato regulat ´orio, soberano, e n ˜ao um contrato” (ALVARES, 1962b).

Outra prova de inexist ˆencia do contrato de concess ˜ao oferece a lei No. 9991 de 2000 que criou a obrigac¸ ˜ao de aportar 1% do ingresso liquido de empresas prestadoras do servic¸o de energia el ´etrica para pesquisa. No artigo 3o, II, determinou-se que no evento que a empresa n ˜ao tivesse celebrado contrato de concess ˜ao, s ´o teria car ´ater obrigat ´orio a partir da entrada em vig ˆencia do contrato. Este suposto de inexist ˆencia de contrato cobre `as concession ´arias de transmiss ˜ao que assinaram o contrato a partir de 2001, pois s ´o a partir da firma do contrato lhes foi aplicada a obrigac¸ ˜ao de contribuir com 1% do ingresso.

Agora, admitida a prorrogac¸ ˜ao por parte do CNPE, o concession ´ario dever ´a satisfazer uma s ´erie de requisitos objetivos para que seu contrato seja prorrogado. Isso considerando que a normatividade vigente seja interpretada no sentido que vem apontando-se aqui, ´e dizer, que a prorrogac¸ ˜ao tem total adequac¸ ˜ao ao ordenamento jur´ıdico. Em consequ ˆencia, as cl ´ausulas dos contratos que contemplam a prorrogac¸ ˜ao est ˜ao revestidas de validez, e guardam total harmonia com a legislac¸ ˜ao e o modelo institucional do setor el ´etrico.

Documentos relacionados